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Fabio Giambiagi

 Governador deve imaginar que pode se eleger com o apoio de Bolsonaro e administrar suas relações com ele

Por Fabio Giambiagi - 10/07/2025 

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Peço licença para tratar novamente de política nestas páginas. Ocorre que o que acontecerá na economia do País depende de quem for presidente da República em 2027.


E nesse jogo há um tema fundamental, que é a possibilidade de concessão de indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em caso de vitória do governador Tarcísio de Freitas. Aqui, irei me valer da teoria dos jogos, que é a análise associada a processos em que as decisões dos indivíduos são interdependentes entre si.


“Bolsonaro livre” em 2027 pode significar:


1) ele ser indultado, mas não perder a inelegibilidade que decorreria da hipótese de ser condenado; ou

2) o acordo ser amplo e envolver uma anistia plena ao ex-presidente. Vamos assumir que, sendo Tarcísio presidente, vingue então a alternativa (1).


É preciso ter claro que:

1) Bolsonaro não quer apenas ficar fora da prisão, para ver TV em casa: ele quer voltar à Presidência; e

2) ele não vai assistir passivamente ao desenrolar dos acontecimentos, se ficar em liberdade.


Coloque-se, leitor, na posição de Bolsonaro em 2027, com um presidente eleito que se diga devedor dele. Legitimamente, o ex-presidente irá, então, pensar: “Se quem se elegeu o fez porque diz que os votos são meus, por que não posso ser eu o candidato na próxima eleição?”.


Em 2030, Bolsonaro terá 75 anos, idade que ainda o habilitaria para disputar as eleições sem que a questão etária entre em consideração.


É ilusão pensar que, se estiver livre, mas impedido de concorrer, irá ficar chupando picolé.


Não: irá colocar a sua “tropa” na rua, com passeatas pedindo anistia para poder concorrer em 2030 como candidato da corrente que se julgará vitoriosa em 2026.


Suponho que o governador deve imaginar que pode se eleger com o apoio de Bolsonaro e depois administrar suas relações com ele, entendendo que, com o indulto, teria quitado a “dívida” por ter sido lançado à política pelo seu antigo chefe.


A ver se este entende que isso quita a dívida ou se corresponde apenas a 50% da amortização.


A rigor, eu realmente não sei o que o governador Tarcísio pensa.

Só sei três coisas:


1) Bolsonaro quer estar no Planalto em janeiro de 2031;

2) se Tarcísio vencer, Bolsonaro será sua maior dor de cabeça; e

3) nesse caso, no mundo da inteligência artificial, e tendo de lidar com uma crise fiscal dramática, o País terá de perder tempo em 2027 para discutir no Congresso o perdão para meia dúzia de arruaceiros. É difícil ser otimista com o Brasil.

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