MACRO MERCADOS SEMANAL 0803
Segunda-feira, 08/03/2021
DE COSTAS PARA O MUNDO
Overview
“Na luta contra o resto do mundo, aconselho-te que te
ponhas ao lado do resto do mundo”. Franz Kafka
Seguimos no “olho do furacão”. Se antes predominava alguma polarização
doméstica, entre esquerda e direita, tudo piorou, com o negacionismo do
presidente Bolsonaro frente à pandemia, agora mobilizando a atenção do mundo!
Negar o uso de máscara, a vacinação, a necessidadde do “lockdown” emergencial, todas
“peças de um enredo caótico”. Não é mais uma tola batalha ideológica, mas sim o
confronto entre a razão e a loucura!
Em resposta, o mundo vai se posicionando contra o governo brasileiro.
Vários jornais internacionais (WAPO, WSJ, NYT, The Guardian, El País, etc) já divulgaram
pesados editoriais contrários aos movimentos caóticos do capitão. Para eles, preocupa,
e muito, a cepa de Manaus, e suas mutações, o que pode tornar inócua a
aplicação de algumas vacinas.
No Brasil os sistemas de saúde já entraram em colapso. Secretários de
Saúde estão, literalmente, pedindo ajuda uns aos outros, dado o esgotamento no
número de leitos. Comenta-se que os óbitos, entre 1,4 e 1,5 mil por dia, devem
passar de 3 mil nas próximas semanas. Se isso não é caos, não sei o que é.
N0 mundo, os programas de vacinação vão avançando, mesmo que com alguns
atrasos e lentidão. É fato inconteste que há uma “corrida alucinada” por
vacinas, e gargalos, acabam previsíveis. Mas é fato também o atraso, ou total
falta de planejamento, do governo Bolsonaro. Saiu uma nota da Pfizer, de que foram
oferecidas, em agosto de 2020, 70 milhões de doses ao Brasil e este negou! Se
tivesse aceito, estas teriam chegado em dezembro de 2020. Talvez o quadro hoje
fosse outro.
Mundando de assunto, além do caos da pandemia no Brasil, os investidores
devem estar atentos nesta semana à votação da PEC Emergencial na Câmara e o
IPCA de fevereiro. Na votação da PEC já existem pressões de deputados pedindo
aumento no valor do auxílio emergencial. No mercado o temor com a inflação e o
consequente aperto monetário nos EUA ofuscam o otimismo com a aprovação do
pacote fiscal de Joe Biden no Senado, neste fim de semana, e pressionam os T
Bonds de 10 anos. Estes, acima de 1,6%, vão penalizando os
mercados de ações em NY. Na semana estejamos atentos aos vários indicadores de
inflação a serem divulgados – EUA, China, Alemanha, Reino Unido. Estejamos
atentos também as decisões de Política Monetária do BCE.
Comportamento dos ativos
Neste momento, volatilidade nos mercados, aumento do
risco Brasil, inflação em alta, juro na mesma toada, assim como câmbio mais
depreciado.
Ø Inflação
Tendência
de elevação. Semana
de IPCA de fevereiro. Na Focus, a expectativa é de algo em torno de 0,45%,
mesma projeção da WIND.
Para o ano, a alta do IPCA passou
de 3,87% para 3,98%. Assim, permanece acima do centro da meta oficial, de
3,75%. Para 2022 permanece em 3,50%, exatamente o objetivo. Para ambos os anos,
a margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Saiu agora
pela manhã, o IGP-DI, desacelerando para 2,71% em
fevereiro (acima da mediana de 2,25%),
ante 2,91% em janeiro. O IPA-DI subiu 3,40%, o IPC-DI +0,54% e o INCC-DI +1,89%.
Já o IPC-S aumentou para 0,67% na
primeira prévia de março.
Ø Taxa de Juros
Tendência de alta. Continuiamos com pressões na inclinação da curva de juro
futuro, tanto para as pontas curtas como para as longas. Para a próxima reunião
do Copom, em março, cresce a possibilidade de elevação da taxa Selic, para
2,5%. O cenário no ano, para a taxa básica
de juros, permanece em 4,0% ao final deste ano, mas para 2022 passou de 5,0% a
5,50%.
Ø Câmbio
O caos da pandemia pressiona o câmbio no Brasil, somando-se ao
comportamento do dólar mais valorizado no mercado global. No ano, o dólar
acumula alta de 10% frente ao real, tendo fechado na sexta-feira (dia 5) a R$
5,68. A pesquisa Focus trabalha com o dólar a R$ 5,15 ao fim de 2021,
contra R$ 5,10 na semana anterior. Para o ano que vem a taxa subiu a R$ 5,13,
de R$ 5,03. Mantemos R$ 5,10 para este ano e R$ 5,30 no ano que vem.
Agenda
semanal
Numa semana carregada de indicadores, estejamos
atentos ao IPCA de fevereiro e o PEC Emergencial. A Câmara de Deputados deve
concluir a votação da medida provisória (MP) sobre crédito consignado e começar
o debate da PEC Emergencial. Votação ainda deve acontecer nesta semana. Nos
indicadores da sermana, atenção para o IPCA de fevereiro (5ª feira), os dados
do CAGED na 3ª feira, a PNAD Contínua trimestral (4ª feira) e as vendas do
varejo na 6ª feira.
No exterior, a diretora-gerente do FMI, Kristalina
Georgieva, e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, participam de
evento do Fundo (12h00) e saem os estoques no atacado nos EUA (12h00). Amanhã
tem o PIB da zona do euro no 4º trimestre e a inflação ao consumidor (CPI) da
China. 4ª feira tem CPI dos EUA. Na 5ª feira, o Banco Central Europeu (BCE)
divulga sua decisão de política monetária e a Opep, relatório mensal. 6ª feira
é dia de CPI da Alemanha, do Reino Unido, além de produção industrial da zona
do euro.
Estejamos atentos também a uma bateria de balanços a
serem divulgados (MAGALU (hoje), BR Distribuidora (3ª feira), Brasken (4ª
feira) Eletrobras (6ª feira).
Bons negócios a todos !
Comentários
Postar um comentário