Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Vem indefinida, embora a Europa possa subir um pouco para imitar o fecho americano um pouco em alta graças ao facto de Powell (Fed) ter descartado uma recessão nos EUA. Mas a tarde americana será em baixa. E certamente esta semana, como há desde duas semanas: alternando subidas com retrocessos, geralmente não violentos em nenhum sentido, mas sem que realmente alguém saiba exatamente como agir, porque é impossível saber o que se passa, além de se tratar de interpretar a ciclotimia de Trump… que pode anunciar uma coisa e o contrário no mesmo dia. Das 10 semanas de 2025, a Europa retrocedeu apenas 3, enquanto Wall St. 7. -3,1% acumulado de Nova Iorque contrastam com +11,7% de Europa, portanto é inevitável perguntar-se quem tem razão. Parece óbvio que se os EUA imporem os impostos alfandegários os restantes sofrem (embora tenha represálias como resposta) e tem um nível de abertura ao exterior inferior ao resto (25% vs. 98% UE), então a Europa não pode evoluir melhor que Wall St. E, se o faz estimulada por mais despesa pública, isso cobrará de forma pesada em termos de dívida/défice fiscal e menor PIB, porque o Consumo Privado e o Investimento ver-se-ão prejudicados por impostos superiores. Mas neste contexto de guerra comercial e geoestratégia errática de bazar, todo o mundo perde, em maior ou menor medida. E os EPSs (lucros empresariais) terminarão por sair prejudicados.
A China entrou formalmente em deflação (IPC -0,7% vs. -0,5% esperado vs. +0,5%, publicado ontem, domingo), o que corrobora a nossa estimativa de que o seu PIB não deve crescer quase nada e que a economia/mercado chinês são, definitivamente, “game over”.
Apontando para o mais concreto desta semana, temos: (i) reuniões sobre a Ucrânia na Arábia Saudita (cessar-fogo parcial? Drones, mísseis…?), (ii) na quarta-feira, inflação dos EUA a retroceder 1 décima (até +2,9% Geral e +3,2% Subjacente) e descida de taxas de juros no Canadá (-25 p.b., até 2,75%), onde um ex-banqueiro central (Carney) substituirá o demitido Trudeau (portanto, a gestão da sua economia poderá melhorar).
Além desta semana, os seguintes eventos relevantes serão: T18.03 votação na Alemanha para elevar limite da dívida e Q19.03 reuniões da Fed (repetir 4,25/4,50%) e do BoJ (repetir 0,50%), e Q20.03 BoE (repetir em 4,50%).
A elevação da yield do Bund para níveis próximos a 3% (2,85%; e a O10A ITA a aproximar-se de 4%) é um inconveniente para as avaliações das empresas europeias, embora seja consequência não só da persistência do prémio de risco geoestratégico (Ucrânia), mas também da previsível deterioração do endividamento público pelo maior investimento em defesa. Isto não é melhor, mas pior para a bolsa europeia, embora acumule +11,7% em 2025. A reação das criptos, que são o indicador mais sensível de risco percebido, e o preço mais barato do petróleo transmitem que os riscos se movem em alta e que o ciclo económico global em baixa. Cuidado, insistimos.
CONCLUSÃO TELEGRÁFICA: Desconfiemos da provável subida das bolsas europeias, hoje. A tarde será débil. Riscos em alta e ciclo económico em baixa não são bons antecedentes para as bolsas. De seguida poderá começar a interpretar-se em negativo a suavização da inflação americana (que provavelmente veremos esta quarta-feira), como precedente de um ciclo económico débil. Não é nada bom que se comece a discutir a possibilidade de uma recessão e muito menos nos EUA, por muito que Powell a descarte. Insistimos em ter cuidado com os riscos assumidos, porque quase tudo depende de assuntos imprevisíveis, como as preocupantes negociações sobre a Ucrânia em formato de geoestratégia de bazar, não de princípios.
S&P500 +0,6% Nq-100 +0,7% SOX +3,2% ES-50 -0,9% IBEX +0,2% VIX 23,4 Bund 2,85% T-Note 4,29% Spread 2A-10A USA=+31pb B10A: ESP 3,50% PT 3,36% FRA 3,55% ITA 3,91% Euribor 12m 2,481% (fut.2,413%) USD 1,084 JPY 160,2 Ouro 2.914$ Brent 70,1$ WTI 66,8$ Bitcoin -4,2% (82.664$) Ether -2,9% (2.079$).
FIM
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