Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Ceticismo pelo esgotamento sobre os impostos alfandegários. Ontem foi o segundo dia consecutivo de enfraquecimento em Nova Iorque, e provavelmente hoje será o terceiro, com elevação suave, mas continuada de umas yields das obrigações que nos parecem excessivamente baixas desde há algum tempo. Este estancamento das bolsas e progressiva correção de excessos nas obrigações parecem sensatos e é quase o melhor que poderia acontecer, mas nada garante que irá continuar e se converta numa tendência para este verão, porque a liquidez é imensa e pressiona, como comentámos muitas vezes.
Hoje amanhecemos com uma acumulação de cartas de Trump/EUA dirigidas a um número indeterminado de países com a imposição de impostos alfandegários variados (até 60%/70%), assim como sobre setores (farmacêuticas até 200%) e matérias-primas (parece que o cobre irá sofrer com 50%, equiparando-se ao alumínio e aço). Mas o mercado, principalmente Wall St., já está curado de espanto e, por isso, os futuros americanos vêm a retroceder apenas de forma testemunhal (-0,1%) depois de terem aguentado ontem com um tom semelhante. Os futuros europeus até parecem que querem subir um pouco. Na realidade, uma parte dos novos impostos alfandegários é conhecida a esta hora apenas pelas declarações de Trump, não por documentos. O ceticismo por esgotamento (“nada é credível, mas, o que quer que seja, não parece bom, mas já o sabíamos”) permite que os retrocessos sejam milimétricos, enquanto dificulta as subidas. O catch-up de Wall St sobre as bolsas europeias continua a avançar: em julho +1,3% vs. +0,3%, portanto em 2025 já ambas as reavaliações, que parecem bastante generosas para uns lucros empresariais 2025e algo modestos (+3,1% UE vs. +8,5% EUA), se aproximam muito entre si: WS +6% vs. Europa +10%.
A única referência relevante do dia é a publicação das atas da última reunião da Fed, mas é improvável que movem o mercado e serão publicadas já tarde para a Europa (19 h). Na França, o seu Primeiro-ministro cada vez mais impopular (Bayrou) continua a lutar contra o Orçamento 2026, porque precisa de cortar 40.000 M€ para que o seu Défice Fiscal não alcance 5% s/PIB (-4,6% estimado), mas o governo está em minoria numa coligação de partidos aos quais se vê obrigado a fazer contínuas concessões, portanto poderá entrar em crise e convocar eleições. Isto fez com que o prémio de risco francês seja de 71 p.b. (sobre o Bund alemão), superior ao espanhol (66 p.b.) e português (48 p.b.).
CONCLUSÃO: Sessão tíbia parecida à de ontem, cujo desenvolvimento poderá ser +/-0,2% nas bolsas. O ceticismo por esgotamento sobre os impostos alfandegários consegue que nada seja fiável, nem demasiado mau nem tampouco bom. Pode ser que as obrigações hoje estejam melhor compradas, mas como contrarreação inercial à ampliação das yields dos últimos dias. O yen continua a depreciar-se (172,2/€; 147/$) perante um acordo comercial como os EUA que parece bastante mau, e o USD detém temporariamente a sua depreciação (1,172/€) porque há um pouco mais de desorientação. Poderia dizer-se que o mercado está à espera de receber informação um pouco fiável em qualquer frente, enquanto se aproximam as semanas mais delicadas do ano devido à queda de atividade/volumes no verão. Se corrigir ca.-5%, por exemplo, dar-nos-á a oportunidade de comprar um pouco menos caro (semis, defesa, cibersegurança, bancos…).
S&P500 -0,1% Nq-100 +0,1% SOX +1,8% ES50 +0,6% IBEX +0,03% VIX 16,8% Bund 2,64% T-Note 4,41% Spread 2A-10A USA=+51pb B10A: ESP 3,29% PT 3,12% FRA 3,36% ITA 3,57% Euribor 12m 2,049% (fut.2,068%) USD 1,172 JPY 172,2 Ouro 3.291$ Brent 70,0$ WTI 68,1$ Bitcoin +0,6% (108.788$) Ether +3,1% (2.628$).
FIM
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