domingo, 20 de julho de 2025

Guerra comercial

 *HORA DO MERCADO: BRICS TENTA ACABAR COM DOMINÂNCIA DO DÓLAR E BLOCO SERÁ TAXADO EM 10%, DIZ TRUMP*


Por Caroline Aragaki


*Trump x dólar* - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou há pouco que o Brics "tenta acabar com a dominância do dólar" e, com isso, irá aplicar tarifas de 10% em todos os países que fazem parte do bloco. "Não podemos deixar que ninguém brinque com a gente, com o nosso dólar."


*Acordos comerciais* - Segundo Trump, os EUA têm "grandes acordos comerciais para anunciar muito em breve", pontuando que o anúncio pode ocorrer ainda nesta sexta-feira. "Toda carta que enviamos já é um acordo comercial. Depois, podemos negociar de novo", acrescentou.


*Recuo sobre IOF* - - Em nova decisão publicada hoje, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes recuou da determinação de cobrança retroativa do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Esse trecho constava da decisão de quarta-feira, que restabeleceu a maior parte do decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que elevou o tributo.


*Recesso* - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou um comunicado em que diz que o recesso parlamentar de julho está confirmado e que a volta dos trabalhos ocorrerá em 4 de agosto.


*Licença prévia* - A Prio informou há pouco via Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença prévia para o Sistema de Desenvolvimento da Produção do Campo de Wahoo e a interligação dos poços ao FPSO Frade.


*Termômetro Broadcast* - Depois de duas semanas consecutivas de perdas do Ibovespa, o mercado financeiro volta a considerar uma reação do índice na próxima semana. É o que mostra a edição de hoje do Termômetro Broadcast Bolsa.


*Nos mercados*


Os ativos domésticos seguem pressionados pela tensão política entre Brasil e Estados Unidos, com temores de que o presidente dos EUA, Donald Trump, anuncie sanções ao Brasil ou até mesmo a autoridades brasileiras, após medidas restritivas impostas pelo Superior Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O dólar, que chegou a se aproximar do nível de R$ 5,60 na última hora, consegue voltar a R$ 5,58; o Ibovespa recua aos 133 mil pontos; e os juros futuros operam em alta de 6 pontos-base nos contratos mais longos.


No cenário micro, as ações da Prio viraram o sinal e passaram a subir após a empresa confirmar que o Ibama concedeu a licença prévia do campo de Wahoo e a interligação dos poços ao FPSO Frade.

Leitura de sábado 2

 Leitura de Sábado: Trump amplia ataques a Powell e ameaça ao Fed pode estar substimada


Por André Marinho


São Paulo, 15/07/2025 - Quase que diariamente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparece com um novo adjetivo para se referir ao presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. No arsenal do republicano, variações leves como "Atrasado Demais" convivem com insultos mais ofensivos: "burro", "desgraça", "idiota", "terrível". Mas as palavras têm ecoado com cada vez menos força nos ouvidos de investidores, mais sensíveis a anúncios sobre tarifas ou à própria política monetária do banco central americano.


Mesmo com as movimentações, os índices acionários S&P 500 e Nasdaq renovaram sucessivos recordes na semana passada. O dólar também oscilou sem muita correlação com as declarações de Trump. A possibilidade  de Powell encerrar este ano fora da presidência do Fed é vista como improvável - na bolsa de apostas Kalshi, por exemplo, essa chance ronda a casa dos 20%. Em meados de 2024, antes da volta de Trump à Casa Branca, tal hipótese chegou a bater 50%.


A aposta é de que o banqueiro central conseguirá cumprir o mandato na presidência do BC americano até o final, previsto para maio do ano que vem. O estrategista George Saravelos, do Deutsche Bank, porém, acendeu o alerta: "Consideramos a remoção do presidente Powell como um dos eventos de risco mais subprecificados nos próximos meses".


A pressão de Trump pela renúncia de Powell já não se limita ao campo da retórica. Embora o republicano garanta não ter planos de demiti-lo, a Casa Branca abriu uma nova linha de ataque legal contra o chefe da autoridade monetária. Começou com figuras do segundo escalão, que apontaram supostas irregularidades no projeto de reforma da sede do Fed, em Washington D.C. Segundo eles, a obra está orçada em US$ 2,5 bilhões e prevê itens de luxo como um elevador privativo.


Os argumentos foram subindo ao longo da escada de poder no governo, reproduzidos pelo diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, até finalmente chegarem ao próprio presidente. Os aliados de Trump, agora, pressionam por uma investigação formal do Congresso sobre o tema. Powell nega irregularidades.


Em paralelo, as discussões sobre um sucessor no cargo máximo do Fed estão ganhando força. Hasset estaria emergindo como um dos principais favoritos para o posto, de acordo com uma reportagem do Washington Post. Os nomes do secretário do Tesouro, Scott Bessent, e do ex-diretor do Fed Kevin Warsh também já apareceram como cotados na imprensa americana. Michelle Bowman, que recentemente assumiu a liderança da supervisão bancária do Fed, também figura entre os especulados.


Apesar de toda a pressão, Powell se mantém firme na visão de que ainda não é hora de cortar juros. Na reunião do final deste mês, a expectativa ainda é pela manutenção da taxa básica no nível atual (entre 4,25% e 4,50%), conforme sugere a curva futura refletida na plataforma FedWatch, do CME Group.


Para analistas do BBH, Trump parece saber que não pode destituir Powell, mas os ataques reforçam a visão de que o sucessor será alguém alinhado à Casa Branca. "Qualquer erosão da independência da Fed não seria bem recebida pelos mercados, para dizer o óbvio", afirmam.


'E se Powell sair?'


Saravelos, do Deutsche Bank, lembra a pressão do ex-presidente Richard Nixon sobre o então presidente do Fed, Arthur Burns, em 1972, para argumentar que a ameaça à autonomia da política monetária não é tão incomum quanto parece. O estrategista vai além e calcula o impacto de uma eventual saída turbulenta de Powell. Nas primeiras 24 horas após o anúncio, o dólar despencaria até 4% e os retornos dos Treasuries saltariam até 40 pontos-base, de acordo com ele.


Para Saravelos, neste cenário, um prêmio de risco estaria permanentemente incorporado ao câmbio e à renda fixa. Ele destaca ainda a posição vulnerável do financiamento externo americano. "Isso aumenta o risco de movimentos de preços muito maiores e mais disruptivos do que os que descrevemos", adverte.


Na mesma linha, o analista Kit Juckes, do Société Générale, diz que uma substituição brusca no comando do Fed seria vista como uma medida política e, assim, passaria a se sobrepor aos efeitos das tarifas nos mercados - com o dólar como a principal vítima.


Em um relatório intitulado "E se Powell Sair?", o ING reconhece que a chance de uma destituição ainda é "muito baixa". Mas o banco holandês discute consequências de longo prazo negativas para os EUA. Entre as principais delas, a posição do dólar como moeda de reserva global estaria severamente questionada. Haveria fluxos de fuga da divisa americana piores que os observados no "Dia da Libertação", em abril, avalia.


A instituição acredita que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ficaria mais inclinado a relaxar a política, mas não assumiria cortar juros automaticamente. "No final, é uma decisão majoritária, e o Comitê provavelmente permanecerá tão dividido quanto sugerem as últimas atas, mas com uma tendência a manter as taxas inalteradas até que a situação esteja livre para cortá-las", especula.


Contato: andre.marinho@estadao.com


Broadcast+

Leitura de sábado

 Leitura de Sábado: Guerra comercial de Trump engorda bolsos de Wall Street apesar dos riscos


Por Aline Bronzati, correspondente


Nova York, 18/07/2025 - Os banqueiros de Wall Street enxergam um horizonte mais desanuviado à frente para os negócios de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) e ofertas de ações, após a retomada das conversas para essas transações no segundo trimestre. E ainda que os riscos sigam presentes, a guerra comercial capitaneada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu receitas recordes nas mesas de operações do principal mercado financeiro do mundo, com investidores realocando os seus portfólios para lidar com o noticiário frenético de Washington.


O impulso ajudou os maiores bancos americanos a superar as projeções de mercado para os resultados do segundo trimestre. Juntos, JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Citi reportaram lucro líquido de cerca de US$ 39 bilhões no segundo trimestre. A cifra representa uma queda de 1% na comparação anual, quando o resultado do JPMorgan teve o impacto de US$ 7,9 bilhões com a venda de ações da Visa. Se excluído o ganho atípico, os lucros tiveram um salto de quase 24%.


"Neste momento, a economia e os mercados estão respondendo positivamente ao ambiente de políticas em evolução", disse o presidente do Goldman, David Solomon, ao falar a investidores e analistas, nesta semana.


O banco liderou o aumento nas receitas com trading no segundo trimestre, turbinado pela elevada volatilidade dos mercados por conta do vai e vem do tarifaço de Trump, anunciado no dia 2 de abril, que ficou conhecido como o 'Dia da Libertação'. De lá para cá, os investidores continuaram ajustando os seus portfólios por conta da nova política comercial americana.


"A mudança no sentimento, no ambiente, nas posições políticas e na geopolítica, apenas nos últimos três meses, foi significativa", avaliou o CEO do Goldman. As receitas do banco no segundo trimestre atingiram US$ 14,58 bilhões, US$ 1 bilhão maiores do que as próprias projeções de Wall Street. Somente os ganhos com trading saltaram 22%.


A mesma novela se repetiu nos balanços dos rivais JPMorgan, Bank of America, Citigroup e Morgan Stanley. Em geral, as receitas cresceram na casa dos dois dígitos entre abril e junho frente a um ano.



 Lucro dos grandes bancos dos EUA no segundo trimestre* 

   

 1tri25 

 2tri25 

 2tri24 


JPMorgan Chase

14,643

14,987

18,149


Bank of America

7,4

7,1

6,9


Wells Fargo

4,894

5,494

4,910


Goldman Sachs

4,738

 3,723

3,043


Morgan Stanley

4,315

3,539

3,076


Citigroup

4,108

4,019

3,217


Total:

40,098

38,862

39,295


Fonte: Resultados do período

* Em bilhões - US$



Outra área que começou a apontar resultados mais promissores no segundo trimestre foi a de banco de investimento, com a retomada das negociações a despeito das incertezas quanto ao rearranjo comercial global. No Goldman Sachs, as receitas cresceram 26% no comparativo anual. "Os mercados de capitais estão finalmente respirando aliviados, e para os grandes bancos de centros financeiros, isso significa uma recuperação significativa nas receitas", diz o líder de prática da Indústria Bancária da Moody's, Laurent Birade.


O primeiro semestre ainda foi marcado por uma queda no volume de negócios. Transações de fusões e aquisições se reduziram no período, o que fez os EUA perderem participação no mercado global, para 26,6%, mesma fatia da Ásia, segundo dados da consultoria Kroll. No Morgan Stanley, as receitas com banco de investimento tiveram queda de 5%, enquanto no Bank of America se reduziram em 9%.


Mas, olhando para frente, Birade, da Moody's, nota um "claro desbloqueio" dos pipelines de M&A e aberturas de capitais em meio a um cenário um pouco mais claro em termos das políticas do governo Trump. A verdadeira história para os grandes bancos na temporada de resultados do segundo trimestre é o ressurgimento de seus motores de banco de investimento, avalia.


"Acredito que se continuarmos no outono com o que vimos no último mês, deveremos ter um segundo semestre bastante forte a caminho de 2026", reforçou o presidente do Morgan Stanley, Ted Pick, ao falar a investidores e analistas, nesta semana.


Mas os riscos persistem. "Riscos significativos persistem, incluindo tarifas e incerteza comercial, piora nas condições geopolíticas, déficits fiscais e preços elevados de ativos", alertou o presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, conhecido por suas previsões sempre um tanto catastróficas.


A CEO do Citigroup, Jane Fraser, projetou preços de bens subindo em algum momento durante o verão nos Estados Unidos em reflexo das tarifas do presidente Donald Trump. "Esperamos ver os preços dos bens começarem a subir durante o verão, à medida que as tarifas entram em vigor, e vimos pausas em capex (investimentos) e contratações na nossa base de clientes", alertou a única banqueira de Wall Street.


Nesta semana, os múltiplos relatos na imprensa americana quanto à demissão do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, agravaram a tensão entre os investidores. "Essa transição, combinada com as negociações comerciais, pode sim criar mais volatilidade, aumentando as preocupações sobre a independência do Fed e o potencial de interferência política em questões-chave da economia", diz o chefe da mesa de operações internacionais do Inter, Mauricio Garret.


O CEO do JPMorgan defendeu a importância da independência do Fed, ao falar a jornalistas sobre os resultados. "Brincando com o Fed, pode haver consequências adversas, exatamente o oposto do que se espera. É importante que eles sejam independentes", disse o maior banqueiro do mundo.


As grandes vozes de Wall Street também reforçaram a resiliência da economia americana, e também global, além de um melhor olhar do regulador para a estrutura de capital dos bancos. No fim do dia, pode liberar mais recursos para fazer negócios e para turbinar os lucros de Wall Street. Para Pick, do Morgan, houve avanços, mas ainda há mais trabalho a ser feito. "Espera-se que o afrouxamento regulatório libere capital", prevê o analista do Swissquote Bank, Ipek Ozkardeskaya.


Contato: aline.bronzati@estadao.com


Broadcast+

Incorporadoras em crise

 Especial: Renegociações e calotes de incorporadoras no mercado de capitais disparam


Por Circe Bonatelli * Colaboração de Cynthia Decloedt


São Paulo, 18/07/2025 - Há uma disparada nos casos de inadimplência e renegociação de dívidas de incorporadoras que acessaram o mercado de capitais nos últimos anos para tomada de empréstimos via emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). O quadro indica que as empresas estão enfrentando dificuldades crescentes para efetivar as vendas de imóveis após a elevação dos juros no País.


Os CRIs são instrumentos que cumprem um papel importante para apoiar o crescimento das empresas, especialmente quando elas não conseguem tomar o financiamento bancário tradicional. Eles respondem por 10% dos recursos destinados ao crédito imobiliário no País, o que representa uma montanha de R$ 240 bilhões. Por meio desses instrumentos, as incorporadoras recebem uma antecipação do dinheiro esperado com a comercialização de casas, apartamentos, lotes e quartos de hotéis, entre outros. O grande problema é quando as vendas não saem como planejado.


O estoque de CRIs em situação de "estresse" chegou a 191 casos em maio. Isso quer dizer que as incorporadoras descumpriram obrigações até a data de vencimento das dívidas e passaram a renegociar os termos com seus credores. O número é 89% maior do que no mesmo mês de 2024, quando havia 101 casos assim; e 247% acima de igual período de 2023, com 55 casos. Ao todo, os 191 CRIs ?estressados? correspondem a R$ 9,6 bilhões em dívidas considerando o valor de face no momento das emissões.


Os dados foram compilados para o Broadcast pela plataforma CR Data, do Clube dos FIIs, que monitora a base de dados públicos de CRIs no Brasil. O levantamento também aponta que houve crescimento em termos proporcionais. O estoque de CRIs "estressados" neste ano representa 4,6% de todas as séries em circulação, contra 2,8% em 2024 e 1,9% em 2023. A parcela de CRIs problemáticos não é desprezível. A título de comparação, a inadimplência da carteira de financiamento imobiliário dos bancos é bem menor, na faixa de 1%, e segue estável nos últimos trimestres, de acordo com o Banco Central.


  

 Quantidade de CRIs "estressados" em alta 

   

 2023 

 2024 

 2025 


CRIs em fluxo regular

2826

3519

4115


CRIs vencidos e não repactuados

55

101

191


Porcentual de vencidos e não repactuados

1,9%

2,8%

4,6%


Fonte: CR Data, plataforma de monitoramento de CRIs do Clube dos FIIs



Raiz dos problemas 


O sócio-diretor de investimentos alternativos do Clube dos FIIs, Felipe Ribeiro, aponta que o problema está concentrado nos fundos de investimento imobiliário "high yield", que miram retornos mais altos para os cotistas, mas para isso têm de lidar com riscos maiores. Muitos fundos desse tipo adquiriram CRIs em que as empresas estão pagando caro pelo dinheiro, com taxas anuais acima de IPCA + 10% a 15%, ou CDI + 4% a 5% (o equivalente a um juro nominal na ordem de 20% ao ano, um patamar pesado para financiar a produção).


"Todos os CRIs que deram pau de 2024 para 2025 são ?high yield?", apontou Ribeiro. "Quando a taxa de juro sobe no País, os empresários ficam mais apertados, as obras ficam mais caras, cai a velocidade de vendas e o fluxo de caixa seca. Os primeiros a abrir o bico são os ?high yield?".


O risco/retorno desses CRIs é maior porque as operações envolvem incorporadoras pequenas, com governança mais simples, mais endividadas e/ou com menor capacidade de obter capital de giro em caso de urgência, o que eleva o risco de uma eventual inadimplência. Em outros casos, o risco tem mais a ver com o empreendimento em si e as chances de as vendas falharem. Boa parte dos CRIs problemáticos vêm do setor de multipropriedades - em que o direito de uso de cada apartamento é vendido para vários proprietários, que se revezam na ocupação. Esses imóveis são um bem de mero lazer, e o comprador desiste do negócio na primeira dificuldade que surgir, ao contrário da aquisição da casa própria.


Dis

Análise Econômica

 *ANÁLISE ECONÔMICA/GALHARDO: INVESTIGAÇÃO SOBRE INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS NO CÂMBIO DARÁ EM NADA*


Por Francisco Carlos de Assis


 São Paulo, 20/07/2025 - Informações privilegiadas no mercado financeiro como as que, supostamente, ocorreram no mercado de cambial brasileiro horas antes e depois de Donald Trump elevar a 50% a tarifa sobre produtos importados do Brasil são mais comuns do que imaginam pessoas de fora do circuito financeiro, diz o professor de economia e chefe do Departamento Econômico da Análise Econômica, André Galhardo. Por isso ele diz acreditar que dará em nada a investigação pedida ontem (19) pela Advocacia-Geral da República (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que apure se houve ou não vazamento de informações prévias, por parte do deputado licenciado e auto exilado nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro.


 Galhardo, que concedia entrevista à TV Globo pouco antes do anúncio feito por Trump, no dia 9 de julho, ao ser questionado sobre o porquê do movimento do dólar disse apenas que não via fundamentos para a volatilidade do câmbio naquele momento. O problema, de acordo com o economista da Análise Econômica, é que mais uma vez a investigação, caso seja mesmo levada adiante, provavelmente dará em nada. Para ele, esse pedido de investigação agora está associado a um momento de elevada conturbação política pelo qual passa o Brasil neste momento.


“Não é incomum no Brasil as informações privilegiadas, eu não tenho provas, mas eu já vi em diversas outras ocasiões movimentos atípicos do mercado às vésperas de um anúncio importante que, teoricamente, ninguém sabia ou, e aparentemente, só alguns poucos sabiam de forma antecipada. O Brasil tem muito essa questão da influência. E aí as pessoas acabam sabendo antes, acabam espalhando a informação, que é o que é gravíssimo”, disse Galhardo.


 O economista apontou duas ocasiões recentes em que o mercado se antecipou a anúncios que nem a imprensa especializada sabia. Um deles foi a reação do mercado cambial ao anúncio da ampliação das faixas de salários, que passariam a contar com a isenção do Importo de Renda, juntamente com a divulgação dos cortes de gastos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O outro foi a queda sofrida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no banheiro da residência oficial da Presidência da República. "Em resumo, acho que esse episódio, o do Eduardo Bolsonaro, é mais um entre tantos que a gente teve, lamentavelmente. Então, assim, o que a AGU está pedindo para ser investigado é isso, né? Porque essas informações podem ter vindo dele, inclusive, né? Isso vira alguma coisa? Acho que não porque, como eu disse, sempre acontece e vai ser bem difícil provar algum tipo de irregularidade e alguém ser julgado como culpado”, afirmou Galhardo.


 O anúncio de que os Estados Unidos devem elevar a 50% a taxação de produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto foi feito no dia 9 de julho por meio de carta enviada por Donald Trump ao governo brasileiro na sua rede social, Truth Social. Mas horas antes do anúncio da sobretaxa, segundo disse ao Jornal Nacional, da TV Globo um dono de fundo de investimentos em Nova York, se observou um volume de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões em compra de dólares, num movimento que o mercado considerou atípico.


 Ainda, de acordo com o gestor, mais tarde ocorreu um movimento contrário, o que levantou à dedução de que algum investidor pode ter lucrado com o sobe e desce do preço do ativo com base em conhecimento prévio da sobretaxa.


 O pedido da AGU foi feito no âmbito do inquérito instaurado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e que apura a conduta de Eduardo Bolsonaro para estimular o governo norte-americano a coagir o judiciário brasileiro.

Amilton Aquino

 Cruzamos o Rubicão?


Depende de qual Rubicão estamos falando. O Rubicão macro, que poderia nos colocar no mesmo patamar de párias como Irã, Coreia do Norte e Venezuela, ainda não — pelo menos não totalmente. Mas, certamente, alguns rubicões foram cruzados nesta semana.


A começar pela decisão esdrúxula do imperador Alexandre de Moraes sobre o IOF, que não apenas “legalizou” a função arrecadatória de um imposto cujas diretrizes deveriam restringir-se à regulação, como também passou por cima da decisão do Congresso, que tentou corrigir a canetada do governo. Ou seja, a exemplo do que aconteceu na Venezuela, foi oficialmente inaugurado o regime “dois contra um”, no qual Executivo e Judiciário decidem tudo, enquanto o Congresso cumpre o papel protocolar de “instituição democrática” — assim como as eleições forjadas.


O segundo foi Lula, em entrevista à CNN Internacional, dobrando a aposta na crise com os EUA. Sim, ele teve a cara de pau de insinuar que nossas leis são mais rigorosas que as norte-americanas (conjecturando que Trump poderia ser preso no Brasil), além da pachorra de afirmar que o norte-americano “não tem nem 10% de sua experiência em negociações”! Pois é: um dos homens mais ricos do mundo, autor do best-seller A Arte da Negociação, não seria páreo para Lula — o cara que acha que consegue resolver os mais difíceis conflitos mundiais numa mesa de boteco. Haja autoestima!


O terceiro envolveu novamente Alexandre de Moraes, que, como tem feito desde que assumiu a função de macho alfa do STF para assuntos aleatórios, resolveu também dobrar a aposta contra Trump, ao decretar não apenas a busca e apreensão na casa de Bolsonaro, como também sua prisão domiciliar.


O quarto veio com Marcos Rubio, secretário de Trump, que reagiu imediatamente, afirmando que o governo norte-americano revogará os vistos não apenas de Alexandre de Moraes, mas também de outros ministros do STF e seus familiares.


O quinto foi Eduardo Bolsonaro, novamente fazendo chacota sobre o uso da força — agora com a marinha norte-americana contra o Brasil! O inconsequente que está demolindo a candidatura de Tarcísio, um dos poucos capazes hoje de distensionar o ambiente que sua família instigou, não aprendeu nada com o seu fatídico “basta um cabo e um soldado”.


Ou seja: são muitas linhas vermelhas cruzadas em apenas uma semana. Isso depois de o Brasil fazer o papel de bobo da corte na reunião esvaziada do BRICS, confrontando o gigante norte-americano, enquanto a Rússia (uma das principais interessadas na desdolarização) jogava toda a culpa em Lula, e a China (alvo principal de Trump na sua guerra de tarifas) fechava um acordo com seus arquirrivais — com uma taxação agora bem menor que a do Brasil!


Parabéns aos envolvidos!


A questão agora é saber quem serão os adultos na sala para esfriar os ânimos. Lula, ao que parece, está adorando tudo isso — principalmente depois das pesquisas que lhe deram um fôlego na campanha antecipada, principalmente entre a galera do centro. Vai triplicar a aposta e ficar sujeito a sanções dos EUA? A pequena recuperação de aprovação se sustentará quando a economia começar a desaquecer? E quanto aos  bolsonaros? Continuarão insistindo na estratégia suicida de sacrificar o país para escapar da cadeia?


Pois é. Por incrível que pareça, Lula animou a extrema esquerda, que andava meio decepcionada com ele. Muitos já estão na torcida por um rompimento diplomático, e alguns já apresentam soluções russas e chinesas para substituir serviços gratuitos norte-americanos, como o GPS, por exemplo.


Enfim, se depender dessa turma, mergulharemos de vez no grupo dos párias mundiais, atravessando de vez o rubicão. Mais “independentes” dos norte-americanos — direto para o colinho de Putin e Xi! Que tal?

sexta-feira, 18 de julho de 2025

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: E vai se criando um clima terrível*


Sem agenda econômica, a política domina, com muito ruído e muita fumaça


… A preliminar da confiança do consumidor americano em julho, da Universidade de Michigan, é o destaque entre os indicadores internacionais, nesta sexta, com as expectativas para a inflação em 2026 e daqui a cinco anos. Dados fortes da economia nos Estados Unidos dividiram as apostas para o Fed de setembro, entre o primeiro corte de 25pbs e a manutenção. Aqui, sem agenda econômica, a política domina, com muito ruído e muita fumaça. O mercado se preocupa com a nova frente de guerra do governo com o Congresso, mas gostou da solução para o IOF, que desafoga o Orçamento de 2026. Já na briga de Lula com Trump, está no modo espera, pra ver no que vai dar.


… A coisa esquentou ontem com uma entrevista de Lula à CNN internacional dizendo que Trump não é imperador do mundo. À noite, Trump publicou no Truth Social uma carta aberta a Bolsonaro, repetindo ameaças ao Brasil.


… Chamou de “terrível” o tratamento que Bolsonaro está recebendo da Justiça brasileira, dizendo que o “julgamento deveria terminar imediatamente”. Na carta, admitiu claramente a motivação política da tarifa punitiva.


… Escreveu Trump: “Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política de tarifas. É minha sincera esperança que o governo do Brasil mude de rumo. Observo de perto”.


… Embora não seja garantia de um desfecho favorável, pode facilitar as negociações à medida que aponta argumento sem racionalidade econômica para impor a tarifa de 50% aos produtos brasileiros, em 1º de agosto.


… Quando abriu a investigação pela Seção 301, imaginou-se que Trump quisesse fortalecer o caráter técnico da ação contra o Brasil. Mas, pelo que se viu na carta a Bolsonaro, a tentativa é de interferência no Judiciário.


… Assim, Trump e a família Bolsonaro (que pede “anistia ampla e geral”), dão de bandeja a defesa da soberania para Lula, que já vê a recuperação da sua popularidade e chances renovadas para a eleição presidencial de 2026.


… À noite, em pronunciamento na TV, Lula chamou de “chantagem inaceitável” o que Trump está fazendo, em forma de “ameaças às instituições brasileiras”. “Tentar interferir na Justiça é um grave atentado à soberania nacional.”


… Sem citar nomes, mas em referência óbvia ao clã Bolsonaro, ele disse que a sua indignação é maior pelo apoio de alguns políticos brasileiros a esses ataques. “São traidores da Pátria, que apostam no quanto pior, melhor”.


… Lula falou ainda da investigação que Trump mandou fazer do Pix. “O Pix é do Brasil e nós vamos defender.”


… O Pix apareceu no processo de investigação contra o Brasil pelo USTR por práticas comerciais “injustas” no sistema de pagamentos instantâneos. Junto com o Pix, a rua 25 de Março em São Paulo é acusada de pirataria.


… O Brasil ainda é acusado de enfraquecer o combate à corrupção em acordos de leniência com empresas corruptas, anular condenações por lavagem de dinheiro, censurar redes sociais e atrasar patentes de medicamentos.


… No Washington Post, Eduardo Bolsonaro está trabalhando em estreita colaboração com a Casa Branca para impor sanções a Alexandre de Moraes (STF), que preside o julgamento do pai, acusado de liderar tentativa de golpe.


PÔQUER E TRUCO – Ainda nesta quinta-feira, Lula voltou a falar da crise com Trump em mais duas ocasiões.


… Para estudantes em Goiânia, ele disse que “não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República”. E, recorrendo ao jogo de truco, explicou sua posição: “quando o cara truca, ou a gente corre ou grita 6”.


… Mais tarde, em Juazeiro (BA), disse que não é de briga, mas não é de fugir da briga, e previu que Bolsonaro, a quem chamou de “aquela coisa que governou o País”, “vai ver o sol nascer quadrado logo, logo”.


ALCKMIN – Em novos encontros com o setor produtivo, o vice-presidente e ministro do MDIC ouviu de representantes da indústria e do agro pedido de cautela e para que o Brasil esgote todas as possibilidades de negociação.


GOVERNO VS CONGRESSO – Reportagem da jornalista Vera Rosa (Estadão) apurou com aliados de Hugo Motta que o governo Lula não terá paz no Congresso a partir de agosto, quando parlamentares voltarem do recesso.


… A tensão entre os Poderes foi agravada após o presidente vetar o aumento do número de deputados e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decidir manter o decreto do governo que elevou alíquotas do IOF.


… O primeiro troco já veio com a aprovação do novo licenciamento ambiental no Brasil, às vésperas da COP-30, com a pauta-bomba que liberou R$ 30 bilhões do Fundo Social para o agronegócio e o atraso na PEC dos Precatórios.


… Antes de viajarem, nesta quinta, os deputados já trabalhavam numa lista de retaliações, que inclui um projeto para impedir que o governo mexa no IOF sem o aval do Legislativo – proposta da coalizão de frentes parlamentares.


… Outra investida provável é derrubar o veto presidencial ao projeto que elevou o número de deputados, de 513 para 531. “Nós temos de voltar do recesso buscando retaliar o governo”, disse o líder do PL, Sóstenes Cavalcante.


… Sem contar o palco que a oposição terá com a CPMI criada para investigar o desvio das aposentadorias do INSS. O governo conseguiu indicar o aliado Omar Aziz para presidir, mas o relator ainda será escolhido por Motta.


… O líder do governo, deputado José Guimarães (PT), disse que ele e a ministra Gleisi Hoffmann “lutaram” para que o presidente não vetasse o aumento dos deputados. Lula deve vetar também o licenciamento ambiental.


… A recuperação nas pesquisas, após uma bem-sucedida campanha nas redes sociais sobre a taxação do andar de cima e na esteira da tarifa de Trump, no entanto, incensou Lula que se movimenta com mais confiança.


HADDAD – Em entrevista ao Broadcast, questionado sobre as contas públicas, o ministro afirmou que a agenda da Fazenda “está dada”. “Não é razoável imaginar que será possível aprovar grandes reformas no ano eleitoral.”


… Dessa forma, o governo deve precisar mais muito pouco do Legislativo nessa última fase do governo Lula.


… Quanto ao projeto de isenção do Imposto de Renda, Haddad torce para Motta abraçar o projeto “como se fosse a reforma para chamar de sua”, apostando que o Congresso não se furtará a apoiar uma pauta tão popular.


AGENDA – O índice de confiança do consumidor americano será divulgado às 11h pela Universidade de Michigan, e a previsão é de leve melhora na prévia de julho, para 61,5 (Trading Economics), após 60,7 em maio.


… Mais cedo (9h30), saem as licenças de construção e construção de moradias iniciadas em junho.


… No final da noite de sábado (22h15), o Banco Central da China divulga decisão para as taxas de empréstimo.


BALANÇOS – Em Nova York, 3M (projeção de lucro por ação de US$ 2,01) e American Express divulgam resultados do segundo trimestre. Ontem à noite, Netflix caiu 1,84% no after hours, mesmo após lucro maior que o esperado.


… O lucro líquido foi de US$ 3,13 bilhões, ante US$ 2,15 bilhões no mesmo período de 2024 e acima da previsão da empresa de US$ 2,98 bilhões. O lucro por ação ficou em US$ 7,19 (acima do US$ 7,08 projetado pela Factset).


TARIFAS – Comissão Europeia considera nova rodada de medidas retaliatórias contra as amplas tarifas do presidente Trump, que imporiam restrições ao comércio de serviços e aquisições, informou o site Politico.


… Também o FT apurou que as medidas incluiriam uma lista de potenciais tarifas sobre serviços dos Estados Unidos, além de controles de exportação, não se concentrando apenas nas empresas americanas de tecnologia.


… Fontes sinalizaram que a UE poderia aceitar tarifas de 10%, mas quer reduzir taxas setoriais de 25% sobre carros e garantir isenção das futuras tarifas setoriais prometidas por Trump sobre farmacêuticos e semicondutores.


REUNIÃO COM BC – Os diretores de Política Monetária, Nilton David, e de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Izabela Correa, participam de duas reuniões trimestrais com economistas em São Paulo (9h30 e 11h).


OPERANDO EM SUSPENSE – A guerra dos 50% continua fervendo e o mercado doméstico segue muito vulnerável à volatilidade e às novidades do noticiário. Ontem, o pregão foi morno, mas esta crise é vivida um dia de cada vez.


… Até aqui, o dólar ainda não vem precificando um desfecho desfavorável na briga das tarifas, operando sob o “TACO trade”, de que Trump vai acabar voltando atrás. Mas a subida de tom de Lula traz o imponderável ao jogo.


… Fortalecido pela recuperação da popularidade, Lula capitaliza a seu favor os ruídos da disputa protecionista.


… A pesquisa Genial Quaest revelou ontem que o petista venceria todos os potenciais adversários de direita na corrida eleitoral de 2026. Em segundo turno, ele (41%) fica em empate técnico apenas com Tarcísio de Freitas (37%).


… Mas, descontando os riscos do quadro político, da taxação dos EUA e da derrota do Congresso na disputa de força do IOF, que compromete a pauta do governo, o dólar se afastou da faixa de R$ 5,60 batida na máxima da abertura.


… De R$ 5,6099 no auge da tensão, acomodou-se para fechar em leve baixa de 0,26%, cotado a R$ 5,5472. Operou na contramão da onda de alta da moeda americana lá fora, que repercutiu a chance de pausa do Fed em setembro.


… A alta do petróleo foi citada como driver para a melhora do real. Mas comenta-se também que o dólar pareceu exibir certo esgotamento para subir, justamente porque ainda existe muita espuma em torno do tarifaço.


… Sem estresse no câmbio, também a curva do DI corrigiu as altas recentes, valendo-se da deflação do IGP-10 em julho (-1,65%) maior que a esperada (-1,46%) e da folga nas contas públicas por causa do IOF.


… Apesar do risco de mais conflitos do governo com o Congresso, a decisão de Moraes desafogou o Orçamento e, indiretamente, ainda contribui para esfriar a atividade, potencializando a eficácia da política monetária.


… A Receita esclareceu que a cobrança do IOF não será retroativa e fontes da Fazenda disseram ao Valor que os contribuintes tributados em operações de risco sacado desde 23/5 serão restituídos.


… Devolvendo prêmio de risco, o DI para Jan/27 caiu a 14,345% (de 14,370%); Jan/29, a 13,620% (de 13,702%); Jan/31, a 13,790% (de 13,892%); e Jan/33, a 13,870% (de 13,982%). Só o curtinho (Jan/26) fechou estável (14,945%).


PROTOLOCO DE CAUTELA – Seguindo à risca o script do momento de incertezas deflagrado pela ofensiva de Trump contra o Brasil, as últimas semanas têm registrado retração dos investidores estrangeiros na B3.


… Mais R$ 1 bilhão em capital externo saiu na última 3ªF. Neste mês, as retiradas beiram R$ 3,5 bilhões.


… Em paralelo ao menor apetite gringo, o Ibovespa vem perdendo impulso. Como disse um profissional ao Broadcast, o índice à vista saiu do nível recorde de 141 mil pontos do início de julho para a faixa dos 135 mil.


… Está queimando bastante, como manda a cartilha, diante das atuais circunstâncias desafiadoras. Mas o Ibov vai se segurando do jeito que consegue, de olho nos desdobramentos ainda incertos sobre a política tarifária.


… Ontem, oscilou perto do zero a zero e fechou praticamente estável (+0,04%), aos 135.564,74 pontos. Na mínima, defendeu os 135 mil pontos (135.016). O giro não chegou a R$ 18 bilhões, em véspera de game de opções.


… Alvos do exercício, as blue chips fecharam majoritariamente em queda, com atuação antecipada dos vendidos. A Vale ignorou o avanço expressivo de 1,81% do minério e caiu 0,18%, cotada a R$ 54,30.


… Petrobras PN recuou 1,01% (R$ 31,47) e ON caiu 0,70% (R$ 34,15), apesar da força de 1,46% do Brent, a US$ 69,52. O petróleo parou de subir depois de três dias, com indicadores fortes nos EUA e tensões no Oriente Médio.


… Ataques de drones à infraestrutura petrolífera na região do Curdistão iraquiano entraram no radar do mercado.


… Imunes à recuperação do petróleo, as ações da Petrobras caíram o dia todo, com o mercado registrando avaliação negativa sobre um possível retorno da companhia ao mercado de varejo de combustíveis.


… O conselho de administração deve avaliar na próxima reunião se incluirá no Plano de Negócios 2026-2030 a volta da estatal ao setor de distribuição de combustíveis, por meio de projeto greenfield (construído do zero).


… Entre os bancos, só Itaú PN (+1,51%; R$ 35,72) e Santander unit (+1,81%, a R$ 28,20) engataram altas. Bradesco PN caiu 0,19%, a R$ 16,03; Bradesco ON terminou estável, a R$13,77; e BB ON perdeu 0,67%, a R$ 20,74.


… Já Pão de Açúcar (GPA) liderou as altas pelo segundo dia consecutivo e saltou 6,52%, a R$ 3,76, ainda reverberando a notícia de aumento da fatia da família Coelho Diniz na varejista, muito bem-recebida no mercado.


SETEMBRO VAI DANÇAR? – Uma reviravolta até bem pouco tempos atrás inesperada se desenrola neste momento nas apostas para o Fed, com as chances de corte do juro em setembro disputando de perto com manutenção.


… Segundo a plataforma do CME Group que monitora a curva futura, a precificação de relaxamento em setembro é majoritária (52,7%), mas já é seguida muito de perto (46%) pela probabilidade de a taxa ficar onde está.


… Dias atrás, a inflação do CPI de junho despertou os primeiros sinais de impacto da política tarifária. Ontem, dois indicadores fortes da economia americana levantaram a lebre de que o Fed pode demorar mais para agir.


… As vendas no varejo reverteram a queda de 0,9% em maio e aumentaram 0,6% em junho, superando consenso de +0,1%. Os pedidos de auxílio-desemprego contrariam previsão de alta para 232 mil e caíram 7 mil, a 221 mil.


… Diante das evidências do mercado de trabalho forte e da atividade aquecida, o Fed pode continuar sem pressa.


… Raphael Bostic (Fed/Atlanta) disse que pode ser difícil cortar os juros no curto prazo, porque ainda é cedo para saber se a economia conseguirá absorver o choque provocado pelo aumento das tarifas comerciais.


… Segundo ele, pode levar meses ou até trimestres para que os efeitos econômicos do protecionismo de Trump se tornem claros, o que deve exigir mais tempo para avaliar a influência na inflação e no crescimento.


… Diretora do Fed, Adriana Kugler afirmou ver muitas razões para acreditar que o impacto das tarifas no trimestre ainda está por vir, e defendeu uma postura restritiva para manter as expectativas de inflação ancoradas.


… Só Christopher Waller, que já apareceu entre os nomes cotados para suceder Powell no comando do Fed, continua se mostrando aberto à ideia de cortar os juros em 25 pontos-base na reunião do Fomc do fim do mês.


… Ele alega que as tarifas provocarão aumento apenas pontual na inflação e acredita que o crescimento do PIB dos EUA deve ser brando até o final do ano, abrindo espaço para o Fed dovish já agora no encontro de julho.


… Outra figura cogitada para o comando do Fed, o ex-diretor do BC norte-americano Kevin Warsh disse ontem que “a hesitação em cortar juros, para mim, é um sinal claro de fraqueza”. A declaração pode credenciá-lo ao cargo.


… Trump, em seu perfil na Truth Social, voltou a cobrar de Powell: “REDUZA A TAXA!!! Atrasado Demais.”


… Apesar das pressões renovadas por um corte, os juros dos Treasuries e o dólar subiram com a rodada de dados fortes nos EUA, que podem sabotar as chances de setembro para o início do ciclo de queda pelo Fed.


… O índice DXY fechou em alta de 0,35%, a 98,734 pontos, com o dólar levando a melhor contra o iene (148,58/US$). O euro recuou 0,33%, negociado a US$ 1,1600. Já a libra esterlina terminou o pregão estável, a US$ 1,3418.


… A taxa da Note de 2 anos subiu a 3,915%, de 3,889%, e a de 10 anos avançou para 4,459%, contra 4,453%.


… Ainda que o Fed possa cortar os juros mais tarde, as bolsas em NY operaram embaladas pelos sinais de economia resistente. O S&P 500 (+0,54%, 6.297,46 pontos) e o Nasdaq (+0,74%, 20.884,27 pontos) renovaram recordes.


… O índice Dow Jones registrou valorização de 0,52%, aos 44.485,10 pontos.


EM TEMPO… COSAN negou, em comunicado, ter fechado acordo para venda da fatia na empresa de lubrificantes Moove à VIBRA, que também desmentiu que tenha celebrado qualquer compromisso de compra.


EZTEC lançou três empreendimentos no segundo trimestre, somando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 490 milhões, considerando apenas a participação da companhia nos projetos…


… Esse valor representa um crescimento de 160,2% no comparativo anual.


WEG firmou acordo para aquisição da parcela remanescente das ações da PPI-Multitask; valor da operação não foi divulgado; em setembro de 2019, a empresa havia adquirido 51% da PPI-Multitask.


REDE D’OR. Subsidiária Onco D’Or Oncologia criou joint venture com Next Oncology (NEXT) visando à realização de testes clínicos de fase 1 de potenciais agentes anticancerígenos…


… Segundo a companhia, parceria tem por objetivo o desenvolvimento de inovações no tratamento do câncer com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.


LOCALIZA. Citi reduziu preço-alvo da ação de R$ 47 para R$ 43, mantendo recomendação de compra…


… Para o banco, empresa deve encontrar dificuldades, em meio ao arrefecimento da economia, em especial para renovar a sua frota de veículos.  


SANTOS BRASIL. Conselho de Administração elegeu Philippe Pierre Louis Lemonnier, vice-presidente de controle de performance do Grupo CMA CGM, como membro do colegiado…


… Decisão veio após a renúncia apresentada por Valdecyr Maciel Gomes, membro titular do conselho, e por Rodrigo Silva Marvão, membro suplente….


… O grupo controlador da CMA Terminals, CMA CGM, concluiu a compra do controle da Santos Brasil em 24 de abril, adquirindo 47,9% do capital social…


… Em maio, a CMA protocolou junto à CVM pedido de registro para realizar oferta pública de aquisição (OPA) abrangendo até a totalidade das ações ON da empresa portuária brasileira.

Fabio Alves