MACRO MERCADOS 01/03/21
MACRO MERCADOS
Segunda-feira, 01/03/2021
Overview
Iniciamos
o terceiro mês de 2021, completando um ano de
epidemia pelo mundo, com a economia norte-americana “super-estimulada” pelo
mega pacote fiscal de Joe Biden, ameaçando no front inflacionário e no “estouro de bolhas”, numa forte correção dos
mercados de ativos, o que deve se disseminar pelo mundo, com destaque para os
emergentes, sendo o Brasil um dos mais fragilizados. Nos EUA, os Treasuries,
em especial, de 10 anos , operavam na semana passada “esticados”, acima de 1,5%
ao ano, e o dólar se valorizava forte. São dois importantes indicativos.
No Brasil, a PEC Emergencial deve ser votada nesta semana, com o
Congresso aceitando a manutenção dos gatilhos para manter os gastos mínimos com
Saúde e Educação. Na proposta o auxílio só será acionado, mediante o congelamento
de salários por dois anos, se as despesas obrigatórias passarem de 95% do
total. Sobre a PEC, o montante gasto deve ficar em torno de R$ 40 bilhões,
desde que o auxílio emergencial não passe dos R$ 250 num prazo de quatro meses.
Falando do imbróglio das estatais, as demissões recentes dos presidentes da Petrobras e do BB
(possível), nomeados por Paulo Guedes, levanta suspeitas sobre as reais intenções
do governo por estes cargos e várias diretorias. Cresce a suspeita de que o
Centrão está por detrás. Cresce o “nacional desenvolvimentista” e o “corporativismo”
no governo, perde espaço o liberalismo de Paulo Guedes.
Sobre a pandemia, a ocupação dos leitos já passa de 80% em mais de metade
dos estados (17) e há “lockdown” no DF, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa
Catarina e Bahia, além da grande São Paulo, regiões de Campinas e Sorocaba. São
46 mil novos casos por dia e óbitos acima de 1,3 mil. Enquanto isso, nos EUA as
mortes, que chegaram a 500 mil, começam a desacelerar, com a redução de novos
casos. Em paralelo, foi aprovada pela FDA a vacina da J&J, necessária
apenas em uma dose. Isso, por certo, deve animar os mercados de NY.
De volta ao Brasil, neste cenário de “terceira e mais agressiva onda”, o risco de um mergulho recessivo é cada vez maior em 2021. A
pesquisa Focus, por exemplo, estima retração de 4,0% em 2020 e um primeiro
trimestre muito fraco. Contra isso, Paulo Guedes, uma das poucas cabeças
lúcidas e independentes deste governo, defende a rapidez nos programas de
vacinação em massa. Só assim a economia poderá reagir mais prontamente.
Comportamento dos ativos
Há uma percepção de aumento do risco Brasil, inflação
em alta, juro na mesma toada, assim como câmbio depreciado; a atividade
econômica segue em lenta e errática trajetória.
Ø Atividade Econômica.
Indicadores de atividade mostram uma retomada lenta e errática. Nesta quarta-feira sai o PIB do quarto trimestre e na
sexta-feira produção industrial de janeiro (PIM-IBGE), além de dados de
veículos registrados na Fenabrave e
vendidos na Anfavea (sexta-feira). Lembremos que as vendas do varejo de
dezembro (PMC) vieram em forte queda de 6,1%.
Ø Inflação
Tendência de elevação. As pressões
inflacionárias seguem na ordem do dia, diante da trajetória das commodities
em alta e do câmbio cada vez mais depreciado. Nesta semana, temos o IPCS de
fevereiro, devendo registrar 0,4%, contra 0,27% em janeiro. Na Focus,
estimativa é de 3,62%, mas em tendência de alta há seis semanas e a Wind trabalha
com 4%.
Ø Taxa de Juros
Tendência de alta. Esta semana é marcada pela reunião do
Copom, sendo crescente a possibilidade de uma elevação da taxa Selic. Continua
a inclinação da curva de juro futuro,
tanto nas pontas curtas como nas longas. A taxa Selic, em 2% anuais, deve ser
elevada em 0,5 ponto percentual, a 2,5%, mas não descartamos 0,75 p.p.. Ao fim
do ano parece consenso uma taxa mais para 4,0%, do que 3,65%, mas não será
surpresa se vier muito acima disso.
Ø Câmbio
Câmbio mais depreciado. O ambiente político açodado, as incertezas
domésticas fiscais e os Treasuries pressionados tendem a geram uma reversão de
liquidez para os países emergentes, pressionando o câmbio. Na sexta-feira, o dólar fechou em R$ 5,605 (+1,6%), acumulando
alta de 2,4% em fevereiro. Isso nos leva a acreditar que o ambiente externo é
desfavorável ao câmbio, já que os treasuries pressionados tendem a gerar um
fluxo de recursos para o mercado norte-americano (aumento da aversão ao risco).
Agenda
semanal
Numa semana carregada de indicadores de atividade (ver
acima) é importante atenção especial às movimentações do governo em torno das
nomeações na Petrobras e no BB, além da já desgastada relações de Paulo Guedes,
e equipe, com o resto do governo, destacando os militares. Em paralelo, temos a
reunião do Copom, a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2020 e a balança
comercial de fevereiro. No exterior, as atenções se voltam para a cúpula da
OPEP na quarta e quinta-feira, além de dados do mercado de trabalho nos EUA
(payroll na sexta) e de atividade;
Estejamos atentos também aos balanços a serem
divulgados...
Bons negócios a todos !
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