Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: ONTEM, sessão fraca, como esperávamos, com uma queda drástica de -10% da Target, embora tenha fechado a -6,3%, e tomadas de lucro em semicondutores, particularmente na Intel (-7%), que tinha subido com força previamente devido aos anúncios da Softbank e do governo dos EUA de adquirir participações relevantes. HOJE é um dia de transição, com foco no que possa chegar da reunião anual dos banqueiros centrais em Jackson Hole, embora apenas lá cheguem à tarde e seja improvável que alguém queira precipitar-se com comentários informais improvisados. Powell (Fed) falará amanhã às 15h, e isso é o mais importante. No entanto, hoje saem os PMIs em todo o mundo, que são relevantes para entender o tom do ciclo global.
GEOESTRATÉGIA: Tom mais frio. A Rússia diz agora que talvez Putin não mantenha nenhuma reunião com Zelenskiy e que quer ter direito de veto sobre qualquer garantia de segurança (leia-se: ação defensiva) concedida à Ucrânia, veto que deverá ser garantido pela China, EUA, França e Reino Unido. Está a usar a tática mais clássica e cordial para bloquear uma negociação: pedir o impossível, mas estar disposto a continuar a negociar. Em Israel a situação também se complica: convocou 60.000 reservistas para completar a tomada de Gaza.
MACRO: As atas da última reunião do Fed (29/30 de julho) não trazem novidades, com Bowman e Waller (indicado por Trump) a votarem contra manter as taxas em 4,25%/4,50%. Estimamos que o Fed irá cortar -25 pontos base a 17 de setembro. Trump acusou uma conselheira do Fed (Lisa Cook) de má conduta relacionada com as suas hipotecas e pediu a sua demissão.
Hoje saem PMIs em quase todas as economias. Até agora, os do Japão e da Índia são bons: manufatura a 51,9 vs 51,6 e 59,8 vs 59,1, respetivamente. Espera-se uma leitura lateral ou fraca para a Zona Euro (às 9h; 49,5 vs 49,8). França sai às 8:15h (48,0 vs 48,2) e Alemanha às 8:30h (48,8 vs 49,1). O Indicador Antecipado às 15h deverá mostrar -0,1% vs -0,3%, o que não representa grande coisa para nenhum dos lados.
EMPRESAS: A queda da Target não se deve a resultados fracos ou a uma revisão em baixa das orientações, mas porque o novo CEO vem da própria empresa e só assumirá o cargo em fevereiro de 2026. Uma dupla má ideia: uma alternativa interna dificilmente poderá virar a empresa que tanto precisa de mudança e começar dentro de 6 meses parece um período de pré-aquecimento desnecessariamente longo, impossível de interpretar positivamente. As descidas no setor tecnológico/semicondutores não parecem fundamentadas em novidades concretas, mas no já conhecido mantra de que a IA poderia estar sobrevalorizada, além do facto (principal) de terem subido com bastante força nas duas primeiras semanas de agosto, parecendo portanto uma correção natural e não motivada por nenhum acontecimento particular.
Hoje, pelas 12h, saem os resultados da Walmart, com um EPS esperado de 0,74$ (+10%). Esta é a chave corporativa do dia. A Walmart não tem os problemas internos e de gestão que a Target enfrenta, por isso é improvável que desaponte.
CONCLUSÃO: Fraqueza com tendência natural para algum repique após duas sessões fracas. Mas muito pouco (cerca de +0,1% a +0,3%) e só se os PMIs forem razoáveis e nenhum banqueiro central disser algo estranho ao chegar a Jackson Hole. É provável que as expectativas em torno de mais cortes de taxas se arrefeçam um pouco, o que deverá fazer comprar alguns títulos de dívida (rendimento em queda), mas nada significativo.
S&P500 -0,2% Nq-100 -0,6% SOX -0,7% ES50 -0,2% IBEX -0,1% VIX 15,7% Bund 2,71% T-Note 4,29% Spread 2A-10A EUA = +54pb B10A: ESP 3,29% PT 3,13% FRA 3,42% ITA 3,56% Euribor 12m 2,084% (fut. 2,171%) USD 1,165 JPY 171,7 Ouro 3.339$ Brent 67,2$ WTI 63,1$ Bitcoin +0,2% (113.895$) Ether +3,3% (4.306$).
FIM
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