Jairo é cirúrgico, contundente, nesta análise. Segundo ele, lendo Samuel Fitoussi, "o intelecto humano não foi preferencialmente selecionado na história evolutiva da humanidade como instrumento de busca da verdade, mas de adequação aos mitos da tribo e aceitação social." Bela sacada de Samuel Fitoussi, ao justificar o fato de intelectuais, pessoas brlhantes entre as suas áreas de atuação, em especial, os artistas, não conseguirem sair dos dogmas ideológicos, não se libertarem de fracassos como o de Fidel Castro e Lula, embora muito sedutores e "convincentes". Eles tendem a ser acomodatícios e presos a amizades e tradições pessoais. Não amadurecem ideológicamente.
Pq a dita inteligentsia brasileira, os grandes centros de pensamento, em tese, as universidades públicas (deveriam ser), são tão reacionárias, tão reativas para enxergar a realidade? Este debate não se resume a gostar de A ou de B. É mto mais profundo e exige uma explicação. Talvez, Samuel, fugindo das patrulhas, tenha conseguido a dar um start neste debate.
Para Carlos Covas, "por conta de anos e anos de fossilização de grupelhos que em nada contribuem do ponto de vista acadêmico. Não existe coisa mais viciada do que concurso para docente. Um teatro. Os grupelhos vão colocando para dentro aqueles que lhes são afins. Lembro que o Departamento de Contabilidade da UFF, há uns 14 anos atrás, com 52 professores, estava com um problema: faltavam professores de ... bingo! Contabilidade! Só bacharéis em Direito haviam 14..."
Digamos q isso é uma doença puramente brasileira.
As universidades públicas estão povoadas destas "panelas". Se vce não faz parte, esquece. Se eu não me enquadro na linha ideológica de uma UNICAMP, não conseguirei espaço para desenvolver a minha linha de pesquisa. Não tem jeito. E isso é permissivo, pq as universidades deveriam ser espaços para o livre pensar, para a diversidade de ideias e não só de gênero. Reparem o absurdo de situação. Tdos são aceitos, quotas são criadas, mas e as IDEIAS, base de um ambiente acadêmico?
Artigo do Jairo...O INTELECTUAL, ESSE IDIOTA.
Ouvi ontem a entrevista na TV francesa do autor desse livro abaixo: Porque os intelectuais se enganam.
A capa é autoexplicativa, nenhum intelectual se enganou mais do que Sartre, o idiota útil por excelência. Ele abraçou Mao e a “revolução cultural”, disse que a vida na União Soviética era melhor do que na França, beijou o rabo de Fidel Castro e justificou o “paredón”, incensou PolPot, um dos mais sanguinários comunistas da História. Não houve um ditador comuna cujo rabo ele não lambeu gostosamente.
Por quê? Afinal, é inquestionável que Sartre possuía um intelecto potente, era um homem muito inteligente. Por que então era assim cego à realidade e à verdade? Esse jovem, Samuel Fitoussi, apresentou uma hipótese interessante que eu nunca havia considerado. Argumentando com base na teoria da evolução, raciocínio que eu também gosto de utilizar, ele defendeu que o intelecto humano não foi preferencialmente selecionado na história evolutiva da humanidade como instrumento de busca da verdade, mas de adequação aos mitos da tribo e aceitação social.
A hipótese é interessante, mas eu creio que ela não se sustenta em pé sozinha, é preciso também conhecer os mecanismos psicológicos do raciocínio.
Há um livro intitulado On Being Certain, de Robert Burton, que li anos atrás, que mostra que pesquisas neurológicas cuidadosas concluíram que a certeza muitas vezes precede o raciocínio, que nós frequentemente não usamos o raciocínio para chegar à verdade, mas para justificar crencas tidas por certas obtidas sem nenhum raciocínio.
Isso faz sentido evolutivo, pois nossa sobrevivência depende muitas vezes dessa nossa capacidade de abraçar crenças sem nenhuma base racional. Imagine que você está na mata e ouve um ruído suspeito; o que é melhor, crer que há ali um animal perigoso e fugir ou buscar evidências e raciocinar sobre qual poderia ser a origem do ruído? Óbvio, não? Nós precisamos muitas vezes crer e agir sem fundamento racional, com base no instinto de sobrevivência apenas.
Assim, juntando tudo, parece que muitos intelectuais derivam suas crenças primariamente da conveniência social delas, do seu valor no meio onde vivem, do seu peso comercial, por assim dizer, de quanto elas podem contribuir para o seu bem estar, e só então convocam a inteligência como instrumento de justificação dessas crenças, um verniz de racionalidade que as faça luzir na arena pública.
Não é um diagnóstico que valha para todo intelectual, mas que cabe como luva aos esquerdistas, animais sociais e gregários por excelência, que valorizam acima de tudo os mitos e ídolos da própria tribo.
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