Semanal
🚨 RESUMÃO DA SEMANA VINLAND 🚨
(28 de outubro a 1 de novembro de 2024)
1. O dólar voltou a fechar em alta nesta sexta-feira (1°), desta vez no segundo maior valor nominal da história (descontada a inflação): R$ 5,8698. No dia 13 de maio de 2020, a moeda americana chegou aos R$ 5,9007, seu recorde. Em meio às turbulências econômicas no Brasil e no mundo, o dólar acumula alta de 20% em 2024. (veja mais abaixo). Na mesma toada, os juros futuros subiram. Um título do Tesouro Nacional atrelado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) e com vencimento em 2035 oferece um ganho real superior a 6,7%. Em janeiro, o retorno desse papel era de 5,37%. Na prática, é um sinal do aumento da desconfiança com o rumo das contas públicas do Brasil. Ou seja, os investidores estão exigindo um ganho maior para financiar um governo cujo endividamento só tende a aumentar.. Nesta semana, investidores esperavam definição do governo federal sobre o corte de gastos previsto para este fim de ano, o que não aconteceu. A equipe econômica busca cumprir a meta de déficit zero para as contas públicas em 2024. O mercado financeiro espera que esse pacote indique cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos públicos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta semana entender a "inquietação" do mercado, e que vai apresentar cortes. Mas disse também que não há data para a divulgação dos planos, e que a decisão depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A condução da política fiscal também liga um alerta, porque ela está em oposição ao aumento de juros promovido pelo Banco Central (BC). É como se o governo estivesse colocando o pé no acelerador ao mesmo tempo que a autoridade monetária tenta pisar no freio, com o objetivo de levar a inflação à meta de 3%. (O GLobo, 1 de novembro de 2024)
2. A taxa de desemprego no País recuou de 6,9%, no segundo trimestre, para 6,4% no terceiro trimestre, o segundo melhor resultado em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A única taxa mais baixa que a atual foi a do quarto trimestre de 2013 (6,3%). A expectativa é de que o mercado de trabalho siga aquecido. No terceiro trimestre, houve contingente recorde de trabalhadores ocupados tanto no setor privado quanto no setor público. Já são 103,029 milhões de brasileiros em atividade, o que significa uma abertura de 1,199 milhão de novas vagas no mercado de trabalho em apenas um trimestre. Já a população desocupada diminuiu em 541 mil pessoas em um trimestre, para 7,001 milhões de desempregados – menor contingente desde janeiro de 2015. (Estado de São Paulo, 1 de novembro de 2024)
3. Mesmo sem definição ainda sobre o desenho final do pacote de corte de gastos, já há divergências no governo. Ontem, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que “não há discussão” sobre redução de despesas em rubricas vinculadas à sua pasta, como abono salarial e seguro-desemprego. “Se nunca discutiu comigo, essas medidas não existem. Se eu sou responsável pelo tema trabalho e emprego, esse debate não existe, a não ser que o governo me demita”, disse o ministro. Segundo Marinho, mudanças sem consultá-lo seriam consideradas uma “agressão”. “Uma decisão sem minha participação, em um tema meu, é uma agressão. E não me consta que nenhum ministro de Estado tenha discutido esse assunto (de corte de gastos).” Uma das propostas vem de uma combinação entre o governo e a cúpula do Congresso para destinar metade das emendas de comissão para a Saúde. Esses recursos somam R$ 15,5 bilhões em 2024, mas o governo quer limitá-los a R$ 11,5 bilhões em 2025, com ajuste apenas pela inflação nos próximos anos. Se isso ocorrer, o valor seria usado para cumprir o piso da Saúde. Outra proposta em estudo é aumentar a parcela do Fundeb que serve para cumprir o piso da Educação. Hoje, apenas 30% do fundo entra nessa conta. Conforme o Estadão mostrou, a medida pode abrir um espaço fiscal de R$ 33 bilhões em três anos. Quanto maior for a porcentagem, maior o impacto. (Estado de São Paulo, 31 de outubro de 2024)
4. A possibilidade de vitória de Trump nas eleições norte-americanas tem gerado preocupação no Palácio do Planalto. Pesquisas mais recentes de intenção de voto nos Estados Unidos apontam uma disputa acirrada, com possibilidade de vitória do candidato republicano – o que tem deixado o núcleo duro do governo Lula pessimista. A preocupação no Planalto tem duas perspectivas: a política e a econômica. No campo da política, o receio brasileiro é de que a vitória de Trump gere um efeito dominó em vários países, em especial nos latino-americanos, a exemplo do Brasil. A outra preocupação é com a economia brasileira. O Palácio do Planalto projeta que, com a vitória do republicano, a tendência nos Estados Unidos é de valorização da moeda. E o reflexo do dólar valorizado é a pressão inflacionária no Brasil. A ultima pesquisa Nate Silver indica Trump com 53,4% e Kamala com 46,2%. (Estado de São Paulo, 1 de novembro de 2024)
5. O mercado de crédito privado está iniciando um ciclo de correção — com algumas emissões não conseguindo levantar o volume desejado e outras tendo que ser postergadas por falta de demanda. Essa correção incipiente vem depois do mercado de crédito privado ter passado por uma compressão de spreads espetacular, principalmente nos últimos seis meses. “Teve uma operação da TIM que saiu a CDI + 2,5%. Hoje, o papel negocia a CDI + 0,75%. O que aconteceu é que os spreads foram fechando, mas agora fecharam demais,” disse um banker. Agora, com as operações vindo a mercado com taxas historicamente baixas, os fundos de crédito não estão mais absorvendo a oferta. A situação cria um dilema para os gestores. Os fundos — que receberam uma enxurrada de recursos recentemente por conta da alta dos juros — até poderiam guardar o dinheiro em caixa, mas isso pioraria ainda mais seu retorno, já que este capital estaria rodando a CDI. Outra alternativa, que algumas gestoras têm adotado, é fechar os fundos para novas captações — uma decisão que nunca é fácil. “Chegamos num ponto de inflexão. Não dá para ir mais baixo do que isso. Não vai ser uma correção brutal: os spreads não vão ter que subir 50 basis points, mas pelo menos uns 10 a 20 bps,” disse o banker. (Brazil Journal, 31 de outubro de 2024)
6. A Bolsa de Valores registrou essa semana uma queda de 1,36% fechando aos 128.120 pontos. Já o dólar fechou em alta de 2,98% cotado a R$ 5,87/usd. No ano, a bolsa brasileira cai 4,5% e o dólar sobe 20,9%. Nos EUA, o S&P sobe 19,8% e o Nasdaq sobe 20,8% no ano. (Fonte: Bloomberg)
Bom final de Semana!
Felipe Arslan, comercial da Vinland Capital
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