*Venda do Banco Master encontra resistência no Banco Central*
Por Alvaro Gribel, do Estadão
Brasília, 11/08/2025 - Desde o anúncio da oferta do Banco de Brasília (BRB) por uma fatia do Banco Master, os presidentes das duas instituições, Paulo Henrique Costa e Daniel Vorcaro, respectivamente, têm tido reuniões no Banco Central para fornecer informações sobre a transação.
A autorização estaria enfrentando resistência do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Dias de Brito Gomes, que é a área dentro do Banco Central responsável pela compra.
A análise, vista como criteriosa, é entendida como normal e tem o aval dos seus pares dentro do BC, ainda mais por envolver uma instituição financeira estatal, o BRB.
Se por um lado o BC não entra no mérito da conveniência da operação para o BRB - ou seja, se a compra será boa ou não -, por outro, precisa ter a certeza de que o banco consegue absorver os ativos do Master sem se colocar em risco. Por isso, o plano de negócios é um dos pontos vistos como cruciais para a autorização da venda.
Pela governança do Banco Central, cabe ao diretor da área emitir um voto, que será aprovado ou negado pela diretoria colegiada. Em caso de discordância entre o diretor e o colegiado, o caso volta para análise do diretor da respectiva área.
A cada entrega de novos documentos ao Banco Central, o prazo de análise de 365 dias recomeça e houve casos de documentos enviados a título de “errata”. Por isso, no BC, ninguém se sente pressionado por uma saída rápida.
Em outro front, a transação já recebeu aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Nesse caso, a análise foi mais rápida, já que Master e BRB são bancos médios que não representam risco para a livre concorrência do mercado financeiro.
No início de agosto, o BC autorizou um aumento de R$ 1 bilhão no capital do Master, de R$ 3,763 bilhões para R$ 4,763 bilhões. Esse foi o segundo aumento de capital de R$ 1 bilhão no banco este ano. A injeção de R$ 2 bilhões foi uma das exigências feitas pelo BRB para comprar ativos do Master, como mostrou o Estadão/Broadcast. Agora, um novo aporte deve ser efetuado.
Também em agosto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma série de alterações nas regras do FGC. Por meio de nota, o BC, que faz parte do colegiado, informou que a resolução tem o objetivo de mitigar incentivos à tomada de riscos excessivos pelas instituições associadas.
A nota do BC não menciona o Master, mas, segundo apurou a reportagem, a resolução quis servir como recado para que instituições financeiras não tentem repetir o modelo de negócio do banco.
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