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Ativos digitais

 *Leitura de Sábado: Após anos de experimentações, ativos digitais encontram casos de uso real*


Por Aramis Merki II


São Paulo, 26/09/2025 - Stablecoins são criptoativos lastreados em moedas soberanas na proporção de um para um. Funcionam como representações digitais de uma determinada divisa na tecnologia blockchain. Elas têm o potencial de ser um ponto de virada para o mundo dos ativos digitais: ultrapassam o caráter especulativo e há casos de uso tanto para investimento quanto para transações financeiras.


O Boston Consulting Group (BCG) aponta que estes ativos podem revolucionar a forma de pagamentos, ainda que apenas 1% do total de movimentações de moedas digitais estáveis seja para este fim. "Depois de ano de experimentação, o dinheiro digital está se movendo para um novo estágio de adoção", destaca o BCG em relatório.


Globalmente, o volume de transações com stablecoins está em seus recordes. Em agosto, o montante transacionado alcançou US$ 1,9 trilhão, de acordo com o consolidador de dados The Block. O valor superou o do mês anterior, que já havia sido o maior registrado até então. Os dados são apenas da blockchain ethereum.


Diante do universo cripto, as stablecoins representam apenas 7% da capitalização total. Individualmente, a USDT, stablecoin de dólar da Tether, é a quarta maior moeda digital, com capitalização de mercado de cerca de US$ 173 bilhões. A primeira e mais popular criptomoeda, o bitcoin, totaliza US$ 2,23 trilhões, seguida de longe por ethereum (US$ 500 bilhões).


O mercado aponta que a legislação dos Estados Unidos que estabelece parâmetros para o setor, chamada de Genius Act, é o que tem impulsionado o crescimento. A lei passou a valer em 19 de julho deste ano, em um aceno da administração de Donald Trump aos ativos digitais.


A regulação americana inclui exigências para que a reserva que embasa as moedas seja feita em títulos do Tesouro dos EUA. Isto é visto, inclusive, como uma forma de impulsionar de forma perene a demanda pelos "Treasuries". Além disso, é uma avenida para que o dólar reforce a sua posição de reserva de valor global.


"A adoção global de stablecoins lastreadas em dólar está estendendo a influência monetária americana além das fronteiras tradicionais, refletindo e consolidando o papel descomunal do dólar americano nos mercados globais", aponta a Chainalysis, empresa de análises do setor cripto, em relatório.


O bom momento do setor pode ser medido pelo sucesso das ações da Circle, empresa que emite a stablecoin USDC e foi listada na Nasdaq em junho deste ano. A ação chegou a acumular alta de 675% em relação ao preço da oferta pública (IPO, na sigla em inglês) no primeiro mês em negociação. Houve uma correção substancial após o frisson, mas o papel tem negociado a cerca de US$ 130, bem acima do que foi precificado na estreia, US$ 31.


Já a Tether, emissora da USDT, não tem capital aberto. Mas o CEO, Paolo Ardoino, informou nesta semana que a empresa busca investidores. Segundo informações da Bloomberg, o plano é captar de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões em troca de uma fatia de 3% da companhia. Isto significa que a Tether pode ser avaliada entre US$ 500 bilhões e US$ 666 bilhões.


Adesão local


O presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, já afirmou que as stablecoins vão transformar o mercado. Ele pontuou, no entanto, que a falta de regulamentação no Brasil é um fator limitante. O banco tem a sua BTG Dol desde abril de 2023. A infraestrutura, a custódia e a arquitetura do lastro em dólar estão sob a responsabilidade do próprio banco.


Neste mês, o tradicional Safra iniciou a sua incursão neste mundo. Lançou o Safra Dólar, estruturada em uma rede blockchain privada com apoio da empresa de tokenização Hamsa.


A principal stablecoin brasileira é a BRZ, lastreada no real. É emitida pela Transfero desde 2019. Em dados da Receita Federal, as operações com o ativo totalizam mais de R$ 1,9 bilhão entre janeiro e maio deste ano. No mês de maio, a BRZ foi a sexta cripto em volume de negociação em reais. Ficou atrás das stablecoins de dólar USDT e USDC, conforme a tabela abaixo.



Fonte: Receita Federal


Segundo levantamento da Iporanga Ventures, as moedas digitais vinculadas ao real movimentaram mais de R$ 5 bilhões em 2024. A principal diferença é que a stablecoin de dólar atrai interessados na moeda americana como uma reserva de valor. No caso da moeda digital de real, a finalidade é sobretudo transacional: pagamentos internacionais são um dos casos de uso mais frequentes.


O ex-presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto, atualmente vice-chairman e chefe global de políticas públicas do Nubank, aponta que as stablecoins de dólar têm ganhado espaço justamente em economias emergentes. "É uma forma que as pessoas encontraram para ter uma conta em dólar", disse ele em evento sobre ativos digitais esta semana.


Divisas de países em que os juros são altos não são atrativas para que as stablecoins sejam usadas como reserva de valor, aponta Campos Neto. Afinal, nestes cenários, é mais vantajoso ter renda fixa.


Contato: merki@broadcast.com.br


*Conteúdo elaborado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast


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