Diário de um economista (4)

O bom economista 🧑‍💼deve ser meio "metaforse ambulante". 

Se você opta por uma carreira acadêmica, praticamente, esquece o setor corporativo e vai estudar, ser acadêmico. Tem que fazer mestrado, doutorado, etc. Correr atrás das suas linhas de pesquisa, ir para uma universidade pública...

Ao contrário, se escolhes trabalhar numa empresa privada, vários são os desafios à sua espreita.

Escolhi o setor privado. 

Toda minha carreira acabou na Lopes Filho & Associados. De setembro de 1993 até outubro de 2018. Em interregnos, trabalhei na Fecomércio RJ e na má fadada corretora colombiana, Interbolsa, um entreposto de lavagem de dinheiro e esquemas variados com os cartéis mexicanos. Só vim a saber disso anos depois. Aliás, importante ressaltar a frustração com o universo das corretoras de valores. 

Geralmente, são mega estruturas que não conseguem performar. Esta a realidade. São estruturas imensas, para o rebate de alguns fundos e a mesa de traders conseguir captações e giros com clientes. Este, aliás, é o coração de uma corretora de valores. Se não for bom, esquece. 

Nas duas corretoras onde tive experiência, este coração não funcionava a contento. São uns caras, em sua maioria, arrogantes, que sempre querem colocar o dedo na cara de todos que "trabalham para eles". O ambiente na Interbolsa era terrível. Uns caras que realmente só sabiam causar tumultos. 

Na corretora seguinte, a Mirae, a experiência não foi menos gratificadora. Os caras não conseguiam superar a agressiva atuação dos concorrentes, algo muito complicado, e vivem de reclamar de outras áreas. Uma das atacadas foi o research (sobre isso, falarei com mais detalhe sobre a minha temporada nesta corretora coreana). 

A LF&A era uma consultoria voltada para o mercado de capitais. Era uma casa de análise, cheia de analistas CNPI, que realizavam análises variadas sobre o universo de empresas "listadas" em bolsa.

Foi fundada em 1977 pelo Luiz Fernando Lopes Filho. Teve uma fase áurea na gestão Maglianno como presidente da Bovespa. Num certo momento, a bolsa, uma espécie de fundação, precisou que os seus sócios "mutualizados", no caso, as 60 e tantas corretoras brasileiras e umas poucas gringas, tivessem "departamentos de análise".

Neste contexto, ofereceu às corretoras verbas para montar equipes ou contratar consultorias. A LF&A acabou se beneficiando. 

Isso durou alguns anos. 

O problema é que o mercado financeiro é um dos "nichos" mais dinâmicos de uma economia capitalista de mercado. Por pensar em criar sempre novos produtos para a proteção e evolução patrimonial dos investidores, sempre está se reinventando.

Por isso, a necessidade sempre de se transformar. 

O problema é que a LF&A acabou sem fôlego para acompanhar isso. Não devemos descartar, no entanto, que enquanto durou, foi uma das casas de análise mais inovadoras e pioneiras. A LF era uma consultoria "raiz". Lá os analistas tinham uma série de ferramentas para uma avaliação completa das empresas, desde os relatórios de acompanhamento (RA), até os Relatórios Básicos (RB).

Durou, no entanto, enquanto o Lulu teve saúde para segurar as pontas. A empresa🏣, porém, foi envelhecendo com o seu dono. Não tinha sucessores (um problema).

Com a "desmutualização" na bolsa de valores, estas verbas acabaram minguando. O mercado rapidamente se transformou, a bolsa virou SA, B3, e pouco sobrou para o mercado de corretoras.  

A LF&A acabou incorporada por uma concorrente mais jovem, a Eleven. Isso se deu em abril de 2019. Mas já em 2018 já sabíamos do seu desfecho.

Foi neste momento que eu resolvi levantar acampamento 🏕. 

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