BTG/Mansueto Almeida: situação fiscal do Brasil é grave
Por Gabriela Jucá e Francisco Carlos de Assis
São Paulo, 24/03/2025 - O ex-secretário do Tesouro e economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, alertou que a situação do Brasil é grave. A avaliação foi dada durante o evento "Rumos 2025", organizado pelo jornal Valor Econômico.
“Como não vemos a dívida pública se estabilizando, a taxa de juros real da NTN-B de 10, 20, 30 anos, é de 7,5%. Isso era a taxa de juros da NTN-B em abril de 2016, antes do impeachment da presidente Dilma”, lembra o economista.
O economista reforça que a situação atual contempla juro alto e déficit nominal alto, que deve seguir em trajetória ascendente. “Nesse governo, o déficit nominal médio deve ficar em torno de 8,4% do PIB, muito acima do déficit nominal dos EUA, Inglaterra e França”, calcula.
Almeida ainda frisou que não espera redução da carga tributária no País até o final da década. “Se a gente conseguir manter a carga tributária, será um enorme ganho”, diz o economista, que diz não ver espaço para redução da carga tributária.
“Além de a gente não ter espaço para reduzir carga tributária, a gente vai ter que controlar o crescimento do gasto. Porque hoje, quando a gente fala em fazer ajuste fiscal, não basta aumentar a carga tributária. A gente tem que controlar o crescimento da despesa, porque caso contrário, se a gente não controlar o crescimento da despesa, a gente vai ter um cenário de inflação muito pior, com juros muito piores, que leva a dívida a crescer mais rápido”, detalhou.
Apesar do cenário desafiador, o economista reconhece os esforços do Ministério da Fazenda na condução da política econômica, mas considera que o desenho do arcabouço fiscal - que prevê um teto de 2,5% para o crescimento real das despesas em relação à inflação - não é suficiente para garantir a estabilidade da dívida pública.
Contato: gabriela.silva@estadao.com; francisco.assis@estadao.com
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