Caso ITAU: contra o CFO
ELISEU MARTINS NEGA ACUSAÇÕES DO ITAÚ E DIZ QUE TODOS OS SERVIÇOS CONTRATADOS FORAM PRESTADOS
16:56 07/12/2024
Por Matheus Piovesana
São Paulo, 07/12/2024 - O professor da Universidade de São Paulo (USP) Eliseu Martins negou neste sábado as acusações do Itaú Unibanco de envolvimento dele em uma suposta atuação em conflito de interesse do ex-diretor financeiro do banco, Alexandro Broedel. De acordo com ele, os serviços pagos pelo banco foram efetivamente prestados e estão dentro da regularidade.Em nota, Martins afirmou que Broedel foi seu aluno na pós-graduação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), e que se tornou professor da instituição. “Sempre tivemos ligações acadêmicas e profissionais", disse ele. O Itaú afirma que Broedel e Martins são sócios em uma empresa que teria recebido repasses de recursos após o banco ter pago a outra empresa, de sociedade de Martins e de um de seus filhos, por pareceres contábeis. Estes pagamentos foram autorizados por Broedel quando ele era diretor financeiro do banco, e ele posteriormente teria recebido parte do dinheiro em contas pessoais, de acordo com a investigação interna.
Martins não comentou diretamente sobre o suposto conflito de interesse. "Sempre fizemos pareceres para terceiros, às vezes assinando em conjunto e às vezes com ele sempre ajudando tecnicamente, como com outros colegas, com o faturamento por uma única empresa", disse ele. O professor afirma ainda que alguns pagamentos foram antecipados pelo Itaú, mas que ele declarou formalmente a necessidade de devolver os recursos dos quatro ainda não emitidos, porque não prestará mais serviços ao banco.
Entre 2019 e 2024, Broedel teria autorizado pagamentos por 40 pareceres de Martins. Destes, declarou ter recebido 36, mas o banco só encontrou arquivos referentes a 20 deles. Os demais teriam sido serviços de consultoria, de acordo com Broedel e Mar-tins. Os valores envolvidos são de R$ 13,3 milhões, sendo que Broedel teria recebido R$ 4,9 milhões deste total. “Os trabalhos prestados ao Itaú durante sua gestão foram de pareceres técnicos e consultoria", disse Martins. "Há vários materiais suporte das consultorias que foram feitos sem formalidade, algo de que me arrependo agora, dada a má-fé da interpretação dada pelo banco."
Martins afirmou que trabalha com seis outros colegas, e que eles só fornecem opiniões aos contratantes verbalmente ou por parecer. "Assim, há opiniões que não geram parecer e não aparecem em qualquer documento. Mas são serviços efetivamente presta-dos, como todos os que fiz ao Itaú." O professor da USP disse que leva sua vida profissional e acadêmica com conduta que pode ser verificada com "centenas ou mi-Ihares" de pessoas, e que muitas já lhe declararam apoio e se ofereceram para testemunhar a seu favor. Disse ainda que presta serviços ao Itaú há cinco décadas, passando por gerações de gestores do banco.
"Talvez influenciados pela perda de tão brilhante profissional, es-tão, no Banco, interpretando de forma totalmente incorreta o que de fato ocorreu. E, além de me envolverem para atingilo, cometem ainda o absurdo de envolver meus filhos, que nada têm a ver com os fatos que o Banco relata e mal interpreta", afirmou Martins. "Reafirmo, não entendo e não aceito o que o banco está fazendo: atingir meu nome e, de forma ignóbil, o da minha família."
Broedel também negou as acusações. Ele deixou o Itaú em julho, para assumir um cargo na direção do Grupo Santander, na Espanha.
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