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Paulo Roberto de Almeida 7/9

 O Estado da Nação, num 7 de setembro


Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Declaração sobre a situação presente no Brasil 


Caros concidadãos, brasileiras e brasileiros,

Tomei esta iniciativa de me dirigir diretamente a vocês por considerar que o Brasil, como país, como Estado e sociedade, vive um dos momentos mais cruciais de toda a sua história republicana, quiçá de toda a sua existência como nação independente e soberana.

Estamos, todos nós, o povo, seus empresários e trabalhadores, os dirigentes do país, sendo atacados de maneira indigna, ilegítima e imoral, pelo chefe de Estado de uma grande nação estrangeira, que sempre foi o principal aliado e grande parceiro do Brasil nos últimos 200 anos, mas que agora se crê o imperador do mundo, capaz de expedir decretos contra quem ele acha que contraria seus interesses pessoais, contra quem não se submete às suas vontades imperiais, inclusive por meio de leis nacionais às quais ele atribui poderes extra territoriais, as quais ele acha que têm alcance universal.

Ao mesmo tempo, a nação atravessa uma de suas controvérsias políticas mais nocivas na vida da República, uma divisão entre correntes e movimentos opostos, às quais a mídia tem dado o nome de polarização, mas que nada mais é senão um enfrentamento suicidário entre dois agrupamentos sectários, que tem paralisado não só a condução normal dos poderes do Estado, da vida parlamentar, mas também a gestão e o encaminhamento dos mais graves desafios que se colocam ao Brasil num momento de profunda crise fiscal, dessa série de ataques externos que ameaçam nossa economia e nossa política externa, um contexto dos mais impactantes para o futuro do país.

Tenho a percepção de que já chegamos à beira de um precipício que pode nos arrastar para ainda mais decadência e sofrimentos para o povo, a partir da qual decidi manifestar minha opinião, depois de um momento reflexivo sobre minhas modestas capacidades de contribuir para a superação dessa grave e dupla crise que enfrenta a nação. O Brasil precisa se unir para enfrentar os insanos ataques externos, que infelizmente têm partido dos próprios representantes políticos que deveriam estar unidos na defesa da nossa economia e do nosso povo, de gente que não hesita em colocar seus interesses pessoais à frente do bem-estar de milhões de brasileiros cujo emprego e renda são ameaçados por um fora da lei internacional.

Essa divisão odiosa entre os que compactuam com os ataques estrangeiros, e que até os estimulam, acintosamente contra a própria pátria, e aqueles que, equivocadamente, buscam uma aliança com outros poderes que tampouco são condizentes com valores e princípios de nossa diplomacia tradicional, faz com que o Brasil se perca num redemoinho de contradições.

Não tenho, infelizmente, quaisquer habilidades políticas para me envolver nessas querelas divisionistas que infelicitam a nação, muito menos as a de entrar na arena política com o objetivo de encarnar os mais altos interesses do país e do Estado, não os objetivos mesquinhos pelos quais se digladiam vergonhosamente as duas tribos de “irmãos inimigos”, as duas correntes opostas que assaltaram a vida política da nação nas últimas duas décadas, e que podem levar a sociedade inteira a uma nova crise, talvez similar àquelas que levaram a vida política do Brasil aos extremos do Estado Novo, em 1937, às sucessivas ameaças de interrupção do mandato do grande estadista que foi Juscelino Kubitschek, enfim à descida aos extremos que resultou no golpe de Estado de 1964, que infelicitou a nação durante mais de duas décadas. 

Cabe, sim, a alguns dos representantes políticos que se acreditam estadistas fazer um chamamento à união daqueles comprometidos com a preservação da democracia no Brasil, com a defesa dos nossos interesses nacionais em face das insidiosas ameaças e ações ilegais no plano do Direito Internacional, contra o prejudicial divisionismo político que impede a gestão normal dos assuntos políticos. O Brasil precisa dar um basta a essas divisões internas, precisa se unir contra os ataques externos, precisa dar um sonoro não aos que apoiam essas ações ilegítimas, ilegais e imorais que nos vêm do exterior a partir do próprio país, precisa sair, de uma vez por todas, do facciosismo das tribos políticas inimigas, precisa encontrar a paz interior para melhor defender os interesses de toda a nação na esfera internacional.

Este é o apelo que faço hoje, neste 7 de setembro de 2025, aos que se julgam estadistas dentre os representantes eleitos, no sentido de que se coordene um chamamento à nação com o objetivo de que possamos nos unir numa causa que é bem maior do que os interesses partidários da esquerda e da direita, uma proclamação para que tomemos um outro caminho, que não o da bifurcação entre os extremos, o do congraçamento num projeto de reconstrução da país, em suas diferentes vertentes, o da política, o da economia, o da vida social, o da educação, o de uma política externa verdadeiramente autônoma em face dos conflitos entre as grandes potências, nos quais não devemos nos imiscuir e não podemos tomar partido. Está na hora de tomarmos um outro rumo, rejeitando totalmente essa polarização estéril para marcharmos juntos num projeto que possa nos orgulhar como nos tempos de Juscelino, desenvolvimento com democracia, crescimento com divisão dos benefícios sociais, soberania com inserção internacional.

Este é o sentido desta minha mensagem, convidando personagens políticos não comprometidos com nenhuma das facções que continuam a dividir o país, mas que empreendam um projeto com o objetivo de refletir conjuntamente sobre os meios e modos de superar a atual divisão sectária e retomar a nossa boa tradição política: o respeito ao povo trabalhador, a justa repartição dos frutos de um desenvolvimento autônomo, o respeito internacional por meio de uma diplomacia alheia a essa Segunda Guerra Fria que, levada aos extremos, pode ameaçar o futuro da própria humanidade.

Está na hora de se oferecer à nação um novo projeto de desenvolvimento nacional, acima das atuais divisões políticas e capaz de encontrar uma solução à crise econômica que inevitavelmente se avizinha. Todos estão convidados a participar da elaboração de ideias que possam contribuir para a reconstrução de nossa pátria. Este momento é decisivo na vida da nação. Cidadãos conscientes: vamos assumir nós mesmos essa grande tarefa. 

Esta é a minha mensagem neste 7 de setembro de 2025. Obrigado pela atenção.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5050, 7 de setembro de 2025, 3 p.

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