sexta-feira, 26 de setembro de 2025

BDM Matinal Riscala

 Bom Dia Mercado.


Sexta Feira, 26 de Setembro de 2.025.


*PCE pode mudar jogo do Fed*

 

... Depois do salto do PIB/2Tri nos Estados Unidos (+3,8%, contra estimativa de +3,3%) ter reduzido para 60% as apostas em mais dois cortes do juro este ano, será divulgado hoje o índice de inflação preferido do Fed, o PCE de agosto. A depender do resultado, as chances de uma queda no mês de outubro, que ainda são majoritárias, tendem a cair mais, o que continuaria a deprimir as bolsas e puxar os juros e o dólar. Somam-se aos dados as falas cautelosas dos Fed boys alinhados a Powell, que, por enquanto, decidem o jogo. No Brasil, saem os números do setor externo em agosto, enquanto investidores acompanham a participação de Diogo Guillen em evento do Citi, a partir das 11h.

 

NY CONDUZ – Nesta quinta, o discurso hawkish do diretor de Política Econômica, que comentou o Relatório de Política Monetária em entrevista ao lado do presidente do BC, Gabriel Galípolo, não deu espaço para uma reação positiva ao IPCA-15 abaixo do esperado (abaixo).

 

... Convencidos de que o Copom sustentará a Selic em níveis elevados pelos próximos meses, sem pressa para normalizar a política restritiva, os investidores operam de olho em Nova York, e nos sinais do Fed, que vêm exercendo forte influência nos ativos domésticos.

 

... O PCE de agosto hoje será divulgado às 9h30, com previsão de +2,7% para o índice cheio em taxa anualizada (de 2,6% em julho). Para o núcleo, que exclui preços voláteis e de energia, o consenso é de que mantenha o mesmo nível de aceleração: +2,9%.

 

... O PCE do 2Tri, divulgado ontem com os dados do PIB, já indicou tendência de alta na revisão do dado final, subindo ao ritmo anualizado de 2,1% no período, acima da leitura anterior (+2%). Também o núcleo (+2,6%) superou a estimativa preliminar (+2,5%).

 

... Com os indicadores mostrando uma inflação persistente e a resiliência da economia americana, as chances de o Fed realizar uma queda acumulada de mais 50 pontos-base em 2025 caiu e boa parte do mercado passou a esperar uma pausa em outubro.

 

... Para o Brasil, que vinha festejando as indicações de cortes em série pelo Fed e antecipando o incremento do fluxo com esse nível de carry trade, a cautela nos Estados Unidos é um banho de água fria, embora o diferencial das taxas ainda seja muito atrativo.

 

... Entre os indicadores de hoje nos Estados Unidos, também é importante a leitura final de setembro do índice de sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan, às 11h, que traz as expectativas de inflação para 1 ano e 5 anos.

 

TENSÃO GEOPOLÍTICA – A reação mais dura da Europa às invasões aéreas da Rússia ajudou a pesar o clima dos mercados globais, nesta quinta-feira, após a Otan apoiar disparos contra aeronaves russas que ingressarem no espaço aéreo de seus países-membros.

 

... Segundo informações da Bloomberg, diplomatas europeus alertaram o Kremlin que a Otan está pronta para responder “com força total” a novas violações, enquanto o governo dos Estados Unidos aumenta a pressão contra países que compram petróleo russo.

 

... Em visita à Casa Branca, ontem, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ouviu de Trump que pode suspender “quase imediatamente” as sanções, se o país parar de fazer negócios com Moscou. Sinalizou, inclusive, com a possibilidade de Ancara obter caças F-35.

 

... Ontem, a Dinamarca denunciou ter sido alvo de um “ataque híbrido”, provocado por um “ator profissional”, após ter rastreado drones de “origem desconhecida” sobrevoando aeroportos civis e militares do país. A Rússia negou a autoria.

 

... Em uma tensa reunião em Moscou, enviados britânicos, franceses e alemães citaram a incursão de 3 caças MiG-31 sobre a Estônia, semana passada. Após a conversa, eles concluíram que a violação havia sido uma tática deliberada, ordenada por comandantes russos.

 

... Durante as negociações, um diplomata russo disse aos europeus que as incursões eram uma resposta aos ataques ucranianos à Crimeia.

 

MAIS TARIFAS – O presidente Trump voltou à carga com as tarifas anunciando, após o fechamento dos mercados, que vai impor uma sobretaxa de 100% a todos os produtos farmacêuticos importados, de marca ou patenteados, a partir de 1º de outubro.

 

... Em sua rede social, disse que ficarão isentas as empresas que estejam construindo uma planta de fabricação farmacêutica nos Estados Unidos. Explicou que... 'ESTEJA CONSTRUINDO' será definido como 'iniciando as obras' e/ou 'em construção'.

 

... Trump anunciou ainda uma tarifa de 25% sobre todos os caminhões pesados fabricados fora dos Estados Unidos, também a partir de 1°/10.

 

... Outras tarifas foram anunciadas para armários de cozinha, pias de banheiro e produtos associados (50%) e móveis estofados (30%). “A razão para isso é a grande escala de inundação desses produtos nos Estados Unidos por outros países”, afirmou o presidente Trump.

 

ATAQUES A POWELL – Trump reservou um post para suas críticas diárias ao presidente do Fed, afirmando que, se não fosse por ele, “estaríamos com o juro em 2% agora”. O presidente também comemorou os “ótimos números” do PIB do 2Tri.

 

FAZENDA SE EXPLICA – Na tentativa de evitar novo bloqueio das contas deste ano, o governo federal deve argumentar ao TCU que o “Orçamento impositivo” faz com que mire o piso da meta do resultado primário das contas públicas, após ter sido advertido de prática irregular.

 

... A meta fiscal de 2025 é zero, com intervalo de tolerância de 0,25% do PIB, entre déficit de R$ 31 bilhões e superávit de R$ 31 bilhões. A equipe econômica prevê um déficit de R$ 30,1 bilhões, no piso da meta. Atualmente há um contingenciamento de R$ 12,1 bilhões.

 

... Segundo Haddad, o governo recorrerá da decisão da Corte sob o argumento de que, em 2019, uma emenda constitucional tornou obrigatória a execução de todas as despesas. Por causa desse “engessamento”, não é possível fazer uma contenção de gastos maior.

 

... No final do ano passado, o governo Lula enviou uma PEC ao Congresso que previa a revogação da emenda que tornou o Orçamento impositivo, o que possibilitaria melhores resultados fiscais, disse o ministro. O trecho, no entanto, foi retirado durante a tramitação.

 

... Caso seja necessário seguir o entendimento do TCU, o governo teria que buscar mais R$ 30 bilhões em receitas para cobrir o déficit, e fazer um contingenciamento das despesas no mesmo valor, ou uma mistura entre as duas medidas para alcançar o centro da meta.

 

... De qualquer modo, segundo apurou o Valor, mesmo que a decisão do Tribunal seja mantida, não terá impacto este ano, já que o recurso tem efeito suspensivo e o processo deve se estender até dezembro. Não haverá, portanto, necessidade de novo congelamento.

 

NA POLÍTICA – O Planalto ainda aguarda um contato da Casa Branca para articular a conversa entre Trump e Lula, na semana que vem.

 

... Na Câmara, o presidente Hugo Motta apressou-se em negar “sentimento de traição” alegado por deputados após o Senado derrubar a PEC da Blindagem. Ele também não vê briga pelo protagonismo do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda.

 

... Negou desconforto com a votação em comissão do Senado do projeto alternativo de ampliação da isenção do IR, de Renan Calheiros.

 

... Sobre o pedido de Paulinho da Força para segurar a votação do IR até que se vote a anistia, Motta garantiu que o projeto relatado por Arthur Lira irá ao plenário na próxima quarta-feira. Já a anistia, disse que precisa de mais tempo para “sentir a temperatura” da Casa.

 

... Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro disse que está disposto a “ir até as últimas consequências” para conseguir uma anistia ampla e irrestrita ao seu pai, Jair Bolsonaro, e aos demais condenados pelo 8 de Janeiro. “Será vitória ou vingança, mas não haverá submissão.”

 

... No Globo, Bela Megale apurou que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem confidenciado a aliados que está incomodado com as manifestações públicas de Eduardo. O filho estaria “falando muito” e, a cada vez que fala, prejudica ainda mais o pai.

 

... Tarcísio confirmou visita a Bolsonaro na segunda-feira, quando comunicará sua decisão de concorrer à reeleição em São Paulo, segundo o Poder 360. O governador de SP disse que não vai tratar de anistia, mas “visitará um amigo para prestar solidariedade”.

 

... Em nova pesquisa do Ipespe, a aprovação do governo Lula subiu sete pontos percentuais, de 43% em julho para 50% agora, enquanto a sua desaprovação caiu de 51% para 48%. A melhora é atribuída ao noticiário sobre o governo e ao tema do tarifaço.

 

MAIS AGENDA – O BC divulga às 8h30 o saldo da conta corrente em agosto, com previsão de déficit de US$ 5,35 bilhões, após saldo negativo de US$ 7,067 bilhões em julho. As estimativas, todas negativas, variam de US$ 7,1 bilhões a US$ 4,9 bilhões.

 

... Segundo o Projeções Broadcast, a continuidade dos déficits elevados na balança de serviços e na conta de renda primária deve mais do que compensar o saldo positivo na balança comercial de bens em agosto.

 

... Para o Investimento Direto no País (IDP), a mediana indica uma entrada líquida de US$ 6,050 bilhões em agosto, contra saldo positivo maior, de US$ 8,324 bilhões, em julho. As expectativas vão de US$ 5,6 bilhões a US$ 7,29 bilhões.

 

... Em São Paulo, os diretores do BC participam das reuniões trimestrais com economistas, às 14h30 e 16h.

 

LÁ FORA – Com o mercado reprecificando o número de cortes de juros pelo Fed, o investidor deve monitorar com interesse renovado os comentários em eventos públicos hoje de Tom Barkin (10h) e Michelle Bowman (14h).

 

... Às 14h, a Baker Hughes informa os poços e plataformas de petróleo em operação nos Estados Unidos.

 

TIKTOK – Trump anunciou, no Salão Oval da Casa Branca, que chegou a um entendimento com a China sobre o futuro do aplicativo e assinou ordem executiva “salvando o TikTok de uma proibição” nos Estados Unidos.

 

... Segundo o presidente, investidores como Michael Dell e Rupert Murdoch assumirão o controle da operação, com papel relevante ainda da Oracle na segurança da versão americana da plataforma, avaliada em US$ 14 bilhões.

 

... A chinesa ByteDance recebeu ultimato para se desfazer dos negócios americanos do TikTok até 16 de dezembro.

 

RECALCULANDO ROTA – O dia de Ibovespa sem recordes e dólar acima de R$ 5,35 teve o exterior como culpado, após o PIB americano forte e o auxílio-desemprego abaixo do esperado voltarem a abalar a convicção para o Fed.

 

... Já antes dos indicadores, Powell foi pivô esta semana da transformação das apostas, deixando o investidor bem menos seguro de que o juro estaria com a bala na agulha para cair mais duas vezes este ano (outubro e dezembro).

 

... Desde que Powell deixou em aberto o futuro da política monetária, abriu uma frente pública de dúvida no Fed.

 

... “Estou desconfortável em apoiar corte antecipado dos juros apenas pelo emprego, com inflação ainda em tendência de alta”, disse ontem o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, que vota nas próximas reuniões.

 

... Em sua visão, a economia americana está lidando com o pior cenário, de riscos estagflacionários, neste momento em que a inflação parece estar caminhando para o "lado errado" e pode permanecer acima da meta de 2%.

 

... Continuar a flexibilização monetária, disse, dependerá de os próximos dados exibirem estabilidade do pleno emprego e inflação no alvo. Segundo ele, as incertezas cresceram frente aos múltiplos choques da economia global.

 

... Ainda o colega Jeffrey Schmid, que também vota, concordou que os passos do Fed dependem dos indicadores, mas alertou que inflação está “muito alta” e que o atual nível dos juros é "levemente restritivo" e “adequado”.

 

... Rivalizando com a turma mais conservadora, a dirigente dovish Michelle Bowman voltou a dizer que há espaço para reduzir juros em direção ao nível neutro, ressaltando a fragilidade do emprego após as revisões do payroll.

 

... Já o Fed boy de Trump, Stephen Miran, repetiu o comentário da véspera de que a taxa atual está de 150 a 200 pontos-base acima do ideal e defendeu uma sequência de cortes de 50 pontos para chegar ao patamar desejado.

 

... De sua parte, Trump não desperdiçou ontem a chance de faturar a surpresa positiva do PIB do segundo trimestre para cobrar mais cortes de juros pelo Fed, afirmando que a economia norte-americana "não enfrenta mais inflação".

 

TIRANDO O CAVALINHO DA CHUVA – Sob o risco de estarem apostando errado em novo corte do juro em outubro, os investidores começaram a migrar ontem para uma pausa, impulsionando o dólar e as taxas dos Treasuries.

 

... Mais sensível às decisões de política monetária, a Note-2 anos pagou 3,660%, acima da véspera (3,604%).

 

... No câmbio, o índice DXY engatou alta firme de 0,69% e registrou a maior pontuação em três semanas, cruzando a linha dos 98,000 pontos, a 98,553 pontos. O euro caiu 0,68%, para US$ 1,1661, e a libra perdeu 0,83%, a US$ 1,3338. 


... Por aqui, o dólar vai deixando cada vez mais para trás o suporte inferior a R$ 5,30, batido esta semana. Completou ontem o seu segundo pregão seguido em alta. Subiu mais 0,69%, cotada a R$ 5,3634. Desde quarta, acumula +1,61%.

 

... A reprecificação do Fed está pressionando tudo, apesar do carry trade favorável continuar muito garantido.

 

... O tom duro assumido pelo BC no Relatório de Política Monetária (RPM) reforçou a aposta de Selic a 15% por bastante tempo. Entre 34 instituições consultadas pelo Broadcast, só 5 apostam em corte antecipado do juro no ano.

 

... O RPM apontou inflação acima da meta até o 1Tri de 2028, revisou em alta a estimativa de hiato do produto, de 0,5% a 0,7%, e apontou a resiliência do mercado de trabalho, que pode manter os preços dos serviços sob pressão.


... Ao comentar o relatório de política monetária, Galípolo expressou incômodo com a desancoragem das expectativas de inflação, apesar do IPCA-15 de setembro (+0,48%) levemente menor que o esperado (+0,51%).

 

... Do lado do emprego, o ministro Luiz Marinho antecipou que o Caged de agosto, que será divulgado na próxima segunda, deve crescer em ritmo mais lento. No ano, ele aposta na criação líquida de 1,5 milhão de vagas formais.


... A curva do DI registrou alta moderada, acompanhando o avanço do dólar e dos rendimentos dos Treasuries.

 

... O contrato para Jan/26 ficou praticamente estável (14,895%) contra o ajuste anterior (14,898%). Jan/27 subiu a 14,070% (de 14,010%); Jan/29, a 13,250% (de 13,175%); Jan/31, 13,410% (13,358%); e Jan/33, 13,495% (13,448%).

 

IRRECONHECÍVEL – Interrompendo as máximas históricas diárias, o Ibovespa entregou os 146 mil pontos, na realização de lucro precipitada pela abordagem mais cautelosa dos dirigentes do Fed e pelo PIB americano sólido.

 

... O Ibovespa fechou em baixa de 0,81%, aos 145.306,23 pontos, com volume financeiro de R$ 20,1 bilhões.

 

... Acompanhou as bolsas em NY, que moderaram o apetite, diante da possível inclinação menos dovish do Fed. O Dow Jones caiu 0,38% (45.947,32 pontos); S&P 500, -0,50% (6.604,73 pontos); e Nasdaq, -0,50% (22.384,70 pontos).

 

... Diante do menor apetite por risco, Petrobras caiu, apesar da virada de alta do petróleo e de o Ibama ter aprovado a licença prévia para perfuração na Foz do Amazonas. A estatal enviará hoje os ajustes solicitados pelo órgão.

 

... O papel ON perdeu 1,76%, a R$ 35,20, e o PN recuou 0,80% (R$ 32,36). Lá fora, zerando a queda superior a 1% durante o pregão, o barril do tipo Brent para novembro fechou em leve alta de 0,15%, cotado a US$ 69,42.

 

... O petróleo operou dividido nesta quinta-feira entre a oferta saturada e as tensões geopolíticas (Otan x Rússia).

 

... Imune ao ambiente de maior incerteza sobre os cortes de juros do Fed, Vale avançou 0,55% e alcançou a maior marca em quase um ano, de R$ 58,21, acompanhando a leve alta de 0,25% do contrato do minério de ferro da China.

 

... Já as ações dos bancos operaram no terreno negativo: Itaú (-0,80%, a R$ 38,48); Bradesco PN (-0,79%, a R$ 17,57); Bradesco ON (-0,79%, a R$ 17,57); Santander (-1,07%, a R$ 28,58); e Banco do Brasil ON (-1,45%, a R$ 21,79).


CIAS ABERTAS – O Grupo Abra, controlador da GOL, notificou a Azul de que está encerrando as discussões sobre uma possível fusão entre as duas companhias e rescindindo o acordo de codeshare, anunciado em maio do ano passado...

 

... “As partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11", afirmou o grupo Abra.

 

AZUL. Governo de Mato Grosso suspendeu incentivos fiscais concedidos após a companhia encerrar seis rotas regionais que partiam do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, em julho deste ano...

 

... Segundo a companhia, as mudanças “foram cuidadosamente avaliadas para garantir a sustentabilidade das rotas” e fazem parte de seu processo de reestruturação...

 

... A empresa informou ainda que mantém tratativas com o governo estadual “para avaliar novas possibilidades que agreguem ao seu negócio”.

 

SANTANDER aprovou um novo programa de recompra de ações para adquirir até 37.463.477 de units, que pode movimentar até R$ 1 bilhão; prazo do programa é de 18 meses, terminado em 26 de março de 2027.

 

CURY aprovou a distribuição de R$ 200 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,6852 por ação ordinária, com pagamento em 7 de outubro; ex em 1º de outubro.

 

AMBIPAR. S&P rebaixou a nota de crédito da companhia para default, após pedido da empresa realizado à Justiça do Rio para suspender qualquer disposição contratual que pudesse desencadear aceleração da dívida.

Fábio Alves

 FÁBIO ALVES: CORTE JÁ NO COPOM EM JANEIRO? SEI, NÃO...


Uma corrente nada desprezível de investidores e analistas está apostando em janeiro de 2026 como o início do ciclo de cortes de juros pelo Copom, com muitos deles tendo migrado de dezembro deste ano como aposta anterior. Só que, no conjunto de informações e mensagens desta semana - contidas em documentos como a ata da última reunião do Copom e o Relatório de Política Monetária (RPM) do terceiro trimestre - essa aposta de janeiro já começa a ficar em xeque. E a reunião do Copom de março de 2026 começa a ficar como melhor hipótese para o início do ciclo de afrouxamento monetário. Obviamente, esse “timing” do início do ciclo e a precificação por parte do mercado - além do “call” oficial de economistas de instituições financeiras - vão depender, em boa parte, da evolução dos indicadores de atividade econômica que sairão até o fim do ano. Surpresas para cima nos dados do mercado de trabalho, como os números do Caged e da Pnad Contínua, além de outros indicadores (vendas do varejo, volume de serviços), podem empurrar a maioria das apostas para a reunião do Copom de março de 2026, forçando muitos a postergar o “call” para corte em janeiro. Com o impulso fiscal previsto neste segundo semestre de 2025 (com o pagamento de precatórios, por exemplo), não dá para descartar dados de atividade acima do que os analistas estão esperando hoje. Por outro lado, sinais de desaceleração mais forte da economia podem trazer o mercado para janeiro como aposta majoritária. E por que, após o RPM do terceiro trimestre, janeiro de 2026 começou a ficar na berlinda? Primeiro, as projeções de inflação do Banco Central até o primeiro trimestre de 2028 vieram elevadas, o que pegou de surpresa muitos participantes do mercado. Só para lembrar, conforme o RPM, a estimativa para o IPCA no primeiro trimestre de 2028 é de 3,1%. Para se começar um ciclo de corte de juros na magnitude como está precificado no mercado, tomando-se, por exemplo, a mediana das previsões na pesquisa Focus (de taxa Selic a 10,50% no fim de 2027), seria razoável esperar que o RPM trouxesse sua projeção de inflação mais longa (do primeiro trimestre de 2028) abaixo da meta de inflação de 3%. Isso sinalizaria que o nível de juros está bastante apertado ou restritivo. Assim, a interpretação desse número para o primeiro trimestre de 2028 é o BC sinalizando que o nível de juros necessário deveria ser igual ou acima do que a trajetória atualmente estimada na Focus ao longo desse horizonte. Outro ponto a ser feito é sobre a revisão para cima do hiato do produto. Muitos analistas consideraram que a estimativa do BC para o hiato ainda está otimista. Em outras palavras, sobre o tamanho dessa revisão: foi pouco. Para o segundo trimestre deste ano, a estimativa do hiato foi revisada de +0,7% para +0,5%, com a previsão para o terceiro trimestre deste ano também em 0,5%. Já o hiato projetado para o primeiro trimestre de 2027 também foi revisado de -0,8% para -0,5%. Ou seja, quando divulgar o RPM do quarto trimestre, no dia 18 de dezembro, há o risco de o BC voltar a revisar para cima essas estimativas do hiato do produto, o que poderá afetar as suas projeções de inflação de longo prazo. Por enquanto, o BC está dizendo que não entrega a meta de inflação no horizonte relevante (que na reunião do Copom de novembro será o segundo trimestre de 2027), como também lá na frente - o primeiro trimestre de 2028. É bom lembrar que o BC precisa adotar uma postura de maior cautela, diante da incerteza grande que envolve o horizonte relevante hoje da política monetária. Afinal, ninguém sabe quem será o vencedor da eleição presidencial de 2026 e que política econômica estará em vigor a partir de 2027. Tudo isso afetará bastante o prêmio de risco dos ativos ao longo do próximo ano, uma vez que o mercado enxerga o impacto da eleição presidencial como um desfecho binário. Não dá para fechar os olhos e crer piamente nas projeções de inflação de 2027, pois elas podem tanto ficar muito acima da estimativa, como também muito abaixo. E com tamanha incerteza, a aposta de início do ciclo de corte de juros em janeiro de 2026 pode ficar em xeque, especialmente se os indicadores de atividade surpreenderem para cima. (fabio.alves@estadao.com) Fábio Alves é jornalista da Broadcast

Análise Alex Ribeiro

 ANÁLISE: Copom reforça flexibilidade e rejeita gatilhos para baixar juros


Alex Ribeiro De São Paulo


 


O diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse ontem, na entrevista do Relatório de Política Monetária (RPM), que alguns analistas estão "ansiosos" com o sobreaquecimento da economia e sobre quando poderá haver algum nível de ociosidade nos fatores de produção.


Mas não é só o chamado hiato do produto que mexe com os nervos do mercado. Há muito debate também sobre as projeções de inflação do Banco Central, que estão acima da meta, e sobre a desancoragem das expectativas de inflação.


O que todos procuram saber é se esses fatores podem ser um gatilho para, em algum momento no futuro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC dar por concluído o período prolongado de juros altos - e, portanto, começar um ciclo de distensão. Mas é exatamente isso o que o Copom quer evitar: amarrar seus passos futuros a algum prazo ou dado econômico em particular. A ideia é manter a flexibilidade da política monetária e decidir, com base em um conjunto amplo de dados, quando o cumprimento da meta de inflação de 3% está mais bem encaminhado e, portanto, seria possível uma política monetária menos draconiana.


Na semana passada, quando saiu o comunicado da reunião do Copom, participantes do mercado entenderam que a projeção de inflação do colegiado, que ficou estável em 3,4% para o horizonte relevante de política monetária, foi uma mensagem dura. Em tese, ela reduz as chances de uma queda de juros em janeiro — hipótese de trabalho que alimentou o modelo de projeção de inflação, que usa a mediana das expectativas para a Selic do boletim Focus.


Ontem, na entrevista de divulgação do RPM, Guillen baixou a bola dessas projeções, enfatizando que elas são condicionais e dinâmicas. Podem mudar e ir para a meta, dependendo de como os juros vão ser fixados no futuro e, também, de como vai evoluir o cenário econômico.


O presidente do BC, Gabriel Galípolo, foi questionado se seria possível baixar os juros caso as projeções de inflação do Copom indiquem o cumprimento da meta, mas as expectativas de inflação continuem desancoradas.


Ele respondeu que o Copom observa um conjunto de dados, e não apenas uma informação em particular, para tomar suas decisões sobre os juros.


Quando Guillen diz que há ansiedade em torno do hiato do produto, o que ele aparentemente quer dizer é que essa variável, sozinha, não vai determinar a decisão de política monetária do Banco Central. Talvez porque o BC possa sentir o cheiro de ociosidade na economia por vários indicadores.


Galípolo e Guillen procuraram temperar a importância que, individualmente, projeções, expectativas e hiato do produto podem ter sobre as decisões futuras - mas isso não quer dizer, necessariamente, uma indicação de que o Copom está inclinado a reduzir os juros mais cedo.


O Copom acabou de rever a trajetória do hiato do produto, que mostra uma economia mais sobreaquecida no momento presente e uma abertura de ociosidade menor no futuro. A ata do comitê disse que as expectativas tiveram uma queda "incipiente", e Galípolo repetiu que elas causam desconforto. E, numericamente, as projeções de inflação da autoridade monetária estão em 3,4%, acima da meta de 3%.


A ideia, aparentemente, é mostrar que não há um dado especifico que vai mover o comitê e, assim, garantir flexibilidade para a tomada futura de decisão. Galípolo disse e repetiu três vezes que vai definir o quão prolongados serão os juros altos com base nos dados econômicos que serão divulgados no futuro. Isso não significa ser "dovis" (propenso a juros mais baixos); é, sim, um reflexo da estratégia de política monetária.


Lá atrás, o Banco Central fez uma escolha. De um lado, poderia ter seguido subindo os juros a percentuais cada vez mais altos, até achar o patamar que colocasse a inflação na meta. O risco, neste caso, era de superdosagem, sobretudo quando a taxa se encontra no maior patamar em quase 20 anos. A escolha foi subir o juro para um nível bem apertado e mantê-lo alto por bastante tempo.


Isso, naturalmente, gera uma incerteza nos mercados, que se perguntam o tempo todo quanto tempo o juro ficará alto e se o BC vai desistir antes da hora. Para resolver essa tensão, alguns banqueiros centrais amarraram seus passos futuros a indicadores econômicos específicos - como determinado percentual de desemprego - ou a um horizonte de tempo.


Mas esta pode não ser uma boa ideia. Muitos passaram vexame e tiveram de voltar atrás porque, decorrido o tempo prometido ou alcançado o nível do indicador escolhido, o trabalho de baixar a inflação não estava feito ainda. A boa prática recomenda que os bancos centrais mantenham flexibilidade e indiquem como vão reagir aos dados futuros.


Os participantes do mercado, naturalmente, vão ficar ansiosos com um ou outro dado particular, que pode ou não ser o ponto de virada da política monetária.


O Banco Central, porém, segue sem se comprometer com nada, além de afirmar que conduzirá a política monetária com "perseverança, firmeza e serenidade". Ou seja, vai ter perseverança para insistir com os juros altos até se convencer de que a meta está encaminhada; vai ter firmeza para adequar a dose caso chegue à conclusão de que ela não é suficiente; e vai ter serenidade para não reagir de maneira abrupta a uma ou outra peça de informação.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

CMPI do INSS

 *CPMI do INSS pede prisão preventiva do advogado Nelson Wilians*


Comissão aprovou ainda um requerimento de quebra dos sigilos bancário e fiscal de Wilians, que foi alvo de operação da PF


Guilherme Resck


*A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS aprovou, nesta quinta-feira, 25, um requerimento para que a Justiça decrete a prisão preventiva do advogado Nelson Wilians, por “conveniência da instrução criminal, garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal”.*


Wilians prestou depoimento à comissão na última quinta-feira, 18. Ele foi um dos alvos da Operação Cambota – da PF –, desdobramento da Sem Desconto, que investiga o esquema de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. Na Cambota, o lobista conhecido como “Careca do INSS” e o empresário Maurício Camisotti, ambos suspeitos de envolvimento na fraude, foram presos.


O requerimento aprovada nesta quinta é de autoria do deputado Rogério Correia (PT-MG). “Conforme apurado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Sem Desconto e constante na Petição 14.462/DF (STF), há veementes indícios de materialidade e autoria em face de Nelson Wilians, advogado e empresário com participação ativa em estruturas que deram suporte às fraudes contra aposentados e pensionistas“, diz o parlamentar na justificativa do pedido.


“De acordo com relatório do Coaf, repasses da ordem de R$28,15 milhões foram identificados entre empresas ligadas a Maurício Camisotti e estruturas do grupo NWADV/NWGroup, revelando vínculos financeiros diretos”.


Correia prossegue: “Ademais, documentos indicam que veículos de luxo estavam registrados em nome de empresas de Nelson Wilians, mas eram de uso do investigado Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, caracterizando ocultação patrimonial e possível lavagem de dinheiro”.


O deputado ressalta também que a PF já representou pela prisão preventiva do advogado investigado, por riscos de obstrução da investigação e continuidade delitiva e, embora o pedido tenha sido negado pelo ministro André Mendonça, do STF, permanecem “atuais e graves os fundamentos para a custódia cautelar”.


A CPMI aprovou uma série de outros requerimentos nesta quinta. Entre eles, há ainda um do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), para quebra dos sigilos bancário e fiscal de Nelson Wilians e para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) envie o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) referente ao advogado.


A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito vai ouvir ainda nesta quinta-feira o lobista e operador financeiro Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS.


https://oantagonista.com.br/brasil/cpmi-do-inss-pede-prisao-preventiva-do-advogado-nelson-wilians/

Pesquisa

 *Ipespe: aprovação do governo Lula cresce a 50% e sai do saldo negativo*


Levantamento ouviu 2.500 pessoas em todo o país entre os dias 19 e 22 de setembro; margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos


25/09/25 às 09:05 | Atualizado 25/09/25 às 09:24


A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresceu e atingiu os 50%, de acordo com pesquisa Pulso Brasil/Ipespe divulgada nesta quinta-feira (25). Com isso, o índice está numericamente superior ao da desaprovação à administração federal, que é de 48%.


Foram ouvidas 2.500 pessoas em todas as regiões do país entre os dias 19 e 22 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95,45%.


Em relação à rodada anterior, divulgada em julho, o índice de desaprovação recuou três pontos percentuais. Simultaneamente, a aprovação avançou sete pontos percentuais.


De acordo com o levantamento, a aprovação ao governo Lula é "superlativa entre os eleitores de esquerda (95%), mas superou a desaprovação também entre eleitores do centro (49%) e da classe média (51%)".


https://www.cnnbrasil.com.br/politica/ipespe-aprovacao-de-lula-cresce-a-50-e-sai-do-saldo-negativo/

Bco Master

 *Casa de R$ 300 milhões em Trancoso vira nova crise para dono do Banco Master*


Corretor cobra na justiça uma comissão de R$ 18 milhões por ajudr na venda de imóvel na Bahia


Por FolhaPress — Brasília 25/09/2025 07h28 Atualizado há uma hora


Um corretor de imóveis de luxo cobra na Justiça do banqueiro Daniel Vorcaro, 41, dono do Banco Master, o pagamento de R$ 18 milhões pela intermediação da venda de uma casa localizada em Trancoso, no sul da Bahia.


O negócio, de R$ 300 milhões, envolve a compra da propriedade por empresas que têm ligação com Vorcaro. Em nota, o banqueiro afirma que não participa das empresas que compraram o imóvel e que, por isso, considera a cobrança totalmente indevida.


A disputa envolve a Villa 21, propriedade de 40 mil metros quadrados em frente ao mar, com 12 suítes e cinco bangalôs de dois andares -a suíte master tem 400 metros quadrados. Em 2021 e 2022, Vorcaro passou dias no local, cercado de convidados e com uma equipe de funcionários à disposição.


O cenário incluía piscina privativa, sala de leitura, terraço para observar as estrelas, academia moderna, salão de beleza e um espaço gourmet que completava a experiência de luxo.


Cada diária custou mais de R$ 50 mil. Nas passagens do banqueiro pela casa, ele teve de pagar mais de R$ 20 mil só em danos causados.


Até junho de 2024, o imóvel pertencia à empresária Sandra Habib, que é casada com Sérgio Habib, presidente da JAC Motors Brasil. Naquele mês, empresas ligadas a Vorcaro compraram a propriedade. Esse é o negócio que está no centro da disputa. Como em outras negociações que o envolvem, há uma trama intrincada de tratativas e sociedades.


Um corretor afirma agora na Justiça que foi ele quem apresentou a casa ao banqueiro e chegou a intermediar uma tentativa de compra. Ele diz ter sido passado para trás quando a venda se concretizou.


*Após ter sido procurado pela reportagem, o banqueiro apresentou à Justiça uma petição em que pede que o processo seja colocado em segredo e que a imprensa seja proibida de divulgar o conteúdo dos autos.*


*Segundo informações do processo, Vorcaro pagou ao menos R$ 760 mil pelos 14 dias que passou no local. Ele ainda teria uma estadia de cinco noites que teria custado mais R$ 325 mil em outubro de 2023, mas foi cancelada.*


Nas suas passagens pelo local, a presença do banqueiro virou motivo de reclamações, e a dona chegou a dizer que estava "furiosa" com ele por avarias nas instalações e que seus funcionários estavam "chocados" com uma festa no local, muitas pessoas e som alto.


"Nada discreto. Contratou conjunto de pagode com música alta, chamando a atenção dos vizinhos, da polícia local e da ambiental", escreveu Sandra para o corretor.


Os mais de R$ 20 mil que Vorcaro teve de pagar devem-se a danos a itens como cabos USB, cinzeiros, pufes, banquetas, copos, bandejas, taças, itens de decoração, entre outros. Ele também recebeu uma multa de R$ 70 mil por excesso de pessoas no local.


*O corretor do caso, Celso Francisco Pinto Júnior, da empresa AirConcierge, apresentou à Justiça uma ação para produção antecipada de provas e enviou notificações extrajudiciais em agosto para Vorcaro, Sandra Habib e a Prime You, empresa da qual o banqueiro é sócio, além de seis companhias chamadas Fractions -ligadas à Prime You e que efetivamente compraram a propriedade.*


Nas notificações, o corretor Celso diz ter apresentado a propriedade ao banqueiro e ter feito a intermediação entre Vorcaro e Sandra que resultou na venda. Ele se queixa de não ter recebido a comissão pela transação. Procurado pela reportagem, o corretor não quis se manifestar.


*A Prime You trabalha com a proposta de compartilhamento de itens de luxo como jatinhos, iates, helicópteros e também mansões, e tem como sócios outros empresários que fazem parte da rede de relações de Vorcaro. Entre eles está Maurício Quadrado, que foi sócio do Master e anunciou a venda de sua fatia do banco no ano passado.*


Duas locações de Vorcaro foram assinadas por terceiros e não por ele pessoalmente. Na primeira ocasião, ele mesmo assinou o contrato e os pagamentos foram feitos por uma empresa em seu nome, chamada Hedgehog Trading Technology. Em outra, foi Marcus Matta, fundador e presidente da empresa Prime You, quem assinou. Na terceira, segundo troca de mensagens com o corretor, Vorcaro pediu que constasse o designer Carlos Almeida Aguiar Sobrinho, conhecido como Kiko Sobrino, como locador, pois ele não gostaria que soubessem que ele ficaria em Trancoso.


Mensagens anexadas ao processo mostram que o corretor discutiu a venda do imóvel com Sandra e Vorcaro durante a terceira locação. Na ocasião, Celso perguntou a Sandra sobre a possibilidade de vender a casa para Vorcaro e se ainda não havia chances.


"Por R$ 350 milhões, posso pensar. Melhor dar um valor alto que dizer não", respondeu a empresária. Celso encaminhou a mensagem a Vorcaro e disse que o valor era "um absurdo", mas já era um começo.


Em agosto de 2023, Celso voltou a conversar com Sandra a respeito da possibilidade de venda do imóvel para um banqueiro do Nordeste, mostram as mensagens.


Em julho de 2024, o corretor voltou a procurar a empresária para tratar de uma possível locação, mas ouviu que a casa não estava mais disponível. Em setembro, ele fez contato com o gerente do espaço, que disse que a propriedade havia sido comprada pela Prime You.


Depois da compra, o gerente foi demitido e entrou com um processo trabalhista contra sua ex-empregadora. De acordo com esse processo trabalhista, a sua demissão ocorreu em junho de 2024. Procurado pela reportagem, o funcionário disse somente que isso ocorreu logo após a troca de propriedade da mansão.


Em agosto de 2024, o corretor telefonou para Sandra na presença de um escrevente. Na ligação, a empresária disse que havia vendido a casa pelos R$ 350 milhões que haviam conversado e sem pagar comissão e que o novo proprietário faria uso próprio e não alugaria ou venderia a propriedade.


A propriedade está dividida em seis escrituras, e cada uma delas foi comprada por uma empresa diferente de nome Fraction.


As Fractions têm como sócios Marcus Matta, da Prime You, e uma empresa chamada Prime Aviation Participações e Serviços, braço de locação de aeronaves da Prime You.


A Prime Aviation, por sua vez, tem como sócios Matta e o fundo de participações Patrimonial Blue, do qual Vorcaro faz parte.


O Patrimonial Blue é administrado pela Planner Corretora de Valores, parceira contumaz de Vorcaro em seus negócios -que muitas vezes pertencem a fundos e cujos donos não são públicos.


Nas escrituras da propriedade em Trancoso, os representantes das Fractions são Matta, presidente, e Rodolfo Garcia da Costa e Artur Martins de Figueiredo, vice-presidentes das empresas e diretores de Prime Aviation e Prime You.


Figueiredo é sócio das gestoras Trustee DTVM e Banvox, e sua atuação foi citada nominalmente pela investigação que mira uma suposta infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) no setor de combustíveis e no sistema financeiro. Ambas pertencem a Mauricio Quadrado, ex-sócio de Vorcaro no Banco Master. Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que a Trustee administra 13 fundos ligados ao banco.


As escrituras têm uma cláusula peculiar que determina que qualquer "eventual comissão advinda pela intermediação na aquisição do imóvel será de responsabilidade da outorgada compradora [Fractions], que desde já isenta a outorgante vendedora [Sandra] de qualquer responsabilidade e obrigação". A praxe no mercado imobiliário é que a parte vendedora arque com a taxa de corretagem.


Celso também incluiu nas notificações a descrição de uma negociação anterior com características similares. Ele teria intermediado a compra de uma propriedade em Campos do Jordão (SP) pela Prime You, após tratativas com Vorcaro. A venda foi fechada por R$ 23 milhões. Na ocasião, 80% da remuneração foi paga pelos vendedores e 20% pelos compradores.


As mensagens anexadas ao processo mostram que Vorcaro também pediu que o corretor pesquisasse ilhas à venda. O proprietário da ilha do Japão, em Angra dos Reis (RJ), que também foi objeto de interesse de Neymar, segundo reportagem do jornal O Globo, pediu US$ 10 milhões pelo local, segundo mensagens encaminhadas por Celso a Vorcaro. O banqueiro disse ao corretor que não tinha teto de preço e queria "coisa legal, ilha do Japão pra cima".


Reportagem da Folha de S.Paulo revelou outra negociação imobiliária intrincada envolvendo Vorcaro. A casa de R$ 36,1 milhões em que ele mora em Brasília pertence à Super Empreendimentos, empresa que tinha seu ex-cunhado, o advogado Fabiano Zettel, como diretor. A Super pertence a um fundo que é administrado pela Reag Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, que tem diversos negócios com Vorcaro e também é alvo da investigação sobre a infiltração do PCC no mercado financeiro.


O banqueiro atravessa atualmente momento turbulento, após o Banco Central vetar a compra de seu banco pelo BRB (Banco de Brasília). Ele ainda tenta colocar a operação em pé.


Outro lado



Em nota, Vorcaro afirma que não pode ser responsável por qualquer obrigação de corretagem, pois não é parte da compra mencionada e não participa das empresas que adquiriram o imóvel.


Sobre as queixas relacionadas a avarias, infrações e festas, ele diz que não existiram os fatos nem as acusações, que a locação sempre ocorreu em ambiente familiar e a relação com antiga proprietária sempre foi boa.


"Ao que parece, o referido corretor tem tentado obter vantagem indevida e extorquir as partes", completa.


Em nota, a Prime You afirmou à reportagem que não comprou a casa, mas que ela foi adquirida "por um pool de investidores com o objetivo de desenvolver futuro empreendimento imobiliário no modelo Prime You". Declarou ainda que não teve contato com a empresa de Celso na negociação.


Sobre o fato de a Prime You ter assinado uma das locações de Vorcaro, a empresa disse que não pode revelar informações devido a obrigações de confidencialidade.


A empresa também diz que as capturas de tela das mensagens não demonstram vínculo contratual e que as conversas ali mostradas aconteceram em 2022, enquanto a compra aconteceu em 2024.


Por fim, diz também que as Fractions já contrataram e pagaram imobiliárias pela intermediação do negócio em Trancoso. As Fractions enviaram também contranotificações, por meio do mesmo escritório de advocacia contratado pela Prime You, em que os argumentos são praticamente os mesmos.


Sandra Habib, por sua vez, afirmou que a venda da propriedade foi feita por meio de seus advogados e que não tem conhecimento sobre os compradores. Ela também disse desconhecer as notificações do corretor.


https://valor.globo.com/google/amp/financas/noticia/2025/09/25/casa-de-r-300-milhoes-em-trancoso-vira-nova-crise-para-dono-do-banco-master.ghtml

Lula x Trump

 https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2025/09/23/terras-raras-big-techs-e-sem-anistia-como-aconteceu-o-aceno-trump-lula.htm 


*Terras raras, big techs e sem anistia: como aconteceu o aceno Trump-Lula*


23/09/2025


Na noite de ontem, um embaixador brasileiro foi avisado: na ONU, haveria um acontecimento importante na relação entre os EUA e o Brasil. O dia de hoje mal tinha começado e, uma vez mais, diplomatas brasileiros receberam um recado de que uma aproximação ocorreria por parte dos americanos.


E, de fato, foi isso que ocorreu quando, nos bastidores das Nações Unidas, Donald Trump e Lula se cruzaram na sala que dá acesso à Assembleia Geral da ONU. Ali, o americano convidou o brasileiro para conversar e uma viagem, segundo fontes do governo, está sendo articulada para ocorrer na próxima semana, em Washington.


Nada disso, porém, aconteceu a partir de um improviso. *O gesto foi o resultado também de um intenso e silencioso lobby por parte do setor privado brasileiro na capital dos EUA*. Empresas e entidades contrataram escritórios com acesso à Casa Branca para negociar essa aproximação, *acenando para possíveis setores que poderiam ser de interesse dos dois países.*


*Sem anistia na pauta*


A ideia é de que essa conversa deixe de fora todo o tema relacionado com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e os ataques contra o STF. *O lobby brasileiro indicou que o tema da anistia não terá como estar na pauta para que o encontro possa ocorrer*, ao contrário do que bolsonaristas começaram a divulgar.


Trump, segundo fontes, também sabe que isso seria um "non-starter". Ou seja, não seria um ponto de partida para um eventual encontro com o governo Lula.


"Deve estar sendo duro estar na pele de Eduardo Bolsonaro neste momento", afirmou uma fonte que participou da negociação de aproximação.


Terras raras


O objetivo é que, na mesa, esteja um tema de grande interesse aos americanos: o acesso às terras raras no Brasil, fundamental para o setor de tecnologia dos EUA e ameaçado pela concorrência da China.


Assessores de Trump sinalizaram de forma positiva à perspectiva de uma conversa sobre o tema, principalmente depois que o Exim Bank aprovou linhas de crédito para ajudar empresas americanas a explorar esses recursos pelo mundo.


Um segundo aspecto que pode ser acertado é a criação de um grupo de trabalho entre os dois países para negociar acessos recíprocos para produtos de ambos os países. Para ambos os lados, a expectativa é de que exista uma margem para um acordo setorial.


Há, porém, uma dificuldade. Um dos apelos dos EUA é para que a pauta da regulação das redes sociais no Brasil seja adiada ou diluída. Trump marcou sua agenda política e comercial baseada na ampliação dos poderes e influência das empresas de tecnologia e plataformas digitais.


Para negociadores, esse promete ser um ponto crítico, principalmente diante da insistência do PT e do próprio presidente em defender a regulamentação das redes.


Sem constrangimentos na Casa Branca


A partir de agora, porém, o trabalho dos assessores mais próximos de Lula e de pessoas de confiança dentro do Itamaraty é de negociar os termos dessa reunião. Trump já demonstrou que pode criar profundos constrangimentos para líderes estrangeiros em seu Salão Oval.


Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, foi alvo de acusações infundadas por parte de Trump, ao aceitar a reunião na Casa Branca.


Uma humilhação ainda maior foi vivida por Volodymir Zelensky, presidente da Ucrânia. No Salão Oval, ele foi alvo de ataques, assédio e insultos por parte do governo americano.


*No governo brasileiro, a ordem é a de evitar a qualquer custo a repetição dessas cenas. A avaliação é de que, com a popularidade de Lula ganhando força, isso poderia ser um tiro no pé.* Mas, acima de tudo, uma afronta à soberania.


Já a agenda, a garantia que o governo busca é de que os temas sejam restritos ao que for pré-selecionado, sem a surpresa da inclusão de questões ideológicas ou a defesa de Bolsonaro.


Tanto o Palácio do Planalto quanto o setor privado sabem que os aliados do ex-presidente farão de tudo para reverter essa situação e convencer Trump a incluir sua pauta na agenda.


"Serão dias e dias de negociação", admitiu um diplomata brasileiro.

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...