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Fabio Alves

 FÁBIO ALVES: A HORA DO OURO


O ouro caminha para ameaçar a posição do dólar como o grande refúgio dos investidores em busca de proteção a um ambiente global de aguda incerteza, especialmente diante da escalada do conflito no Oriente Médio, após os Estados Unidos juntarem-se a Israel com ataques militares contra o Irã. Não há quem descarte novo recorde de alta no preço do metal ao longo das próximas semanas, caso a turbulência geopolítica aumente. Esse movimento não reflete apenas as características do ouro como um ativo de reserva de valor ou de proteção à inflação, mas é também uma história de corrosão do dólar e de outras moedas fortes, a exemplo do iene e até do euro, como refúgio para momentos de crise ou de grande instabilidade dos mercados globais. O caso do dólar é o mais emblemático. Em razão do crescente e preocupante déficit fiscal dos EUA nas últimas décadas, além da errática política econômica no atual mandato do presidente Donald Trump, a moeda americana perdeu prestígio entre investidores globais e também perdeu terreno como principal ativo nas carteiras dos maiores bancos centrais do mundo. Já o ouro, especialmente nos últimos dois anos, fez o caminho inverso. Há duas semanas, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou um estudo mostrando que o ouro ultrapassou o euro como o segundo ativo de maior participação nas reservas dos bancos centrais, correspondendo a 20% do total global ao fim do ano passado, em comparação com 16% do euro e 46% do dólar. Conforme o estudo, esse salto do ouro foi resultado de um volume recorde de compra do metal pelos bancos centrais globais e da disparada no seu preço. A cotação máxima histórica é de US$ 3.509,90, atingida em abril passado. Em 2024, pelo terceiro ano seguido, os bancos centrais mundiais compraram mais de 1 mil tonelada de ouro para as suas reservas - um quinto da produção global anual. Em 2024, o preço do ouro saltou 25,5%, enquanto o dólar ganhou 7,1%. No acumulado deste ano, até a semana passada, antes de os EUA entraram diretamente no conflito do Oriente Médio, o ouro subia mais de 28%. Já o dólar, em comparação com uma cesta de seis moedas fortes, caía 9%. Contra o dólar ainda pesa a incerteza sobre o eventual impacto da guerra tarifária sobre a inflação e o crescimento da economia americana. As idas e vindas de Trump sobre as alíquotas de importação não ajudam a confiança de consumidores e empresários. Com a escalada no conflito no Oriente Médio, o que acontecerá com o preço do petróleo? De incerteza a incerteza, a única segurança parece estar no ouro. (fabio.alves@estadao.com) Fábio Alves é jornalista do Broadcast

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