Da mesma forma que aconteceu com a bandeira do patriotismo (tradicionalmente associada à direita, mas que acabou caindo no colo do PT diante da patacoada Bolsonaro/Trump), nesta semana o governo Lula marca mais um gol mirando a disputa de 2026 em um tema que sempre relegou: o combate ao crime organizado.
O tempo dirá o quão efetiva será a operação deflagrada e até que ponto o governo está realmente disposto a contrariar sua fama de conivência com a impunidade e com o crime. Mas é preciso admitir: foi um gol de placa na corrida para 2026.
Ora, até a última eleição o PT recebeu quase 100% dos votos vindos dos presídios do país. Do “diálogo cabuloso” ao “diálogo” mais recente que viabilizou um comício de Lula na favela do Moinho em SP (repetindo episódios anteriores envolvendo ministros com livre trânsito em territórios dominados pelo tráfico), passando pelo intocável “bolsa-presidiário”, não faltam motivos para os criminosos preferirem o PT no poder.
Mas eis que, de repente, o mesmo governo que na semana passada rejeitou um projeto para enquadrar o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas, e cuja principal proposta na área de segurança é o projeto Pena Justa — voltado sobretudo a melhorar as condições carcerárias e combater supostas “violações de direitos humanos” (as mesmas bandeiras de ONGs com boas relações com o crime organizado e que fazem lobby descarado em Brasília) — aparece nas manchetes como o grande desarticulador do PCC! Melhor ainda: associando-o à Faria Lima e, de quebra, ao deputado Nikolas Ferreira!
Pois é. Hoje existem cerca de R$ 10 trilhões distribuídos em milhares de fundos imobiliários no Brasil. Mas o envolvimento de alguns fundos em operações criminosas, somando R$ 30 bilhões, já basta para o governo colar a pecha em todo o setor, reforçando seu velho discurso de rico contra pobre.
Como o próprio Lula já admitiu em mais de uma ocasião, tudo é uma questão de narrativa. E, nesse campo, o demiurgo petista reina absoluto. É sintomático que o atual ministro da Justiça, o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski — patrono das famigeradas audiências de custódia, símbolo maior da impunidade brasileira — venha a público capitalizar politicamente uma operação conjunta da PF com os órgãos de segurança de São Paulo. Detalhe: seu filho é advogado de uma das empresas pegas na operação, a Terra Nova Trading! Aliás, também de um dos sindicatos fraudadores do INSS.
O que dirá o ministro sobre tais conexões? Coincidência? Que foi “surpreendido” pela descoberta? Ou será que ele próprio foi pego de surpresa pela evolução das investigações e resolveu, de última hora, surfar a onda, como aponta o governador Tarcísio de Freitas, que também reivindica os louros da operação?
Certeza mesmo só que o governo vai tentar caçar o mandato do deputado Nikolas por “fake news”. Até lá, aguardemos os arranjos garantistas para assegurar todos os direitos possíveis aos chefões do PCC, se possível com a devolução do dinheiro roubado — como já aconteceu com corruptos confessos da Lava Jato e até com o tráfico, caso do célebre André do Rap.
Enquanto isso, os filhos dos chefes do PCC e do Comando Vermelho continuarão posando de artistas, sendo ovacionados e normalizados pela mídia de viés esquerdista e até por ministros do STF, como Barroso, que chegou a participar do documentário O Grito ao lado do “rapper” Oruam, defendendo o desencarceramento e a liberdade de seu pai assassino.
Enfim, nada mais adequado para simbolizar o momento atual do que o mapa-múndi invertido apresentado no ano passado pelo tresloucado presidente do IBGE. E, de narrativa em narrativa, seguimos rumo a mais um circo eleitoral.
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