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Amilton Aquino

 Hora de superar Lula e Bolsonaro: lições e desafios para 2027


O editorial do Estadão deste domingo, intitulado “Hora de acordar, Brasil”, faz coro a uma demanda cada vez mais urgente: precisamos nos livrar dos populismos que nos dividem. O problema é: como?

A teoria dos jogos, infelizmente, nos diz que ainda teremos de conviver por um bom tempo com a odiosa polarização que nos impede de chegar a consensos mínimos sobre o que é melhor para o país.


Ao que tudo indica, porém, o eleitor chegará à urna menos empolgado e mais desconfiado do que está por vir, temendo inclusive uma vitória de pirro. E sim, isso já representa um avanço — um primeiro passo rumo à contagem regressiva para a superação de Lula e Bolsonaro, cada dia mais envelhecidos e mais expostos diante das contradições que se acumulam.


O certo mesmo é que 2027 será um ano difícil. A dívida pública, que em proporção ao PIB recuou de 88,6 % em 2020 para 76,1% % em 2022, voltou a se expandir rapidamente a partir da nova temporada de estímulos artificiais do governo Lula. Isso compromete boa parte dos recursos públicos com o pagamento de juros. 


Como sair dessa enrascada? Aumentando ainda mais a carga tributária — já muito acima da média dos emergentes e comprometendo nossa competitividade no mercado internacional, como aposta o governo Lula? Ou reduzindo gastos e apostando na eficiência da máquina pública, como têm feito alguns governadores de direita que sonham herdar o espólio de votos bolsonaristas?

Não tenho a menor dúvida de que a segunda opção seria a melhor para o país — caminho trilhado, sobretudo, pelos estados governados pela direita nas regiões Sul e Centro-Oeste. 


Naturalmente, por estar à frente do estado mais rico da federação, Tarcísio de Freitas é visto como o principal candidato anti-PT na próxima eleição. Mas não descartaria Ratinho Jr., que, até o final do seu segundo mandato, terá elevado o PIB do Paraná em cerca de 63 %, passando de aproximadamente R$ 440 bilhões para R$ 718 bilhões em 2024, apostando não apenas no agronegócio, mas também na diversificação da economia. Confesso que fiquei bem impressionado com uma entrevista que vi recentemente. Se Tarcísio desistisse e Ratinho Jr. herdasse o espólio bolsonarista, acredito que suas chances aumentariam significativamente ao longo da campanha. Arrisco dizer até que teria mais potencial de crescimento que Caiado ou Zema.


O que me preocupa mesmo, no entanto, é 2027. Se Lula for reeleito, a parte positiva será a lição que o povo brasileiro aprenderá sobre o custo das políticas expansionistas, abrindo caminho para um pós-Lula mais duradouro. Se, por outro lado, um candidato da oposição mais moderado vencer, como reagirá diante da pressão dos bolsonaristas radicais e da fúria petista diante dos cortes necessários? Se for bem-sucedido, ótimo para o Brasil. Se fracassar, o PT volta com força para repetir a dose, voltando a raspar o tacho — como agora.


O mais provável, infelizmente, é que o Brasil continue crescendo abaixo da média mundial, sustentado pelo agronegócio, pela mineração e por algumas ilhas de excelência industrial. No mais, seguirá sendo beneficiado pela evolução tecnológica, que reduz custos de forma geral na economia e, claro, torna a Receita Federal ainda mais eficiente em extrair recursos do setor produtivo para sustentar o elefante estatal.

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