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Amilton Aquino

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"Nesta semana, fui surpreendido com uma pesquisa em que Bolsonaro aparece à frente de Lula para 2026. Como explicar a resiliência do bolsonarismo após tudo o que veio à tona?


Na minha opinião, há dois fatores principais. O primeiro, e mais óbvio, é o fenômeno das bolhas de internet: ambientes que funcionam como refúgio para ressentidos de todos os tipos, onde opiniões cada vez mais desconectadas da realidade são retroalimentadas por oportunistas em busca de likes. E, embora este fenômeno seja mais evidente na direita delirante bolsonarista, as bolhas da esquerda são maiores, mais antigas e, pior, mais enraizadas nos formadores de opinião, no meio universitário. Basta observar os defensores do Hamas em universidades norte-americanas.


O segundo fator é o saudosismo dos anos 60 e 70, que enxerga com bons olhos a chamada “ditabranda”, instituída como resposta à militância comunista que almejava uma "ditadura do proletariado". Para esses, uma ditadura de direita seria um “mal menor”, um pequeno custo em liberdades em troca da garantia do direito à propriedade, supostamente ameaçado pela redistribuição forçada de riquezas, pelas economias planificadas comunistas.


Portanto, independentemente do que venha à tona sobre planos para consolidar um golpe, essa bolha tende a interpretá-los como um “contra-golpe”, pois boa parte acredita que a eleição foi ilegítima. Esse grupo se ressente, com razão, de que já não vivemos em um Estado democrático de direito, considerando os frequentes episódios de descumprimento da Constituição, sancionados pela Suprema Corte.


Chegamos, assim, a uma bagunça generalizada, onde as regras valem pouco ou quase nada. Tudo se tornou uma questão de narrativa, de reinterpretação da Constituição, onde ambos os lados justificam suas exceções para evitar o "mal maior".


Do lado vencedor, a esquerda, que nunca foi entusiasta dos valores liberais, utiliza cinicamente o discurso da “defesa da democracia”, enquanto reforça laços com ditadores mundo afora, em detrimento das democracias liberais.


Do lado perdedor, assistimos agora a repetição do discurso lulista dos tempos áureos da Lava Jato, onde todas as evidências coletadas eram diminuídas e resumidas como um simples complô contra “o pai dos pobres”. Nada provava nada: delações eram pintadas como “torturas” para embasar as narrativas de que a operação queria emplacar e qualquer indício de desvio de conduta, como conversas entre procuradores e o juiz da operação, eram pintados como provas cabais do complô. Mudem os nomes dos personagens principais e temos o mesmo modus operandi. Bilhões roubados? Nada disso existiu! Tentantiva de golpe? Nada disso existiu. Foi só uma consulta para pôr em prática a GLO, “tudo dentro das quatro linhas”!


Enfim, a hipocrisia de ambos os lados está escancarada, com ambos já em campanha para o próximo embate. Sim, Bolsonaro foi mais tosco e chegou mais perto de um golpe. Mas foi Lula quem semeou o divisionismo que levou parte da sociedade a enxergar Bolsonaro como um mal menor e agora comanda o arranjo promíscuo entre executivo e judiciário que está matando nossa democracia aos poucos, tornando os absurdos tão corriqueiros que já não provocam mais indignação.


Como sair desse círculo vicioso, onde uma aberração justifica a outra?


Primeiro, é preciso extirpar o bolsonarismo. É hora de virar a página do culto a esse incapaz e baderneiro desde os tempos do Exército. Da mesma forma, a esquerda democrática, representada por figuras como Augusto de Franco, Eduardo Jorge, Gabeira e Roberto Freire, precisa prevalecer sobre a esquerda jurássica do PT e os neo-comunistas que alimentam novas bolhas na internet.


Como fazer isso? Com informação, com mais diálogo e menos insultos. Sim, será um processo longo e gradual. Mas não há outro caminho. Desde já, faça sua parte: saia da sua bolha. Ouça também os argumentos de pessoas de centro-esquerda e centro-direita. Não precisamos concordar em tudo, mas reconhecer que o dualismo atual é prejudicial ao país já é um bom ponto de partida para a reflexão. Por fim, sejamos menos torcedores e mais críticos, pois é da indulgência dos eleitores que se alimentam os populistas."

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