Pular para o conteúdo principal

Malu Gaspar

 https://oglobo.globo.com/blogs/malu-gaspar/post/2025/04/cpi-do-master-ja-tem-assinaturas-mas-ex-ministro-de-bolsonaro-opera-contra-nos-bastidores.ghtml



*CPI do Master já tem assinaturas, mas ex-ministro de Bolsonaro opera contra nos bastidores*


_Malu Gaspar_

Por Rafael Moraes Moura



Apesar de já ter reunido assinaturas suficientes para ser instalada, a CPI do Banco Master enfrenta forte oposição de um personagem que tem agido para barrar a investigação contra o banco presidido pelo executivo Daniel Vorcaro: o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), ex-ministro da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro.


De acordo com quatro senadores ouvidos reservadamente pelo blog ao longo dos últimos dias, tanto do campo governista quanto da oposição, Ciro tem articulado nos bastidores contra a instalação da CPI, tentando convencer colegas a não endossar o requerimento de abertura do colegiado, capitaneado pelo senador Izalci Lucas (PL-DF). Até a última quarta-feira (23), 28 senadores já haviam subscrito o documento, um a mais do que o mínimo necessário.


“O lobby contra a CPI está pesado nos bastidores. Boa parte dos senadores não vai se vender, mas evidentemente que tem gente que tem preço”, alfinetou o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que assinou o requerimento de criação do colegiado e fala abertamente sobre o assunto.


Esta não é a primeira vez que Ciro age para atender aos interesses do Master. Conforme informou o colunista Lauro Jardim, o senador deixou o mercado financeiro em polvorosa no ano passado, ao tentar emplacar, na PEC que garante a autonomia financeira do Banco Central, uma alteração que ficou conhecida como “emenda Master”.


O texto aumentava de R$ 250 mil para R$ 1 milhão a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para as aplicações financeiras como o CDB, principal produto do Master. A ideia foi rejeitada pelo relator da PEC na CCJ, senador Plínio Valério (PSDB-AM).


Agora, o problema do Banco Master é outro.


O pano de fundo da CPI é a controversa compra de ações do Master pelo BRB, banco estatal de Brasília, que está na mira do Ministério Público e provocou mal-estar na cúpula do governo do Distrito Federal, conforme informou o blog. O negócio foi feito sob as bênçãos de Ciro Nogueira e do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, que são próximos de Vorcaro.


Até agora, 28 senadores – de partidos como PL, Novo, PDT, Podemos, PSD, Republicanos, MDB, PT e até do União Brasil (Sergio Moro e Márcio Bittar) – já endossaram o pedido de abertura da comissão. Izalci pretende angariar mais apoio até a próxima semana, quando pretende protocolar o pedido de abertura da CPI.


“Na prática, o grande problema que eu vejo é o próprio Banco Master. Acredito que faltou um acompanhamento maior do Banco Central e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), porque ele chegou num limite que não é o normal”, afirmou Izalci ao blog.


O Master vinha oferecendo aos investidores CDBs que ofereciam taxas de 140% do CDI, acima da média dos concorrentes, o que não só significa maior risco como no longo prazo implica dificuldades de cumprir os compromissos.


“Um banco que faz captação a 140% do CDI, quando a média é 100% uma hora vai ter de pagar isso. E é um rendimento quase que inviável de pagar. Tem resistência à CPI, mas as assinaturas demonstram a preocupação dos senadores (com o tema), porque isso compromete o sistema financeiro.”


No requerimento de instalação da comissão, Izalci aponta que a aquisição pelo BRB “levanta preocupações sobre o uso inadequado de recursos públicos para resgatar uma instituição privada em dificuldades”.


A CPI pretende investigar detalhadamente os balanços do Master, os relatórios de supervisão do Banco Central e da CVM, além dos termos da negociação com o BRB, “buscando identificar omissões específicas e avaliar a adequação das normas vigentes”.

“Pelo menos uma parte do Senado não irá se render a essa história mal contada”, afirmou o senador Eduardo Girão (Novo-CE), que também apoia a CPI.


“É uma comissão extremamente necessária para colocar luz nas sombras dessa transação a toque de caixa, onde até a esposa de um ministro do STF foi contratada.”


Conforme revelou o blog, o Banco Master contratou para representá-lo judicialmente o escritório Barci de Moraes, onde trabalham a mulher e dois filhos do ministro do Supremo Alexandre de Moraes.


De acordo com fontes ligadas ao banco, Viviane representa o Master em algumas poucas ações. O Master, porém, não revela quais são elas e nem o valor dos honorários.


*Negócio ainda está sujeito à aprovação*


De acordo com os comunicados feitos pelo BRB, o banco estatal de Brasília pagará R$ 2 bilhões por 58% do patrimônio líquido do Master. O negócio ainda está sujeito à aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.


O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, disse ao blog que a operação de compra do banco Master prevê que a instituição assuma o pagamento de apenas uma parte dos CDBs já distribuídos pelo banco paulista ao mercado.


Segundo o CEO, os títulos de renda fixa emitidos pelo Voiter e pelo Banco Master de Investimentos, duas subsidiárias que não serão adquiridas pelo BRB, ficam de fora da transação.


*O que diz Ciro Nogueira*


Procurado pela equipe da coluna, Ciro Nogueira disse que é uma “leviandade” afirmar que ele está trabalhando nos bastidores contra a instalação da CPI do Banco Master.


“Nunca soube nem que estavam cogitando CPI”, desconversou Ciro, mesmo o assunto tendo sido amplamente noticiado pela imprensa ao longo dos últimos dias.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Call Matinal ConfianceTec

 CALL MATINAL CONFIANCE TEC 30/10/2024  Julio Hegedus Netto,  economista. MERCADOS EM GERAL FECHAMENTO DE TERÇA-FEIRA (29) MERCADO BRASILEIRO O Ibovespa encerrou o pregão na terça-feira (29) em queda de 0,37%, a 130.736 pontos. Volume negociado fechou baixo, a R$ 17,0 bi. Já o dólar encerrou em forte alta,  0,92%, a R$ 5,7610. Vértice da curva de juros segue pressionado. Mercados hoje (30): Bolsas asiáticas fecharam, na sua maioria, em queda, exceção do Japão; bolsas europeias em queda e  Índices Futuros de NY em alta. RESUMO DOS MERCADOS (06h40) S&P 500 Futuro, +0,23% Dow Jones Futuro, +0,05% Nasdaq, +0,24% Londres (FTSE 100),-0,46% Paris (CAC 10), -0,83% Frankfurt (DAX), -0,43% Stoxx600, -0,59% Shangai, -0,61% Japão (Nikkei 225), +0,96%  Coreia do Sul (Kospi), -0,82% Hang Seng, -1,55% Austrália (ASX), -0,81% Petróleo Brent, +1,20%, a US$ 71,97 Petróleo WTI, +1,29%, US$ 68,08 Minério de ferro em Dalian, +0,38%, a US$ 110,26. NO DIA (30) Dia de mais ind...

Matinal 0201

  Vai rolar: Dia tem PMIs e auxílio-desemprego nos EUA e fluxo cambial aqui [02/01/25] Indicadores de atividade industrial em dezembro abrem hoje a agenda internacional, no ano que terá como foco a disposição de Trump em cumprir as ameaças protecionistas. As promessas de campanha do republicano de corte de impostos e imposição de tarifas a países vistos como desleais no comércio internacional contratam potencial inflacionário e serão observadas muito de perto não só pela China, como pelo Brasil, já com o dólar e juros futuros na lua. Além da pressão externa, que tem detonado uma fuga em massa de capital por aqui, o ambiente doméstico continuará sendo testado pela frustração com a dinâmica fiscal e pela crise das emendas parlamentares. O impasse com o Congresso ameaça inviabilizar, no pior dos mundos, a governabilidade de Lula em ano pré-eleitoral. ( Rosa Riscala ) 👉 Confira abaixo a agenda de hoje Indicadores ▪️ 05h55 – Alemanha/S&P Global: PMI industrial dezembro ▪️ 06h00 –...

Prensa 2002

 📰  *Manchetes de 5ªF, 20/02/2025*    ▪️ *VALOR*: Mercado de capitais atinge fatia recorde no nível de endividamento das empresas                ▪️ *GLOBO*: Bolsonaro mandou monitorar Moraes, diz Cid em delação          ▪️ *FOLHA*: STF prevê julgar Bolsonaro neste ano, mas há discordância sobre rito     ▪️ *ESTADÃO*: Moraes abre delação; Cid cita pressão de Bolsonaro sobre chefes militares por golpe