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Leitura de domingo

 Leitura de Domingo: Marcas chinesas já são mais de 10% dos carros vendidos no Brasil


Por Eduardo Laguna


São Paulo, 22/09/2025 - As montadoras chinesas tiveram um desembarque avassalador no Brasil. Menos de quatro anos depois de BYD e GWM começarem a vender seus primeiros modelos no País, as marcas chinesas, na soma de todas, já respondem por mais de 10% dos carros de passeio comprados pelos brasileiros. Hoje, é mais fácil encontrar uma concessionária de carros chineses do que de marcas como Toyota, Renault, Hyundai e Honda, estabelecidas com fábricas e operações comerciais há décadas no Brasil.


Mapeamento da Neocom, empresa especializada em análises do mercado automotivo, mostra que BYD, GWM, Omoda & Jaecoo (O&J) e GAC têm, juntas, 347 pontos de venda, entre concessionárias completas e showrooms. Mesmo tendo sido construído basicamente com importações de carros, o número só fica atrás das redes de revendas das três maiores montadoras do País: Stellantis (mais de mil); General Motors (565); e Volkswagen (443).


Até aqui, os chineses nadaram de braçada na introdução dos carros híbridos e elétricos no mercado brasileiro. O apetite deles é grande, como mostram as metas anunciadas. Enquanto a BYD mira uma posição entre as cinco maiores marcas do País - hoje, está no sétimo lugar em automóveis -, a GWM fala em chegar futuramente a um volume entre 250 mil e 300 mil veículos no Brasil, embora sua fábrica em Iracemápolis, no interior paulista, arranque com capacidade de produção de 50 mil carros por ano.


Essa ambição será desafiada, no entanto, por lançamentos programados pelas montadoras tradicionais, incluindo a chegada dos automóveis híbridos das três do pelotão de frente: Stellantis, GM e Volks. Ou seja, mais concorrentes para disputar o mercado de novas tecnologias que, embora em expansão, tem limitações de crescimento. Uma pesquisa da Webmotors mostra que praticamente metade dos consumidores vê a insuficiência de pontos de recarga e a sensação de dificuldade na revenda como obstáculos à compra de carros elétricos e híbridos plug-in, aqueles cuja bateria é carregada na tomada.


Nos últimos três anos, enquanto enfrentavam barreiras tarifárias nos Estados Unidos e na Europa, as marcas chinesas multiplicaram por sete suas vendas no Brasil. Nas previsões da Bright Consulting, devem fechar 2025 acima de 260 mil unidades, o equivalente a 10% do mercado, quando se consideram tanto os carros de passeio quanto os utilitários leves, como picapes.


Após pressão das montadoras tradicionais, representadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o imposto sobre as importações de carros híbridos e elétricos vem subindo gradualmente desde o ano passado, com retorno à alíquota máxima (35%) marcado para julho do ano que vem, o que atinge sobretudo os veículos da China.


Montadoras com fábricas no Brasil, como a BYD, que está prestes a começar a produzir em Camaçari (BA), e a GWM, que já tem fábrica funcionando no interior de São Paulo, têm à disposição cotas que somam US$ 463 milhões para trazer automóveis desmontados sem imposto de importação. Fora das cotas, poderão contar até o fim do ano que vem com imposto de importação mais baixo - 14%, contra alíquotas sobre carros totalmente montados que, a depender da tecnologia, variam hoje entre 25% e 30%. Mas a partir de janeiro de 2027, todos, inclusive os carros que terão montagem final no Brasil, terão que pagar imposto de importação de 35%.


Diante de tributos mais altos nas importações e com novos concorrentes pela frente, a desaceleração no crescimento dos carros chineses está sendo projetada por algumas consultorias. Entre elas, a Bright Consulting vê a participação de mercado deles estacionar em 13% a partir de 2027.


Segundo Alexandre Ayres, CEO da Neocom, a cidade de São Paulo, onde está o maior mercado do País, já emite sinais de que as marcas chinesas não encontrarão a mesma facilidade para seguir crescendo de forma exponencial. Na capital paulista, quase metade da expansão das vendas de carros eletrificados de janeiro a julho foi explicada pelo Fastback, um híbrido da Fiat. "A Fiat foi a marca que mais cresceu nesse segmento, o que evidencia o desafio que as montadoras chinesas enfrentarão à medida que as marcas tradicionais de grande volume lançarem seus produtos elétricos e híbridos", comenta Ayres.


Contato: eduardo.laguna@estadao.com


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