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Crise cambial? Why not?

 Economista que previu Brasil como 'Suíça da América Latina' alerta para risco de crise cambial


Por Aline Bronzati, correspondente


Nova York, 17/12/2024 - Cerca de um ano e meio após catapultar o Brasil à 'Suíça da América Latina', o economista do Brookings Institute, Robin Brooks, fez um alerta para o risco de uma crise cambial no País. Além da pressão fiscal, o dólar à vista saltou a R$ 6,20 na máxima do dia em meio à circulação de informações falsas atribuídas ao futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.


"O real brasileiro está absurdamente subvalorizado. Mas também é verdade que o governo atual não tem a mínima ideia de como se comunicar com os mercados e quase comemora esse fato", escreveu Brooks, em seu perfil no 'X', antigo Twitter, nesta manhã. "Se você tiver grandes déficits e pressionar o Banco Central para manter os juros baixos, terá uma crise cambial", alertou ele, que já foi economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) e estrategista-chefe de câmbio do Goldman Sachs.


De acordo com ele, o fato de o governo brasileiro não conseguir reduzir o déficit fiscal é "profundamente contraproducente". E isso, reforçou, empurra o real para uma "espiral de depreciação", o que exige juros maiores e aperto das condições financeiras. "O governo precisa perceber que a frouxidão fiscal só prejudica o crescimento", disse.


A moeda brasileira tem se desvalorizado em meio a temores diante da situação fiscal no País. As esperadas medidas de corte de gastos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que voltou a criticar o mercado e o patamar da Selic recentemente, foram mal recebidas no mercado, que não vê tais ações como suficientes para reverter os déficits primários e conter o crescimento da trajetória da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).


Na semana passada, o BC elevou os juros básicos em 1 ponto porcentual e sinalizou outras duas altas desta magnitude para conter a deterioração das expectativas. O movimento trouxe alívio curto ao câmbio, que segue pressionado pelas preocupações com o fiscal e que hoje foram reforçadas por fake news atribuídas a Galípolo, que assume o comando do BC em janeiro.


Apesar das críticas ao fiscal, Brooks teceu elogios à balança comercial brasileira. Na sua visão, não há outro país entre os mercados emergentes que tenha feito tamanha transformação como o Brasil. "Então, para o real ter caído para mínimas recordes, é preciso muito esforço e reflete um governo que não entende os mercados e se orgulha disso. Absurdo", avaliou.


Em maio do ano passado, quando ainda ocupava a presidência do IIF, o economista chegou a dizer que o Brasil caminhava para se tornar "a Suíça da América Latina", ao avaliar o superávit comercial do País nas últimas décadas. "Está surgindo um enorme superávit comercial, diferente de qualquer outro país da região. Isso vai dar ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte", avaliou.


Contato: aline.bronzati@estadao.com



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