O Grande Erro Da Esquerda Brasileira
O Brasil nunca foi um país capitalista de verdade. Portanto, é um equívoco tentar “destruir o capitalismo” aqui , simplesmente porque ele ainda não existe plenamente.
Capitalismo é, antes de tudo, uma forma descentralizada de cooperação humana.
O capitalista antecipa os recursos necessários para que a empresa funcione, garantindo segurança a funcionários, fornecedores e clientes de que haverá dinheiro para honrar compromissos.
No socialismo são os próprios clientes que antecipam via impostos, como na antiga Telebras.
Por isso, é dogma do capitalismo que toda empresa tenha, desde a sua fundação, o capital mínimo necessário para operar.
No Brasil, esse conceito nunca se enraizou.
• Empreendedores não sabem calcular o capital mínimo necessário.
• Cursos de administração, onde esse princípio é ensinado, foram proibidos por mais de 40 anos, a partir de 1946.
• Resultado: quatro em cada cinco empresas fecham nos primeiros cinco anos, atrasam salários, dão calotes, sonegam e se endividam.
Só no Brasil um caso como o da Lojas Americanas ocorre: uma gigante que nunca teve o capital adiantado pelos sócios, sobrevivendo apenas de prazos estendidos por fornecedores.
A esquerda tem razão ao rejeitar esse modelo , mas erra ao confundir isso com “capitalismo”.
Esse era o capitalismo da época de Karl Marx: empresários sem capital, explorando trabalhadores e fornecedores até conseguirem acumular recursos.
Marx diagnosticou esse estágio inicial, e errou ao generalizá-lo como essência do sistema.
Nossa esquerda brasileira ainda hoje repete esse equívoco.
Não compreende nem mesmo por que chamamos “capital social” e, pior, combate exatamente o que mais precisamos: acumular capital social das empresas.
Na primeira edição do ranking das 500 Maiores Empresas (1974), constatei que 55% das nossas maiores companhias não possuíam capital suficiente para operar, muito menos para crescer. Meio século depois, a situação piorou.
Essa realidade nunca chegou à FIESP, à Associação Comercial ou ao Ministério da Fazenda. Por isso o país continua estagnado.
O que deveríamos ter feito há 50 anos
• Nunca exigir antecipação de impostos sobre receitas que só seriam recebidas meses depois.
• Nunca tributar lucros reinvestidos nas empresas.
• Nunca tributar dividendos que fossem reaplicados em novos negócios.
• Nunca sobretaxar reservas financeiras mantidas pelas empresas , hoje, mais oneradas do que na pessoa física, forçando descapitalização.
O erro da esquerda brasileira é lutar contra um capitalismo que nunca existiu aqui.
Enquanto isso, continuamos presos a um sistema de empresas descapitalizadas, frágeis e incapazes de crescer.
Se quisermos mudar o futuro, precisamos fazer exatamente o oposto: fortalecer o capital das empresas, especialmente as de capital democrático, em vez de destruí-lo.
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