terça-feira, 15 de julho de 2025

Marcello Estêvão - linda homenagem

 Como sabem, meu pai morreu na semana passada. Aqui um texto curto que fiz para marcar o momento. (Quebrando a minha regra de não postar nada pessoal em mídia social.)  As you know, my father passed away last week. Here’s a short piece I wrote to mark the moment. (Breaking my usual rule of not posting anything personal on social media.) The English version is below the Portuguese version.

 

Meu pai foi uma pessoa extraordinária.


É difícil descrever a dimensão do que ele enfrentou e do que ele nos ensinou. Nascido cego, viveu uma vida de obstáculos concretos — a deficiência física num Brasil ainda despreparado para acolher, a dificuldade de concluir os estudos universitários nos anos 1950 (que fez de forma exemplar junto a dois outros amigos cegos, que se tornaram os primeiros cegos a se formarem numa universidade brasileira) e depois, aos 37 anos, a perda da esposa, minha mãe, quando ficou sozinho com cinco filhos pequenos: eu, com 2 anos; meus irmãos com 12, 9, 4 anos e o caçula com apenas 6 meses de idade.


Mas o que sempre me impressionou não foi só a sua força, foi a forma como ele a exercia. Meu pai combinava estoicismo com leveza. Ele encarava a vida com uma seriedade silenciosa — fazia o que precisava ser feito — mas também com um sorriso no rosto, uma piada pronta e um coração cheio de gratidão a Deus. Ele nunca se achou herói, mas era. E não por querer parecer invencível, mas porque sabia cair e levantar com humildade e confiança.


Ele enfrentou tudo isso sem autoimportância. Trabalhou muito, mas também teve a sabedoria de pedir ajuda quando era necessário — como quando conseguiu bolsas de estudo para que estudássemos em ótimos colégios. Sim, éramos bons alunos, mas as bolsas foram dadas por necessidade, e meu pai nunca teve vergonha disso. Ao contrário, ele sabia argumentar com clareza e dignidade quando o futuro dos filhos estava em jogo. Essa mistura de inteligência emocional, bom senso e resiliência é, talvez, a maior lição de vida que ele me deu.


E depois de nos criar com tanto amor e sacrifício, ele teve o direito — e soube exercer esse direito — de viver bem. Nos últimos 41 anos de sua vida, encontrou em Carminha uma companheira formidável, uma mulher incrível que caminhou ao lado dele com afeto, humor e parceria. Juntos, construíram uma nova fase, mais leve, cheia de descobertas, viagens ao Sul do Brasil, ao exterior, e uma vida doméstica serena, feita de conversas, projetos e alegrias. Foi bonito ver meu pai feliz, realizado, completo.


Hoje, ao olhar para tudo que ele viveu e tudo que nos deixou, não posso deixar de sentir orgulho — mas acima de tudo, sentirei falta do amigo. Do meu pai companheiro de todas as horas. Das piadas, das estórias da infância em Ubá e Belo Horizonte, das aventuras no Instituto Benjamin Constant, que ele contava com aquele jeito todo especial, entre risadas e reflexões. 


Pensando bem, não vou sentir falta das estórias em si, pois estão gravadas em mim. Vou contá-las aos meus filhos e netos, não como a saga de um herói (embora ele tenha sido), mas como as memórias de um pai amigo, espirituoso, generoso — um homem que me ensinou que é possível enfrentar a vida com coragem e alegria ao mesmo tempo.


Meu pai vai estar comigo para sempre. Nas palavras que repito sem perceber. No jeito que olho para as dificuldades. No riso que escapa mesmo em momentos difíceis. Ele está no fundo do meu coração. E é de lá que ele nunca sairá.


English version:


My father was an extraordinary person.


It’s hard to express the full extent of what he went through and what he taught us. Born blind, he lived a life full of real, tangible obstacles — a physical disability in a Brazil still unprepared to offer support, the challenge of completing university studies in the 1950s (which he did brilliantly, alongside two other blind friends: the first blind people to graduate from a Brazilian university), and then, at age 37, the loss of his wife — my mother — when he was left alone with five small children: I was 2; my siblings were 12, 9, and 4; and the youngest was just 6 months old.


But what always struck me wasn’t just his strength — it was the way he carried it. My father combined stoicism with lightness. He faced life with a quiet seriousness — he did what needed to be done — but always with a smile on his face, a ready joke, and a heart full of gratitude to God. He never thought of himself as a hero, but he was. Not because he wanted to appear invincible, but because he knew how to fall and rise again with humility.


He faced all of it without self-importance. He worked hard but also had the wisdom to ask for help when it was needed — like when he secured scholarships so we could attend excellent schools. Yes, we were good students, but those scholarships were granted out of necessity, and my father was never ashamed of that. On the contrary, he knew how to make his case with clarity and dignity when his children’s future was at stake. That blend of emotional intelligence, common sense, and resilience is perhaps the greatest life lesson he gave me.


And after raising us with so much love and sacrifice, he had the right — and knew how to exercise that right — to live well. In the last 41 years of his life, he found in Carminha a remarkable partner, an incredible woman who walked by his side with affection, humor, and companionship. Together, they built a new chapter — lighter, full of discovery, trips to southern Brazil and abroad, and a calm domestic life filled with conversations, projects, and joy. It was beautiful to see my father happy, fulfilled, complete.


Today, when I look at everything he lived through and everything he left behind, I can’t help but feel proud — but above all, I will miss my friend. My father, my constant companion. The jokes, the childhood stories about Ubá, Belo Horizonte, and the adventures at the Benjamin Constant Institute, which he told in that unique way of his — a mix of laughter and reflection. 


Come to think of it, I won’t really miss the stories themselves, because they’re all etched in me. I’ll tell them to my children and grandchildren — not as the saga of a hero (though he was one), but as the memories of a father who was funny, generous, and kind — a man who taught me that it’s possible to face life with both courage and joy.


My father will always be with me. In the words I repeat without noticing. In the way I face difficulties. In the laughter that escapes even in hard times. He lives deep in my heart. And from there, he will never leave.

Marcos Lisboa

 "O descontrole nas contas públicas parece estar disseminado nos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Projetos que implicam aumentos de gastos são aprovados sem fonte de receita que os financiem, ao contrário do que prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal. Decisões judiciais implicam gastos públicos crescentes, com frequência ampliando as interpretações da legislação. O Executivo tem sido criativo em adotar mecanismos que permitem gastos maiores do que o previsto pelo arcabouço fiscal, criado pelo próprio governo ... Usualmente, essa agenda de extração de renda do Estado une a maioria da base aliada e da oposição, esquerda e direita. O problema das contas públicas vai além do dilema entre política social ou ajuste fiscal." Marcos Lisboa

Economista - https://lnkd.in/dhrmyKic

Augusto Franco

Vale a leitura, porque explica o motivo de tantas experiências e iniciativas extraordinárias no campo social não irem adiante. Nascem, encantam, e morrem. São esquecidas e, muitas vezes, ou aparecem novamente em outro ponto, como novidade, ou são retomadas praticamente do zero. 

Ao permanecermos presos ao modelo milenar de estruturas baseadas em hierarquias autocráticas, isso não mudará, explica Augusto. 

Como diz o autor: “enquanto essa topologia não for alterada, com o aumento dos graus de distribuição da rede, de conectividade e de interatividade, haverá reprodução, não criação.”  

”POR QUE SOMOS SEMPRE ASSOLADOS POR IDEIAS QUE JULGÁVAMOS MORTAS


Nenhuma boa experiência dura para sempre. Vejam o caso da democracia inventada pelos atenienses em 509 a. C. Depois o autocrata-conquistador Felipe (levando a tiracolo seu filho Alexandre, "O Grande") invadiu a Ática e acabou com a festa: "- Um povo sem um senhor? Onde já se viu tal disparate? Parem imediatamente com isso". E aí a primeira democracia feneceu em 322 a. C. E durante os próximos cerca de 2.000 anos não ouvimos mais falar de democracia. Durou menos que a República romana, surgida coincidentemente no mesmo ano (mas que era apenas uma oligarquia disfarçada, jamais chegou a ser uma democracia). 


Isso vale para tudo. Todas as experiências que ousam abrir uma brecha no muro da cultura patriarcal (que ainda é dominante na civilização em que vivemos) duram pouco. São bolhas, que só existem enquanto duram. Não têm continuidade a não ser para o observador que cria uma narrativa, inventando uma linha imaginária de continuidade. Talvez lancem esporos, mas que só vão florescer novamente quando caírem em ambientes propícios. Então a questão não é a de procurar garantir a continuidade de um experimento inovador e sim a de configurar ambientes sociais capazes de evocar (ou invocar) manifestações semelhantes de uma fenomenologia da interação que consiga quebrar a reprodução de modos de vida e de convivência social patriarcais. E essas manifestações também serão zonas autônomas temporárias (como percebeu Hakim Bey, em TAZ e, depois, um pouco tardiamente, também eu percebi, em Small Bangs).


Todos nós, que tentamos, alguma vez na vida, uma inovação social, aprendemos isso por experiência própria. Quantas coisas bacanas que fizemos e que desapareceram como se não tivessem existido. Eu mesmo presenciei coisas incríveis acontecendo no entorno dos anos 2000 em processos de desenvolvimento local baseados no investimento em capital social (ou em redes). E depois não é que apenas não tivessem continuado. As próprias ideias que estavam na raiz dessa experiência evaporaram. E nas quase duas décadas seguintes as pessoas não as reconheciam, sequer as entendiam. Explicar para elas o que aconteceu era como falar grego. 


Aliás, o mesmo aconteceu com os gregos do século 5 a. C. Se Protágoras ou outro sofista, como Górgias, comparecessem à universidade de Bolonha, ou de Oxford, ou de Paris, já nos anos 1200 a 1500 da nossa era, para explicar por que o kairós tem a ver mais com a opinião (doxa) do que com o conhecimento (episteme), não seriam apenas não compreendidos, mas possivelmente sairiam acorrentados desses excelsos centros do pensamento, talvez diretamente para a prisão ou, dependendo da época e do lugar, para a fogueira.


Não há nada, na vida social, que possamos chamar de evolução, no sentido biológico do termo, de desdobramento de um processo a partir de uma qualidade intrínseca. Não há nada na sociedade como uma epigênese (capaz de manter o padrão genético anterior). O que há é a resiliência de certas configurações, que ensejam a manifestação de fenômenos semelhantes. Se não houver mudança no padrão de organização, não há alteração significativa dos fluxos interativos da convivência social, que criam e desfazem realidades, mundos. 


O que chamamos de social é um campo aberto à invenção (isso é, fundamentalmente, o que chamamos de liberdade - que só pode existir em mundos sociais), mas essa possibilidade é eliminada (ou reduzida drasticamente) pela obstrução de fluxos, pela deformação do campo introduzida por estruturas hierárquicas regidas por dinâmicas autocráticas. Enquanto essa topologia não for alterada, com o aumento dos graus de distribuição da rede, de conectividade e de interatividade, haverá reprodução, não criação. 


Por isso, os mundos em que vivemos ainda estão aprisionados, o futuro ainda está, em grande parte, fechado. Por isso, somos tão intermitentemente assolados, ao longo do que chamam de história, pela volta de antigos modelos, de antigas ideias, de antigas narrativas que imaginávamos já definitivamente enterradas. Não basta inventar novos softwares. Os padrões patriarcais vão ressurgir continuamente enquanto não alterarmos os hardwares. Está nas nossas mãos fazer isso, mas não fazemos. E não fazemos porque nós - e não algum sodalício maligno qualquer, conspirando em algum lugar secreto contra a humanidade - somos os agentes de reprodução do sistema (os Agentes Smith da Matrix).


Então, quando você for tentar fazer alguma coisa inovadora em termos sociais, não fique pensando em mudar o mundo. Você vai mudar o seu mundo - o mundo social configurado por aquela experiência particular - e isso é tudo. É possível que os esporos lançados por essa experiência caiam em outros lugares e floresçam. Mas nem você, nem ninguém, sabe quando isso vai acontecer, onde vai acontecer e se vai acontecer. E se soubesse, que graça haveria na aventura da vida?


Mudar um mundo já é o bastante. Os comportamentos coletivos mudam assim, a partir de experiências singulares e precárias e não de grandes projetos transformadores totalizantes. Pequenas mudanças, aqui e ali, vão alterando padrões de interação, possibilidades de percepção e modos de atuação. Mas nada indica que isso fará a humanidade virar algo que ela não é. E o que a humanidade é senão a sua humanidade?”

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: HOJE é o dia mais importante da semana: inflação dos EUA e resultados dos primeiros bancos americanos. ONTEM, as bolsas evoluíram de menos a mais, subponderando a nova mensagem de Trump sobre impostos alfandegários unilaterais de 30% para a UE e México, como comentámos que aconteceria. Pesou mais a agressividade contra Powell, porque compromete a independência da Fed, e é um tema sério. Por isso, as yields das obrigações aumentaram um pouco de manhã, mas logo voltaram quase ao nível que estavam. Foi mais notório nas obrigações americanas de prazos mais longos, como era de esperar, ameaçando alcançar os 5% a 30 anos (4,979%). As obrigações japonesas também estão a elevar as suas yields perante um crescente risco político que poderá derivar num maior laxismo na despesa pública (obrigação 30 anos a 3,19%, que é bastante para o Japão, porque compara com o seu equivalente alemão a 3,25%). Mas os movimentos nas obrigações são milimétricos, porque revertem de seguida, para continuarem a estar bastante caros. Parece razoável pensar que os imensos balanços dos bancos centrais intervêm para os colocar fora de zonas de risco.


Esta madrugada saiu macro chinesa medíocre, portanto, provavelmente, a realidade da sua situação é pior do que o que mostram: Preços Casas -3,2% vs. -3,5% anterior; Produção Industrial +6,8% vs. +5,8%; PIB 1T +5,2% vs. +5,4%; Vendas a Retalho +4,8% vs. +6,4%. Com isso, a bolsa chinesa -0,2% vs. +0,4% Tóquio.


HOJE é o dia importante da semana: às 10 h, ZEW Sentimento Económico da Alemanha a melhorar (50,3 vs. 47,5), mas às 13:30 h Inflação dos EUA a aumentar pelo segundo mês consecutivo (+2,7%/+2,6% vs. +2,4%; Subjacente +3,0%/+2,9% vs. +2,8%). E, mais importante ainda, os primeiros bancos americanos publicam resultados 2T: 11:45 h JP Morgan (4,49 $; +5,5%); 12:00 h Wells Fargo (1,42 $; +6,4%); 13:00 h Citi (1,61 $; +6,1%); pré-abertura americana Blackrock (10,21 $; +2,2%) e pré-abertura americana BNY Mellon (1,76 $; +15,6%). Nvidia confirma que retoma as vendas de chips à China, embora basicamente o H20 (tecnologia de geração -1) modificado/limitado, porque o Blackwell (tecnologia de geração 0, de ponta) modificado ainda não é vendido lá. É o lógico: que a China possa comprar apenas as gerações de semis que não sejam de última geração. 


HOJE o mais importante será comprovar quanto aumenta a inflação americana, principalmente a Subjacente. Isso ajudará a avaliar a preocupação necessária pelo impacto dos impostos alfandegários sobre os preços, uma vez que as empresas já consumiram os seus stocks construídos antes destes serem aplicados. Porque se a inflação americana aumentar até +2,7% e +3% Subjacente, que são as estimativas superiores esperadas, levaria a pensar que será pior em julho, agosto e, principalmente, setembro/outubro, quando já forem aplicados os 30% à UE e ao México, a não ser que haja um acordo melhor antes de 1 de agosto. Esta elevação da inflação e superior preocupação a respeito deverá elevar a yield das obrigações americanas, portanto cuidado se a 30 anos supera a fronteira psicológica de 5%, porque isso pode doer e afetar as avaliações das bolsas. Mas os balanços dos bancos centrais podem voltar a intervir para travar a elevação das yields e minimizar danos. De facto, os futuros americanos e europeus hoje vêm a subir ca.+0,3% como se nada estivesse a acontecer. Pode ser que os primeiros resultados 2T dos bancos americanos que publicam hoje neutralizem o aumento da inflação americana… ou não.


CONCLUSÃO: Se os ataques a Powell se intensificam e as perspetivas sobre a inflação dos EUA se deterioram, a Fed terá mais dificuldades em continuar a baixar taxas de juros e a curva de taxas de juros americana continuará a ganhar inclinação devido a uma elevação da yield nos prazos mais longos. Este é um assunto muito interesse a seguir por si só, pelo próprio mercado de obrigações, mas também pela sua influência sobre as avaliações das bolsas (taxas de juros superiores = avaliações inferiores, ceteris paribus). A lógica afirma que hoje as bolsas deverão enfraquecer, a não ser que os resultados dos bancos americanos impressionem positivamente. Mas o mercado acostumou-se a que a liquidez se imponha perante tudo o que acontece, portanto, o pior cenário para hoje é que Nova Iorque enfraqueça quando a inflação americana for publicada a aumentar, às 13:30 h. Neste mercado parcialmente artificial pela pressão da liquidez, principalmente dos bancos centrais, é provável que as bolsas aguentem em positivo e que as yields das obrigações americanas apenas se elevem um pouco após a inflação. Um princípio clássico: “Nunca enfrente um banco central”. É melhor adaptar e sobreviver. 


S&P500 +0,1% Nq-100 +0,3% SOX -0,9% ES50 -0,2% IBEX +0,2% VIX 17,2% Bund 2,71% T-Note 4,43% Spread 2A-10A USA=+53pb B10A: ESP 3,32% PT 3,16% FRA 3,42% ITA 3,61% Euribor 12m 2,114% (fut.2,138%) USD 1,168 JPY 172,4 Oro 3.364$ Brent 69,1$ WTI 66,8$ Bitcoin -4,1% (117.201$) Ether -1,9% (2.967$). 


FIN

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: CPI e balanços nos EUA, IOF e tarifa no Brasil*


Na Câmara, Hugo Motta indicou que pode votar nesta semana a urgência de um projeto de lei que altera a Lei de Responsabilidade Fiscal, de autoria do deputado bolsonarista Carlos Jordy (PL)


… O PIB da China cresceu 5,2%/2T, desacelerando pouco na margem (5,4%/1T), mas acima do consenso (+5,1%). Já a expansão da produção industrial superou as estimativas em junho. Nos Estados Unidos, a inflação do CPI (9h30) deve subir, reforçando a cautela do Fed para os juros, enquanto Wall Street abre a temporada de balanços do 2Tri com JPMorgan, Wells Fargo e Citi, sob o impacto das tensões da guerra tarifária. No Brasil, sem indicadores, são destaques hoje a audiência de conciliação do IOF no Supremo Tribunal Federal e as reuniões de empresários com o Comitê interministerial formado pelo governo para decidir propostas de negociação da tarifa de 50% anunciada por Trump.


… O grupo, liderado pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, consta do decreto de regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica, que já foi assinado por Lula e será publicado hoje no Diário Oficial da União.


… O comitê é composto pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira (Ministério das Relações Exteriores), e Fernando Haddad (Ministério da Fazenda). Outros ministros poderão ser chamados para reuniões temáticas.


… Como primeira missão, o Comitê terá o objetivo de ouvir os setores empresariais atingidos pela tarifa de Trump aos produtos importados do Brasil. A primeira reunião acontecerá nesta terça-feira, às 10h, com setores da indústria.


… Às 14h, uma segunda rodada de conversas do Comitê será feita com os empresários do setor de agronegócios.


… Alckmin tem defendido o diálogo com o governo dos Estados Unidos para reforçar a complementariedade entre os países, fortalecer nossas empresas e contribuir para as boas práticas comerciais entre os dois países.


… Segundo ele, um acordo sobre tarifas foi enviado aos Estados Unidos em maio, mas o Brasil não obteve resposta.


… A orientação de Lula ao Comitê foi para agir com “firmeza e serenidade” e avançar nas negociações com os Estados Unidos. Mas o presidente não descarta adotar medidas de reciprocidade se as possibilidade se esgotarem.


EMPRESÁRIOS QUEREM ADIAR PRAZO – No Estadão, em reunião de emergência ontem, presidentes das federações das indústrias defenderam um adiamento de 90 dias na aplicação das novas tarifas, previstas para 01/08.


… Em formato virtual, o encontro foi convocado por Ricardo Alban, presidente da CNI, que divulgou nota:


… “Esse prazo é considerado essencial para que a indústria brasileira possa analisar de forma mais aprofundada os efeitos da medida, além de buscar soluções diplomáticas para evitar perdas mais amplas.”


… A estimativa preliminar apresentada na reunião aponta para uma possível perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, se a tarifa de 50% entrar em vigor, além do impacto negativo no PIB, ainda não calculado.


… Os empresários defenderam ainda que a negociação seja conduzida “com prudência, equilíbrio e diálogo técnico, pelos canais institucionais, reforçando a necessidade de manter relações comerciais estáveis e previsíveis”.


… A secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, foi convidada a participar da reunião.


… No meio da tarde, Geraldo Alckmin negou especulações de que o governo estudava pedir a extensão do prazo para negociar com os Estados Unidos, assim como negou a ideia de pedir a redução da tarifa de 50% para 30%.


… “Primeiro vamos ouvir o setor produtivo para definir a estratégia.”


A REUNIÃO DO TARCÍSIO – Ao mesmo tempo em que o governo se movimentava para marcar as reuniões hoje com empresários, o governador de São Paulo, marcava a sua, para o mesmo dia e mesmo horário.


… Operando ativamente para se livrar da imagem que passou ao culpar Lula pela tarifa e defender Bolsonaro, Tarcísio reunirá representantes de indústrias hoje, às 9h30, no Palácio dos Bandeirantes.


… O empresário Paulo Skaf, ex-presidente da Fiesp, ligou diretamente para empresários para formalizar o convite.


… A reunião terá a participação do chefe da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, com quem o governador conversou na sexta-feira, quando foi a Brasília e postou vídeo nas redes sociais de um almoço com Bolsonaro.


TRAMA GOLPISTA – No final da noite de ontem, a PGR pediu a condenação de Bolsonaro por cinco crimes:


… 1) organização criminosa armada; 2) tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito…


… 3) golpe de Estado; 4) dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e 5) deterioração de patrimônio tombado.


… O parecer de Paulo Gonet também pediu a condenação de outros sete réus: Alexandre Ramagem, Mauro Cid, Anderson Torres, Augusto Heleno, Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e o almirante Garnier Santos.


… No documento, Gonet disse que Bolsonaro é o “líder da organização criminosa” denunciada.


TRUMP ABRE O DIÁLOGO – O presidente dos Estados Unidos informou, nesta segunda-feira, que deverá anunciar em breve “novas tarifas amigáveis”, acrescentando que está “aberto a conversas” sobre as tarifas definidas nas cartas.


… Em coletiva de imprensa ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, Trump ressaltou que a União Europeia “quer conversar” sobre um acordo comercial e que “ter uma Europa forte é uma coisa muito boa”.


… Após a tarifa de 30% sobre o México e a União Europeia, que piorou o humor dos mercados, o principal negociador comercial da UE, Maros Sefcovic, disse em Bruxelas que ainda vê espaço para um entendimento com os EUA.


… Alertou, no entanto, que, se as conversas fracassarem, medidas de retaliação estão no radar.


… Na Bloomberg, a UE finalizou uma segunda lista de contramedidas para atingir os produtos americanos no valor de 72 bilhões de euros, ou US$ 84 bilhões, incluindo aeronaves da Boeing, automóveis e bebidas alcoólicas.


… Enquanto mantém o canal de diálogo com Washington, a União Europeia busca diversificar seus mercados. O bloco está em “negociações intensas” com a Índia, segundo Sefcovic, e também conversa com a Arábia Saudita.


… A União Europeia também promete ampliar a cooperação comercial com Canadá, contemplado com tarifa de 35%.


… Em comunicado ontem, a Comissão Europeia informou que Ursula von der Leyen e o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, discutiram por telefone “como tornar o Canadá e a UE mais fortes e competitivos”.


… A nota destaca que ambos prometeram aprofundar a parceria estratégica e reforçar a cooperação entre a Europa e o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP), que inclui Japão, Austrália e México.


… Já a presidente do México (30%), Claudia Sheinbaum, disse que o país está fazendo sua parte no combate ao fluxo de fentanil, mas que os Estados Unidos também precisam fazer a parte deles para reduzir o tráfico de armas.


A BRIGA COM A RÚSSIA – Chateado com Putin, que fura todas as promessas com relação à Ucrânia, Trump ameaçou nesta segunda-feira impor uma “tarifa severa” de 100% sobre a Rússia, se Moscou não parar a guerra em 50 dias.


… Trump disse estar “muito infeliz com a Rússia e desapontado com Putin”, a quem chamou de “cara difícil, não um assassino”. “Ele já enganou muita gente, Bill Clinton, George Bush, Barack Obama, Joe Biden, mas não a mim.”


… O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, tentou esclarecer a ameaça de “tarifas severas” para a Rússia, dizendo que seria uma sanção econômica, não uma tarifa, se Moscou não aceitar um cessar-fogo.


… Para a Capital Economics, se Trump cumprir a ameaça, levará a uma queda acentuada nos fluxos de energia russos, que resultaria em preços globais mais altos, com impacto maior no gás natural do que no petróleo.


MORAES E O IOF – Está marcada para as 15h a audiência de conciliação entre Governo e Legislativo sobre o impasse do IOF, no STF, presidida por Alexandre de Moraes, relator da ação que quer manter o decreto presidencial.


… O presidente do Congresso, David Alcolumbre, não irá, mas será representado pela advocacia do Senado. Também não consta da agenda do ministro Fernando Haddad o compromisso no Supremo Tribunal Federal.


… Nesta segunda-feira, o ministro Rui Costa disse que o governo insistirá no decreto de Lula que elevou as alíquotas do IOF para cumprir o arcabouço. “O decreto está regular e o governo não fará negociação sobre esse tema.”


… No Globo, líderes da Câmara discutem um meio-termo para o IOF, defendendo que as operações em que o tributo já é cobrado podem ter aumento de alíquota, desde que o imposto seja descartado para operações isentas hoje.


… O governo abriria mão da cobrança do IOF para VGBL e para o chamado risco sacado.


… Segundo o Broadcast, a saída já estaria sendo negociada entre parlamentares e a Fazenda, embora o discurso em público seja outro. Nos bastidores, aliados de Lula reconhecem que a anulação parcial do decreto é provável.


PERIGO À VISTA – Na Câmara, Hugo Motta indicou que pode votar nesta semana a urgência de um projeto de lei que altera a Lei de Responsabilidade Fiscal, de autoria do deputado bolsonarista Carlos Jordy (PL).


… Pela proposta, a LRF passaria a “incluir a redução permanente das despesas como uma medida de compensação à concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária”.


… O líder do governo, José Guimarães (PT), já disse que o governo era contra a matéria e ouviu de Motta que “é só urgência”, que “o projeto, que tem relação com isenções fiscais, só vai para votação se houver consenso”.


IMPOSTO DE RENDA – Relator do projeto de isenção do IR, Arthur Lira quer votar parecer na comissão especial e no plenário da Câmara amanhã, quarta-feira, noticiou o colunista Lauro Jardim/O Globo.


CHINA HOJE – PIB cresceu 5,2% no 2Tri, pouco acima da previsão (+5,1%), enquanto a produção industrial subiu 6,8% em junho, superando a projeção de 5,5%. Já vendas no varejo aumentaram 4,8%, perto do consenso (5%).


… Ainda nesta terça-feira, o PBoC chinês anunciou a injeção de 1,4 tri de yuans (US$ 195 bilhões) no sistema bancário por meio de operações de recompra reversa, para garantir que a liquidez permaneça “razoavelmente ampla”.


… No fim de semana, o PBoC chinês se reúne para decidir sobre as taxas de juro para um ano e cinco anos.


MAIS AGENDA – Índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha em julho e a produção industrial na Zona do Euro em maio (6h) abrem o dia dos mercados ocidentais, ambos com estimativas de melhora.


… Ainda na Europa, o presidente do BC da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, discursa no Reino Unido às 17h.


… Nos Estados Unidos, o CPI de junho (9h30) pode acelerar na margem de 0,1% em maio para 0,3% no índice cheio, com a taxa anual subindo de 2,4% para 2,7%, segundo consenso apurado pelo Trading Economics.


… Para o núcleo, a estimativa é de acelerar de 0,1% em maio para 0,3%, com a taxa anual indo de 2,8% para 3%.


… Também às 9h30, o índice Empire State de atividade pode reduzir a queda a -8 em julho, de -16 (junho).


… Quatro dirigentes do Fed falam hoje e podem comentar os números da inflação e o impacto nas expectativas para os juros: Michelle Bowman (10h15), Michael Barr (13h45), Susan Collins (15h45) e Lorie Logan (20h30).


… O mercado de petróleo acompanha hoje o relatório mensal da Opep (8h) e os estoques da API (17h30), enquanto a pressão de Trump para acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia derrubou os preços da commodity (abaixo).


TRUMP – Anunciará hoje US$ 70 bilhões em investimentos em IA e energia, segundo fontes da Bloomberg. Diversas empresas incluirão novos data centers, expansão da geração de energia e atualizações da infraestrutura da rede.


BALANÇOS EM NY – Veja a projeção de lucro por ação da FactSet para JPMorgan (US$ 4,48), Wells Fargo (US$ 1,41) e Citigroup (US$ 1,61), que divulgam balanços do segundo trimestre hoje, antes da abertura do mercado.


… Também a BlackRock reporta seu resultado nesta manhã, com projeção de lucro de US$ 10,8 por ação.


… Ainda no noticiário corporativo, a Nvidia informou que vai retomar as vendas do chip de inteligência artificial H20 para a China, após o governo Trump ter concordado em conceder a licença que estava proibida desde abril.


NA DEFENSIVA – Ficou difícil de esconder ontem o frio na barriga, antes da rodada de negociações do governo Lula e o empresariado, com as tarifas na pauta, além da expectativa pela audiência de conciliação sobre o IOF.


… Dando a medida da cautela, o dólar completou quatro pregões seguidos em alta e voltou às máximas desde junho, enquanto o Ibov caiu pela sexta vez consecutiva, pior sequência em mais de um ano, anotou o Broadcast.


… Foi importante que a moeda americana tenha respeitado a marca psicológica de R$ 5,60 no pico intraday (R$ 5,5937), mas é desconfortável ver o câmbio mais estressado, quando bem pouco tempo atrás andava tão bem.


… Nada está perdido ainda. Com Selic a 15%, não é fácil apostar contra o fluxo. O ajuste do dólar com o tarifaço, no entanto, tem sido inevitável e foi potencializado ontem não só pelo IOF no radar, mas ainda pelo petróleo.


… A ameaça de Trump de taxar a Rússia em 100%, caso um acordo de paz com a Ucrânia não seja celebrado em 50 dias, derrubou o contrato do barril do tipo Brent para setembro (-1,63%), que fechou cotado a US$ 69,21.


… “Assuntos de comércio são ótimos para resolver guerras”, resumiu o presidente americano, deixando claro que vai botar pressão para acabar com o conflito, que está custando caro aos EUA. “Já gastamos US$ 315 bi.”


… Na escalada gradual dos últimos dias, o dólar vale agora R$ 5,5842 (+0,66%), no patamar mais elevado desde o início do mês passado. No acumulado de julho, registra valorização de quase 3%, sob o ambiente mais tenso.


… Pegando o gancho do câmbio, a ponta longa do DI subiu com Trump e o IOF, enquanto a ponta curta operou perto dos ajustes, porque o IBC-Br de maio (-0,7%) veio mais fraco que o esperado pelo mercado (-0,02%).


… É mais um dado que entra para a coleção dos sinais de desaceleração gradual da atividade econômica, provando que começa a ter eficácia a postura conservadora do Copom, que não pretende relaxar até 2026.


… O contrato de juro para Jan/26 fechou a 14,940% (de 14,945% no ajuste anterior); Jan/27, a 14,285% (contra 14,327%); Jan/29, a 13,470% (de 13,465%); Jan/31, a 13,650% (de 13,592%); e Jan/33, a 13,740% (de 13,645%).


TATEANDO NO ESCURO – O protecionismo de Trump vai mantendo os grandes BCs em compasso de espera.


… Entra mês, sai mês, e a política monetária global segue sem previsibilidade sobre os impactos inflacionários da guerra tarifária, com pouca segurança se Trump está mesmo falando sério ou se pode “amarelar” (TACO trade).


… Em stand-by, o BCE se prepara para manter o juro na reunião da semana que vem (dia 24) e adiar a discussão sobre um corte para setembro. O UBS desistiu da aposta de que uma flexibilização da taxa já pudesse vir agora.


… Quanto ao Fed, as tarifas sobre a UE e o México podem reduzir chance de cortes de juros neste ano nos EUA e “a estratégia [de Trump] de escalar para desescalar só valoriza da opção do Fed de esperar”, avalia o BofA.


… Não passa um dia sem que Trump reclame dos juros altos: “Cada ponto da taxa custa US$ 360 bilhões.”


… O impulso tarifário de Trump, renovado pela ofensiva lançada contra a União Europeia e o México, acelerou o ritmo do dólar lá fora ontem e levou o índice DXY a romper os 98 pontos, em alta de 0,23%, aos 98,081 pontos.


… Especialistas notam que, diante do tombo de 10% desde fevereiro, a moeda americana pode testar alguma reversão técnica. O euro caiu 0,18% ontem, a US$ 1,1670; a libra, -0,46%, a US$ 1,3428, e o iene, a 147,75/US$.


EFEITO COLATERAL – Além de a queda do petróleo ter depreciado o real, também cobrou o preço das ações da Petrobras (PN, -1,32%, a R$ 32,20; e ON, -1,07%, a R$ 35,09), arrastando o Ibovespa abaixo dos 136 mil pontos.


… Descolado das leves altas em NY, o índice à vista da bolsa doméstica caiu 0,65%, aos 135.298,99 pontos, com giro de R$ 18,7 bi. Vale não colaborou (-1,14%, a R$ 55,36), devolvendo quase tudo o que subiu na 6ªF (+1,30%).


… Entre os bancos, só Bradesco PN se salvou (+0,37%; R$ 16,11). Bradesco ON ficou estável (-0,07%; R$ 13,82); Itaú recuou de leve (-0,17%, a R$ 34,90); e BB (-2,18%; R$ 20,68) e Santander (-2,05%; R$ 27,18) caíram forte.


… A pior baixa do dia foi da BRF, que afundou 4,55%, para R$ 21,00, depois de a Previ ter zerado a posição na empresa, por R$ 1,9 bi, antecipando possíveis impactos negativos decorrentes da futura fusão com a Marfrig.


… Em comunicado ao mercado, o fundo de pensão do BB disse que a relação de troca proposta na incorporação não reflete adequadamente o valor da BRF, o que poderia resultar em perdas para os acionistas minoritários.


… À noite, a Marfrig informou que, após ter elevado a fatia na BRF a 58,87%, recebeu carta de acionistas controladores (MMS, Marcos Molina e Marcia Marçal), que passaram a deter 75,33% das ações ON da Marfrig.


… Em NY, as bolsas quiseram descontaram ontem os riscos de Trump, resolvendo apostar que ele vai negociar. Além disso, a esperança com a safra dos balanços nos EUA ajudou a preservar Wall Street em leve alta.


… O Nasdaq terminou o dia com ganho de 0,27% e marcou nova máxima histórica de fechamento, a 20.640,33 pontos. O Dow Jones avançou 0,20%, aos 44.459,65,51 pontos, e o S&P 500 subiu 0,14%, aos 6.268,56 pontos.


… À espera do CPI, os juros dos Treasuries subiram, com a taxa da Note-2 anos a 3,901%, contra 3,887% no pregão anterior, e a de 10 anos avançando para 4,428%, de 4,416% na sessão de sexta-feira passada.


EM TEMPO… TIM informou que leilão realizado para alienar 22.059.698 ações ON, formadas a partir da aglutinação das frações de ações resultantes da operação de grupamento e desdobramento, somou R$ 455,691 milhões…


… Esse total, correspondente a R$ 20,6571 por ação ON, será disponibilizado aos titulares das frações, nas devidas proporções, até 23/7


TELEFÔNICA aprovou a distribuição de R$ 330 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1022 por ação, com pagamento até 30/4/26; ex em 26/7.


MRV. Segmento de incorporação do grupo, que reúne operações de MRV e Sensia, somou R$ 3,45 bilhões em valor geral de vendas (VGV) de lançamentos no 2TRI, crescimento anual de 54,2%, segundo prévia operacional.


RAÍZEN anunciou a emissão de R$ 850 milhões em debêntures; Conselho de Administração da empresa aprovou a contratação de até R$ 1 bilhão em empréstimos de curto e longo prazos.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Aspeto de deslizamento (-0,5%?) após Trump anunciar unilateralmente um imposto alfandegário de 30% sobre a UE e o México, porque considera que as negociações “estão muito lentas”. Mas esta semana arranca a temporada de publicação de resultados do 2T, que poderá converter-se num fator bastante pró-mercado enquanto passam algumas horas e se digere o assunto dos 30%. Porque o mercado já sabe que Trump costuma fazer declarações irreflexivas. Os impostos alfandegários afetam cada vez menos e entramos numa etapa caracterizada pela progressiva diminuição sazonal da atividade, por um lado, e pelos resultados empresariais 2T, pelo outro.


Em relação aos resultados empresariais 2T, saem a partir de amanhã. Não serão especialmente bons, mas não absolutamente maus. Irão oscilar entre +2,9% BoA e +11,8% Goldman. E para o conjunto de empresas americanas espera-se +5,8%... que, estimamos, terminará a ser, em números reais, entre +11% e +13%, como aproximação. Porque as empresas americanas costumam bater expetativas. No 1T 2025 expandiram lucros +13,6% vs. +6,7% esperado e +7,5% no 4T 2024. Aumentos duas vezes superiores aos previstos, em grandes números. Por isso, consideramos provável que o eixo principal sobre o qual o mercado passará a girar seja os resultados 2T e não os impostos alfandegários. E isso será bastante bom, embora seja apenas porque serão resultados objetivos e não declarações mutáveis.


A referência macro desta semana será a inflação americana de amanhã, terça-feira, porque se espera que volte a aumentar (até +2,6% desde +2,4%), como em maio (+2,4% desde +2,3%). Será o segundo mês consecutivo de agravamento, situando-se já mais próxima de +3% do que de +2% de objetivo, principalmente a Taxa Subjacente, e isso arrefecerá as expetativas de cortes de taxas de juros por parte da Fed (estimamos apenas mais um corte este ano, em setembro).


CONCLUSÃO: Embora a semana arranque fraca devido ao imposto alfandegário de 30% anunciado por Trump, é provável que se reconduza para positivo em breve… embora sem demasiada força, porque já se nota a decadência de “lucros” típica do verão. A tecnologia acresce o empurrão dominante, particularmente semis, enquanto os impostos alfandegários ficarão em segundo plano. Esta semana e na próxima, as bolsas tenderão a subir, mais apoiadas nos resultados empresariais. O interessante chegará a partir dos últimos dias de julho e primeiras 2 semanas de agosto com a diminuição da atividade: com os riscos a moverem-se em baixa, consideraríamos qualquer corte relevante mais como uma oportunidade para comprar a preços melhores. Principalmente tecnologia – particularmente semicondutores – e Índia como ideia singular.


S&P500 -0,3% Nq-100 -0,2% SOX -0,2% ES50 -1% IBEX -0,9% VIX 16,4% Bund 2,69% T-Note 4,42% Spread 2A-10A USA=+53pb B10A: ESP 3,32% PT 3,16% FRA 3,42% ITA 3,60% Euribor 12m 2,089% (fut.2,153%) USD 1,167 JPY 172,0 Ouro 3.357$ Brent 70,5$ WTI 68,6$ Bitcoin +3,4% (122.140$) Ether +0,4% (3.024$). 


FIM

Dan Kawa

 *Dan Kawa: Tarifas Voltam a Pauta*


O tema das tarifas voltaram definitivamente a pauta de curto-prazo dos mercados, com Trump ameaçando regiões comercialmente e economicamente importantes, como o México e, no final de semana, a União Europeia.


Neste momento, a reação dos ativos de risco tem sido tímida, fora do Brasil, as ameaças de Trump de novas tarifas após 1 de agosto.


Tudo indica que teremos um mês de julho de volatilidade e baixa visibilidade, com uma "corrida de bastidores" para evitar que as tarifas entrem em vigor no dia primeiro de agosto.


Além das tarifas, a semana marca o início da temporada de resultados corporativos nos EUA, com o setor financeiro sendo o destaque deste início de temporada.


Um outro tema que merece atenção nos próximos meses é a dinâmica das taxas longas de juros no mundo desenvolvido, com o debate em relação a situação fiscal de alguns desses países se intensificando.


Em um momento que o Bitcoin atinge novo pico histórico (agora pela manhã acima de $123mil), o ETF $IBIT ultrapassou a marca de US$ 80 bilhões ontem à noite, tornando-se o ETF que atingiu esse valor mais rapidamente na história: em apenas 374 dias


— cerca de 5 vezes mais rápido que o recorde anterior, do $VOO, que levou 1.814 dias. Com US$ 83 bilhões, o $IBIT já é o 21º maior ETF do mundo (via @JackiWang17):


Na bolsa dos EUA, será que as Mag7 estão "caras"?


Continuamos a ver um forte fluxo de entrada de recursos para fundos dedicados a ações emergentes, o que tende a dar suporte a classe:


Sempre vale lembrar, segundo dados do passado: É mais seguro investir quando o S&P 500 está em sua máxima histórica.


https://x.com/DanKawa2/status/1944680067529158964

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...