Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Inflação americana benigna ontem. Trégua comercial frágil: minerais raros em troca de estudantes e alguns semis (inconcreto), com uma grandiloquência de Trump (que já ninguém acredita). Para começar, implica impostos alfandegários elevados: 10% sobre os EUA e 55% sobre China (que se compõe de 10% padrão + 20% pelo fentanil + 25% pré-existentes). E Trump diz à Fed que deveria baixar -100 p.b. nas taxas de juros (agora em 4,25%/4,50%) porque a inflação saiu boa (+2,4% vs. +2,3%; Subjacente estável em +2,8%).
Tudo isso é menos mau do que o pior cenário, mas nada é bom: os impostos alfandegários existem (menos comércio e mais inflação), a inflação parece estabilizar-se no intervalo +2,5%/+3,0% e Trump continua a questionar a independência da Fed, pressionando-a inequivocamente. Por isso, Nova Iorque foi deslizando em baixa ontem à medida que a sessão avançada, tornando-se ligeiramente negativa desde positiva.
E o risco pela geoestratégia reativa-se: o Irão afirmou ontem à noite que atacará as bases militares americanas se as negociações sobre a sua atividade nuclear não forem bem-sucedidas… em referência à 6.ª ronda EUA/Irão que Trump afirma que deve começar hoje, mas o Irão afirma que será no domingo. Não concordam nem no início, portanto tem mau aspeto. O Irão já rejeitou uma proposta americana e Trump ameaçou bombardear-lhes. Não parece que se tornem amigos. Por isso, o petróleo e o ouro sobem, enquanto o USD volta a depreciar-se (1,153). Em paralelo, na frente interior americana, os confrontos sociais derivados da política anti-imigração de Trump no diminuem, agravam-se.
É verdade que a inflação americana subiu ontem muito pouco e poderá ser considerada quase boa, mas o tom do conjunto de tudo o descrito não soa bem. E é provável que o fluxo de fundos desde os EUA para a Europa comece a diminuir. Isso foi o que impulsionou a bolsa europeia (a pressão do fluxo), não os méritos próprios (EPS’25e +1,7% na Europa, embora favorecida pelas descidas de taxas de juros). Só em maio e só em fundos de investimento, saíram dos EUA 24.700 M$, chegando à Europa 21.000 M$ e o restante aos emergentes. Mas chega um momento em que o processo se esgota quando tende a completar-se, e poderemos estar nessa situação.
HOJE temos 2 assuntos importantes:
(i) 13:30 h Preços Industriais EUS, que se espera que aumentem um pouco (+2,6% vs. +2,4%), como a inflação ontem.
(ii) Colocação de 22.000 M$ em obrigações a 30 anos americanas, que é a mais importante desta semana por ser o prazo mais longo. Agora avalia a 4,912%, abaixo dos 5% psicológico. Isso dá alguma tranquilidade, mas também coloca a fasquia um pouco elevada para este leilão. Ontem, foram colocados 39.000 M$ em obrigações a 10 anos com bid-to-cover 2,52x vs. 2,60x de média para leilões desta duração, que não está mal.
CONCLUSÃO: Sessão fraca. O suposto acordo comercial EUA/China deixa o mercado frio. O Irão tira um pouco de tranquilidade, embora no fim não aconteça nada. Os Preços Industriais americanos irão aumentar um pouco e as obrigações a 30 anos serão colocadas, mas veremos se isto se fará à custa de uma cedência no preço, porque 4,912% parece exigente, difícil de bater considerando a vulnerabilidade fiscal do governo americano. É provável que as bolsas retrocedam algo (-0,3%?) e que comece a assentar-se um certo sentimento de esgotamento, tanto pela diminuição do fluxo de fundos para a Europa como pelo défice de incentivos tangíveis.
S&P500 -0,3% Nq-100 -0,4% SOX -0,2% ES50 -0,4% IBEX -0,6% VIX 17,3% Bund 2,53% T-Note 4,41 Spread 2A-10A USA=+47pb B10A: ESP 3,12% PT 3,00% FRA 3,23% ITA 3,45% Euribor 12m 2,090% (fut.2,071%) USD 1,153 JPY 165,7 Ouro 3.374$ Brent 69,4$ WTI 67,8$ Bitcoin -1,7% (107.679$) Ether -1,1% (2.760$).
FIM
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