Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Ambiente de calma tensa e com tensão crescente até, pelo menos, segunda-feira. Verifica-se um claro aumento do risco geoestratégico Israel/Irão, com indícios credíveis de que os EUA possam envolver-se diretamente para neutralizar de forma definitiva o programa nuclear militar iraniano, algo que poderá acontecer já este fim de semana. Caso tal se concretize, a questão é: conduzirá a uma escalada de consequências imprevisíveis, o que seria muito negativo para os mercados? Ou, pelo contrário, uma vez tomada a ação, tudo acalmará e o prémio de risco geoestratégico diminuirá rapidamente, permitindo uma recuperação das bolsas ao dissipar-se este problema? Este segundo cenário parece mais provável, dentro da imprevisibilidade inerente a qualquer desfecho militar (Clausewitz disse: “Nenhuma estratégia de combate resiste ao primeiro contacto com o inimigo”), porque a China exerce um poder global brando (mas não a nível local, como ficou demonstrado no Vietname, Camboja…), não se envolvendo diretamente em conflitos globais, enquanto a Rússia está consumida pela Ucrânia e não pode abrir uma nova frente. Ainda assim, as probabilidades podem ou não concretizar-se e, em qualquer caso, será necessário atravessar este período. Por isso, os futuros recuam cerca de -0,3%, o que é pouco face ao contexto, expressando sobretudo uma tensão ainda não resolvida e de desfecho incerto.
ONTEM, a Fed fez exatamente o que prevíamos, tornando o seu próprio cenário macroeconómico mais pessimista: manteve a taxa diretora em 4,25%/4,50%, mas reviu em baixa as suas estimativas macro, tal como já tinha feito em março. Agora, o panorama é algo sombrio para os padrões americanos, sendo o mais relevante o facto de prever uma inflação em 2025 de +3% vs +2,7% anterior (é a primeira vez que reconhecem esse +3% que temos vindo a considerar inevitável), embora preveja uma descida em 2026/27 (a ver vamos), em combinação com uma taxa diretora não inferior a 3% no longo prazo vs 4,25/4,50% atualmente e um PIB significativamente revisto em baixa, para níveis claramente inferiores (+1,4% em 2025 vs +1,7% anterior) ao seu ritmo de cruzeiro (>+2%). O cenário descrito ontem (mais inflação, menos crescimento e taxas que resistem a descer demasiado) aproxima-se muito do que temos vindo a antecipar, ainda que possa parecer presunçoso dizê-lo… mas é verdade.
HOJE, Nova Iorque está encerrada e o que resta conhecer esta semana tem pouca relevância, pelo que terá pouco impacto: às 9h30 a Suíça deverá cortar as taxas em -25pb, para 0%, dado não ter inflação; às 10h, a Noruega deverá manter as taxas em 4,50%; às 13h, o Reino Unido deverá manter em 4,25%; e amanhã, sexta-feira, a China deverá igualmente manter em 3% a 1 ano e 3,50% a 5 anos, sendo ainda a “quadruple witching” (vencimento de futuros e opções sobre índices e ações).
CONCLUSÃO: Pressão descendente sobre as bolsas que, indiretamente, deverá resultar em obrigações mais procuradas (mais uma vez) devido à tensão Israel/Irão, que aparenta complicar-se bastante antes de, provavelmente, se resolver de forma positiva. Mas será necessário passar por este período. Se Trump não conseguir deixar a sua marca na Ucrânia, pensará que poderá fazê-lo no Irão. Daí a apreciação do USD (1,146/€ vs 1,151/€), também influenciada pela Fed de ontem. Recomenda-se não esperar nada de positivo, nem tomar decisões, até ao desfecho Israel/Irão, que não deverá demorar (sexta/domingo?). Se o desfecho for o estimado, surgirá uma oportunidade não só para comprar mais barato (ou menos caro), mas até, no nosso caso, para aumentar a exposição aproveitando preços mais razoáveis e a redução do risco pós-Israel/Irão.
S&P500 -0,03% Nq-100 0% SOX +0,5% ES50 -0,4% IBEX +0,1% VIX 20,1% Bund 2,52% T-Note 4,39 Spread 2A-10A EUA=+45pb O10A: ESP 3,22% PT 3,04% FRA 3,25% ITA 3,52% Euribor 12m 2,099% (fut. 2,098%) USD 1,145 JPY 166,3 Ouro 3.352$ Brent 76,9$ WTI 75,4$ Bitcoin -0,8% (104.718$) Ether -0,8% (2.519$).
FIM
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