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Amilton Aquino

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"Uma presença e uma ausência chamaram a atenção no recente encontro dos BRICS na Rússia: a presença do secretário-geral da ONU e a ausência de Lula. Na verdade, uma meia ausência, uma vez que Lula enviou um vídeo com aquele discurso infantil e repetitivo da esquerda da época da Guerra Fria, proferido com sua dicção e voz irretocáveis. 

Comecemos por António Guterres, o homem que até hoje não classificou o Hamas como grupo terrorista e que, logo após o pogrom de 08/10, praticamente justificou o massacre promovido pelo Hamas, que ele chama de “resistência”. Guterres pertence à mesma geração da esquerda embolorada de Lula. A diferença é que o demiurgo de Garanhuns veio da escola dos sindicalistas malandros, enquanto Guterres veio da elite boçal da Internacional Socialista, a miragem marxista que provocou dezenas de conflitos em quatro continentes e agora se apresenta como "pacifista".

O mesmo Guterres que recusou o convite para visitar a Ucrânia invadida por Putin agora aparece sorridente no clube das ditaduras que se levantam contra as democracias ocidentais. Nunca a hipocrisia da ONU esteve tão exposta. Guterres parece incapaz de ver as conexões entre os conflitos atuais. Não percebe que o Irã é o principal financiador do terrorismo que mantém o Oriente Médio em guerra constante e ainda apoia o esforço de guerra russo. Não pede a Putin para retirar suas tropas da Ucrânia para encerrar a guerra. Não condena o apoio da Rússia aos Houthis, que enviam mísseis contra Israel, nem lamenta a entrada da Coreia do Norte na guerra contra a Ucrânia. 

Aliás, em nenhum momento sequer comentou a suspensão dos Acordos de Abraão pela guerra deflagrada pelo Hamas, um acordo que estava normalizando as relações de Israel com vários países árabes, incluindo a Arábia Saudita, e que foi adiado justamente devido à escalada do conflito iniciado e financiado pelo Irã.

Todos sabem que esse foi um dos principais motivos da guerra, além do interesse russo em dividir o apoio dos EUA entre a Ucrânia e Israel. Mas nada disso Guterres percebe, ou finge não perceber. Seu discurso foca naquelas generalidades que não levam a lugar algum e que, ao contrário, apenas fortalecem os inimigos da paz.

Como bem destacou Netanyahu na ONU, quando a delegação brasileira abandonou o plenário ao lado das ditaduras que apoiam o Irã (este, sim, ouvido atentamente por toda a plateia), a maioria dos países que antes guerreavam contra Israel hoje aceitam sua existência, o pré-requisito número um para que algum tinha haja paz na região.

Ou seja, está claro para quem quer ver que o verdadeiro obstáculo à paz é justamente o eixo das ditaduras sob influência iraniana. E o Irã, uma das ditaduras mais cruéis da atualidade, que oprime especialmente as mulheres, ousa dar lições de moral na única democracia da região, onde árabes e judeus convivem pacificamente. Eis o retrato da ONU que Lula quer reformar – para pior.

Tanto Guterres quanto Lula criticam os acordos de Bretton Woods e sonham com uma nova ordem mundial "multipolar", onde as ditaduras de Putin, Xi Jinping e do Aiatolá Khamenei representam um contraponto às democracias ocidentais. Um mundo onde a Rússia possa continuar promovendo "movimentos separatistas" impunemente em países antes sob influência soviética (como faz neste momento na Geórgia e na Moldávia), onde a China possa invadir Taiwan sem qualquer represália e sanção ocidental, onde a Coreia do Norte possa atacar a Coreia do Sul e a Venezuela possa ameaçar a Guiana. Tudo em paz, claro.

E por falar na Venezuela, surpreendentemente o Brasil vetou sua entrada no bloco, assim como a da Nicarágua. Como explicar?

Primeiro, há o fato de Lula ter sido duramente criticado nas últimas semanas por Maduro e há meses por Ortega. Os ex-aliados se ressentem da "covardia" do Brasil em não endossar sua eleição fraudulenta sem qualquer ressalva. O PT, sim, o faz sem reservas, mas Lula, já pensando na reeleição, parece finalmente perceber que o apoio a esses regimes está saindo caro demais. Nesse contexto, o acidente doméstico que o livrou do encontro com Maduro, convidado de última hora por Putin, veio em boa hora – tanto que Maduro chegou a questionar se tal acidente realmente aconteceu ou foi forjado.

Felizmente, as primeiras rachaduras começam a aparecer no bloco das ditaduras. Que venham mais e mais, e que o Ocidente reaja e corra atrás do tempo perdido nesta guerra que ocorre nos bastidores há anos, mas que todos fingiam não ver."

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