quarta-feira, 31 de março de 2021

CENTRÃO E GOVERNABILIDADE, 30/03/2021

Na metade do mandato, em frágil composição política no Congresso, sempre às turras com o então presidente da casa Rodrigo Maia, Jair Bolsonaro acabou como um dos articuladores para a eleição da dupla Rodrigo Pacheco, para o Senado, e Artur Lira, para a Câmara, no início de fevereiro. 

Era previsível, portanto, algum "troca troca político", uma nova composições de forças teve que ser construída. Ou seja, isso não foi gratuito. Algo teve que se dado em troca, pela "sustentação de aluguel" do Centrão ao governo Bolsonaro. 

Sendo assim, novas "influências" ao governo se tornaram fato, o que se confirmou nos "ajustes" realizados nesta segunda-feira (dia 29).

Em movimentação que surpreendeu a todos, Jair Bolsonaro acabou realizando uma reforma ministerial de peso, com mudanças em seis cargos. 

Especulações indicam que os proximos a caírem deverão ser Ricardo Salles do Meio Ambiente, Rogerio Marinho, do Desenvolvimento Regional, e o ministro da Educação, mais um fundamentalista que eu não recordo agora o nome. 

Podemos "calcular" que o governo está sendo levado a estas decisões, em função da necessidade de limpar a sua agenda ideológica por pressão do Centrão, outros, mais pragmáticos, consideram que em parte sim, pois muitos destes quadros no governo vinham atrapalhando no seu bom transcurso. 

No caso de Rogério Marinho, a razão seria também os constantes embates com o ministro Paulo Guedes, cioso da necessidade de respeito ao "teto dos gastos", e também pela austeridade, a não ingressar em nenhuma aventura populista, que não possa ser sustentável depois. 

Nas mudanças empreendidas nesta segunda-feira (dia 29), seis cargos foram trocados. 

Na Defesa, saiu o general Fernando Azevedo para abrir espaço ao general Braga Netto, antes na Casa Civil, agora ocupada pelo general Luis Eduardo Ramos, deslocado da Secretaria de Governo para a entrada da deputada Flavia Arruda, esposa do ex-deputado José Roberto Arruda. Pode estar aqui sendo construído o tal "rearranjo" do Centrão na relação com o governo. Isso porque será ela a negociar com o Congresso cargos e a analisar várias emendas dos deputados 

Na Justiça, assume o delegado da Polícia Federal, Anderson Torres, conhecido do filho 01 Flavio Bolsonaro. André Mendonça volta para a AGU, com a saída de José Levi, por discordar do presidente Bolsonaro; 

E finalmente, no Ministério das Relações Exteriores saiu Ernesto Araújo e entra o Embaixador Carlos Alberto Franco França. Este, então chefe do cerimonial do Planalto, tende a ser mais discreto e menos histriônico nas relações do Brasil com o resto do mundo. Com certeza, não deve gerar fricções, por exemplo, com a China, maior parceiro comercial do Brasil na atualidade. Este país é simplesmente 70% da nossa pauta comercial, maior demandante de soja, minério de ferro e um dos maiores de carne dos nossos frigoríficos. 

Sobre as mudanças na Advocacia-Geral da União, saiu José Levi Mello, entra André Mendonça, possível candidato para o STF na próxima aposentadoria dos 11, de Marco Aurélio de Mello. 

Sobre a troca na Defesa, um fato a chamar atenção é que os três comandantes, Aeronáutica, Marinha e Exercito, também saíram. Isso representa um claro indicativo de que as FFAA não aderiram ao populismo do presidente Bolsonaro. Outro fato a chamar atenção é que o general Fernando Azevedo demonstrou, de forma cabal, que o Exercito é uma instituição de Estado e não de governo. Ou seja, não irá embarcar em nenhuma aventura populista. 






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