Cruzamos o Rubicão?
Depende de qual Rubicão estamos falando. O Rubicão macro, que poderia nos colocar no mesmo patamar de párias como Irã, Coreia do Norte e Venezuela, ainda não — pelo menos não totalmente. Mas, certamente, alguns rubicões foram cruzados nesta semana.
A começar pela decisão esdrúxula do imperador Alexandre de Moraes sobre o IOF, que não apenas “legalizou” a função arrecadatória de um imposto cujas diretrizes deveriam restringir-se à regulação, como também passou por cima da decisão do Congresso, que tentou corrigir a canetada do governo. Ou seja, a exemplo do que aconteceu na Venezuela, foi oficialmente inaugurado o regime “dois contra um”, no qual Executivo e Judiciário decidem tudo, enquanto o Congresso cumpre o papel protocolar de “instituição democrática” — assim como as eleições forjadas.
O segundo foi Lula, em entrevista à CNN Internacional, dobrando a aposta na crise com os EUA. Sim, ele teve a cara de pau de insinuar que nossas leis são mais rigorosas que as norte-americanas (conjecturando que Trump poderia ser preso no Brasil), além da pachorra de afirmar que o norte-americano “não tem nem 10% de sua experiência em negociações”! Pois é: um dos homens mais ricos do mundo, autor do best-seller A Arte da Negociação, não seria páreo para Lula — o cara que acha que consegue resolver os mais difíceis conflitos mundiais numa mesa de boteco. Haja autoestima!
O terceiro envolveu novamente Alexandre de Moraes, que, como tem feito desde que assumiu a função de macho alfa do STF para assuntos aleatórios, resolveu também dobrar a aposta contra Trump, ao decretar não apenas a busca e apreensão na casa de Bolsonaro, como também sua prisão domiciliar.
O quarto veio com Marcos Rubio, secretário de Trump, que reagiu imediatamente, afirmando que o governo norte-americano revogará os vistos não apenas de Alexandre de Moraes, mas também de outros ministros do STF e seus familiares.
O quinto foi Eduardo Bolsonaro, novamente fazendo chacota sobre o uso da força — agora com a marinha norte-americana contra o Brasil! O inconsequente que está demolindo a candidatura de Tarcísio, um dos poucos capazes hoje de distensionar o ambiente que sua família instigou, não aprendeu nada com o seu fatídico “basta um cabo e um soldado”.
Ou seja: são muitas linhas vermelhas cruzadas em apenas uma semana. Isso depois de o Brasil fazer o papel de bobo da corte na reunião esvaziada do BRICS, confrontando o gigante norte-americano, enquanto a Rússia (uma das principais interessadas na desdolarização) jogava toda a culpa em Lula, e a China (alvo principal de Trump na sua guerra de tarifas) fechava um acordo com seus arquirrivais — com uma taxação agora bem menor que a do Brasil!
Parabéns aos envolvidos!
A questão agora é saber quem serão os adultos na sala para esfriar os ânimos. Lula, ao que parece, está adorando tudo isso — principalmente depois das pesquisas que lhe deram um fôlego na campanha antecipada, principalmente entre a galera do centro. Vai triplicar a aposta e ficar sujeito a sanções dos EUA? A pequena recuperação de aprovação se sustentará quando a economia começar a desaquecer? E quanto aos bolsonaros? Continuarão insistindo na estratégia suicida de sacrificar o país para escapar da cadeia?
Pois é. Por incrível que pareça, Lula animou a extrema esquerda, que andava meio decepcionada com ele. Muitos já estão na torcida por um rompimento diplomático, e alguns já apresentam soluções russas e chinesas para substituir serviços gratuitos norte-americanos, como o GPS, por exemplo.
Enfim, se depender dessa turma, mergulharemos de vez no grupo dos párias mundiais, atravessando de vez o rubicão. Mais “independentes” dos norte-americanos — direto para o colinho de Putin e Xi! Que tal?
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