*Amit segal*
_O artigo para o Wall Street Journal:_
Neste momento histórico, em que Israel destrói a maior ameaça à paz no Oriente Médio nas últimas décadas, o mundo deve uma grande dívida de gratidão ao primeiro-ministro de Israel.
Mas não se trata de quem vocês estão pensando: Menachem Begin, o primeiro líder da direita israelense a ocupar o cargo de primeiro-ministro, entre 1977 e 1983. Em 1980, chegou à sua mesa a informação de que o Iraque de Saddam Hussein estava construindo um reator nuclear com a ajuda de cientistas franceses. “Vivo com isso em agonia”, contou aos membros do Knesset. “Acordo no meio da noite e penso: Senhor do mundo! Saddam disse que tudo isso é voltado contra Israel. Devemos apenas sentar e esperar? Vejo diante dos meus olhos meus dois sobrinhos pequenos que foram assassinados no Holocausto e todas as crianças de Israel. Lá foi gás, aqui é veneno radioativo.”
Em junho de 1981, Begin enviou oito pilotos da força aérea para atacar o reator, numa operação que, até então, era considerada fora do alcance dos caças F-16 americanos. O reator foi completamente destruído. No dia seguinte, para surpresa geral, quem recebeu as críticas não foi o ditador que buscava armas nucleares ilegais, mas sim a democracia que tentou impedir seu uso. A maioria dos países do mundo condenou duramente a decisão — à frente deles os Estados Unidos da América. O presidente Reagan ficou furioso com Israel por usar armamento defensivo para fins ofensivos. O ator de cinema bronzeado e otimista nunca se deu bem com o sobrevivente do Holocausto pálido e pessimista. Apesar de sua postura amistosa em relação a Israel, ele impôs um embargo parcial de armas que só foi suspenso algumas semanas depois, e os EUA se juntaram à resolução da ONU que condenava Israel, chegando inclusive a impor um boicote temporário ao fornecimento de peças de reposição. Begin não se abalou: “Mesmo que a decisão seja aprovada, e mesmo que os americanos votem a favor — continuaremos vivos. Se o reator tivesse permanecido, nós não estaríamos vivos.”
Nove anos depois, durante a Primeira Guerra do Golfo, o vice-secretário de Defesa, Dick Cheney, enviou ao embaixador de Israel uma carta de desculpas e agradecimento pela destruição do reator. Ele entendeu claramente que, se não fosse o ataque israelense, ninguém teria salvado o Kuwait das garras de Saddam Hussein.
Assim nasceu a “Doutrina Begin”: a determinação de que Israel não permitirá que um Estado hostil se equipe com armas nucleares. Afinal, Israel é um “país de uma só bomba”, como disse uma vez um líder iraniano. Uma única bomba sobre a região de Tel Aviv destruiria a economia e mataria uma parte significativa de sua população. A dimensão geográfica de Israel e o nível de ódio antissemita de seus inimigos criaram uma combinação que Begin acreditava ser inaceitável.
Em 2007, a doutrina foi colocada à prova novamente: sob um pesado manto de sigilo, a Síria construiu um reator nuclear em uma estrutura cúbica no coração do deserto de Deir ez-Zor. Agentes do Mossad descobriram sua existência quase por acaso, no computador de um alto funcionário sírio hospedado em um hotel em Viena. O primeiro-ministro Olmert deu a ordem, e caças da força aérea destruíram o reator. O presidente dos EUA, George Bush, recebeu de Olmert a proposta de atacar o reator ele mesmo, mas recusou educadamente. Israel mais uma vez assumiu a tarefa e eliminou a ameaça. Basta imaginar o que teria acontecido se a revolta no país tivesse começado com Bashar al-Assad em posse de uma bomba atômica.
O maior e mais difícil teste de todos foi enfrentado por Benjamin Netanyahu. O regime dos aiatolás no Irã aprendeu as lições dos ataques israelenses anteriores e, em vez de construir um único reator, espalhou seu programa nuclear por todo o país. A missão parecia impossível: não se tratava de um ataque único, mas de múltiplas ofensivas, a até 2.000 quilômetros de Israel.
Mais uma vez, grandes forças internacionais se opuseram ao primeiro-ministro: os presidentes americanos Obama e Biden fizeram tudo o que podiam para impedir um ataque. Obama assinou um acordo nuclear que manteve as instalações intactas, e seus aliados, em coordenação com o aparato de segurança local em 2012, atuaram para impedir tal ataque. Quando o primeiro-ministro discursou no Congresso em 2015 contra o acordo nuclear, foi boicotado por Obama e rotulado como provocador de guerra. Mais uma vez, houve quem escolhesse, voluntariamente, ficar do lado errado da história.
Netanyahu passou no teste de Begin com excelência. O dia 7 de outubro foi o maior fracasso militar de um primeiro-ministro israelense, e convencer o governo Trump a apoiar o ataque foi o maior feito diplomático de um premiê israelense em todos os tempos. Israel não apenas atacou o programa nuclear iraniano — conquistou o Irã pelo ar. O regime que espalhou seus tentáculos por todo o Oriente Médio e aspirava ser um império foi exposto, diante da região, em toda a sua fraqueza. A potência regional que ameaçava os Estados Unidos está agora completamente vulnerável.
É uma pena que os Estados Unidos não tenham adotado a Doutrina Begin contra a Coreia do Norte. Isso teria poupado o mundo do medo constante de que um acesso de raiva do ditador pudesse arrastar o mundo para um inverno nuclear. Israel é o desativador de bombas do mundo: neutraliza bombas-relógio no quintal global pouco antes de serem acionadas.
Muitos agradecem a Israel em seus corações — mesmo que a condenem publicamente.
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