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Putin manipula Trump

 Os Estados Unidos, através de Trump, são esnobados por Putin. Até onde vai essa farsa?


https://www.estadao.com.br/internacional/lourival-santanna/putin-manipula-trump-para-ganhar-tempo-e-conquistar-posicao-de-vantagem/


"*Putin manipula Trump para ganhar tempo e conquistar posição de vantagem*


_Presidente russo deu resposta ambivalente ao cessar-fogo na Ucrânia proposto pelos Estados Unidos e impôs uma série de condições para fazer acordo_


Por Lourival Sant'Anna 15/03/2025 


Vladimir Putin respondeu ao plano de um mês de cessar-fogo com sua típica ambivalência: rejeitando sem dizer “não”. Putin impôs uma série de condições. Como a principal característica do plano é ser incondicional, isso equivale a rejeição. O ditador russo quer manter a aproximação com os Estados Unidos, ganhar tempo e conquistar posição de ainda mais vantagem do que Donald Trump já lhe proporcionou.


“Concordamos com as propostas de cessar hostilidades”, disse Putin. “Essa cessação deve ser de tal sorte que conduza a uma paz de longo prazo e elimine as causas originárias desta crise.” Ele listou essas supostas causas no dia da invasão, há três anos, quando contestou a existência da Ucrânia como Estado soberano e a expansão da Otan no Leste Europeu a partir de 1997.


Putin também perguntou se a Ucrânia continuaria recebendo armas e se tropas estrangeiras monitorariam o cessar-fogo. É interessante porque ele recebe armas do Irã e da Coreia do Norte, além de milhares de soldados norte-coreanos. E porque a Otan existe para evitar invasões russas, a exemplo da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022, que ocorreram precisamente porque elas não integram a aliança.



O ditador continua achando que a Rússia tem mais direitos do que os seus vizinhos, por seu poder militar e nuclear. Trump reforça essa convicção. O presidente americano insiste que o problema é a resistência da Ucrânia, o país invadido, em ceder seus territórios, quando deveria fazê-lo, por ser mais fraca: “Você não tem as cartas”, disse Trump a Volodimir Zelenski, naquela chocante reunião na Casa Branca.


O secretário de Estado americano, Marco Rubio, declarou na Arábia Saudita, antes do encontro com os representantes ucranianos: “Os russos não podem conquistar toda a Ucrânia, e obviamente será muito difícil para a Ucrânia em qualquer período de tempo razoável forçar os russos de volta para onde estavam em 2014″.


Parece uma afirmação realista e equilibrada, mas na verdade ela embute a aceitação da violação da soberania. Isso se torna ainda mais grave quando dito pela maior potência militar do mundo. Só os ucranianos, donos da terra, podem propor concessões.


Para facilitar a aceitação dos termos impostos por Putin, Trump substituiu, como seu enviado à Rússia, o general Keith Kellogg, que conhece o assunto, por Steve Witkoff, empresário do ramo imobiliário que nada sabe a respeito. Witkoff chegou a Moscou na quinta-feira cedo e Putin o manteve esperando o dia inteiro, recebeu-o no fim da noite e disse que precisava falar com Trump. Ele está saboreando o cortejo e manipulando o presidente americano.

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