sexta-feira, 25 de julho de 2025

A vergonha de um presidente

 Não sou judeu, mas faço minhas as palavras do Alex Pipkin. 👇👏


A Vergonha de um Presidente — e o Orgulho de Ser Judeu

Alex Pipkin, PhD


Antes de qualquer rótulo político ou ideológico, sou judeu. E isso basta para me revoltar diante da perversidade normalizada que voltou a assombrar o mundo. Em 2025, o antissemitismo — que nunca morreu — saiu definitivamente do armário. Ele desfila com cinismo por universidades, fóruns multilaterais, redes sociais e — no caso brasileiro — pelos corredores do Itamaraty, sob a tutela de Lula e seu assessor, o diplomata Celso Amorim.


É preciso nomear as coisas pelo nome. O presidente condenado por corrupção, reincidente na demagogia e no populismo de esquina, protagonizou mais uma infâmia diplomática: retirou o Brasil do quadro de países signatários da IHRA, a Aliança Internacional em Memória do Holocausto. O gesto não é simbólico. É ideológico. É profundamente antissemita.


Jean-Paul Sartre, ainda que um coletivista, foi lúcido ao identificar que o antissemitismo não nasce da ignorância, mas da má-fé — e, sobretudo, da inveja. O judeu, minoria entre as minorias, destaca-se onde a excelência é exigida: na ciência, literatura, medicina, economia, filosofia. Não por privilégio, mas por esforço milenar de sobrevivência, estudo e autonomia. O antissemitismo, então, é o grito ressentido de quem odeia o mérito, odeia a diferença, odeia a liberdade que o judeu encarna.


É revelador que boa parte da esquerda contemporânea, herdeira do marxismo, compartilhe essa raiz antissemita. Marx, em seu panfleto Sobre a Questão Judaica, despeja desprezo contra o judeu “mercantilista”, numa generalização torpe, repulsiva e intelectualmente desonesta. De Marx a Lula, há uma linha contínua de intolerância travestida de justiça social. O povo judeu, que não se curva à coletivização de almas, incomoda porque persiste.


Lula não age apenas por ignorância. Age por convicção. Sua política externa, guiada por ditaduras, por terroristas e por inimigos da liberdade, expõe sua natureza perversa. Sua diplomacia, conduzida por gente que relativiza o Holocausto e glorifica o Hamas, rebaixa o Brasil a um país que perdeu não apenas o senso estratégico, mas a dignidade moral.


O Brasil merecia mais. Merecia líderes que homenageassem as vítimas do Holocausto e repudiassem o terrorismo. Merecia governantes que compreendessem o valor da memória, da história e da civilização. Mas hoje temos um falastrão, irresponsável e perigosamente antissemita no comando da nação. E isso não pode ser silenciado.


Não é preciso ser judeu para se indignar com o antissemitismo. Basta ser humano. Basta respeitar a dignidade humana.


Mas eu sou judeu. E o judeu, que resistiu a faraós, inquisidores, czares, nazistas e aiatolás, resistirá também a Lula e seus comparsas. Não por ódio. Mas por fidelidade à vida.


Sou judeu, e não perdoo perversos.


Não perdoo Lula da Silva, perverso reincidente, mentiroso contumaz, que mancha a memória dos mortos e a dignidade dos vivos.”

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Ontem, sessão de mais a menos nas bolsas, que voltaram a subir na Europa e nos EUA, embora moderadamente e dando a sensação de que o impulso dos últimos dias se esgotou. Aumentaram as yields das obrigações, parece sensatos após o “mini-rally” do início da semana. Esta manhã, as bolsas na Ásia retrocedem. Trump mudou as suas críticas recentes sobre o presidente da Fed, Powell, e depois de visitar o banco afirmou que não era necessário despedi-lo. Este comentário contextualiza o facto de haver uma reunião da Fed na próxima semana e que, previsivelmente, não baixará taxas de juros. Nós esperamos que a Fed, em 2025, faça apenas um corte de -25 p.b. e que será em setembro. Na Europa, os PMIs melhoraram, entrando em zona de expansão (exceto Industrial), dando mais margem de manobra ao BCE. O BCE manteve as taxas de juros em 2,00%/2,15% Depósito/Crédito, era o esperado, e a conferência de imprensa após o discurso não trouxe novidades. Esperamos um único corte em dezembro de -25 p.b. até 1,75%/1,90%, com o qual finalizará as descidas de taxas de juros. Nos EUA, leitura mista dos PMIs, com Industrial pior do que Serviços, servindo como apoio da economia. Foi publicado um bom dado de Desemprego Semanal que retira argumentos para que a Fed corte taxas de juros a curto prazo. Nas empresas, ressaltamos o comportamento na bolsa de Alphabet (+1%) e Tesla (-8,2%) após publicar resultados.


HOJE: 

Ontem, após o fecho das bolsas, publicaram resultados LVMH e Intel (ambos maus, caem em pré-abertura -3,7% e -4,6%, respetivamente) e hoje à primeira hora Volkswagen cortou as guias anuais (cai -3,4% em pré-abertura), e a reação das bolsas será negativa. Estes resultados condicionarão o arranque das bolsas. No resto da sessão, a atenção estará nos dados macro. Na Europa, o Inquérito IFO de Clima Empresarial na Alemanha irá melhorar, mas de forma testemunhal e sem grandes novidades. Nos EUA, os Pedidos de Bens Duráveis retrocederão com força, embora distorcidos pelos Pedidos de Boeing que Trump conseguiu na sua mudança no Médio Oriente. Em qualquer caso, não acreditamos que nenhuma destas notícias seja capaz de direcionar o mercado.


Hoje deverá impor-se a cautela, especialmente tendo em conta que a próxima semana virá acompanhada de uma mistura de dados macro que não convida ao otimismo. A Fed mantém as taxas de juros, inflação americana a aumentar, resultados empresariais (Microsoft, Apple, Amazon…) e a entrada em vigor dos impostos alfandegários impostos pelos EUA ao resto do mundo. 


S&P500 +0,1 %; Nq-100 +0,3%; SOX +0,1%; ES50 +0,2%; IBEX +1,3%; VIX 15,4; Bund 2,69%; T-Note 4,40%; Spread 2A-10A USA=+48b; B10A: ESP 3,30%; PT 3,12%; FRA 3,37%; ITA 3,57%; Euribor 12m 2,036% (fut.2,159%); USD 1,176; JPY 172,7; Ouro 3.368$; Brent 69,4$; WTI 66,2$; Bitcoin +0,7% (118.779$); Ether +3,7% (3.740$).


FIM

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Brasil abre diálogo*


… À espera do Fomc, na próxima semana, as bolsas em NY repercutem o tombo das ações da Intel no after hours, após o salto de 81% no prejuízo do 2Tri. Hoje, não há balanços previstos nos Estados Unidos. Aqui, tem Usiminas antes da abertura e, entre os indicadores, as contas do setor externo em junho e o IPCA-15 de julho, que volta a acelerar às vésperas do Copom. Mas a notícia que pode injetar ânimo nos investidores foi dada por Alckmin, quando os mercados já estavam fechados. Só ontem ele informou que teve uma “longa” conversa, no sábado, com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, abrindo um canal de diálogo que pode evitar a tarifa de 50% imposta ao Brasil.


MINERAIS CRÍTICOS – É ainda só uma esperança, mas não deixa de ser um avanço, já que o governo brasileiro não havia conseguido driblar, até agora, o bloqueio da Casa Branca às inúmeras tentativas de estabelecer uma negociação.


… Alckmin deu uma coletiva no final do dia, quando revelou que a conversa com Lutnick durou 50 minutos e foi focada na posição do Brasil de negociar, buscando reverter a tarifa, prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto.


… “Nós tivemos uma conversa longa com o secretário de Comércio, colocando todos os pontos e o interesse do Brasil na negociação, uma orientação do presidente Lula, sem contaminação política nem ideológica.”


… Sustentando que não há razão econômica para a tarifa de 50%, Alckmin defendeu que a taxa anunciada por Trump será um “perde-perde”, com aumento da inflação nos Estados Unidos e diminuição das exportações brasileiras.


… Disse ter uma pauta ampla a ser explorada na negociação com os Estados Unidos e, embora não tenha antecipado detalhes, não descartou os chamados minerais críticos e estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras.


… Nesse caso, o vice-presidente observou que o setor minerário exporta para os Estados Unidos apenas 3%, e importa em máquinas e equipamentos mais de 20%, “com enorme superávit na balança comercial americana”.


… “O Brasil nunca saiu da mesa de negociação. Não criamos esse problema, mas queremos resolver.”


… Ao Estadão, Alckmin disse que esta foi a primeira vez que o diálogo saiu do “perde-perde” para o “ganha-ganha”, e mesmo sem cravar um cenário de acordo, confirmou que a pauta de mineração “pode ser explorada e avançar”.


… Também nesta quinta, no Instituto Brasileiro de Mineração, o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, reiterou o interesse do seu país nos minerais críticos e estratégicos do Brasil.


… Minerais críticos são essenciais para a tecnologia, defesa, transição energética e incluem elementos tais como o lítio, cobalto, níquel e terras raras, usados em veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.


… A oferta desses recursos, que é dominada pela China, está sujeita a riscos de escassez e poucos fornecedores.


… Na conversa com Lutnick, Alckmin também acenou com a possibilidade de o Brasil ampliar significativamente a relação com os Estados Unidos, dobrando o comércio bilateral nos próximos cinco anos.


… O Brasil propôs ainda um acordo de bitributação, equalizando as tarifas zero dos produtos americanos para o Brasil.


… Alckmin informou que, a partir da segunda, todos dias, às 11h, haverá atualização sobre o avanço nas negociações.


LULA NÃO GOSTOU – Em evento no Vale do Jequitinhonha (MG), o presidente Lula fez um discurso em que destacou a soberania do Brasil sobre os recursos naturais de seu território, citando os minérios.


… “Nós temos a maior floresta do mundo para proteger. […] Temos todo o nosso petróleo, todo o nosso ouro, temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger, e aqui ninguém põe a mão.”


HADDAD VS FAMÍLIA BOLSONARO – Em entrevista à Rádio Itatiaia, nesta quinta, o ministro acusou a família Bolsonaro de obstruir o canal de negociação do Brasil com os Estados Unidos, na tentativa de reverter a tarifa de 50%.


… “O governo está tentando uma interlocução com o governo americano, mas há pessoas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro que estão lá [em Washington] atuando para que as negociações não tenham início.”


… Entre essas pessoas, como é de conhecimento de todos, estão o deputado Eduardo Bolsonaro e o influencer Paulo Figueiredo, que têm gravado sucessivos vídeos nas redes sociais admitindo a ação de impedir o acesso do Brasil.


… “Nós já estaríamos numa mesa de negociação se não fosse a interveniência desses personagens para impedir que a negociação aconteça. Precisa desobstruir esse canal, quem está obstruindo é a família Bolsonaro e seus apoiadores.”


… Haddad chegou a fazer um apelo aos governadores bolsonaristas para ajudarem a sensibilizar a família Bolsonaro.


… “Vários governadores no Brasil têm vínculos com a extrema-direita. Essas pessoas deveriam se mobilizar junto ao Bolsonaro, ao Paulo Figueiredo, ao Eduardo Bolsonaro para que parem de militar contra o Brasil.”


… Mais tarde, o senador Flávio Bolsonaro rebateu Haddad e disse que a família é usada para justificar a incompetência do governo Lula. “A solução está no Brasil, vamos aprovar a anistia e fazer a eleição com Jair Bolsonaro nas urnas.”


… Ao anunciar a tarifa de 50% ao Brasil, Trump vinculou a medida ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, citando também decisões do Supremo Tribunal Federal contra empresas americanas de tecnologia.


PODE DAR ENTREVISTA – Alexandre de Moraes rejeitou os embargos impetrados pelos advogados de Jair Bolsonaro, que pediam esclarecimentos sobre o que pode e o que não pode nas medidas cautelares: “não há o que explicar”.


… Moraes disse que não há proibição de conceder entrevistas, e que a proibição a Bolsonaro de usar as redes sociais envolve transmissões em live ou pela internet, como subterfúgios para burlar as medidas cautelares.


… O ministro reafirma, no entanto, que Bolsonaro descumpriu as cautelares, mas como se tratou de um ato isolado, não decretaria a prisão preventiva. Moraes manteve todas as medidas cautelares impostas a Bolsonaro.


… Nesta quinta, o subsecretário de Trump Darren Beattie foi ao X para criticar a atuação de Alexandre de Moraes contra Bolsonaro e dizer que os Estados Unidos estão “prestando atenção e agindo”.


DESBRAVANDO O AGRO –No Estadão, o governo faz mapeamento de mercados para o redirecionamento de produtos agropecuários que deixarão de ser exportados aos Estados Unidos, caso a tarifa de 50% vigore em 1º de agosto.


… O trabalho ocorre em duas frentes: na abertura de novos mercados e na ampliação de fluxos comerciais para países que já têm acordos com exportadores brasileiros, com foco no Oriente Médio e na Ásia.


… O eixo inicial está nos setores que deverão ser mais atingidos e estão mais expostos ao mercado americano, como é o caso do suco de laranja, do café, da carne bovina, das frutas e dos pescados.


… Adidos agrícolas que atuam nas embaixadas procuram importadores para colocar o Brasil à disposição e câmaras de comércio de países árabes já acionam o governo para se apresentarem como destino para o redirecionamento.


… Um raio X inicial inclui a conclusão de negociações de abertura de mercado, habilitação de frigoríficos e negociação para redução tarifária. Todas as alternativas estão à mesa para minimizar o impacto do fluxo comercial afetado.


NOVO PRP –Em reunião nesta quinta-feira, a ANP aprovou a mudança da metodologia de cálculo do preço de referência do petróleo para distribuição de participações governamentais, como royalties e participações especiais.


… A nova metodologia entra em vigor em 1º de setembro e terá impacto a partir de novembro.


… A medida é parte de um grande pacote do Ministério de Minas e Energia para ajudar a aumentar a arrecadação do governo em 2025 e 2026, com estimativa de render R$ 35 bilhões aos cofres públicos neste ano e no próximo.


… Com a mudança, o cálculo passa a considerar o diferencial de qualidade do petróleo. Se o petróleo for de melhor qualidade, o seu preço de referência aumenta. Assim como, se a qualidade for inferior, diminui.


DÉFICIT EXTERNO E IPCA-15 –Mercado prevê déficit de US$ 4,3 bilhões nas transações correntes em junho (mediana do Broadcast), após -US$ 2,93 bilhões em maio. As estimativas variam de -US$ 5,7 bilhões a -US$ 2,8 bilhões.


… Para o Investimento Direto no País (IDP), a mediana indica entrada líquida de US$ 4,70 bilhões em junho, ante saldo positivo de US$ 3,70 bilhões em maio. As expectativas vão de US$ 3,4 bilhões a US$ 5,0 bilhões.


… O Banco Central divulga o saldo das contas correntes e o IDP de junho nesta sexta-feira, às 8h30.


… Às 9h, o IBGE divulgará o IPCA-15, que deve acelerar de 0,26% em junho para 0,31% (mediana do Broadcast) em julho. As projeções vão de 0,21% a 0,36%. Para 12 meses, a mediana indica aceleração de 5,27% para 5,28%.


… Economistas avaliam que a alta nos preços das passagens aéreas deve pressionar para cima o IPCA-15 de julho, mas os alimentos in natura seguem como vetor baixista do índice nesta leitura.


… À primeira hora do dia, sai a terceira prévia do IPC-Fipe e, às 16h, a Aneel informará a bandeira tarifária de agosto.


MAIS AGENDA – Vendas no varejo no Reino Unido e o índice Ifo de sentimento das empresas na Alemanha abrem o dia dos mercados na Europa. Às 7h30, o BC da Rússia divulga sua decisão de política monetária.


… Ainda na Alemanha, Volkswagen divulga balanço antes da abertura.


… Nos Estados Unidos, saem as encomendas de bens duráveis em junho (9h30) e, às 14h, dados da Baker Hughes.


TRUMP – Presidente norte-americano viaja para o Reino Unido.


… Ontem à noite, Trump parabenizou a Austrália por concordar, após muitos anos, em aceitar a importação da carne bovina americana, na rede Truth Social. “Vamos vender muito para a Austrália a melhor carne bovina do mundo.”


TRUMP ATÉ AQUI NÃO QUIS PAPO – Faltando só uma semana para se esgotar o deadline imposto por Trump para impor os 50% de tarifas sobre os produtos brasileiros, o Ibovespa passou a antecipar o pior desfecho para esta guerra. 


… Foi uma surpresa que o câmbio e a curva do DI tenham conseguido preservar o sangue-frio, porque não houve indício no pregão regular de que o governo de Washington poderia desistir de esticar a corda desta crise até o limite.


… Hoje, o humor pode melhor, se o investidor apostar no poder do diálogo sinalizado por Alckmin. Ou piorar, porque Lula não quer ninguém “pondo a mão” nos minérios estratégicos.


… Ontem, com o canal de comunicação comprometido, o índice à vista da bolsa doméstica entregou os 134 mil pontos. Fechou em queda de 1,15%, aos 133.807,59 pontos, com giro de R$ 15,6 bi. Das 84 ações, só 16 subiram.


… Desde o dia do tarifaço, em 9 de julho, o investidor estrangeiro vem acelerando a fuga da B3. A retirada líquida de capital externo da bolsa já está em praticamente R$ 5 bilhões no acumulado do mês, dando a dimensão da cautela.


… Caíram em bloco ontem as blue chips do setor financeiro. Bradesco ON recuou 1,03%, para R$ 13,49; Bradesco PN perdeu 1,26%, a R$ 15,68; Itaú PN caiu 0,93%, a R$ 35,06; Santander, -0,45%, a R$ 26,40; e BB, -0,69%, a R$ 20,07.


… Diferente da tímida realização de lucro que havia ensaiado na véspera, quando caiu só 0,14%, desta vez, a Vale embarcou em uma queda firme de 1,55%, a R$ 56,53. Pegou carona na baixa de 0,55% do minério de ferro.


… Mas não parece ter sido só isso. Na contagem regressiva para o fim do prazo da imposição das tarifas, o investidor sentiu que Trump possa mesmo botar tudo a perder para o Brasil, disposto a comprar a disputa político-ideológica.


… Sob este risco, de que as negociações não deem em nada, faltou fôlego para as ações da Petrobras. O papel ON subiu só 0,11%, para R$ 34,88, e o PN recuou 0,16%, a R$ 31,94, descolando da alta firme registrada pelo petróleo.


… O barril do tipo Brent para setembro subiu 0,97%, a US$ 69,18, apostando no horizonte de acordos tarifários que os Estados Unidos ainda podem fechar depois do sucesso na negociação com o Japão e de olho na União Europeia.


CÂMBIO E DI NÃO PERDEM A POSE – Menos sensíveis do que a bolsa, o dólar e juros futuros preferiram aguardar os desdobramentos sem estresse, em meio à falta de novidades (Alckmin só falou após o fechamento).


… Analistas saíram caçando motivos para tentar explicar a razão de a moeda americana ter conseguido operar no zero a zero por aqui, em leve baixa de 0,06%, cotada a R$ 5,5199, driblando a valorização observada lá fora.


… Operadores no Broadcast citaram a alta do petróleo, os dados de arrecadação federal acima do esperado e a expectativa de IPCA-15 comportado como justificativas para o real não ter deixado a peteca cair. 


… A Receita informou que junho terminou com R$ 234,594 bilhões arrecadados, resultado perto do teto das estimativas do mercado, de R$ 237,2 bilhões, e o melhor desempenho para o mês de junho em 25 anos.


… O dado foi turbinado pelo aumento da alíquota do IOF, embora não esconda os ruídos fiscais constantes. 


… Apesar do impasse do tarifaço, a ponta longa do DI subiu com moderação e os demais trechos da curva fecharam perto dos ajustes do pregão anterior, ainda na expectativa (ou torcida) de que Trump quebre o gelo com o Brasil.


… O DI para Jan/26 fechou na mínima do dia, a 14,930%, (de 14,942% na véspera); assim como o Jan/27, a 14,200%, (de 14,218%). Jan/29 subiu a 13,510% (de 13,471%); Jan/31, a 13,770% (de 13,720%); e Jan/33, a 13,900% (13,824%).


… Lá fora, as taxas dos Treasuries emplacaram a segunda alta seguida, diante da perspectiva de novos acordos tarifários e de uma rodada de indicadores que sinalizou aquecimento da economia norte-americana.


… Os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 217 mil na semana passada, contra a previsão de 227 mil. Já o índice PMI do setor de serviços subiu de 52,9 em junho para 55,2 em julho, melhor nível em sete meses.


… Também o dólar recebeu suporte dos dados positivos e da confiança nos progressos das negociações tarifárias, mas o BofA comenta que a moeda americana tem sido indiscutivelmente mais impactada pelas incertezas atuais.


O CREPÚSCULO DO DÓLAR – “Mesmo que ocorra uma transição de liderança mais convencional no BC americano, o mercado está começando a contemplar um mundo com um Fed menos restritivo”, segundo o BofA.


… Powell espera para ver, mas um corte virá.


… Na reunião de política monetária da semana que vem, é possível que o Fed ainda evite se comprometer com um relaxamento do juro em setembro, preferindo manter todas as opções em aberto, diante da guerra tarifária.


… Trump vai endereçando as negociações, mas os efeitos colaterais sobre a inflação ainda não estão claros.


… O dólar fez ontem uma pausa em sua tendência de enfraquecimento e o índice DXY fechou em alta de 0,17%, a 97,377 pontos. O euro fechou praticamente estável, em leve queda de 0,09%, cotado a US$ 1,1767, em dia de BCE.


… Sem surpresas, o juro no bloco europeu foi mantido em 2% e Lagarde evitou dar pistas sobre os próximos passos, mas o ING e a BofA Securities avaliam que a zona do euro pode realizar um corte final na reunião de setembro.


… Qualquer reação mais positiva do euro também foi sabotada pelos comentários de Lagarde de que os riscos econômicos tendem a ser negativos e que uma moeda mais forte pode reduzir a inflação mais do que o esperado.


… A libra recuou 0,52%, a US$ 1,3510, e o iene caiu para 146,88 por dólar. A Capital Economics projeta que o BC japonês retomará o ciclo de aperto em outubro, agora que o governo de Tóquio fechou acordo com Washington.


… Nas bolsas em NY, o tombo de quase 8% da IBM no day after de seu balanço custou uma queda de 0,70% para o Dow Jones, aos 44.694,09 pontos. Tesla afundou 8,20%, mas não melou mais um recorde histórico do Nasdaq.


… O índice eletrônico subiu 0,18%, a 21.057,96 pontos. Estável (+0,07%), o S&P 500 ficou em 6.363,39 pontos.


TRUMP NÃO VAI DEMITIR POWELL – Protagonista de confrontos abertos com o presidente do Fed, Trump visitou o canteiro de obras da reforma da sede do Fed, em Washington, que tem sido motivo para uma série de provocações.


… Lado a lado com Powell, em coletiva de imprensa, Trump voltou a cobrar corte de três pontos porcentuais nos juros, mas afirmou que não é necessário demitir o presidente do Fed, porque seria uma mudança muito drástica.


… Repetiu, porém, a importância de um relaxamento monetário no curto prazo e disse acreditar que Powell “fará a coisa certa”, ainda que tardiamente, porque “não temos inflação e temos bastante fluxo de capital entrando no país”.


… Em mudança do tom agressivo habitual, Trump considerou “produtiva e sem tensão” a conversa com Powell.


… Ouvida pelo Financial Times, a Pimco alertou que Trump pode enfrentar uma “revolta do mercado” se ameaçar a independência do Fed e que a ideia de que Powell precisa renunciar para preservar a independência não faz sentido.


… Questionado sobre um nome para a sucessão no Fed, Trump reiterou que tem duas ou talvez três pessoas em mente. O ex-governador do BC americano Kevin Warsh afirmou que ficaria “honrado em servir” se convidado.


CIAS ABERTAS –Segundo a Folha, a Justiça de Goiás extinguiu ação coletiva que exigia indenização de R$ 841 bilhões do BB por suposta venda casada de produtos na concessão de crédito rural…


… Valor exigido representava cinco vezes o valor de mercado do BB. Movida pela Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio, a ação reuniu produtores rurais que diziam ter comprado produtos como seguro à liberação de crédito.


SABESP. O conselho de administração aprovou a 36ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no montante de até R$ 3 bilhões, para distribuição pública.


PETROBRAS deve manter a distribuição de dividendos mesmo num cenário de cotação do petróleo do tipo Brent mais conservador, de US$ 55 a US$ 65, segundo o BTG Pactual…


… Na visão do banco, a estatal pode se alavancar para manter a remuneração, em caso de queda dos preços do petróleo; nesse cenário, banco afirmou que as chances de a companhia pagar dividendos extraordinários diminuem.


AZUL conseguiu a liberação de cerca de US$ 850 milhões da segunda tranche do seu empréstimo com quitação prioritária (DIP), parte do processo de reestruturação da empresa em curso nos Estados Unidos (Chapter 11)…


… Do total, US$ 200 milhões vão ser de liquidez adicional e o restante será para pagar dívida prioritária em aberto…


… Companhia divulgou ao mercado que recebeu a aprovação final do Tribunal de Nova York para o seu financiamento DIP de US$ 1,6 bilhão…


… Recurso é fornecido por bondholders (detentores de dívidas nos Estados Unidos), assim como a arrendadora AerCap.


YDUQS. Rossano Marques Leandro, atual CFO da empresa, vai substituir Eduardo Parente como CEO da companhia; Parente vai para o Conselho…


… Citi tem recomendação de compra para a ação da companhia, com preço-alvo de R$ 18; para o banco, substituição no comando da Yduqs entre os atuais membros da diretoria sinaliza continuidade, além de facilitar a transição.


TOTVS. Lazard reduziu participação para 4,9978% do total do capital social, equivalente a 29.956.614 de ações ON; movimentação ocorreu pouco depois de a gestora ter atingido participação de 5,005% do total do capital social.

Fernando Schuller

 2022


𝗢 𝗟𝗢𝗡𝗚𝗢 𝗔𝗣𝗥𝗘𝗡𝗗𝗜𝗭𝗔𝗗𝗢


Por Fernando Schüler


Jordan Peterson escreveu uma carta que correu mundo, dias atrás, renunciando à sua atividade como professor, na Universidade de Toronto. Ele faz uma dura crítica à imposição dos novos códigos de “diversidade, inclusão e equidade” na vida acadêmica. Na prática, a intromissão de uma retórica política, exaustiva e unilateral, em um lugar onde deveria valer a ciência e o livre pensamento. Ele fala dos processos seletivos politicamente enviesados, dos professores levados a fazer cursos para curar “preconceitos implícitos”, do conservadorismo taxado como psicopatologia pelos novos “psicólogos sociais” e do clima persecutório, onde “meus alunos são inaceitáveis em parte porque são meus alunos, por causa de minhas inaceitáveis posições filosóficas”.


No Brasil, há claros sinais de fumaça nessa direção. Tempos atrás, acompanhei um desses grupos, na internet, no qual professores de uma universidade pública discutiam se era o caso de admitir “conservadores”, nos debates acadêmicos. Chamou a minha atenção a naturalidade com que aquelas pessoas se imaginavam donas da verdade, e a instituição pública como sua propriedade. Não passava pela cabeça delas que viviam em uma sociedade plural, na qual convivem liberais, progressistas ou conservadores, e uma provável maioria que não dá a mínima para alinhamentos políticos.


Em nosso debate público, me surpreende como se tornou comum a ideia de banir os adversários da internet. Vemos gente vibrando quando a Lei de Segurança Nacional é acionada (não importando muito o motivo) contra desafetos, celebrando a morte do divergente, parecendo realmente acreditar que fake news só existem do “outro lado”, e quase ninguém dá a mínima quando um órgão de Estado censura pessoas porque elas não dizem a “verdade” sobre as urnas eletrônicas.


Os exemplos iriam longe. Confesso não conhecer nenhum “intolerômetro” para saber, objetivamente, se somos hoje mais intolerantes do que há vinte ou trinta anos, mas desconfio que sim. Nos tornamos a sociedade de uma intolerância banal e difusa, que sem dúvida vem do Estado, com a crescente prática de criminalização da opinião, mas brota sobretudo da sociedade. A gênese desse fenômeno está na migração em larga escala do debate público para a arena digital. Na súbita conversão em massa do cidadão em militante. No transbordamento dos limites da política para a esfera da ética, da estética, das “grandes questões”, sobre as quais não temos acordo, nas sociedades abertas (ainda bem), e que compõem as chamadas “guerras culturais” do nosso tempo.


Exemplo curioso desse processo tivemos por esses dias, na carta assinada por jornalistas de um grande jornal reclamando da publicação de um artigo do antropólogo Antonio Risério. O que chamou a atenção não foi apenas a imagem de jornalistas tentando inibir o livre debate de ideias, mas a simplicidade algo clerical do documento. Ele diz basicamente que as teses de Risério são falsas, que isso foi demonstrado por “pessoas mais qualificadas”, que o jornalismo tem compromisso com a verdade, e como Risério não diz a verdade não deveria ser publicado.


Aquilo me soou como uma máquina do tempo. O mundo moderno levou 400 anos para reconhecer os valores da tolerância e da liberdade de expressão. E o fez a duras penas, com base em algumas ideias básicas. A primeira delas diz que ninguém é infalível. Foi o argumento de John Milton ao Parlamento inglês, no século XVII, pedindo o fim da censura de livros. Que ninguém deve se colocar como juiz da verdade e que o melhor a fazer é deixar que as pessoas pensem com a própria cabeça.


Outra ideia vem de John Stuart Mill. Ela diz que a verdade que não é permanentemente posta à prova torna-se apenas um dogma. Eliminada a possibilidade da refutação, da “lógica negativa”, temos apenas o “formulário”. Diz também que nossas interpretações sobre o mundo frequentemente se fazem de meios-tons, misturando o erro e a verdade. Então Risério podia ter razão em muitos de seus argumentos, mesmo que alguém ache sua teoria fundamentalmente equivocada. E a expressão dos divergentes, não seu banimento, é nossa melhor chance de viver em paz, em um mundo diverso.


Essas coisas podem parecer bastante simples, na teoria, mas no mundo real são bem complicadas. Não é fácil aceitar que os outros pensam diferente. E que eventualmente estejam certos, e nós errados, por absurdo que isso possa parecer. E agir assim quando nos ocupamos das coisas mais sagradas. Não se trata de divergir sobre a política de preços da Petrobras ou sobre a lei das ferrovias. Lidamos com os temas que as pessoas percebem como essenciais. Crenças, visões sobre a família, relações de gênero, raça, ou mesmo nossa identidade, como sociedade. Temas sobre os quais estamos destinados a viver em desacordo, para o bem de nossa própria liberdade.


Jean Bodin nos ensinou algo sobre isso, 400 e tantos anos atrás. Escreveu um livro, O Colóquio dos Sete, sobre os Segredos do Sublime, em 1588, contando a história de um debate impossível à época, entre um pensador católico, um judeu, um luterano, um calvinista, um muçulmano, um filosófico naturalista e um cético. Sempre fui fascinado por aquele encontro, imaginado em um tempo no qual hereges não eram banidos do Twitter, mas queimados na fogueira. Um dos primeiros exercícios da imaginação moderna encarando o dilema do pluralismo e sua resposta difícil: a tolerância.


O diálogo enfrenta os temas cruciais: a natureza de Deus, a verdadeira religião, o livre-arbítrio. Diálogo sem concessões, mas amigável. Visões radicalmente distintas postas à mesa, sem exigir renúncia de cada um a suas posições. O que, à primeira vista, surge como apelo ao entendimento se revela, por fim, como celebração do desacordo civilizado. Cada qual lança luz sobre um aspecto da verdade. A completude, ou a harmonia, reside na multiplicidade de vozes e ideias. Diálogo feito de um secreto prazer, anunciando a melhor promessa da modernidade: a possibilidade de divergir sobre as questões essenciais e ainda assim viver juntos.


Seria possível, nos dias de hoje, conceber um encontro como aquele? Talvez trocando o católico e o protestante pelos novos protagonistas da fratura moderna, que migrou da religião para a crença ideológica? Quem sabe envolvendo um liberal, um conservador, um progressista, identitários, à esquerda e à direita, e um cético, como Antonio Risério? A composição da mesa pode ficar por conta da imaginação de cada um. A pergunta é: estamos dispostos a aceitar que ela seja posta?


É interessante como Bodin, à época em que os ventos da liberdade nem sequer eram perceptíveis no Ocidente, soube imaginar a possibilidade de um diálogo que nós, depois de mais de quatro séculos, parecemos não saber. Nós que passamos por tudo, do inferno da Inquisição à tragédia totalitária no século XX. Nós que nos jactamos de saber tanta coisa, que nos orgulhamos de viver na era do conhecimento e da democracia, agora nos dedicamos a banir os divergentes da internet e evitar que eles apresentem suas ideias com liberdade.


Talvez o aprendizado da tolerância seja assim mesmo. Difícil, sempre provisório e fadado a ser feito e refeito a cada nova geração.


(𝗙𝗲𝗿𝗻𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗦𝗰𝗵𝘂̈𝗹𝗲𝗿 é cientista político e professor do Insper)


(Publicado na Veja, em 29/1/22)

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Celso Ming

 Celso Ming: A espada de Trump sobre o Brasil


O dia 1º de agosto (mês do desgosto) está logo aí e, até lá, não há muito o que fazer para enfrentar a barbaridade do tarifaço do presidente Donald Trump.


Não há abertura para negociação comercial, até porque a questão de fundo não é comercial, é política. Nem mesmo a primeira carta do presidente Lula, enviada por ocasião do anúncio do tarifaço anterior, de 10%, mereceu resposta. Quem recebeu uma carta especial de Trump, com apoio e tudo mais, foi o ex-presidente Bolsonaro. A revogação dos vistos dos ministros do STF é outra demonstração de que o Brasil está sendo castigado para livrar a cara de Bolsonaro.


Há outras alegações para a pancada, todas políticas: de que o presidente Lula vem provocando o império com acenos ao inimigo Irã, ou que está empurrando os países membros do Brics a escantear o dólar como moeda para liquidação de contas entre eles.


Como  Trump é dado a “recuetas”, há quem espere uma redução do tarifaço, fixado em 50% sobre todas as exportações do Brasil aos Estados Unidos. Mas é melhor não contar com isso. Mesmo o simples adiamento da entrada em vigor das novas alíquotas parece pouco provável, porque não resolve o problema principal, apenas mantém suspensa a espada de Dâmocles.


Um revide de qualquer natureza, já cogitado com base na Lei da Reciprocidade, é mais do que contraindicado. Pode atiçar novas vinganças, dado o telhado de vidro que tem o Brasil.


Uma das tentativas ensaiadas pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, é coordenar as empresas importadoras de produtos brasileiros para pressionar o governo Trump, sob o argumento de que o tarifaço desarticula seus negócios e, além disso, produz inflação sobre a cesta básica dos Estados Unidos, na medida em que encarece o café, o suco de laranja, a carne e os pescados. Pode-se tentar por aí, mas parece difícil que funcione, dada a natureza política do problema.


Já deu para ver que as autoridades dos Estados Unidos inventarão quaisquer pretextos para continuar bombardeando a economia brasileira: pode ser pelo sucesso do Pix, por vendas de produtos pirateados na rua 25 de Março ou pela suposta falta de empenho do presidente Lula em desenvolver a produção de terras raras.


O governo Lula parece ter começado a aceitar o pior - que é a perda de 2% do PIB em receitas de exportação para os Estados Unidos. Já avisou que os setores mais prejudicados terão ajuda para compensar os estragos.


Mas há o que pode e deve ser feito aqui. Primeiramente, fortalecer a economia, especialmente na área fiscal, para reduzir a vulnerabilidade em relação à dívida pública, à inflação e ao alto custo do crédito provocado pelos juros elevados. Outra frente de trabalho deve ser o fechamento de novos acordos comerciais e a diversificação dos destinos das exportações, a fim de reduzir a dependência das receitas vindas dos Estados Unidos.


No mais, nada afastará definitivamente o mundaréu de incertezas. Trump já disse que distribui maldades “porque quer e porque pode”.


O Broadcast publica, em primeira mão, a coluna do jornalista Celso Ming, do jornal O Estado de S. Paulo


Broadcast+

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: ONTEM, sessão em alta nas bolsas, que subiram animadas pela notícia do acordo alfandegário entre os EUA e o Japão (15% vs. ameaça de 25%), além da Indonésia e Filipinas (19%). A subida da bolsa de Tóquio (+3,5%) foi um bom prelúdio para lançar as restantes bolsas em alta. Esta alegria não chegou às obrigações e as yields dos principais mercados retrocederam de forma testemunhal numa sessão de risk-on. Trump deita mais lenha ao fogo dos impostos alfandegário e menciona que os situará entre 15% e 50%. A UE poderá contra-atacar com um imposto alfandegário recíproco de 30% caso não chegue a acordo com os EUA, o que afetaria as importações com um valor de 100.000 M€. Não houve macro relevante, exceto a Confiança do Consumidor da UE (julho). Entre as empresas, Iberdrola caiu -4,7% até 15,15€, coincide com o preço da ampliação de capital. Continua a temporada de resultados. Como esperávamos, o mercado castigou as empresas que dececionaram, como ASMI (-9,4%), SAP (-4,1%), Enphase Energy (-14,2%) ou Texas Instruments (-13,3%). Tesla (-4% aftermarket) e Alphabet (+2%) publicaram depois do fecho de Nova Iorque, as guias não convencem e vêm a cair no aftermarket. A tecnologia irá ver-se animada hoje. À primeira hora, publicaram Nestlé (fracos), BESI, BNPP, Deutsche, Repsol e BE Semiconductor, entre outros e, em geral, com resultados que convenceram, o que poderá levar a um início de sessão em alta.



HOJE: O importante é a reunião do BCE, que irá manter taxas de juros nos níveis atuais (2,00% depósito/2,15% crédito) após aplicar -200 p.b. de cortes desde junho de 2024. O BCE considera que está bem posicionado para navegar as incertezas do contexto atual (o IPC está no seu objetivo de 2%, o euro fortaleceu-se, o preço da energia caiu, os salários moderaram o seu crescimento e os estímulos fiscais deverão ajudar a reativar a economia). Tudo aponta que estamos perante uma pausa prolongada do BCE. O foco estará entre o tom de Lagarde e as pistas que dê sobre prolongar esta pausa de taxas de juros a curto prazo. Em todo o caso, estimamos que poderá voltar a baixar taxas de juros na sua reunião de 18 de dezembro, se as tensões comerciais prejudicarem o crescimento ou os estímulos tardarem a chegar. Da macro restante, destaca-se o conjunto de PMIs Industriais e Serviços na UE e nos EUA. Espera-se que melhorem perante o otimismo na frente comercial. Na frente micro, a temporada de resultados dá uma pausa, apenas ressaltamos LVMH que publicará após o fecho do mercado. Trump menciona que estuda segregar NVIDIA (subiu +1% no mercado after-hours) para promover a concorrência entre os fabricantes de chips para IA.


Hoje o mercado deverá continuar a subir perante as perspetivas de novos acordos alfandegários depois dos assinados com o Japão e vários países asiáticos. Esperamos uma sessão positiva, mais na Europa do que nos EUA, e animada à primeira hora pelos resultados empresariais.


S&P500 +0,8%; Nq-100 +0,4%; SOX 0%; ES50 +1,0%; IBEX +0,2%; VIX 15,4; Bund 2,60%; T-Note 4,38%; Spread 2A-10A USA=+50pb; B10A: ESP 3,20%; PT 3,02%; FRA 3,27%; ITA 3,46%; Euribor 12m 2,038% (fut.2,113%); USD 1,177; JPY 172,5; Ouro 3.388$; Brent 68,7$; WTI 65,4$; Bitcoin -1,5% (118.000$); Ether -3,47% (3.571$).


FIM

Imbróglio Master BRB

 https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/07/23/bc-pede-que-brb-e-master-refacam-contas-de-ativos-para-avaliar-viabilidade-do-negocio.ghtml


*BC pede que BRB e Master refaçam contas de ativos para avaliar viabilidade do negócio*


_Operação anunciada em março ainda depende de aval do Banco Central para ser fechada_


Por Thaís Barcellos — Brasília


O Banco Central fez um novo pedido de informações ao Banco Master e ao BRB no âmbito da análise do negócio anunciado entre as duas instituições. Segundo um interlocutor a par do assunto, o BC encontrou inconsistências nas informações compartilhadas pelos bancos em relação aos ativos que foram incluídos na operação, o chamado perímetro, e também àqueles que ficaram de fora.


O objetivo é garantir tanto a viabilidade econômica do novo conglomerado que vai surgir com a aquisição pelo BRB de uma fatia do Master quanto uma solução adequada para a parte restante. A revisão das informações envolvem tantos dados financeiros, como o valor dos ativos, como se há cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), por exemplo.


Na prática, a nova solicitação do BC deve refinar o perímetro da operação, que, conforme a última informação, deixava cerca de R$ 33 bilhões de ativos de fora, de R$ 23 bilhões inicialmente.


Quanto mais amplo o perímetro, pior a qualidade dos ativos, disse uma das pessoas envolvidas nas tratativas. Foram retirados, por exemplo, precatórios e participações em empresas em dificuldades. O acordo prevê a compra de 58% do capital social total do Master pelo BRB (49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais).


O ofício foi enviado às partes após uma série de reuniões de integrantes do BC com representantes do BRB e do Master nos últimos dias. No sábado, o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, recebeu, junto com outros diretores do BC, Daniel Vorcaro, presidente do banco privado, e o CEO, Augusto Ferreira de Lima.


Na segunda, foi a vez de se encontrar com Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, e com o diretor executivo de Finanças, Dario Oswaldo Garcia Junior. Por fim, nesta terça, Vorcaro, Costa e outros diretores do banco público estiveram no BC para uma reunião com os diretores de Fiscalização, Ailton Aquino, e de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Gomes.


Procurados, os bancos não se manifestaram.


Há cerca de um mês, o BC já havia questionado os dois bancos por inconsistências nas operações de compra de carteira de crédito consignado entre eles no fim de 2024. No ano passado, o BRB comprou cerca de R$ 8 bilhões em carteiras de crédito do banco liderado por Daniel Vorcaro, em uma espécie de primeiro passo na relação entre as duas instituições financeiras.


Apesar do novo pedido do BC, pessoas envolvidas na operação mantêm a expectativa de que a análise do processo no regulador pode ser concluída nas "próximas semanas". Um interlocutor pontuou que todas as partes, inclusive o BC, têm interesse em uma solução negociada para os problemas do Master. O Conselho de Defesa Econômica (Cade) já aprovou a operação.


*Negociação*


A operação entre os dois bancos está envolta em polêmicas. O Master enfrenta problemas de liquidez. O banco adotava estratégia que se baseava em captações via CDBs com retornos bastante acima da média do mercado, com a salvaguarda do Fundo Garantidor de Créditos.


Por outro lado, os ativos para fazer frente a esses compromissos são em parte ilíquidos, como os precatórios e a participação em empresas em crise.


Nesse caso, se o Master entrasse em crise, o FGC, que é formado com contribuições das instituições financeiras associadas, teria de arcar com um volume relevante de ressarcimento para pessoas físicas com aplicações de até R$ 250 mil de pessoas físicas - um problema para o sistema financeiro.


Segundo o balanço de 2024, o Master tinha R$ 12,4 bilhões de CDBs a vencer até o fim deste ano, contra um ativo total para o mesmo período de R$ 18,3 bilhões. No total, o estoque de CDBs e CDIs era de R$ 49,8 bilhões. A liquidez do FGC, em junho de 2024, era de R$ 107,8 bilhões.


Diante disso, chamou atenção o interesse do BRB, um banco público, no negócio. O BRB defendeu, contudo, que a operação seria importante na estratégia de crescimento da instituição, possibilitando uma atuação maior nas áreas de câmbio, mercado de capitais e cartão de crédito consignado.


"O novo conglomerado prudencial visa fortalecer a atuação conjunta no mercado, pela oferta completa de produtos e serviços bancários, de seguridade, meios de pagamento e investimentos a pessoas físicas e jurídicas, presença nacional e estrutura de governança, capital, liquidez, rentabilidade e conformidade regulatória compatível com o porte do novo conglomerado", disse o BRB na época do anúncio da compra.


Recentemente, a venda de ativos privados de Vorcaro ao BTG no valor de R$ 1,5 bilhão foi considerado um passo importante para viabilizar a operação com o BRB dentro do BC, já que os recursos foram aplicados no Master, dando um "refresco" imediato de liquidez. Para o Banco Central, é importante que o caso Master seja resolvido por inteiro.


FALCÃO NOTÍCIAS

Fabio Alves