Economia institucional
José Augusto Lambert
Ainda sobre ser economista, achei um interessante artigo - do qual discordo frontalmente - que comenta as teses do Premio Nobel deste ano dado a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson por seu influente trabalho sobre como as instituições moldam o desenvolvimento econômico, exposto também no seu famoso livro "Why Nations Fail"
O trabalho de Acemoglu, Johnson e Robinson divide as instituições em duas categorias: "inclusivas" e "extrativas".
As instituições inclusivas - como as que fazem valer os direitos de propriedade, protegem a democracia e limitam a corrupção - promovem o desenvolvimento econômico, de acordo com os laureados. Por outro lado, as instituições extrativistas, que dão origem a uma alta concentração de poder e a uma liberdade política limitada, buscam concentrar os recursos nas mãos de uma pequena elite e, assim, sufocar o desenvolvimento econômico.
Como o trabalho dos economistas laureados parte das características do processo de colonização dos paises, o artigo em tela critica
a aparente neutralidade moral dos economistas em relação a um suposto caráter maligno intrínseco ao processo de colonização, critica que se insere dentro do revisionismo histórico woke batizado de decolonialismo.
A esta critica, os economistas laureados respondem que _"em vez de perguntar se o colonialismo é bom ou ruim, observamos que diferentes estratégias coloniais levaram a diferentes padrões institucionais que persistiram ao longo do tempo."_
O mais interessante do artigo é a critica que o seu autor faz aos economistas em geral e à Economia "convencional":
_"Por que Acemoglu não está preocupado com o fato de o colonialismo ser bom ou ruim? Mas para aqueles que estão familiarizados com o funcionamento interno da disciplina econômica, essa afirmação não é uma surpresa_.
_Infelizmente, tornou-se um distintivo de honra na economia convencional analisar o mundo sem uma lente normativa ou julgamentos de valor. Esse é um problema mais amplo da disciplina e, em parte, explica por que a economia tem se tornado cada vez mais insular e distante de outras ciências sociais."_
Essa última frase então, para mim, soa como o melhor elogio que os economistas poderiam receber. Principalmente os economistas formados nas universidades dos USA:
_"Além disso, um estudo recente constatou que a concentração institucional e geográfica dos prêmios em economia é muito maior do que em outros campos acadêmicos. Quase todos os ganhadores de prêmios importantes tiveram que passar por uma das principais universidades dos EUA (limitada a menos de dez) em sua carreira"._
O artigo conclui apontando o que seria uma suposta insuficiência da ciencia econômica, mas que, na verdade, é a base lógica de qualquer ciência que mereça essa denominação:
"_Talvez seja por isso que todos os anos o prêmio parece ir para alguém que pergunta "como uma mudança na variável X afeta a variável Y", em vez de fazer perguntas difíceis sobre colonialismo, imperialismo ou capitalismo e ousar questionar a supremacia das instituições ocidentais._
O que o autor pede é que a ideologia domine a Economia, que juizos e valor se sobreponham à argumentação objetiva e à busca, mais isenta possível, da causalidade dos fenômenos econômicos.
Quando juizos de valor são utilizados, ex-ante, à investigação e no debate da causalidade de fenômenos, descarta-se o método cientifico e ficamos a mercê das contingências e modismos conjunturais e culturais.
Obrigado Jostein Hauge, mas dispensamos, enfaticamente, seu conselho e agradecemos os elogios à classe.
https://www.terra.com.br/noticias/analise-premio-nobel-de-economia-deste-ano-ignorou-a-brutalidade-do-colonialismo,beaa684c95bc6e4e59a21d40a5e738885c9dt6xp.html?utm_source=clipboard
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