MACRO ESTRATÉGIA 07/11/2016

Uma semana carregada, na qual o foco das atenções está voltado para as eleições presidenciais norte-americanas nesta terça-feira (dia 8). Devemos estar atentos, também, no plano político, à assinatura dos termos de delação da Odebrecht. O que sairá daí ninguém sabe. No Congresso, as atividades são retomadas, podendo haver a conclusão na Câmara da votação do projeto que retira da Petrobras a obrigação de ter que investir nos campos do pré-sal, enquanto que no Senado teremos a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da PEC do Teto.

Sobre a disputa norte-americana, os mercados parecem estar respirando aliviados, diante da possibilidade de vitória da candidata democrata Hillary Clinton, contra o histriônico republicano Donald Trump. Isto só foi possível depois do FBI afirmar que a candidata não cometeu crime ao usar um servidor privado de internet quando Secretária de Estado do governo Obama. Pesquisas já começam a indicar alguma vantagem de Hillary. Expectativas indicam até um forte rally nos mercados globais se tal fato se confirmar. No modelo desenvolvido pelo respeitado site FiveThirtyEight, do estatístico Nate Silver, por exemplo, as chances de vitória de Hillary continuam, mas recuaram se comparados há 15 dias: passaram de 90% para 64,2%.

Sobre os fatos e indicadores do dia, a pesquisa Focus revisou para baixo o PIB deste ano (-3,3% para -3,31%) e o IPCA de 2017, abaixo de 5,0%, a 4,94%. Já a Anfavea veio com a venda e a produção de veículos em outubro. Neste mês houve algum avanço na produção, 2,3% contra setembro, mas recuo de 15,1% contra outubro de 2015. Já as vendas recuaram 0,6% na passagem de setembro para outubro, despencando ainda mais, 17,2% na comparação anual. No acumulado, as vendas recuaram 22,3% e a produção 17,7%. Em 12 meses, até outubro, foram 9,17 mil vagas fechadas pelo setor. Ou seja, no ano são os piores números de venda e de produção em uma década. 

Na agenda da semana em destaque o IPCA de outubro na quarta-feira. A expectativa é de que a inflação desacelere de 8,48% para 7,9% em 12 meses, no mês registrando algo em torno de 0,3% a 0,4%. Temos ainda o IGP-DI e prévias do IGP-M, do IPC-S e do IPC da FIPE, além de dados de venda de varejo (PMC-IBGE). Já no cenário externo, depois dos índices PMI da China reduzirem as preocupações de curto prazo acerca da economia chinesa, as atenções se voltam para a divulgação de diversos indicadores do país em outubro, como, por exemplo, a balança comercial, as concessões de empréstimos e a inflação. Nos EUA, atenção para o relatório sobre empregos JOLTS de setembro e o índice preliminar de Sentimento do Consumidor de novembro (Sentimento de Michigan).

Nos mercados. O dólar caiu ante o real, os juros futuros também recuaram, enquanto o Ibovespa futuro subiu mais de 2%, na esteira das suas pares na Europa e mercado futuro em Nova York.

A redução do "risco Trump", que sacudiu os mercados na semana passada, fez as bolsas asiáticas fecharem em alta e impulsiona as bolsas europeias e futuros de Nova York para uma valorização de mais de 1%. Já o dólar sobe ante o euro e iene, mas recua em relação à maioria das moedas emergentes e ligadas a commodities. O petróleo, por sua vez, tem avanço de mais de 1%, também com o radar nas eleições americanas, que devem ser o principal condutor dos negócios até quarta-feira, quando sai o resultado das urnas.


Julio Hegedus Netto, CNPI, Economista-chefe Lopes Filho & Associados

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