quarta-feira, 5 de setembro de 2018

ROBERTO DA MATTA

"O Museu Nacional não foi uma vítima somente do descaso. 

O descaso é o resultado da mais absoluta ausência em nosso horizonte cultural do lugar do professor. O descaso é irmão da nossa aliança com a ignorância, o oportunismo e a esperteza. Ele é filho dileto do abandono dos governos e de governantes orgulhosos de nunca terem lido um livro, mas que se concedem o direito de falar de tudo, sobretudo do que não entendem. Ele é o fruto de uma cultura aristocrática, autoritária e beletrista, que se compraz nos folguedos de poesia e pensa que contar casos é sabedoria. Um museu que morre por falta de apoio oficial é o que se colhe quando se elegem governantes ignorantes e burros-doutores narcisistas, que pensam que entendem de tudo, quando não são meros ladrões patológicos dos bens coletivos. Dessa ópera trágica nacional, na qual o papel de professor é nulo, nasce a indiferença muda que testemunha o assassinato dos museus. Fizemos estádios e reformamos o Maracanã ali ao lado do Museu Nacional, que sequer foi visitado por alguma autoridade. O Brasil é recordista em incêndios de museus, ao lado de ser um fenômeno no que tange ao roubo do povo em seu próprio nome!
Um país no qual a luta pelo poder não tem limites acaba destruindo ideais, valores e a mais chã moralidade. Estudar, investigar e compreender para sondar o escuro e o terror que se escondem em cada um dos nossos corações é algo sem valor. Ai está sem dúvida fósforo que toca fogo nos museus."
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P.S.: Onde estão os milionários brasileiros — formados gratuitamente nas nossas universidades federais — para ajudar na reconstrução do museu?


Leia mais: https://oglobo.globo.com/opiniao/a-morte-de-um-museu-23039202#ixzz5QEp2qXo1 
stest 

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