sábado, 12 de julho de 2025

Paulo Roberto de Almeida

 Brics+: uma avaliação superficial do encontro de cúpula no RJ

(porque não vale a pena perder tempo comentando cada parágrafo)


A declaração final vale mais pelas grandes lacunas que revelam suas imensas distorções políticas — até (i)morais — e bem menos pelas dezenas de parágrafos que enfeixam objetivos que nunca serão realizados e que não possuem qualquer significado maior para a solução das diversas guerras que ocorrem no mundo (a maior delas, uma guerra de agressão perpetrada por um de seus mais poderosos membros, totalmente ignorada pela hipocrisia da declaração) ou pelas ameaças à segurança e à paz no mundo, podendo resultar da ação bélica de outro de seus dirigentes (por acaso o mais poderoso do bloco, sintomaticamente ausente do conclave).

As lacunas são exatamente as que definem o Brics+ atualmente, que é um grupo de paises pretensamente desafiador da “hegemonia ocidental” formado por duas grandes autocracias, poucas democracias (de baixa qualidade substantiva) e várias outras autocracias ou ditaduras claras, na aparência representando um inexistente Sul Global (que só existe nas perorações acadêmicas e no jornalismo superficial), mas que possuem poucos objetivos nacionais convergentes, a não ser a pretensão de seus dirigentes de conseguir um palanque oportunista e uma photo opportunity na mídia mundial.

Pergunto: em quê, em quais objetivos realizáveis o grupo e seus países membros e associados, seus respectivos dirigentes, não poderiam alcançar resultados positivos, benéficos ou meritórios para os seus povos, por meio dos instrumentos, mecanismos e ferramentas já existentes na ordem multilateral atual (a da ONU e suas agências) e que precisam ser alcançados por uma vaga, totalmente indefinida “nova ordem global multipolar”, como vem sendo proposta pelas duas grandes autocracias do Brics+ e por um ou outro de seus ingênuos membros?

Nas últimas duas décadas, opositores da atual ordem global supostamente ocidental (ela o é objetivamente, desde o final da IIGM, mas o cenário vem mudando significativamente), que já é multipolar desde sempre, e que de toda forma parece muito mais aberta, democrática e defensora dos direitos humanos, vêm tentando construir uma ordem supostamente global (numca o será) que aparece como singularmente desprovida dos principais elementos que caracterizam a ordem não perfeita, mas baseado no multilateralismo cooperativo em favor da paz, das democracias de mercado, dos DH e da ideia de LIBERDADES, o que muitos dos atuais paises membros ou associados não exibem em sua plenitude.

Resumindo minha avaliação superficial: o Brics+ não é a base institucional, nem pode ser, a garantia de que o Brasil possa oferecer melhores soluções ao mundo em desenvolvimento para os imensos problemas de progresso econômico e social, de respeito às liberdades democráticas e de defesa dos direitos humanos que o próprio povo brasileiro espera de seus dirigentes, até mesmo para si, pois é uma tentativa canhestra de reformar uma ordem por certo imperfeita, mas ainda assim muito melhor do que as alternativas sendo oferecidas por autocracias e ditaduras de baixíssima qualidade na governança interna e na cooperação internacional. 

Uma delas, aliás, violou abertamente a Carta da ONU e o Direito Internacional e conduz uma criminosa guerrra de agressão (uma redundância) das mais violentas desde a IIGM, e o presidente brasileiro contribui acintosamente para escamotear os seus crimes por meio de uma declaração vergonhosa, indigna das melhores tradições da diplomacia profissional, assim como dos princípios e valores que regem as relações internacionais do Brasil.

Concluo: o BRIC de 2006-2009, o Brics de 2011 e o atual Brics+ não são compatíveis com os interesses do Brasil enquanto nação democrática, voltada para a cooperação externa em favor do desenvolvimento da comunidade internacional, de acordo à ordem onusiana ainda válida.

O Brics+ é uma contradição com nossos interesses nacionais e com as tradições diplomáticas do Brasil.

Paulo Roberto de Almeida

São paulo, 12/07/2025

Fabio Giambiagi

 Governador deve imaginar que pode se eleger com o apoio de Bolsonaro e administrar suas relações com ele

Por Fabio Giambiagi - 10/07/2025 

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Peço licença para tratar novamente de política nestas páginas. Ocorre que o que acontecerá na economia do País depende de quem for presidente da República em 2027.


E nesse jogo há um tema fundamental, que é a possibilidade de concessão de indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em caso de vitória do governador Tarcísio de Freitas. Aqui, irei me valer da teoria dos jogos, que é a análise associada a processos em que as decisões dos indivíduos são interdependentes entre si.


“Bolsonaro livre” em 2027 pode significar:


1) ele ser indultado, mas não perder a inelegibilidade que decorreria da hipótese de ser condenado; ou

2) o acordo ser amplo e envolver uma anistia plena ao ex-presidente. Vamos assumir que, sendo Tarcísio presidente, vingue então a alternativa (1).


É preciso ter claro que:

1) Bolsonaro não quer apenas ficar fora da prisão, para ver TV em casa: ele quer voltar à Presidência; e

2) ele não vai assistir passivamente ao desenrolar dos acontecimentos, se ficar em liberdade.


Coloque-se, leitor, na posição de Bolsonaro em 2027, com um presidente eleito que se diga devedor dele. Legitimamente, o ex-presidente irá, então, pensar: “Se quem se elegeu o fez porque diz que os votos são meus, por que não posso ser eu o candidato na próxima eleição?”.


Em 2030, Bolsonaro terá 75 anos, idade que ainda o habilitaria para disputar as eleições sem que a questão etária entre em consideração.


É ilusão pensar que, se estiver livre, mas impedido de concorrer, irá ficar chupando picolé.


Não: irá colocar a sua “tropa” na rua, com passeatas pedindo anistia para poder concorrer em 2030 como candidato da corrente que se julgará vitoriosa em 2026.


Suponho que o governador deve imaginar que pode se eleger com o apoio de Bolsonaro e depois administrar suas relações com ele, entendendo que, com o indulto, teria quitado a “dívida” por ter sido lançado à política pelo seu antigo chefe.


A ver se este entende que isso quita a dívida ou se corresponde apenas a 50% da amortização.


A rigor, eu realmente não sei o que o governador Tarcísio pensa.

Só sei três coisas:


1) Bolsonaro quer estar no Planalto em janeiro de 2031;

2) se Tarcísio vencer, Bolsonaro será sua maior dor de cabeça; e

3) nesse caso, no mundo da inteligência artificial, e tendo de lidar com uma crise fiscal dramática, o País terá de perder tempo em 2027 para discutir no Congresso o perdão para meia dúzia de arruaceiros. É difícil ser otimista com o Brasil.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Josue Leonel

 *Trump escala ameaças de tarifas; Lula mantém tom: Mercado Hoje*


Por Josue Leonel

(Bloomberg) -- Bolsas caem, enquanto yields sobem e dólar

se fortalece contra maioria dos pares, com nova escalada das

tarifas de Donald Trump. Presidente dos EUA disse à NBC que

estuda aplicar taxações de 15% a 20% sobre a maioria dos

parceiros comerciais e imporá alíquota de 35% sobre produtos

canadenses não cobertos pelo acordo da América do Norte. Tarifas

sobre UE são esperadas. Fator geopolítico também entra no radar

com plano de Trump de fazer comunicado sobre a Rússia na

segunda-feira. 

Lula diz em entrevistas a redes de TV que fará toda a

negociação possível com os EUA sobre tarifas, mas, se não

adiantar, usará a Lei da Reciprocidade. Além disso, manteve tom

firme ao afirmar que Brasil pode sobreviver sem comércio com EUA

e buscará outros parceiros. Já Bolsonaro, no X, elogia “firmeza

e a coragem” de Trump e diz que “alerta foi dado”. Governo teme

que impacto das tarifas no câmbio afete inflação, diz Folha. BC

diz em carta que IPCA deve voltar à banda da meta a partir do

fim do 1º trimestre de 2026 e que vetores para a inflação seguem

adversos. Agenda destaca indicador de serviços. 

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*T

No exterior, às 7:30:

S&P 500 Futuro -0,6%

FTSE 100 -0,6%

CAC 40 -1%

Nikkei 225 -0,2%

Hang Seng +0,5%

Shanghai SE Comp. estável

MSCI World -0,1%

MSCI EM -0,1%

Petróleo WTI +0,6% a US$ 66,96 barril

Petróleo Brent +0,4% a US$ 68,9 barril

Futuro do minério em Singapura +0,3% a US$ 99,35

Bitcoin +4,1% a US$ 118289,69

*T

Internacional

Bolsas caem e dólar sobe com novas ameaças de tarifas dos

EUA

* Bolsas externas recuam e índice dólar avança com fala do

presidente dos EUA à NBC de que estuda aplicar tarifas gerais de

15% a 20% sobre a maioria dos parceiros comerciais; cartas aos

membros da União Europeia também são esperadas

* Trump ainda anunciou taxação de 35% sobre produtos exportados

pelo Canadá a partir de agosto


“Dado que o dólar americano caiu substancialmente no

primeiro semestre do ano, poderemos assistir a algum

desmantelamento de posições vendidas em dólar americano em meio

a anúncios intermitentes de tarifas”, disse Fiona Lim,

estrategista sênior do Malayan Banking Bhd em Singapura

* Investidores apostam na alta das ações americanas, segundo o

Bank of America

* Rendimentos dos treasuries sobem

* Libra se enfraquece com dado apontando que economia do Reino

Unido encolheu inesperadamente em maio

* Petróleo tem alta leve, após cair mais de 2% na quinta-feira —

com plano de Trump de fazer “declaração importante” sobre a

Rússia na segunda-feira, enquanto EUA preparam o envio de mais

armas à Ucrânia com financiamento de aliados da Otan

** Ele também espera que o Senado aprove um projeto de sanções

mais duras contra Moscou; rublo lidera perdas entre moedas

emergentes

* Já o minério de ferro ruma ao terceiro ganho semanal, por

expectativa de que Pequim faça mais para ajudar o setor

imobiliário, ao mesmo tempo em que combate o excesso de

capacidade industrial

* BC do Peru manteve os juros em 4,5% diante da ameaça de tarifa

de 50% sobre o cobre


Para acompanhar

Serviços após IPCA e reação às tarifas de Trump

* Volume de serviços em maio, que IBGE divulga às 9:00, deve

subir 0,2% na comparação mensal, após avanço de 0,2% no mês

anterior, e aumentar 3,4% na comparação anual, depois de 1,8% na

medição anterior

** Ativos locais tiveram desempenho misto nesta quinta-feira, um

dia após o anúncio da taxa de 50% pelos EUA ao Brasil

* BC vê IPCA voltar à banda da meta a partir do fim do 1º

trimestre de 2026, de acordo com carta enviada por Gabriel

Galípolo ao CMN, encabeçado pelo ministro da Fazenda, Fernando

Haddad

** Galípolo afirmou que vetores para a inflação seguem adversos

e que autoridade monetária continua firmemente comprometida com

trazer a inflação à meta

* Governo federal teme novo salto da inflação com novas taxas

dos EUA contra o Brasil, noticia a Folha, sem dizer como obteve

informação

** Receio é o de que a crise dure muitos meses, o que

pressionaria o dólar

* BC oferta 35.000 contratos de swap para rolagem


Outros destaques

Lula e Bolsonaro seguem com embate sobre tarifas

* País fará todo o processo de negociação possível, mas, se não

adiantar, usará a Lei da Reciprocidade, disse Lula em entrevista

à TV Globo exibida na noite desta quinta-feira

** Presidente disse ainda, em entrevista à TV Record, que Brasil

pode sobreviver sem o comércio com os EUA e buscará outros

parceiros, sinalizando que não pretende ceder à ameaça de Trump

de impor tarifas de 50% ao país

** Lula também disse que nada o obriga a fazer transações

comerciais em dólar com países que têm diferentes moedas

* Lula afirmou que governo e Congresso precisam chegar a um

acordo sobre o IOF e que se tiver que cortar R$ 10 bilhões em

gastos, vai retirar das emendas

* Lula participa de cerimônia no Espírito Santo às 10:20 sobre

Novo Acordo Rio Doce


Gleisi Hoffmann

 @gleisi

 

Presidente Lula deu aula de soberania no JN. Disse que é um

desaforo o presidente dos EUA mandar carta falando de caça a um

ex-presidente que tentou dar um golpe no Brasil; que planejou

assassinar o presidente eleito, o vice e um ministro do STF.

Mostrou que no Brasil existe…

Sent via Twitter for iPhone.

View original tweet.

* “O alerta foi dado, e não há mais espaço para omissões. Peço

aos Poderes que ajam com urgência apresentando medidas para

resgatar a normalidade institucional”, disse Jair Bolsonaro no X

** Ex-presidente afirmou que conhece a “firmeza e a coragem” de

Trump na defesa da liberdade


Jair M. Bolsonaro

 @jairbolsonaro

 

. Nota do Ex-Presidente Jair Bolsonaro

 

 . Recebi com senso de responsabilidade a notícia da carta

enviada pelo presidente Donald J. Trump ao governo brasileiro,

comunicando e justificando o aumento tarifário de produtos

brasileiros. Deixo claro meu respeito e admiração pelo…

Sent via Twitter for iPhone.

View original tweet.

 

* Motta e Alcolumbre defendem diálogo, equilíbrio e firmeza em

relação às tarifas: Agência Câmara

* Ato contra Congresso e Trump reúne 15.000 na Paulista, diz

USP: Poder360

* No WhatsApp, tarifa de Trump repercutiu com placar

desfavorável a Lula: Globo

* Imposto será zerado para pessoas com renda até R$ 5 mil, disse

o relator de projeto de lei sobre IR, Arthur Lira

** Há estimativa de alíquota de 10% sobre lucros e dividendos

pagos ao exterior

** Previsão de arrecadação em 2026 estimada em aproximadamente

R$ 34 bi, de R$ 39 bi em 2027 e R$ 39 bi em 2028

** Haverá também redução de imposto para quem ganha até R$ 7 mil


Empresas

Santander, Vivo

* Santander Brasil aprova R$ 2 bi em JCP

* Vivo acerta comprar fatia da La Caisse na Fibrasil por R$ 850 milhões.

Jairo José da Silva

 Do meu amigo Jairo José da Silva...O fato: o Brasil está sendo sancionado pelos EUA porque deixou faz tempo de ser uma democracia e se tornou inimigo declarado deles.


A demonstração do fato: os poderes da República não funcionam independentemente, o STF e, pior ainda, o TSE são aliados de um partido, há uso político das cortes supremas, que trabalham incansavelmente para eliminar a oposição majoritária, agindo em dissonância com as leis e a Constituição. E, cereja no bolo, o STF persegue, multa e censura as Big Techs americanas. Não há mais liberdade de opinião no país e a grande imprensa está aparelhada e vendida.


O presidente da República ataca o governo americano sem trégua. Já nas eleições naquele país, Lula DESRESPEITOU o princípio de não interferência declarando apoio a Kamala e chamando Trump de fascista, ofensa repetida depois mais de uma vez.

Lula aliou o Brasil a todas as ditaduras latino-americanas, Venezuela, Cuba, Nicarágua, e todos os governos esquerdistas, como Colômbia, indispondo-se contra as suas mais importantes democracias, como a Argentina.

Além de irmanar-se a todas as grandes ditaduras planetárias, como Rússia, China e Irã.

Lula criticou o ataque americano às refinarias atômicas iranianas enquanto hostilizava Israel, onde é declarado persona non grata. Ele irmanou-se, ademais, ao Hamas, feroz e sanguinário grupo terrorista, que o agradeceu publicamente.


Lula quer porque quer ajudar a desbancar o dólar como moeda de comércio internacional, para colocar no lugar, supõe-se, o yuan chinês (qual outra?), tomando partido do lado chinês na disputa por primazia econômica no mundo. Não se trata de multilateralismo, mas de escolher um lado, o que combina muito bem com o antiamericanismo infantil de Lula e seus esquerdistas. Isso por si só justifica a aplicação da lei que Trump menciona em sua carta, que pune ações que visem ferir os EUA economicamente.


A narrativa: ai, é culpa dos bolsonaristas vira-latas!

Amilton Aquino

 E, como previsto, o governo do PT resolveu reciclar seu embolorado discurso divisionista para tentar tapar os buracos do já fracassado arcabouço fiscal. A radicalização ocorre em duas frentes, contra dois dos nossos maiores bodes expiatórios: o Congresso e, claro, os inimigos de sempre — os ricos.


Do ponto de vista da adesão nas redes sociais, a estratégia foi, até aqui, bem-sucedida. Pela primeira vez em muito tempo, a esquerda conseguiu mobilizar-se mais do que a direita. Segundo pesquisa da Quaest divulgada nesta sexta-feira, 61% das menções nas redes sobre o debate do IOF foram negativas ao Congresso, contra apenas 10% negativas ao governo. Isso, claro, após um descarado esforço de mobilização de influenciadores governistas, que chegaram inclusive a recorrer a vídeos produzidos com inteligência artificial com o claro objetivo de combater os “inimigos do povo”.


Virada do governo? Longe disso. Nem mesmo a Globo engoliu o engodo. O tom crítico — até mesmo de alguns dos porta-vozes mais empolgados do governo — lembra um pouco o abandono de Dilma a partir de 2013. O rei está nu. Pode até ganhar um fôlego com a arbitragem do todo-poderoso Alexandre de Moraes na crise do IOF, mas está muito longe de alcançar um equilíbrio mínimo das contas até as eleições. Os debates sobre o lençol curto só tendem a se intensificar. E é aqui que surge uma luz no fim do túnel.


Desde a pandemia, espero por este momento. A reunião de “conciliação” entre os poderes, marcada por Moraes para o dia 15, certamente vai resultar em mais um arranjo criativo de acomodação — combinando nova rodada de aumento de impostos com alguma redução nas emendas parlamentares e, claro, mais flexibilização das metas fiscais, com a retirada de mais um pedaço do tal arcabouço.


O fato, amigos, é que a realidade começa a gritar. O governo pode até continuar jogando para a torcida, mas, na realpolitik, a pressão por redução de gastos vai aumentar — e cada vez mais.


Uma amostra disso tivemos nesta semana, no longo debate entre o líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias, e o deputado Kim Kataguiri. Lindbergh tentou de todas as formas reverberar o discurso governista de uma nota só contra a minoria privilegiada, mas foi sempre confrontado pela realidade. Como convencer a população de que se é contra os ricos, quando o PT — que governa o país na maior parte dos últimos 30 anos — foi quem mais ajudou a privilegiar nossos maiores bilionários?


Falar do ente abstrato do 1% mais rico é fácil. Difícil é justificar a ajuda bilionária a empresários amigos, para que estes comprassem concorrentes menores via empréstimos a juros subsidiados — ajuda recompensada por esquemas de corrupção que, quando descobertos (e confessados), resultaram em perdões de dívidas bilionárias pela nossa Justiça “garantista”.


Quem sabe agora nossos iluminados representantes dos três poderes sintam falta das dezenas de bilhões dos acordos de delação premiada — reconhecidos e confessados por alguns dos nossos mais ilustres bilionários — perdoados monocraticamente por Dias Toffoli?


Quem sabe agora o líder do governo, encurralado no debate, cumpra a promessa feita de completar as 15 assinaturas que faltam para pautar o projeto de Kim Kataguiri, que busca eliminar os penduricalhos que aumentam as remunerações de funcionários públicos (especialmente do Judiciário) muito além do teto constitucional?


É briga de cachorro grande, amigos. Lobby por todos os lados, cada um tentando manter seus privilégios. Mas é daí que podemos ter alguma melhora na eficiência dos nossos gastos. O fato é que grande parte do rombo atual resulta de uma armadilha que o próprio governo armou para si: ao retomar a política de valorização do salário mínimo e engessar ainda mais os gastos com saúde e educação, acabou ampliando nossa ineficiência — como demonstrado no debate.


Também como previsto, o governo vai bater na tecla das desonerações, porém, como demonstrado no debate, a maior parte foi concedida pelo próprio governo do PT. 


Por fim, a cereja do bolo: o aumento do IR já aprovado para os poucos milhares mais ricos, com o objetivo de isentar a maioria. Neste ponto, senti falta de uma argumentação mais forte por parte de Kim Kataguiri. O fato é que o movimento deveria ser justamente o contrário: aumentar o número de contribuintes (aumentar a arrecadação pela tributação da renda para poder reduzir no consumo, como nas melhores economias). A justiça tributária, portanto, deveria vir da progressão das alíquotas para os mais ricos — não da isenção da maioria, bancada por uma minoria de alguns milhares que, de um ano para outro, pode simplesmente desistir do Brasil e migrar para outros países. Sim, amigos, corremos o risco de matar nossas galinhas dos ovos de ouro.


Aliás, coincidentemente nesta semana surgiu um ranking mundial que coloca o Brasil na sexta posição entre os países que mais perdem milionários por ano. Ou seja, tal movimento pode se intensificar ainda mais se o governo resolver colocar em prática seu discurso populista.


Paralelamente começa a ficar mais grosso o coro dos descontentes com o aumento da nossa já escorchante carga tributária. Mais uma década de debates, talvez concluamos que quanto mais alta, menor competitividade no mercado internacional temos! 


Curiosamente, nesta semana, nossa Bolsa bateu recorde de valorização. Como explicar? Simples: uma combinação entre a diversificação dos investimentos estrangeiros — que saem dos EUA rumo a países emergentes, movimento intensificado desde as tarifas de Trump — e a perspectiva, cada vez mais real, da eleição de Tarcísio de Freitas em 2026. Ou seja, ironicamente, os efeitos maléficos do atual governo na reta final da campanha eleitoral tendem a ser compensados, de alguma forma, pelo otimismo em relação a uma mudança de rota, mesmo que tardia.


Até lá, apertem os cintos. O piloto ainda não sumiu, mas não tem a menor noção para onde está indo nem quanto combustível tem.

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Lula pode devolver tarifa se negociação fracassar*


À noite, o Canadá recebeu sua carta com 35% e Trump avisou que hoje será a vez da União Europeia


… A reação moderada do governo brasileiro à tarifa punitiva de Trump, que não deverá ter uma resposta concreta até 1º de agosto, gerou alívio aos mercados, que se acomodaram durante o pregão, após a abertura mais tensa. Por ora, o fato está sendo apenas explorado politicamente, de parte a parte, como era esperado. Mas não houve precipitação do Planalto para devolver uma tarifa recíproca, que seria o pior dos mundos, embora Lula tenha confirmado em entrevista ao Jornal Nacional que usará a Lei de Reciprocidade se as negociações fracassarem. Mas também cresce a percepção de que Trump poderá recuar, como já fez tantas outras vezes. Então, há um espaço de duas semanas para baixar a poeira. À noite, o Canadá recebeu sua carta com 35% e Trump avisou que hoje será a vez da União Europeia.


… Lula chegou a cogitar a convocação de rede nacional para um pronunciamento, mas escolheu falar à TV Globo. Na entrevista, gravada à tarde no Palácio do Planalto, confirmou que o Brasil quer negociar, “o que não aceitamos é intromissão”…. Disse que o governo brasileiro fará as coisas com “calma”, que não toma decisão “com 39 de febre”, que conversará com outros países atingidos por Trump para uma ação conjunta na OMC, e só agirá se a tarifa de for, de fato, implementada em 1º de agosto.


… Se as negociações se esgotarem, Lula então admitiu que aplicará a mesma alíquota de 50% para os produtos importados dos Estados Unidos. “E se ele [Trump] quiser ficar brincando de taxação [como fez com a China], nós vamos chegar a um milhão”.


… O presidente disse também que reunirá os exportadores atingidos para conversar, mas espera que eles “fiquem do lado do governo” e não pressionem para que o Brasil se submeta a Trump. “O País é soberano e a ingerência dele é inaceitável.”


… Lula achou um “desaforo”, e repetiu isso mais de uma vez, Trump ter colocado “no seu site” a decisão de taxar o Brasil em 50%. “Nem carta ele mandou. E a carta mente, porque o Estados Unidos são superavitários na balança comercial com o Brasil há 15 anos.”


… Destacou ainda a intenção de Trump de intervir na Justiça brasileira e a acusação de “caça às bruxas” contra Bolsonaro, “que tentou um golpe de Estado e tentou me matar, matar meu vice [Geraldo Alckmin] e o ministro do STF (Alexandre de Moraes]”.


… Sobre os Brics ter sido uma motivação de Trump para a tarifa, como dizem apoiados de Bolsonaro, Lula disse que “os Brics não são motivo para Trump ficar nervoso” e voltou a defender uma moeda alternativa ao dólar para as transações comerciais do grupo.


… Antes da entrevista, o JN abriu a edição com a repercussão negativa da mídia internacional sobre o tratamento que Trump deu ao Brasil, uma entrevista com Paul Krugman e o depoimento de representantes de vários setores prejudicados pela tarifa de 50%.


… Mais cedo, Lula tinha falado à TV Record, antecipando que o Itamaraty e o MDIC já estavam em conversações com os Estados Unidos, que buscaria entrar na OMC com outros países taxados por Trump e, se nada desse resultado, devolveria a tarifa de 50%.


… Essa guerra tarifária é tudo o que os empresários não querem.


… Bastidores apurados pelo Estadão revelam que o agronegócio, um dos setores mais afetados pela tarifa de Trump, está pedindo cautela ao governo brasileiro e recomendando atuação diplomática. Entre eles, estão exportadores de café, carnes e suco de laranja.


… A grande preocupação é porque não se está lidando “com alguém tradicional que respeita as instituições”.


… Já a nota da Fiesp divulgada ontem foi mais assertiva, afirmando que, apesar do impacto que a tarifa de 50% terá sobre as exportações brasileiras, a “soberania do Brasil é inegociável”. Defende, no entanto, negociações equilibradas e conduzidas pela diplomacia.


HADDAD – Pela manhã, em entrevista ao Canal do Barão/YouTube, disse não acreditar que a tarifa de 50% se mantenha, por ser decisão “eminentemente política, sem nenhuma racionalidade econômica”.


… Ao contrário do presidente Lula, o ministro defendeu outras medidas não tarifárias no caso de uma eventual retaliação.


… Durante o dia, especulava-se sobre a quebra de patentes para medicamentos e imposto maior para filmes e livros.


NO CONGRESSO – A contaminação político-partidária do tema atrasou uma reação dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, que só ontem à tarde divulgaram uma nota conjunta sugerindo o uso da Lei de Reciprocidade Econômica.


… “A lei aprovada pelo Parlamento dá condições ao nosso País, ao nosso povo, de proteger a nossa soberania. Estamos prontos para agir com equilíbrio e firmeza em defesa da nossa economia, do nosso setor produtivo e da proteção dos empregos dos brasileiros.”


… De seu lado, apoiadores de Bolsonaro, incluindo o governador Tarcísio de Freitas, fecharam o discurso apontando a culpa de Lula para a decisão de Trump contra o Brasil – com alguma dificuldade, porque não é fácil defender uma tarifa de 50%.


… Tanto é que aliados já apelam a Bolsonaro para acionar Trump e pedir a revogação do tarifaço, como informou Bela Megale/Globo.


… Não é o que se espera dele, que nem deve ter todo esse prestígio para fazer Trump mudar de ideia. Mas seria uma boa desculpa para o próprio Trump voltar atrás, atribuindo o milagre a Bolsonaro. Se acontecer, pode virar o jogo, até aqui favorável a Lula.


IOF – Ainda na entrevista à Record, Lula disse que vai manter o aumento do IOF. “O deputado sabe, se eu tiver que cortar R$ 10 bilhões, vou cortar das emendas deles também. Como eles sabem e eu sei, é importante a gente chegar num ponto de acordo.”


… Em tom conciliador, disse que é grato ao Congresso. “Meu partido só elegeu 70 deputados em 513. E só elegeu nove senadores em 81. Isso me indica que eu tenho um caminho a fazer: é negociar. Teve um problema no IOF, vai ser resolvido, você vai ver.”


… A menos de uma semana para a audiência de conciliação no STF, no 15, Haddad reuniu-se ontem com o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação da AGU na Corte para manter o aumento do IOF e anular o PDL que derrubou o decreto do governo.


… No Estadão, líderes partidários indicaram ao presidente da Câmara, Hugo Motta, que aceitam negociar com o governo Lula o aumento do IOF em patamar inferior ao pretendido pelo Ministério da Fazenda, dentro de uma lógica apenas regulatória.


… A saída desenhada é reduzir a arrecadação para menos de R$ 5 bilhões, compondo a necessidade de caixa com o corte dos benefícios tributários em 10%, como prevê projeto de Mauro Benevides, que teve a urgência aprovada na Câmara, nesta semana.


… Os líderes também sinalizaram a Motta que é possível discutir a MP com iniciativas adicionais de arrecadação, como a taxação de bets e de aplicações financeiras como as LCIs e LCAs, em troca da liberação de emendas de comissão, cuja execução não é obrigatória.


IMPOSTO DE RENDA – O relator do projeto de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, Arthur Lira, apresentou seu parecer, mantendo a alíquota de 10% de imposto mínimo para os mais ricos, com renda acima de R$ 600 mil ao ano.


… O texto também aumentou de R$ 7 mil para R$ 7.350 a faixa de isenção parcial.


… Lira incluiu no parecer um artigo prevendo o ressarcimento pela União a Estados e municípios em caso de perda de arrecadação com Imposto de Renda. A compensação será feita via repasses dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM).


… Segundo ele, há um superávit de R$ 12,27 bilhões com a reforma do IR, que poderá ser usado para compensar os entes subnacionais.


… A Fazenda era contra a obrigatoriedade de compensação, alegando que os Estados e municípios perderiam receita por um lado, com o aumento da isenção de IRPF, mas ganhariam na repartição do imposto mínimo efetivo sobre as altas rendas.


… Na apresentação do relatório, Lira sugeriu compensar o projeto do IR com a tributação de lucros e dividendos, dizendo que, “mais dia, menos dia, o País vai ter que discutir esse tema, que corrigiria em parte a desigualdade horizontal da tributação”.


… O deputado eliminou os mecanismos de redutor e do crédito do projeto, alegando que a Receita não informou o impacto financeiro do crédito para o residente no exterior e do redutor para o residente no Brasil.


… Como o projeto não tratou da CSLL, não é necessário seguir a regra da noventena, o que aumenta o tempo para a tramitação do texto, que pode ser apreciado até o final do ano. Na próxima terça-feira, deve ser votado na Comissão Especial.


MAIS AGENDA – A pesquisa mensal de Serviços do IBGE (9h) é o único destaque, com a mediana das estimativas do mercado indicando alta de 0,2% em maio (Broadcast), após igual variação em abril. As estimativas variam de recuo de 0,2% a expansão de 0,9%.


… Esta deve ser a quarta alta consecutiva, na margem, na esteira da dinâmica positiva do mercado de trabalho.


… No mesmo horário, serão divulgados os dados regionais da pesquisa industrial de maio.


… Veículos sustentáveis de entrada terão o IPI zerado a partir desta sexta-feira, após o presidente Lula assinar o decreto que estabelece o IPI Verde. Serão beneficiadas: Volks (Polo), GM (Onix), Renault (Kwid), Hyundai (HB20) e Stellantis (Mobi e Argo).


… Além de mais essa isenção, a Câmara aprovou MP que aumenta os salários dos militares em 9%. O texto seguiu para o Senado.


LÁ FORA – Agenda esvaziada prevê produção industrial no Reino Unido e o Relatório Mensal da AIE sobre o petróleo. Nos Estados Unidos, a Baker Hughes informará às 14h os poços e plataformas de petróleo em operação.


… No final da noite (meia-noite), a China divulga os dados de sua balança comercial de junho.


A OUTRA CARTA – Pela segunda vez este ano, Galípolo teve que escrever uma correspondência ao Ministério da Fazenda para explicar os motivos do estouro do teto da meta de inflação de 4,50% no intervalo de 12 meses.


… Essa regra foi definida na mudança para a meta contínua. O IPCA descumpriu em junho, pelo sexto mês seguido, o intervalo superior do target. Na base anual, totalizou 5,35% no mês passado, 0,85pp acima do limite da banda.  


… O indicador oficial de inflação desacelerou de 0,26% em maio para 0,24% em junho. Embora tenha superado o consenso de 0,20%, analistas ouvidos pelo Valor apontam que as aberturas qualitativas continuaram a melhorar.


… Houve redução do índice de difusão (de 60% para 54%) e também uma melhora nos núcleos da inflação.


… Segundo os analistas, junho pode ter marcado o pico da inflação no ano. Mas alertam que, se Trump se mantiver inflexível no tarifaço, pode reverter o impacto baixista que o câmbio vem causando na dinâmica de preços.


… Na carta, o BC espera que o IPCA em 12 meses volte aos limites de tolerância a partir do final do primeiro trimestre do ano que vem, mas não informou quando o indicador deve retornar ao alvo central da meta, de 3%.


… Segundo o BC, a atividade econômica aquecida, expectativas de inflação desancoradas, inércia inflacionária e depreciação cambial foram os principais drivers que levaram o IPCA a estourar o teto nos últimos seis meses.


… A carta reiterou ser preciso esperar pelos efeitos defasados do aperto monetário, a fim de conferir se o ciclo será suficiente para garantir a convergência da inflação no horizonte relevante, que é o quarto trimestre de 2026.


… No documento, o BC reforçou a postura da política monetária em patamar “significativamente contracionista por período bastante prolongado”, indicando Selic a 15% por muito tempo, ainda mais se Trump continuar engrossando.


… Em análise sobre o IPCA de junho, o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, disse que o resultado confirma o momento positivo da inflação no curto prazo, mas advertiu que os desafios de médio prazo persistem.


… “Temos expectativas desancoradas e mercado de trabalho forte, que tendem a manter a inflação de serviços pressionada. Adicionalmente, o cenário externo se mostra mais adverso, com a taxação de 50% sobre o Brasil.”


… Na sua avaliação, um câmbio mais depreciado poderia tornar a desinflação mais lenta que o previsto e impactar a dinâmica de bens comercializáveis, justamente aqueles que vêm apresentando comportamento benigno atualmente.


BAIXOU A FEBRE – Na mudança de patamar com Trump, o dólar, que vinha operando recentemente perto de R$ 5,45, registrou uma rápida disparada na abertura dos negócios para a máxima de R$ 5,6220. Mas depois esfriou.


… Dá tempo de os ativos domésticos esperarem para ver como a crise do tarifaço será conduzida até agosto.


… O alívio de que governo Lula não pretende retaliar imediatamente criou ontem o ambiente para o mercado devolver os excessos. O dólar à vista fechou bem longe do pico intraday, ainda que tenha subido 0,78%, a R$ 5,5452.


… No final da tarde, o contrato futuro da moeda norte-americana para agosto caiu 0,80%, a R$ 5,5665, confirmando a acomodação do nervosismo, ainda que as consequências das ofensivas de Trump sejam sempre imprevisíveis.


… O Bradesco e a XP estimam que a imposição da tarifa de 50% pelos EUA reduziria o PIB do Brasil do ano em 0,3pp.


… Único mercado doméstico que ainda estava aberto na 4ªF no momento em que Trump jogou a bomba tarifária sobre o Brasil, o DI já havia embutido parte da reação, mas estressou mais ontem, antes de baixar a poeira.


… No auge da tensão, a ponta longa, que serve de melhor termômetro sobre a percepção dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil, registrou alta superior a 0,4pp, para depois ir devolvendo parte da pressão.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,935% (de 14,918% no ajuste anterior); Jan/27, 14,305% (contra 14,159% na véspera); Jan/29, 13,450% (de 13,301%); Jan/31, 13,610% (de 13,446%); e Jan/33, 13,640% (13,519%).


… Foi por muito pouco que o Ibovespa não furou os 136 mil pontos na mínima, quando bateu 136.014 com o susto da cobrança de Trump. Mas, assim como os demais ativos, a bolsa terminou o dia muito melhor do que começou.


… Desacelerou a queda no fechamento para 0,54%, aos 136.743 pontos, com volume financeiro de R$ 26,2 bilhões.


… Aliada de peso, a força das ações da Vale (ON +2,29%), que operaram alinhadas ao rali de 3,67% do minério de ferro, ajudou a blindar o Ibovespa de um impacto pior da chantagem política de Trump contra o Brasil via tarifas.


… Petrobras ON (+0,17%, a R$ 35,33) e PN (-0,25%, a R$ 32,24) operaram sem fôlego, mas tiveram desempenho bem superior ao petróleo, que parou de subir depois de três altas seguidas e caiu forte (-2,21%), para US$ 68,64 o barril.


… A commodity, finalmente, repercute as preocupações com um novo aumento na produção pela Opep+ e também monitora o avanço da guerra comercial de Trump, que pode desaquecer o consumo global de petróleo.


… Entre os bancos, Itaú PN (-3,08%) liderou as perdas do setor. O papel foi rebaixado para neutro pelo UBS BB, que considera “limitado” o potencial de alta em relação ao preço-alvo de R$ 40. A ação fechou a R$ 35,25.


… Bradesco PN (-1,34%, a R$ 16,14), BB ON (-1,12%, a R$ 21,21) e Santander (-2,24%, a R$ 27,96) também fecharam no vermelho. Considerada uma das empresas mais prejudicadas pelo tarifaço, Embraer caiu 3,70%, a R$ 75,32.


… Na ponta positiva, CSN ON (+5,04%; R$ 8,33) e CSN Mineração ON (+2,99%; R$ 5,16) pegaram carona no minério, apesar de a Justiça ter imposto derrota à siderúrgica, que terá de se desfazer de sua fatia na Usiminas (PNA +1,89%).


A DUPLA DOVISH – No day after da ata do Fed, que revelou a simpatia de dois integrantes do comitê de Powell pelo início do ciclo de flexibilização já este mês, deu para identificar pelo menos um deles pelos comentários públicos.


… Christopher Waller disse que as tarifas devem elevar os preços só de forma pontual e reforçou que sua avaliação sobre um corte de juros em julho não tem viés político, mas reflete uma política monetária ainda bastante restritiva.


… Mary Daly, que também falou ontem, projetou até dois desapertos no ano, mas com o primeiro possivelmente só em setembro, se mantidos os fundamentos econômicos. Também ela não espera inflação persistente das tarifas.


… Já Alberto Musalem acha que é muito cedo para dizer se o impacto do protecionismo será marginal ou duradouro.


… As taxas dos Treasuries reduziram parte do impulso com a defesa de Waller por um corte do juro já, mas ainda fecharam em alta, de olho nos pedidos de auxílio-desemprego, que demonstraram força do mercado de trabalho.


… Menos gente (-5 mil) solicitou o benefício na semana passada e o número total caiu para 227 mil, informou o Departamento do Trabalho, resultado abaixo do previsto por analistas, de 238 mil pedidos de auxílio-desemprego.


… O juro da Note-2 anos subiu a 3,870%, contra 3,856%, e o rendimento de 10 anos avançou a 4,347%, de 4,338%.


… Também o dólar se ajustou em alta com o dado mais forte do mercado de trabalho: DXY (+0,10%), a 97,652 pontos. O euro caiu 0,21%, a US$ 1,1700, a libra ficou estável (-0,07%, a US$ 1,3585) e o iene subiu a 146,18/US$.


… Entre as bolsas em NY, o S&P 500 (+0,27%, aos 6.280,46 pontos) e o Nasdaq (+0,09%, aos 20.630,66 pontos) renovaram marcas inéditas de fechamento, enquanto o índice Dow Jones subiu 0,43%, aos 44.650,64 pontos.


… Um pregão depois de ter tocado nos US$ 4 trilhões em valor de mercado durante o intraday, a fabricante líder de chips de IA Nvidia (+0,75%) conseguiu encerrar o dia nesta marca, negociada na cotação recorde de US$ 164,10.


EM TEMPO… TELEFÔNICA celebrou acordo com o Grupo La Caisse, que regula os termos para a aquisição de participação de 50% do capital social da FiBrasil; transação está avaliada em R$ 850 milhões.


FRAS-LE levantou R$ 400 milhões em follow-on com lote extra e ação precificada a R$ 24. (fontes do Broadcast)


DIRECIONAL anunciou recorde histórico em lançamentos no segundo trimestre: R$ 1,9 bilhão em valor geral de vendas (VGV) entre abril e junho, crescimento de 111,3% contra o primeiro trimestre e de 40% na comparação anual.


ECORODOVIAS. Citi elevou preço-alvo para a ação de R$ 8,60 para R$ 8,80, reiterando recomendação de compra.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Embraer como a mais impactada

 *CENÁRIO/EMPRESAS 1: EMBRAER É TIDA COMO A MAIS REJUDICADA POR TARIFA DE TRUMP E AÇÃO CAI 7%*


Por Vinícius Novais


São Paulo - 10/07/2025 - A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que passará a valer em 1º de agosto, pesou no Ibovespa ao longo de toda a manhã. A Embraer foi a principal afetada, liderando a ponta negativa do índice, assim como os frigoríficos, que também serão prejudicados pela medida. Por outro lado, a forte alta do minério sustentou as empresas metálicas no campo positivo.


As ações da Embraer recuam 7,15%, a maior baixa da carteira teórica. Para a XP, a companhia deve registrar retração entre 14% e 15% no Ebit sobre o lucro consolidado a cada 10 pontos porcentuais (p.p.) de aumento das taxas. Na mesma linha, o UBS calcula que o impacto nos custos da fabricante seja de aproximadamente US$ 70 milhões e de 13% no lucro líquido projetado para 2026 a cada alta de 10% nas tarifas. O BTG Pactual pondera que, a depender da interpretação do governo de Donald Trump, a fabricante de aviões pode não ser afetada pela tarifa de 50% por estar enquadrada em uma investigação da Seção 232.


Nos frigoríficos, as ações da Minerva caem 4,20%. A empresa, forte em exportação, informou que o impacto potencial das tarifas representa 5% da receita líquida. O restante do setor também recua, com Marfrig perdendo 2,13% e BRF caindo 0,62%.


Já os papéis da WEG recuam 0,92% diante da tarifa. O UBS destaca que a companhia obtém cerca de 25% de suas vendas no mercado americano. O banco ressalta que uma eventual retaliação do Brasil pode reduzir em 3% o lucro líquido da empresa.


*Metálicas*


Por outro lado, as ações de mineradoras e siderúrgicas operam no positivo, com todas figurando entre as altas do Ibovespa. Vale sobe 5,09%, levando junto a Bradespar, que avança 4,52%. CSN Mineração ganha 3,59%.


Gerdau PN avança 3,69%, assim como Gerdau Metalúrgica PN (+2,44%), CSN (+5,55%) e Usiminas PNA (+3,30%). Há o entendimento de que o setor pode não ser afetado pela taxa de 50% para produtos brasileiros vendidos aos EUA, uma vez que já pagam uma alíquota de 50% enquadrada na tarifa do aço.


O segmento acompanha o movimento do minério de ferro, que subiu 3,67% no mercado futuro de Dalian e 2,84% em Cingapura. A commodity avança na esteira do cobre, que segue em alta, além da sazonalidade positiva na China.


*Suzano e Klabin*


As ações da Suzano sobem 0,28% e as units da Klabin ganham 1,24%, mesmo diante da tarifa de 50% imposta pelos EUA. Para o analista da Levante Corp, João Abdouni, a alta é sustentada pela percepção de que Donald Trump usará a medida para barganhar e, depois, voltará atrás. Além disso, há expectativa de uma parcela dos investidores de que as empresas conseguirão redirecionar a produção a outros mercados.


*Tupy*


As ações da Tupy avançam 3,02%, figurando entre as maiores altas do pregão. O sócio da Fatorial Investimentos, Fábio Lemos, explica que, embora 23% da receita venha dos EUA, apenas 60% desse montante é exportado a partir do Brasil; os demais 40% têm origem em outras unidades.


*SLC Agrícola*


Os papéis da SLC Agrícola sobem 1%. A XP classifica a ação como defensiva frente à tarifa de 50% imposta pelos EUA.


*Azul*


As ações da Azul ganham 1,16% após a Justiça americana aprovar todas as 20 petições apresentadas pela companhia na "Audiência de Segundo Dia", realizada ontem em Nova York, sem objeções.


*Petroleiras*


As ações da Petrobras testam o terreno positivo, com o papel ON subindo 0,77% e o PN reduzindo a queda para 0,09%, após chegar a avançar. Segundo o BTG Pactual, as operações da petroleira devem sofrer impacto mínimo com o tarifaço, já que a empresa pode desviar a produção para outros mercados.


As demais petroleiras recuam, contaminadas pelo mau humor com ativos domésticos decorrente da tarifa e pela baixa do petróleo, com baixa de 1,67% no Brent e de 1,99% no WTI. PetroReconcavo cede 0,43%, Prio perde 0,75% e Brava recua 2,27%.


*Varejo*


O setor varejista recua em bloco nesta quinta-feira na B3. Magazine Luiza lidera, caindo 3,51%, seguida por Vivara (-3,20%), Natura (-2,85%), Azzas (-2,81%), Assaí (-2,80%), Lojas Renner (-2,78%), Smart Fit (-1,09%), GPA (-1,90%), Petz (-1,62%) e Ambev (-0,83%).


O segmento é pressionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou junho em 0,24%, acima da falcao noticias mediana de 0,20% apurada pelo Projeções Broadcast. Com isso, os juros futuros de prazo mais curto sobem, o que prejudica o setor. Também pesa a valorização dos DIs diante da tarifa dos EUA, que traz mau humor ao mercado. Neste contexto, destaque para Arezzo e Alpargatas (-0,46%), que, segundo o Citi, são as marcas de vestuário que mais exportam para os EUA.


Há pouco, o Ibovespa exibia baixa de 0,78%, aos 136.405 pontos, com giro financeiro de R$ 11,2 bilhões e previsão de chegar a R$ 34,4 bilhões até o fim do pregão.

Fabio Alves