Broadcast - Selic em nov24

 *Projeções Broadcast: ampla maioria do mercado prevê alta de 0,50pp na Selic em novembro*


Por Gabriela Jucá, Daniel Tozzi Mendes e Anna Scabello


São Paulo, 31/10/2024


*Selic em resumo*


- A ampla maioria do mercado espera uma aceleração no ritmo do aperto monetário na reunião de novembro do Comitê de Política Monetária (Copom), com uma alta de 0,50 ponto porcentual na Selic.


- Este é o cenário base de 71 de 73 instituições consultadas (97,3%). Apenas duas casas (2,7%) preveem elevação do juro em 0,25 ponto porcentual no próximo encontro.


- A mediana para a taxa Selic no fim de 2024 segue em 11,75%, igual ao levantamento realizado no dia 26 de setembro, após divulgação do último Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central (RTI).


- As estimativas intermediárias do mercado apontam para mais uma alta de 0,50 ponto no Copom de dezembro e uma elevação de 0,25 ponto no juro básico em janeiro de 2025, quando a taxa deve atingir 12%.


- A mediana para a Selic no fim de 2025 subiu de 10,75% para 11,25%. Já para o segundo trimestre de 2026 - período que deve passar a ser o horizonte relevante na próxima comunicação do Banco Central - a mediana indica juro básico em 10%.


- O Copom divulga a sua decisão de juros na quarta-feira, 6, a partir das 18h30.


*Selic em análise*


A ampla maioria do mercado financeiro prevê uma elevação de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro, saindo do atual nível de 10,75% para 11,25%. Esse é o cenário de 71 de 73 casas (97,3%) que responderam à pesquisa Projeções Broadcast.


A revisão do hiato do produto na reunião de setembro - da neutralidade para o campo positivo - a persistência na desancoragem das expectativas de inflação e as incertezas atreladas à dinâmica da política fiscal corroboram a perspectiva de um aperto no passo na condução da política monetária, observam os economistas.


O economista-chefe do Banco do Brasil, Marcelo Rebelo, espera aceleração no ritmo de alta da Selic a 0,50 ponto em novembro e mais duas altas consecutivas da mesma intensidade. Assim, no cenário do banco, o juro básico vai a 12,25% ao fim do atual ciclo de aperto monetário, previsto para janeiro.


A necessidade de juro mais alto, explica ele, reflete a continuidade da desancoragem das expectativas de inflação, mas, também, o hiato do produto em campo positivo. "Os membros do Copom têm dado repetidas sinalizações de que o plano é de fato buscar a convergência para 3%", afirma.


Rebelo trabalha com a perspectiva de que, no início do ano que vem, o câmbio esteja em um nível mais próximo de R$ 5,40, o que possibilitaria o encerramento do ciclo de alta na Selic já em janeiro. "Se o câmbio ficar mais próximo ao patamar de hoje, é preciso discutir um cenário em que a Selic vá além disso", reconhece. O dólar rompeu o nível dos R$ 5,75 nesta semana. No cenário-base do Banco do Brasil, haverá espaço para a Selic voltar a cair em setembro do ano que vem, levando o juro básico a 11,50% no final de 2025.


O economista sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, corrobora boa parte do cenário traçado por Rebelo, e também projeta alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic no próximo encontro. Ele prevê, porém, mais duas elevações de 0,50 ponto e uma última de 0,25 ponto, levando o juro básico a 12,50% no Copom de março, nível em que a Selic deve ficar estacionada até novembro de 2025.


O economista avalia que, desde a última reunião, em setembro, já se traçava um cenário mais desafiador para a política monetária. "O avanço dos principais condicionantes da inflação apontam para essa necessidade de esse ajuste ser mais célere", justifica Silvio Campos Neto. Ele também cita a piora do cenário externo - com o risco de uma eventual vitória do ex-presidente Donald Trump nas eleições dos EUA - e o estresse do mercado quanto à política fiscal em âmbito doméstico, ambos fatores que contribuíram para o dólar atingir o nível de R$ 5,75. "São mais problemas para o BC", afirma.


O cenário da Tendências também prevê redução da Selic no ano que vem, com o juro atingindo 11,50% no fim do ano.


A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, também estima mais uma elevação de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic em novembro e uma derradeira de 0,50 ponto em dezembro, finalizando o ciclo de aperto monetário com a Selic a 11,75%.


Ela avalia que o ciclo de alta da taxa aconteceu sem necessidade. "Já estava em um nível suficientemente restritivo [de 10,5%] para conter a inflação", diz. Vitoria reconhece, porém, que a taxa de câmbio pode ser mais um vetor de alta para a inflação e, consequentemente, para a taxa de juros, caso continue em deterioração. O Inter prevê redução da Selic a partir do segundo semestre de 2025, com a taxa atingindo 10%.


Contato: gabriela.silva@estadao.com; daniel.mendes@estadao.com; anna.araia@estadao.com


*Colaborou Pedro de Paiva, especial para o Broadcast

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