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Pessimismo com a bolsa

ESPECIAL: MAIS PESSIMISTAS COM O IBOVESPA, ANALISTAS ADMITEM REVER PATAMAR PARA BAIXO
Por Matheus Piovesana

 São Paulo, 01/04/2020 - Com o Ibovespa consistentemente entre os 60 mil e os 70 mil pontos, estimativas de que o índice chegará ao final do ano acima dos 100 mil pontos são cada vez mais raras, uma situação inversa a que se viu no início de 2020. Entretanto, os cortes nas expectativas feitos até aqui podem ser apenas o começo das revisões negativas. Casas consultadas pelo Broadcast trabalham com cenários-base entre os 87 mil e os 94 mil pontos em dezembro. A maioria delas, entretanto, deixa a porta aberta para o imponderável: com uma piora inesperada dos efeitos da pandemia da Covid-19, o recuo em relação a 2019 pode ser ainda maior.

 Um dos temores é de que o declínio da economia americana - e, por extensão, das dos demais países - seja maior do que se projeta até o momento. Por aqui, além de um Produto Interno Bruto (PIB) ainda menor do que preveem diferentes casas, uma segunda onda de contágio pelo vírus poderia matar no nascedouro a recuperação que se espera para o segundo semestre.

 O antes e o depois das estimativas para o Ibovespa

Casa   Estimativa anterior   Estimativa atual   Diferença

Bank of America 130.000 pontos 87.000 pontos -33%
Eleven Financial 138.000 pontos 96.000 pontos -30%
Itaú BBA 132.000 pontos 94.000 pontos -29%
XP Investimentos 132.000 pontos 94.000 pontos -29%
Western Asset* 138.000 pontos 115.000 pontos -17%
*Previsão para março/2021
Fonte: instituições


  • Não consigo responder se consigo aumentar a previsão, porque não sei se, antes disso, não terei que revisar para baixo?, afirma Gleidson Leite, gestor de renda variável da Western Asset. Segundo ele, uma revisão positiva seria nas projeções de lucro das empresas no próximo ano, e mesmo isso depende de os efeitos da pandemia se restringirem ao segundo trimestre de 2020. ?A curto prazo, a revisão seria para baixo. A Western faz previsões para o índice em um prazo de 12 meses, e estima que o Ibovespa estará de volta aos 115 mil pontos no final de março de 2021, mais de um ano depois de perder essa pontuação (em 18 de fevereiro de 2020). Até lá, quem mais deve sofrer, ajudando a pressionar o índice, devem ser os setores de aviação, varejo físico e imobiliário. Duplamente pressionada - pela guerra de preços do petróleo e pela Covid-19 -, a Petrobras também deve ficar em situação delicada.


  •  A Eleven Financial tem três cenários: o de base, em que o índice estaria em 96 mil pontos em dezembro; o otimista, no qual o Ibovespa voltaria aos 108 mil pontos; e o pessimista, com a carteira teórica em 84 mil pontos. O que muda entre eles é a data de início da recuperação da economia. "O cenário otimista prevê uma normalização da atividade entre o terceiro e o quarto trimestre. No mais pessimista, há uma segunda onda de propagação do coronavírus, que é uma hipótese bastante defendida por diversas escolas e correntes mundo afora", comenta Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven. A via do meio, segundo ele, vê uma recomposição da atividade econômica no quarto trimestre.

Olhando pelo retrovisor

  • Com base em crises passadas, outras casas têm estimativas pouco otimistas para dezembro. O Bank of America vê o índice em 87 mil pontos no último pregão do ano. O cenário considera a expectativa do banco de que a economia brasileira terá contração de 0,5% neste ano. Os riscos de queda, entretanto, são "claramente" mais fortes, escreve o time de análise do banco. Na pior das hipóteses, porém, a instituição vê o Ibovespa em 63 mil pontos no final do ano. "Devemos continuar vendo revisões negativas (para os lucros das empresas) para este ano, uma vez que em crises anteriores, as estimativas para os lucros por ação levaram quatro meses para se estabilizar", afirma o banco em relatório a clientes.


  •  Para a XP Investimentos, em uma deterioração dos mercados em nível similar ao que se viu em 2008, o Ibovespa poderia chegar a 46 mil pontos, mas enxerga este cenário como pouco provável. A atuação de bancos centrais e governos ao redor do mundo, segundo Fernando Ferreira, estrategista chefe da corretora, é a diferença entre o que se viu há 12 anos e o que acontece agora. "É uma mudança drástica de atitude frente ao que ocorreu em 2008, onde grandes bancos foram permitidos de ser levados à falência."

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