sábado, 31 de maio de 2025

Tiro no pé

 Alguém pode achar normal termos um Congresso com isso que aparece na matéria do José Casado?


“TIRO NO PÉ

Motta e Alcolumbre são lenientes com a delinquência parlamentar

José Casado – Veja, 31/05/25


— Pois não, babaca. Quem falou aí? Paulo Fernando dos Santos, 65 anos, advogado de formação, mais conhecido como Paulão do PT, de Alagoas, não gostou da interrupção do discurso na tribuna da Câmara. 


— Fui eu — respondeu Gilvan Aguiar Costa, 46 anos, policial federal eleito como Gilvan da Federal pelo Partido Liberal do Espírito Santo. 


— Obrigado, babaca. Você tem de aprender o que é democracia… — devolveu o petista. 


— Babaca é você — cortou Gilvan. — Eu tenho nojo, eu tenho asco de vocês da esquerda, do PT e do PSOL. 


Um deputado desfilava no salão equilibrando na cabeça um velho exemplar encadernado da Bíblia. Manoel Isidorio de Santana Junior, 60 anos, eleito pelo Avante da Bahia, é um policial militar que se diz um “ex-gay” convertido em pastor evangélico. 


No corredor central, João Chrisóstomo de Moura, 63 anos, coronel do Exército na reserva eleito pelo PL de Rondônia, usava o microfone para reafirmar a própria virilidade, acompanhado pela câmera do telefone de um assessor: 


— Eu sou machão, eu sou machão… Olhem bem, vocês da esquerda, cuidado quando falarem contra mim, eu sou machão, sou indígena, sou filho de tukano, com “k”, e sou brabo mesmo. 


Cenas assim agora são rotineiras nos plenários da Câmara e do Senado, transformados em estúdios de produção do marketing parlamentar voltado às redes sociais. Dissipa-se a essência do debate legislativo numa atmosfera desatinada, onde o novo normal é abjurar a civilidade e a regra básica é o desrespeito irrestrito aos adversários. 


A culpa, em parte, é dos chefes do Legislativo, que relutam na aplicação das regras de ordem e decoro parlamentar. Caso exemplar foi a emboscada no Senado contra Marina Silva, ministra do Meio Ambiente. 


Ela já havia sido atacada pelo senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, que não gostou de suas propostas sobre a política ambiental, apresentadas numa reunião do Senado: 


— Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la. 


A truculência motivou queixas no plenário, nove semanas atrás. Davi Alcolumbre, presidente do Senado, contemporizou. Discursou sobre as próprias divergências com a ministra sobre exigências ambientais para prospecções da Petrobras no litoral do seu estado, o Amapá. E relativizou a “brincadeira” sobre enforcamento do “meu irmão” e “meu amigo”, que é líder do PSDB no Senado: — Tenho certeza absoluta de que o nosso querido senador Plínio Valério vai rapidamente pedir desculpas e recompor essa fala infeliz em relação à ministra. 


Valério foi ao microfone, desafiador: — Se você perguntar: “Faria de novo?”. Não. “Mas se arrepende?” Não, foi uma brincadeira (…). Eu passei seis horas e dez minutos tratando-a com decência. Por ser mulher, por ser ministra, por ser negra, por ser frágil, foi tratada com toda a delicadeza, ela sabe disso. Acusar-me de machismo é até engraçado. 


A senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, interveio: — Eu peço a você que peça desculpas à Marina. 


Valério insistiu: 


— Mas de quê? De quê? 


Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, se exasperou: — O que nós vivemos hoje é a banalização da forma de tratamento com relação à mulher. E esta Casa tem que dar o exemplo, a gente tem que dar o exemplo. 


Do fundo do plenário veio um grito de Marcio Bittar, do União Brasil do Acre, que defendia Valério: 


— A gente, não! 


Leila Barros devolveu em voz alta: 


— A gente, sim! Você está defendendo, passando a mão na cabeça dele e achando normal, está defendendo. Vamos parar de justificar um comportamento inaceitável — inaceitável! Não dá mais para aceitar isso. 


A aversão às mulheres na política tem sido constante na retórica legislativa. A leniência com agressores também. Em março, ao criticar comentários machistas de Lula numa reunião com os presidentes do Senado e da Câmara, o deputado Gustavo Gayer, do Partido Liberal de Goiás, chafurdou no grotesco ao falar sobre a ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais. 


O presidente do Senado protestou em público e anunciou processo por falta de decoro. Talvez tenha esquecido, porque quase três meses depois o Conselho de Ética ainda não recebeu nenhuma queixa sua contra o deputado Gayer. Também não há registro de pedido de sanção feito pelo presidente da Câmara, Hugo Motta. 


A leniência de Motta e Alcolumbre com a delinquência parlamentar é tiro no pé porque a anarquia corrói a credibilidade institucional. E uma das consequências inevitáveis da degradação é a liquefação do poder dos chefes do Legislativo.”

XP Bom dia 3105

 News XPress


Brasil

Mesmo diante da pressão no Congresso para que o governo apresente uma alternativa para o aumento do IOF, os jornais reportam que a equipe econômica acredita que o decreto não será derrubado (https://tinyurl.com/4kkf7mbp) e avalia a viabilidade de manter a medida em 2025 e negociar uma proposta com novos mecanismos apenas para 2026 (https://tinyurl.com/28ytmmuu e https://tinyurl.com/255pxpey) – Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, confirmou que essa é uma possibilidade que “está à mesa” (https://tinyurl.com/2vku6hck). O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que a receita gerada com a majoração do tributo é “imprescindível” para a execução orçamentária deste ano e que, até o momento, não há alternativa para a medida (https://tinyurl.com/3ywtdafn). Já o secretário-executivo do Planejamento, Gustavo Guimarães, disse que agora não é o momento de “fechar nenhuma porta”, inclusive em termos de diminuição de despesas, para possíveis alternativas ao IOF (https://tinyurl.com/ycxwz9hp).

As declarações foram dadas após o presidente da Câmara, Hugo Motta, reforçar que o governo terá um prazo de dez dias para apresentar uma proposta e que, caso a Fazenda decida seguir com o aumento do IOF, o Congresso poderá pautar o PDL para sustar a medida. Motta destacou que há “um esgotamento” na Casa com a majoração de impostos e que o ideal seria avançar em frentes "mais estruturantes”. Neste sentido, defendeu discutir pautas como a revisão de isenções fiscais, a desvinculação das receitas e uma reforma administrativa “que traga mais eficiência da máquina pública” (app: https://bit.ly/4mynPxz e desktop: https://tinyurl.com/3kufccfh). Também cobrou que o presidente Lula entre no debate (https://tinyurl.com/bdu8vutw) e disse ter deixado claro para o ministro Fernando Haddad que o ambiente no Congresso é pela derrubada do decreto (https://tinyurl.com/3r552jwp). Segundo a Folha, líderes da Câmara querem que Haddad participe do próximo encontro do colegiado, marcado para 10 de junho, para um novo debate sobre o tema (https://tinyurl.com/bden4ert). A Bloomberg também afirma que, na visão da equipe econômica, a revogação da medida, sem novas alternativas de receita, levaria o congelamento de despesas deste ano a um patamar considerado como insustentável -- ainda assim, de acordo com a nota, uma mudança na meta de 2025 não é colocada como alternativa (https://tinyurl.com/9w56jtpy).

E, seguindo no Congresso, ontem Motta anunciou a criação do grupo de trabalho para debater a reforma administrativa na Casa. De acordo com ele, o objetivo é ter a proposta apresentada em até 45 dias e levar o texto a plenário ainda no primeiro semestre, antes do recesso de julho (https://tinyurl.com/4ydnk89u). Já a Folha reporta que a cúpula do Congresso tem manifestado críticas à maneira como foi apresentada a parlamentares a MP da reforma do setor elétrico e que a expectativa é que o texto sofra alterações ao longo de sua tramitação – até agora mais de 600 emendas já foram apresentadas (https://tinyurl.com/bdeha989).

Agenda BCB: Diogo Guillen se reúne individualmente com o mercado às 9h e às 10h para tratar de conjuntura. Nilton David faz o mesmo às 9h, às 10h e às 14h30.

Agendas de Lula e Haddad: Lula participa de cerimônia para lançamento do programa Mais Especialistas, às 11h (https://tinyurl.com/4z92jw64), e se reúne com o ministro Rui Costa, às 15h. A agenda de Haddad não havia sido atualizada até a publicação deste material.

Agenda local de dados: Às 8h30 o BCB divulga o resultado do setor público de abril, com o mercado projetando superávit primário de BRL 18,8 bi e a XP, de BRL 18,6 bi. O consenso é de avanço da dívida líquida de 61,6% para 61,7% do PIB. Às 9h o IBGE divulga o PIB do primeiro trimestre, com o mercado projetando 1,5% t/t e 3,1% a/a e a XP, 1,6% t/t e 3,1% a/a – publicamos na semana passado uma nota detalhando nossas projeções (https://tinyurl.com/3trkstkw). Hoje a Aneel divulga a bandeira tarifária a ser adotada em junho, mas não há horário definido para o anúncio.

Tarcisio e Bolsonaro

 *Tarcísio exalta Bolsonaro no STF, nega trama golpista e é poupado por Moraes e Gonet*


Governador depõe nesta sexta-feira como testemunha chamada pela defesa do ex-presidente da República


30.mai.2025 às 8h42


O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou nesta sexta-feira (30) ao STF (Supremo Tribunal Federal) ter conhecimento de qualquer articulação golpista durante o fim do governo Jair Bolsonaro (PL).


Durante o depoimento como testemunha no caso da trama golpista de 2022, o ex-ministro de Infraestrutura cotado para disputar a eleição presidencial no ano que vem exaltou o ex-presidente e disse que a preocupação dele no período era "que a coisa desandasse".


"O único comentário [de Bolsonaro] era que lamentava. Foi um período de situações difíceis, crises graves, Brumadinho, Covid, crise hídrica, guerra da Ucrânia e todas elas da melhor forma possível, terminamos com superávit. A preocupação era que a coisa desandasse, uma preocupação com o futuro do país", disse o governador paulista.


Em uma participação curta na sessão do Supremo, de menos de 10 minutos, Tarcísio disse ter se encontrado com Bolsonaro nos dias 15 e 19 de novembro e 10, 14 e 15 de dezembro de 2022.


"Falamos também da montagem do secretariado aqui em São Paulo. E a gente sempre conversava sobre isso basicamente. O presidente sempre esteve comigo no sentido de orientar, preocupado que eu acertasse também, preocupado também em transmitir a experiência dele", afirmou.


Apenas o advogado Celso Vilardi, da defesa de Bolsonaro, fez perguntas ao governador. As defesas dos outros réus, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ministro Alexandre de Moraes optaram por não fazer questões.


FolhaJus


A estratégia de exaltar o governo Bolsonaro durante audiência no Supremo foi usada também pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil. Indicado como testemunha de Anderson Torres, o político disse que foi orientado pelo ex-presidente para fazer a transição de governo.


"A transição nos decepcionou pela falta de interesse em informações sobre o país. Mas foi tudo dentro da normalidade, o presidente [Bolsonaro] em momento nenhum quis obstaculizar a transição", disse Ciro.


Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de janeiro de 2019 a março de 2022. Ele deixou o cargo para concorrer ao governo de São Paulo, sob a benção de Bolsonaro. Foi um dos integrantes do primeiro escalão mais aclamados pelo ex-presidente, com quem mantinha relação próxima.


O governador bolsonarista tem repetido a aliados que nunca ouviu o ex-presidente falar em golpe, enquanto distorce e omite fatos ocorridos no período e estava ao lado de Bolsonaro em alguns dos momentos mais agudos de ataques antidemocráticos às instituições.


Ao defender Bolsonaro diante das investigações da Polícia Federal, Tarcísio já disse que "o presidente respeitou o resultado da eleição", o que nunca ocorreu, e que a posse de Lula "aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia", o que também é outra distorção diante dos fatos.


O ex-ministro foi ao menos cinco vezes ao Palácio do Alvorada no fim de 2022, após Bolsonaro perder a eleição para Lula (PT), segundo os registros da portaria da residência oficial da Presidência da República.


O depoimento do governador era um dos mais esperados. Mesmo fora do governo nos últimos meses de 2022, Tarcísio esteve ao lado de Bolsonaro em alguns dos momentos mais agudos de ataques antidemocráticos às instituições.


Tarcísio já afirmou não ter identificado intenção golpista nos ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas, manteve-se em silêncio ao lado do aliado durante parte dessas manifestações e minimizou agressões verbais do ex-presidente ao STF. Por outro lado, o governador tenta se equilibrar entre uma relação cordial com ministros do tribunal e a base bolsonarista.


Uma das expectativas geradas antes do depoimento era sobre como seria a interação de Moraes com Tarcísio. Os dois têm boa relação. O ministro do Supremo, porém, tem sido duro nos depoimentos com testemunhas que distorcem fatos narrados na denúncia ou que emitem opiniões para defender aliados.


O perfil de Moraes ficou evidente com a insinuação de que o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, mentia em juízo e chegou ao ápice quando Moraes ameaçou prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo por desacato.


Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.


Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro.


Nesse mesmo período, adotou conduta que contribuiu para manter seus apoiadores esperançosos de que permaneceria no poder e, como ele mesmo admitiu publicamente, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e anular as eleições.


A defesa de Bolsonaro nega a participação do ex-presidente em crimes e argumenta, entre críticas à denúncia da PGR, que não há provas de ligação entre a suposta conspiração iniciada no Palácio do Planalto, em junho de 2021, e os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023.

Moody rebaixa Brasil

 *Moody's rebaixa perspectiva de nota do Brasil por causa de "vulnerabilidades fiscais"*


A agência de classificação de risco Moody's rebaixou sua perspectiva para o Brasil de positiva para estável.

O rating para o país foi mantido em BA1, mas a capacidade do país de reduzir "vulnerabilidades riscais e estabilizar a dívida no curto prazo" parece limitada para a agência. A Moody's afirmou, ainda, que a rigidez dos gastos seria o limitador principal.

O relatório da agência menciona uma "deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida" e um "progresso mais lento do que o esperado na resolução da rigidez dos gastos e na construção de credibilidade em torno da política fiscal, apesar do cumprimento das metas de resultado primário".

Após a divulgação da mudança na perspectiva de nota, o Ministério da Fazenda afirmou que o governo reafirma seu compromisso com uma melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: PIB no Brasil e PCE nos EUA encerram a semana*


… O resultado do PCE nos EUA (9h30), a medida favorita do Fed para a inflação, não deve mudar o consenso do mercado de que a política monetária continuará sendo conduzida sem pressa e com cautela, diante das incertezas tarifárias, que permanecem, agora, em meio à judicialização. Nem mesmo a retração da economia confirmada no 1Tri e a pressão de Trump sobre Powell, convidado à Casa Branca para ouvir que os juros precisam cair, estão fazendo diferença. Já aqui, antes dos dados americanos, o PIB/1Tri (9h00) deve vir forte ou “exuberante”, na expectativa do Itaú, somando-se aos outros indicadores de força da atividade, como o emprego robusto, que reduziu as chances de um corte da Selic ainda neste ano, embora não tenha abalado as apostas de que o Copom já parou o ciclo de altas.


… A projeção do economista-chefe do banco do Itaú, Mario Mesquita, é de uma alta de 1,7% sobre o 4Tri/2024, acima da mediana colhida pelo Valor Data com instituições financeiras e consultorias, que aponta para expansão de 1,5%.


… “Deve ser um crescimento fortíssimo, muito ajudado pelo agro, mas não é só agro”, disse Mesquita, fazendo coro à economista de sua equipe Julia Gottlieb, que alertou para o consumo de bens e serviços, ainda sustentados pela renda.


… “Teve reajuste real do mínimo, liberação do FGTS, o mercado de trabalho ainda está bastante resiliente. Isso ajuda a explicar os motivos de estarmos vendo um 1Tri forte.” Já o 2Tri indica um início mais fraco, em linha com a desaceleração esperada para o ano.


… Mesquita citou como fatores que vão pesar para essa desaceleração econômica em 2025 a política monetária brasileira contracionista, o impulso fiscal menor em relação ao ano passado e também a desaceleração da economia mundial.


… Embora os economistas do Itaú reforcem que o Brasil é uma economia relativamente fechada e menos exposta aos conflitos tarifários dos EUA, o impacto do PIB global sobre o País tende a ser relevante, sobretudo pelos preços das commodities.


… Antes do PIB, o Banco Central divulgará o resultado do setor público consolidado de abril (8h30), cuja mediana apurada pelo Broadcast aponta para um superávit primário de R$ 18,750 bilhões, após saldo positivo de R$ 3,588 bilhões em março.


… O bom desempenho da arrecadação de impostos ligados ao ritmo da atividade deve contribuir para o resultado positivo no mês.


… Nesta 5ªF, o superávit primário de R$ 17,8 bilhões do Governo Central em abril foi o maior para o mês em termos reais desde abril de 2022 (R$ 33 bilhões). No acumulado do ano, o superávit de R$ 74 bilhões também é o maior desde 2022 (R$ 92,6 bilhões).


… Com esses números, o acumulado de 12 meses reduziu o déficit primário do Governo Central a R$ 5,3 bilhões, 0,02% do PIB, em linha com a meta de déficit zero deste ano, com intervalo de tolerância de 0,25pp do PIB, para cima ou para baixo.


… Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, já no próximo mês o resultado acumulado em 12 meses do Governo Central deverá ser superavitário, o que, na sua visão, demonstra o “processo de recuperação fiscal” em curso.


SEM ALTERNATIVA – Em defesa da meta, no entanto, a equipe econômica envolveu-se numa crise que parece estar longe de solução.


… O aumento do IOF virou uma guerra aberta, com críticas de lado a lado, posições inflexíveis e pouca disposição para o entendimento.


… O Congresso uniu-se contra o decreto de Lula e, em tom de ultimato à equipe econômica, deu dez dias de prazo antes de pautar um dos 20 projetos de decreto legislativo. Haddad conversa, mas diz que não tem alternativa, que é o IOF ou o colapso da máquina pública.


… Alcolumbre, que começou pegando leve, já diz que não permitirá que o Executivo “usurpe” os poderes do Legislativo, enquanto Motta foi às redes sociais e subiu o tom no recado ao ministro, horas depois de acabar sem acordo o encontro na noite de 4ªF.


… “Combinamos que a equipe econômica tem 10 dias para apresentar um plano alternativo ao aumento do IOF. Algo que seja duradouro, consistente e que evite as gambiarras tributárias só para aumentar a arrecadação, prejudicando o País.”


… O presidente da Câmara alertou, ainda, em sua postagem que reforçou ao governo a “insatisfação geral” dos deputados com a proposta de aumento do IOF e disse ter relatado que “o clima é para a derrubada do decreto do IOF na Casa”.


… Questionado por jornalistas sobre o possível bloqueio de emendas parlamentares se o decreto do IOF for derrubado, Motta criticou a suposta tentativa do governo de “demonizar” as emendas, afirmando que o Congresso está “ciente” dessa possibilidade.


SOFRENDO – De seu lado, Haddad aproveitou o apoio de Lula, que o carregou nas viagens desta 5ªF, para desabafar com trabalhadores rurais, numa cerimônia de entrega de terras no assentamento Maila Sabrina, nos municípios de Ortigueira e Faxinal (PR).


… “Servir ao governo do presidente Lula é sempre uma coisa interessante. Por mais que você sofra com o tanto que você é criticado, que você é isso, que você é aquilo, tem o dia de hoje para apagar todo o sofrimento e a gente celebrar a vida de vocês.”


… Mais tarde, na solenidade de retomada das operações do Porto de Itajaí (SC), o ministro acusou a vulnerabilidade de seu pior momento na Fazenda falando o que não devia, que, “quando os Poderes da República não estão conversando entre si, as coisas vão mal”.


… Haddad ganhou a solidariedade do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), que culpou o Congresso pela falta de recursos para fazer políticas públicas e defendeu que é preciso “libertar” o Orçamento das emendas parlamentares.


… Também o AGU, Jorge Messias, se manifestou: “Quero dizer a Haddad que sei o que você passa, sei sua luta e estamos juntos”.


… A ministra Gleisi Hoffmann também participava da comitiva, mas preferiu não entrar nessa onda. Na véspera, em entrevista ao Bial, ela disse que Haddad “não abriu os detalhes do decreto do IOF”, em reunião com Lula e os ministros do Planalto.


… Em suma, a crise do IOF virou um problema e tanto, um enfrentamento contra o Congresso, os setores produtivos, o mercado e até no próprio governo. Justo Haddad, tido e havido como um grande articulador político, acabou pisando feio na bola.


STUHLBERGER –“Eu bem que gostaria que os parlamentares derrubassem o IOF, mas daí o Brasil enfrentaria outro problema do lado das contas públicas. Sem um adicional de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões de receitas, voltamos a ter um problema fiscal.”


… Apesar das críticas às iniciativas, a conclusão do CEO da Verde Asset é chocante: “Então, é ruim com ele [IOF] e pior sem ele.”


JUDICIALIZOU – Poucas horas após a Corte de Apelações dos EUA ter suspendido temporariamente a decisão do Tribunal de Comércio Internacional de bloquear as tarifas de Trump, duas fabricantes de brinquedos de Illinois conseguiram liminar do mesmo efeito.


… O argumento judicial coincidiu: uso inadequado do presidente dos EUA de uma lei de poderes emergenciais.


… As empresas afirmam que as tarifas podem forçá-las a aumentar seus preços em 70%, “por uma questão de pura sobrevivência”. Mas a liminar tem aplicação restrita a essas duas fábricas, que entraram com processos judiciais, assim como inúmeras outras.


… O que está valendo é a liminar “até nova ordem” da Corte de Apelações, que avalia o pedido do governo para suspender os efeitos da decisão da Corte de Comércio Internacional de proibir de forma permanente as tarifas ilegais aplicadas por Trump no Liberation Day.


… Ontem à noite, Trump falou pela primeira vez sobre a decisão do Tribunal de Comércio Internacional. “Incrivelmente, ele decidiu contra o país em relação às tarifas desesperadamente necessárias, mas felizmente a corte de Apelações suspendeu a ordem.”


… Em sua rede Truth Social, ele disse que a decisão da Corte de Comércio Internacional é “muito errada e muito política! Esperamos que a Suprema Corte reverta essa decisão horrível e ameaçadora para o país, de forma rápida e decisiva”.


… Segundo o presidente, se as decisões de tarifas tiverem que passar pela aprovação do Congresso, haverá um “desgaste desnecessário com burocracia e isso destruirá completamente o poder presidencial”.


… Também à noite, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que as negociações comerciais entre os EUA e a China estão “um pouco estagnadas” e podem exigir negociações diretas entre Trump e Xi Jinping.


MAIS AGENDA – Depois do PCE, o mercado também poderá conferir nos EUA as expectativas de inflação embutidas na leitura final de maio do sentimento do consumidor (11h), medido pela Universidade de Michigan.  


… Saem ainda o PMI medido pelo ISM de Chicago em maio (10h45) e os dados de petróleo da Baker Hughes (14h). Raphael Bostic (Fed) faz discurso em evento às 13h20 e Austan Goolsbee modera debate à noite (20h30).


… Hoje, também é dia de PIB na Itália (5h) e Canadá (9h30), CPI na Alemanha (9h) e PMI na China (22h30).


AFTER HOURS – Dell subiu 1,82%. Apesar de o lucro ajustado por ação (US$ 1,55) ter frustrado o esperado (US$ 1,70), a receita cresceu 5%, para US$ 23,37 bilhões, e superou a estimativa do mercado, de US$ 23,20 bilhões.


… A projeção de receita para o 3Tri fiscal, entre US$ 28,5 bi e US$ 29,5 bi, veio acima do consenso (US$ 25,3 bi).


NÃO SOBE, MAS NÃO CAI – No contexto da atividade econômica doméstica, que continua bombando, a perspectiva de Selic elevada (ainda que estável) durante um período prolongado, continua como atrativo.


… A tendência de que o fluxo de recursos dos investidores estrangeiros não pare de entrar tão cedo no Brasil pode colocar um teto para o dólar, apesar dos focos de riscos do tarifaço de Trump e da crise interna do IOF.


… Ontem, o dólar abandonou as mínimas na faixa de R$ 5,64 na reta final do pregão, quando o protecionismo dos EUA foi restabelecido temporariamente, enquanto a Justiça julga se Trump está abusando da autoridade.


… O investidor terá de conviver com a insegurança da guerra judicial de Trump, que ainda deve contratar muitas idas e vindas. Apesar da instabilidade, a moeda americana conseguiu fechar em baixa de 0,50%, a R$ 5,6670.


… É alta a chance de que a Selic não suba mais neste ciclo, mas o k externo tem tudo para continuar entrando na renda fixa, à medida que vão sendo esvaziadas as apostas de que o Copom possa cortar o juro no final do ano.


… A taxa pode parar onde está, o que não quer dizer que vá cair logo, com a economia ainda rodando forte.


… Um dia depois de o Caged ter pregado uma surpresa nas expectativas do mercado, a taxa de desemprego na Pnad contínua do trimestre até abril recuou de 7,0% até março para 6,6%, piso histórico para o período.


… O resultado veio abaixo das previsões dos economistas (+6,9%), reforçando as evidências de que o ritmo do mercado de trabalho continua a todo o vapor, mesmo depois de o Copom ter levado a Selic a quase 15%.


… Na véspera do PIB, a curva do DI avançou com os novos sinais de que a economia segue firme e forte.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,755% (de 14,735% no pregão anterior); Jan/27 superava 14%, a 14,040% (de 13,940%); Jan/29, 13,520% (13,490%); Jan/31, 13,700% (13,680%); e Jan/33 estável (13,750%).


… A pressão na ponta longa foi menor, porque este trecho opera em maior sincronia com os juros dos Treasuries, que caíram, diante do sinal de esfriamento da economia americana reforçado pelo PIB do 1Tri.


… O indicador foi revisado em alta, de uma retração de 0,3% para queda de 0,2%, mas continua bem fraco. A taxa da Note-2 anos caiu a 3,942%, de 3,989% na véspera; e a de 10 anos recuou para 4,427%, de 4,478%.


… A falta de fôlego do PIB dos EUA também custou o dia para o dólar, que ainda se viu perdido nas incertezas sobre as chances de as investidas protecionistas de Trump serem definitivamente derrotadas judicialmente.


… Sem segurança de nada, o índice DXY caiu 0,60%, para 99,272 pontos; o euro subiu 0,61%, cotado a US$ 1,1371; a libra esterlina foi negociada em alta de 0,17%, a US$ 1,3498, e o iene avançou para 144,12/US$.


DE ESCANTEIO – A falta de espaço para cortes antecipados da Selic, diante do emprego superaquecido no Brasil, bateu ontem em ações mais diretamente relacionadas ao consumo e levou o Ibovespa a operar na retranca.


… Magazine Luiza afundou 4,92% e Cyrela perdeu 2,31%. Além da percepção de que não vai dar para o Copom queimar etapas e relaxar logo a política monetária, as incertezas do IOF e de Trump também continuaram no ar.


… Apesar do modo cautela, o Ibov caiu pouco (-0,25%), a 138.533,70 pontos, com giro abaixo de R$ 18 bi. O índice à vista chega ao último pregão do mês com alta acumulada de 2,5%, faturando a rotação de portfólios.


… No setor bancário, o dia foi de baixas: Itaú PN (-0,79%, a R$ 37,49); Bradesco PN (-0,43%, a R$ 16,08); BB ON (-1,58%, a R$ 23,70); e Santander Unit (-0,30%, a R$ 29,81). Vale ON (+0,07%, a R$ 53,45) terminou de lado.


… Na sessão morna, Petrobras ON (-0,12%, a R$ 33,35) e Petrobras PN (-0,60%, a R$ 31,24) caíram bem menos do que o petróleo Brent (-1,51%, a US$ 63,35), que opera de olho na demanda menor e na oferta saturada.


… A economia americana está andando devagar, como se nota pelo PIB, impondo desafios ao consumo da commodity. Em paralelo, fontes da Opep+ confirmam que parte do cartel deve decidir elevar a produção.


… Oito países devem se reunir amanhã. Especula-se sobre um outro grande aumento, de 411 bpd.


… A lista das maiores quedas da bolsa foi liderada por Azul (-6,80%, a R$ 0,96), negociada ontem pela última vez na carteira teórica do Ibovespa e dos demais índices da B3, devido ao pedido de recuperação judicial nos EUA.


… Em NY, as bolsas abriram bem com a Nvidia e o bloqueio das tarifas de Trump, mas foram esgotando o otimismo ao longo do dia, quando a política protecionista do republicano foi restabelecida até nova ordem.


… Também houve desconforto com a cobrança renovada de Trump por corte de juro pelo Fed.


… Em reunião não programada na agenda da Casa Branca com Powell, o republicano acusou o BC americano de estar cometendo o erro de colocar os EUA em desvantagem comercial na comparação com a China.


… Após o encontro, o Fed divulgou documento reiterando sua independência às pressões políticas.


… Nem mesmo o PIB fraco nos EUA abalou as apostas no mercado de que Powell vai continuar mantendo o sangue-frio, preferindo não relaxar o juro antes que os impactos do choque tarifário estejam mais claros.


… Apesar de terem reduzido o entusiasmo, as bolsas em Wall Street resistiram em altas moderadas. O Dow Jones subiu 0,28%, aos 42.215,73 pontos; e o S&P 500 avançou 0,40%, aos 5.912,17 pontos.


… Depois de ter subido acima de 1,5% no início do dia com o balanço melhor do que o esperado da Nvidia (+3,24%), o Nasdaq devolveu boa parte do otimismo e limitou a alta no fechamento a 0,39% (19.175,87 pontos).


EM TEMPO… ITAÚ aprovou pagamento de JCP de R$ 0,33 por ação até 29/08; ex em 10/06.


VALE informou que Manuel Lino Silva de Sousa Oliveira foi nomeado Lead Independent Director (LID) do conselho de administração para o mandato 2025-2027.


PETROBRAS. Magda Chambriard disse que a empresa planeja contratar 52 novas embarcações para ampliar a frota brasileira até 2026, com investimentos de R$ 29 bilhões e geração de 50 mil empregos diretos e indiretos.


TRANSPETRO entrará no segmento de transporte fluvial de combustíveis; objetivo é alcançar fatia de 50% no setor. Empresa pretende licitar 44 embarcações para transporte de petróleo e derivados até o fim/26. (Valor)


JBS. Listagem nos EUA abre horizonte para fusões e aquisições, disse Wesley Batista ao CNN Money. Segundo o executivo, a empresa sempre avalia oportunidades, mas não há operação em andamento no curto prazo…


… Ele afirmou ainda que não vê a companhia fazendo aquisições no segmento de bebidas e lácteos…


… O empresário descartou a venda de ativos nos setores em que opera atualmente, reforçou a estratégia de consolidar e expandir as operações já existentes e citou o PicPay e Original como frentes importantes da holding.


JBS TERMINAIS investiu R$ 130 milhões na retomada do Porto de Itajaí (SC), desde que assumiu a operação, em outubro de 2024. A empresa planeja novos aportes da ordem de R$ 90 milhões em tecnologia e infraestrutura.


ECORODOVIAS informou que a Ecoporto firmou contrato de transição com a Autoridade Portuária de Santos para prorrogar por 12 meses suas operações no porto.


NATURA&CO e Natura Cosméticos prorrogaram acordo de acionistas até 31 de agosto deste ano…


… Após conclusão da incorporação da companhia por sua subsidiária integral, termos do acordo se aplicarão à Natura Cosméticos…


… Acordo também reflete entrada da Anima Investimentos, na qualidade de sucessora por incorporação da Passos Participações.


PLANO&PLANO. O controlador, Rodrigo Fairbanks, ampliou a sua fatia de 14,89% para 15,23% das ações ON.


OI comunicou que o acionista Victor Adler atingiu participação total de 15,65% das ações preferenciais.


AZUL confirmou que a Nyse suspendeu a negociação de ADRs após o Chapter 11, decretado dois dias atrás.


FERBASA distribuirá R$ 9 milhões em JCP, sendo R$ 0,0248/ON e R$ 0,0272/PN; ex dia 6/6; pagamento em 18/6.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Um pouco mais de caos alfandegário e um pouco menos de inflação. Esse poderá ser o resumo para hoje. Aceita-se o recurso de Trump para que os impostos alfandegários voltem a estar em vigor até sentença definitiva, que provavelmente corresponderá ao Tribunal Supremo se decide elevá-lo até lá. Mas o mais simples para conseguir avançar com os mesmo será passá-los pelas câmaras (Representantes e Senado), onde tem a maioria. Parece improvável que sejam bloqueados. Por isso, Ásia fraca (Japão -0,9%), mas os futuros americanos nem tanto, quase planos, porque as notícias de estilo vaivém têm cada vez menos credibilidade e influência. A única coisa que sabemos de certeza é que o prémio de risco é superior, porque a incerteza sobre o contexto (economia, mercado) também o é. Isso é o que ficará quando o ruído de fundo se silenciar. E isso não é melhor, mas pior do que em 2023/24. Uma boa prova disto é a revisão do PIB 1T’25 americano de ontem: desde -0,3% preliminar até -0,2% revisto, mas a estética não nos deve enganar, porque o Consumo Privado é revisto até +1,2% desde +1,8%, sendo a Despesa Pública o principal responsável da melhoria na revisão (-0,7% vs. -1,4% preliminar). Esta revisão tampouco é um assunto bom, pelo contrário.


E um pouco menos de inflação. Sim, porque hoje saem inflações de abril ainda em baixa: às 8 h, ESP (+2,0% vs. +2,2%), 10 h ITA (+1,7% vs. +1,9%), ALE (+2,0% vs. +2,1%) e, principalmente, 13:30 h o Deflator do Consumo (PCE) americano (+2,2% vs. +2,3%). Provavelmente irá impor-se a benignidade da inflação e isso permita uma modesta subida das bolsas, evoluindo a sessão de menos a mais, embora “muito pouco mais” (+0,2%?). A inflação irá aumentar a partir de maio/junho, mas ainda não. Isso irá proporcionar uma sensação de conforto transitório pouco fiável. Porque estamos onde estávamos depois da queda de -20% de Nova Iorque em inícios de abril e da sua posterior recuperação: com Nova Iorque plana no ano e Europa ca.+10%, beneficiada pelo fluxo de fundos desde os EUA, mas nada mais que seja sólido. E é provável que continuemos nesta situação até que a inflação comece a aumentar e o mercado se dê conta que as estimativas de lucros não deixam de ser revistas em baixa.


CONCLUSÃO: Evolução para melhor ao longo da sessão, embora muito modesta. As inflações suaves irão ajudar que assim seja. Sensação de estar à expetativa. A atenção irá mudar para a descida de taxas de juros do BCE (-25 p.b., até 2,25/2,40%) e o emprego americano da próxima semana, sendo o mais relevante o que diga o BCE sobre se pausará ou não as suas descidas de taxas de juros em julho. 


S&P500 +0,4% Nq-100 +0,2% SOX +0,5% ES50 -0,1% IBEX +0,1% VIX 19,2% Bund 2,51% T-Note 4,42 Spread 2A-10A USA=+48pb B10A: ESP 3,11% PT 3,00% FRA 3,18% ITA 3,49% Euribor 12m 2,070% (fut.2,013%) USD 1,134 JPY 163,3 Ouro 3.295$ Brent 63,9$ WTI 60,7$ Bitcoin -0,1% (106.024$) Ether -0,5% (2.630$). 


FIM

Stuhlberger 2905

 ‘É assustador o que o PT pensa da gente,’ diz Stuhlberger sobre o IOF



Giuliano Guandalini29 de maio de 2025


Como se poderia imaginar, Luis Stuhlberger não gostou nem um pouco do aumento das alíquotas do IOF promovido pelo ministro Fernando Haddad – mas considerou a medida reveladora.


“É assustador ver o que o PT pensa da gente,” disse o fundador da Verde durante sua aguardada apresentação no evento anual da gestora hoje em São Paulo.


Como sempre em suas exposições, Stuhlberger apresenta dezenas de slides detalhados com indicadores e gráficos. Quando falou sobre o IOF, o quadro foi mais simples e direto. 


Pergunta1


Para o gestor, a decisão de elevar a tributação sobre as transações financeiras foi “quase uma aula grátis sobre a psicologia” do partido que governa o País. 


“O mais assustador é a questão do dólar. Quer comprar dólar? Paga um pedágio para mim,” comentou. “É scary [assustador].”


Stuhlberger disse que o episódio indica o que esperar de um novo Governo do PT caso o partido vença no ano que vem.


Para o gestor, a reação dos mercados locais só não foi mais forte porque “a Faria Lima acha que o PT não vai ganhar” – e a perspectiva de substituição do Governo contém movimentos de desvalorização dos ativos brasileiros neste momento.


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Stuhlberger disse que os investidores observam o que vem ocorrendo na Argentina e fazem posições achando que algo semelhante poderá acontecer no Brasil a partir de 2027.


“Se o Milei conseguiu, o Tarcísio consegue. É o que dizem,” afirmou. “É isso que segura o mercado, apesar do descontrole fiscal.”


O gestor disse considerar improvável que o Congresso evite o aumento dos impostos. “Nunca barram nada. Quero ver se isso acontece mesmo ou se apenas vai aumentar o preço do Centrão.”


Na visão do gestor, as taxas reais de juros voltarão para 3% ou 4% como ocorreu nos Governos Temer e Bolsonaro se for retomado um controle fiscal como foi o teto de gastos. Com isso, o dólar poderia cair para perto de R$ 4,70.


A aposta do ‘trade eleitoral’ ganhou força a partir de abril, quando as pesquisas mostraram queda na popularidade de Lula. O efeito pôde ser visto, por exemplo, na valorização das ações das empresas de utilities, que descolaram do Ibovespa.


Mas Stuhlberger tem dúvidas se há espaço para uma alta adicional nas ações locais.  “A partir de agora, para a Bolsa melhorar, a NTN-B precisa cair.”


Aí, entretanto, entra a questão fiscal “e um Governo populista desesperado por dinheiro.”


 O desarranjo nas contas públicas e a perspectiva de uma nova rodada de aumento de gastos focados no ano eleitoral – isenção do IR até R$ 5.000, reajuste do Bolsa Família etc. – impedem que os ativos brasileiros se apreciem no atual momento de reprecificação global desencadeada pelo choque do Governo Trump.


Boa parte da apresentação, de mais de uma hora, tratou da ‘era da diversificação’ – se chegou ou não o momento de os investidores reduzirem sua exposição ao mercado americano.


Stuhlberger notou que “a pasta de dente da diversificação saiu do tubo e não vai voltar;” o difícil é identificar quais mercados sairão ganhando.


A Europa também terá um gasto fiscal expansionista, inclusive por causa da ampliação dos gastos militares. O franco suíço, sempre um safe haven, já se apreciou consideravelmente.


“Não podemos esquecer que a Casa Branca quer desesperadamente enfraquecer o dólar,” disse.


O trade mais óbvio, dado o desalinhamento atual, seria apostar na valorização de alguns mercados emergentes e de moedas asiáticas, notadamente o iene japonês e o renminbi chinês, mas é incerto se elas vão se apreciar.   


“Tirando o método, Trump está coberto de razão,” disse o gestor. “As moedas asiáticas estão muito depreciadas.”


Stuhlberger disse que a situação fiscal dos EUA, com déficits projetados para ficarem ao redor de 8% nos próximos anos, “é um abuso do privilégio exorbitante” de ser o país emissor do dólar.


“Não tenho nem palavras para descrever um déficit desses para uma economia como a americana. É algo típico do governo brasileiro – de não dar valor ao amanhã – conviver com um déficit desses.”


O gestor destacou que a ‘big, beautiful tax bill’ em discussão no Congresso, com redução de impostos e aumento de gastos, vai acrescentar algo como 1% do PIB ao déficit anual.


A lei traz até a isenção de imposto sobre as gorjetas, uma promessa de campanha de Trump. “É digno do Lula.”


https://braziljournal.com/e-assustador-o-que-o-pt-pensa-da-gente-diz-stuhlberger-sobre-o-iof/

Fabio Alves