Em estágio crítico, Lava Jato ganhou mais um bom motivo para continuar, diz The Economist
Em
edição desta semana, a The Economist ressaltou a condenação de Luiz Inácio Lula da
Silva pelo juiz Sérgio Moro. De acordo com a publicação, o atual estágio
da Operação Lava Jato é crítico, não somente por conta da condenação do
petista, mas também pelo início dos debates na CCJ da Câmara sobre a denúncia
contra Michel Temer
Assim, com o establishment político mortalmente ameaçado,
as movimentações para que as investigações na Operação Lava Jato sejam
reprimidas estão montadas, afirma a publicação.
A Economist ressalta as falas da defesa de Lula, que
aponta que o petista é vítima inocente de "uma investigação politicamente
motivada". Lula permanecerá livre enquanto recorre, mas a sentença torna
mais difícil que ele concorra à presidência novamente em 2018. Além disso,
também intensificará o debate sobre se Lava Jato age de maneira imparcial ou se
é uma "caça às bruxas".
A revista aponta que 157 pessoas foram condenadas até
agora, enquanto o STF autorizou a investigação de dezenas de membros do Congresso.
"Para chegar até aqui, os promotores usaram técnicas que são novidades no País.
Ao usar a prisão preventiva e a delação premiada, eles extraíram confissões e
provas que levaram a acusações contra alguns dos empresários e políticos mais
proeminentes do país", aponta a publicação.
Os críticos alegam que, com essa atuação, a presunção de
inocência é perdida, ao mesmo tempo em que destacam a instabilidade política
causada pelas operações. Outra crítica ocorre com relação ao tão contestado
acordo entre o Ministério Público e os irmãos Batista, da JBS, que foi visto
como muito brando, enquanto a Polícia ainda não conseguiu comprovar muitas
acusações feitas em delações . "O
vazamento seletivo de delações destrói reputações, mesmo que a inocência seja
posteriormente confirmada", aponta a Economist, lembrando ainda que muitos
reclamam sobre a falta de diferenciação entre caixa 2 e recebimento de $$ para
enriquecimento pessoal.
Por outro lado, a publicação britânica destacou que a
Lava Jato revelou uma transgressão generalizada e reverteu uma prática de
longa data no Brasil de não punir o crime de colarinho branco. Além disso, a
força-tarefa da Operação é submetida a uma supervisão judicial estreita,
inclusive do Supremo.
"Muitas das críticas são auto-interessadas. Agora é
direito, também do PT de Lula, reclamar. Se Temer cometeu efetivamente um
crime, qualquer estabilidade que ele oferece é falsa ou carrega um preço
inaceitável. É por isso que as tentativas de controlar as investigações, se
tiverem sucesso, são alarmantes", ressalta a revista.
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