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Leitura de Domingo: Risco de cenário global para bancos brasileiros não é claro, avalia Moody's
Por Matheus Piovesana
São Paulo, 07/11/2024 - Ainda não está claro como uma possível restrição das condições financeiras globais pode afetar os bancos brasileiros, mas não é de se esperar um aperto na ponta da captação, em que o mercado doméstico consegue suprir com folga as necessidades de capital das instituições. A avaliação é da agência de classificação de risco Moody's, que vê os bancos locais buscando crescimento, mas de forma moderada e junto a públicos conhecidos.
"Esse risco hoje não está claro. Os bancos brasileiros têm uma liquidez doméstica extremamente abundante, e isso tem trazido um benefício muito grande", disse ao Broadcast a analista sênior de crédito da Moody's, Ceres Lisboa. "Eles não dependem dessa volatilidade externa e isso também dá apoio para crescer crédito."
Na quarta-feira, 6, a confirmação da vitória do ex-presidente Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos causou estresse em ativos locais como o real e os juros futuros. No final do dia, o dólar perdeu força e caiu, mas os temores de mais inflação e juros mais altos devido à agenda protecionista e de corte de impostos de Trump se mantiveram.
Como mostrou a reportagem, na visão de analistas e dos próprios bancos, esses riscos devem atingir aos bancos locais de forma indireta. Os balanços devem ser pressionados caso o dólar mais forte se confirme, o que poderia gerar inflação no Brasil e obrigar o Banco Central a manter os juros altos por mais tempo.
Ceres afirma que os principais limitadores para os bancos são locais. A curva futura de juros, por exemplo, tem subido este ano diante de dúvidas do mercado sobre o rumo das contas públicas brasileiras. Para ancorar as expectativas de inflação, o BC brasileiro tem elevado os juros na contramão das autoridades monetárias de outras economias, inclusive o Fed (o Banco Central americano), que acaba de reduzir os juros da economia americana em 0,25 ponto porcentual.
Captações externas
A analista da Moody's diz que o cenário incerto não fecha as portas para captações externas pelos bancos. Na visão dela, o que encarece as colocações é o juro mais alto dos últimos dois anos, fator equilibrado pelo peso que nomes como Itaú Unibanco e Banco do Brasil têm no exterior.
Outro fator que restringe captações no exterior é a liquidez ampla no mercado local. "Se os bancos forem calcular o custo dessa captação, o da captação local ainda ganha, e tem bastante abundância", diz ela.
Contato: matheus.piovesana@broadcast.com.br
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