BDM Riscala Matinal 1102

 Abertura: IPCA e Powell ficam no foco; contraofensivas estão no radar após tarifaço de Trump


São Paulo, 11/02/2025


Por Luciana Xavier e Silvana Rocha*


OVERVIEW. No foco dos mercados globais nesta terça-feira está o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que participa da audiência semestral sobre política monetária no Senado dos Estados Unidos. No Brasil, o destaque é o IPCA de janeiro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com membros do Senado para discutir a agenda econômica. O presidente Lula se reúne com ministros que compõem a Junta de Execução Orçamentária (JEO) e poderá ser discutida uma reformulação do orçamento de 2025 para a votação no Congresso.


NO EXTERIOR. Os mercados repercutem nesta manhã o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio "sem exceções ou isenções". A decisão já foi precificada e hoje a reação é amena, mas há temor de início de uma guerra comercial ampla. O republicano prometeu anunciar tarifas recíprocas esta semana e disse que fará reuniões para discutir tarifas para carros, indústria farmacêutica e de chips nas próximas semanas. Powell poderá mencionar hoje os riscos dessas políticas para inflação e política monetária. As bolsas europeias rondam a estabilidade, sem direção única, enquanto os futuros de Nova York recuam. EUA e China já impuseram tarifas a produtos um do outro, e ainda não deram sinais de negociações para reverter isso. O petróleo avança mais de 1%, refletindo temor de fim do cessar-fogo na Faixa de Gaza e sinais de aperto na oferta da commodity. Trump disse ontem que, em seus planos, os palestinos não teriam o direito de retornar ao território deles, devastado pela guerra.


POR AQUI. Assim como no exterior, a reação ao tarifaço de Trump pode ser moderada, e as atenções ficam na resposta que será dada pelo governo brasileiro e se haverá retaliação. Por enquanto, a diplomacia brasileira está optando pela cautela, mas há uma corrente forte que defende a reciprocidade. Especialistas analisam como a nova taxação se relacionará com o sistema de cotas vigente. As ações da CSN, Usiminas, CBA e Gerdau ficam no radar. O ADR da CSN operava estável no pré-mercado em NY às 7 horas e os da Gerdausubiam 2,32%, uma vez que a companhia tem produção no Brasil, mas também nos EUA. Os juros futuros ficam sensíveis ao IPCA, que também trará ajuste nas apostas para o ciclo de aperto da Selic. A estimativa do Projeções Broadcast é de aalta de 0,16% do IPCAem janeiro, de 0,52% em dezembro, com o bônus de Itaipu na tarifa de energia elétrica, mas os nnúcleos devem acelerarde 0,58%, para 0,62%.


NA POLÍTICA. O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta terça-feira uma disputa trabalhista que se arrasta há anos entre o Sindicato dos Engenheiros do Pará (Senge) e o Banco da Amazônia ((Basa)e que pode ter um impacto de R$ 200 milhões nos cofres públicos. Após ter dito que os atos de 8 de janeiro de 2023 não representaram uma tentativa de golpe, o presidente da Câmara, HHugo Motta(Republicanos-PB), dividiu pela primeira vez um palanque com o presidente Lula.


AGENDA.


IPCA E HADDAD NO SENADO EM DESTAQUE - O IIPCA de janeiro que sai às 9 horas, é o destaque da aagenda local O TTesourofaz leilões de NTN-B e LFT (11h). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e líderes da Casa para discutir a agenda econômica do governo (14h). O presidente LLulase reúne com ministros que compõem a Junta de Execução Orçamentária (JEO) - FFernando Haddad(Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão), às 15h30. O encontro ocorre na expectativa de uma reformulação do orçamento de 2025 para a votação no Congresso.


POWELL NO FOCO EXTERNO - No exterior, foco na audiência semestral sobre política monetária do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na Comissão do Senado dos EUA sobre Bancos, Habitação e Assuntos Urbanos (12h). Outros três dirigentes do Fed discursam: Beth Hammack, de Cleveland (10h50); John Williams, de NY (17h30); diretora Michelle Bowman (17h30). O presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey discursa em evento da Universidade de Chicago (9h15). Após o fechamento dos mercados serão divulgados os balanços do AIG, Coca-Cola e Super Micro Computer.


O QUE SABEMOS.


ITAÚSA - A IItaúsa(ITSA4) anunciou o pagamento de  R$ 8,16 bilhões em proventos aos acionistas e um aumento de capital de  até R$ 1 bilhão. O aumento de capital será feito por meio da emissão de 149.253.731 novas ações a R$ 6,70 por ação, com base na média ponderada das cotações das ações preferenciais nos últimos 120 dias, representando um deságio de aproximadamente 30%. Os acionistas terão direito de subscrever as novas ações entre 10 de março e 11 de abril de 2025, na proporção de 1,3766678% sobre as ações que possuírem na data-base de 17 de fevereiro de 2025.


EM TESE:  O pagamento de proventos deve ser bem recebido e pode impulsionar a demanda pelas ações antes da data-base de corte. O mercado pode enxergar também a capitalização de até R$ 1 bilhão como um movimento estratégico para fortalecer o caixa da empresa, e o preço de subscrição com um deságio de cerca de 30% pode atrair investidores interessados na oferta. Contudo, o aumento de capital com emissão de novas ações é um fator de diluição, reduzindo a participação proporcional dos acionistas que não aderirem à subscrição e pode gerar pressão vendedora também. Além disso, os dividendos podem ser usados para subscrever novas ações e alguns investidores podem ver nisso um  indício de que a Itaúsa busca reter capital em vez de distribuir aos acionistas. A ação ordinária carrega alta de 9,28% em 30 dias e de 3,09% em um ano.


TIM -A TTIMapresentou alta de 17,1% no lucro líquido normalizado do quarto trimestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, chegando a R$ 1,055 bilhão - maior patamar já registrado pela companhia, de acordo com o balanço. No ano, o lucro líquido subiu 6,8%, totalizando R$ 25,4 bilhões.  O lucro vem do crescimento do negócio de internet móvel - puxado pelo segmento pós-pago - e de medidas de ganho de eficiência nas operações, com melhora da margem. O conselho de administração da TIM aprovou a ddistribuição de R$ 200 milhõesna forma de juros sobre capital próprio (JCP), ao valor bruto de R$ 0,082624038 por ação.


EM TESE: O lucro líquido normalizado do 4º trimestre de 2024  ficou 8,5% acima das expectativas do mercado apuradas no PPrévias Broadcast que apontavam para R$ 972 milhões, e deve ser bem recebido pelo mercado. O resultado recorde foi impulsionado pelo controle de despesas, mas a TIM apresentou sinais de ddesaceleração na receitano 4T24 na margem, refletindo a queda no faturamento do pré-pago, que encolheu 10,4%, apesar do crescimento de 5,4% na receita de serviços móveis. Para 2025, a companhia projeta ccrescimento de 5% na receitade serviços, abaixo de 2024, e de 6% a 8% no Ebitda, ante 8% em 2024. A empresa prevê distribuir entre R$ 3,9 bilhões e R$ 4,1 bilhões em dividendos em 2025, acima dos R$ 3,5 bilhões de 2024. A ação ordinária (TIMS3) acumula alta de 14,54% em 30 dias e queda de 8,44% em um ano.


OVERNIGHT.


RANKING DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO -  O BBrasilficou na 107ª posição na edição de 2024 do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional, empatado com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia. É a pior colocação na série histórica, iniciada em 2012. De acordo com o um relatório da entidade lançado junto com o ranking, o decréscimo da nota do País se deveu a fatores como o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a pauta anticorrupção, a manutenção do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no cargo mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa.


IPC-FIPE - O ÍÍndice de Preços ao Consumidor(IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,17% na primeira quadrissemana de fevereiro, desacelerando ante o acréscimo de 0,24% de janeiro, segundo dados publicados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).


AZUL - A AAzul vai propor a seus acionistas, em assembleia no próximo dia 25, uma conversão automática de ações preferenciais (PN, sem direito a voto) em ordinárias (ON, com direito a voto),  até setembro de 2026 ou em caso de fusão com a Gol. A mudança visa fortalecer a governança e melhorar a estrutura de capital da empresa. A proposta ocorre após um aumento de capital de até R$ 6,2 bilhões e a renegociação de US$ 1,9 bilhão em dívidas. A reestruturação inclui a conversão de dívidas em ações PN, o que pode diluir a participação dos acionistas em até 80%.


STONE - As vendas do comércio brasileiro cresceram 2,8% em janeiro deste ano, ante o mês anterior. Na comparação anual, o primeiro mês deste ano também mostrou alta de 1,9%, segundo o ÍÍndice do Varejo Stone(IVS). Para o pesquisador econômico e cientista de dados da Stone, Matheus Calvelli, o crescimento em janeiro pode ter sido influenciado por uma base de comparação baixa, após quedas seguidas em novembro e dezembro. "A alta mensal é um bom sinal para o setor, ainda que o cenário macroeconômico sinalize cautela", diz.


LUIZACRED -  O Ministério Público do Trabalho de São Paulo abriu um inquérito para investigar possível fraude trabalhista na LLuizaCred parceria entre Itaú Unibanco e Magazine Luiza. A denúncia alega que funcionários da financeira são contratados pela Magalu como comerciários do varejo, mas atuam com produtos bancários do Itaú. O inquérito foi instaurado após uma disputa judicial relacionada à aquisição da Kabum! pela Magalu, anunciada em 2021.


BOMBRIL - A BBombrilajuizou nesta segunda-feira, em conjunto com outras sociedades do seu grupo econômico, pedido de recuperação judicial perante a 1ª Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária de São Paulo. O pedido foi autorizado nesta mesma data pelo conselho de administração da companhia. Com a recuperação judicial ajuizada, a companhia afirma que "será capaz" de manter a sua capacidade operacional e reestruturar adequadamente seu passivo.


BP - A ppetrolífera britânica BPinformou que teve lucro subjacente com base nos custos de reposição de US$ 1,17 bilhão no quarto trimestre de 2024, bem inferior ao ganho de US$ 2,27 bilhões apurado no terceiro trimestre. O resultado também ficou abaixo do consenso de analistas levantado pela própria empresa, de US$ 1,26 bilhão. A BP também confirmou que fará uma recompra de ações no valor de US$ 1,75 bilhão.


UNICREDIT - O UUniCreditteve lucro líquido de 1,56 bilhão de euros no quarto trimestre de 2024, 18% menor do que o ganho de igual período do ano anterior, segundo balanço divulgado nesta terça-feira. O resultado, porém, superou a projeção de analistas levantada pelo próprio banco italiano, de lucro de 1,44 bilhão de euros.


BOE/MANN - Dirigente do Banco da Inglaterra (BoE), CCatherine Manndisse nesta terça-feira que a principal taxa de juros britânica deve continuar restringindo a atividade econômica do Reino Unido para garantir que famílias e empresas não ajam de maneira a prolongar uma iminente alta da inflação. Na semana passada, Mann surpreendeu os investidores ao votar pelo corte do juro básico em 50 pontos-base, contrariando a decisão da maioria dos dirigentes do BoE, que optaram por uma redução menor da taxa, de 25 pontos-base, a 4,50%.


OPENAI - Um consórcio de investidores, liderado por EElon Musk ofereceu US$ 97,4 bilhões para adquirir a organização sem fins lucrativos que controla a OpenAI, intensificando sua disputa com Sam Altman. A proposta complica os planos de Altman de transformar a OpenAI em uma empresa com fins lucrativos e investir até US$ 500 bilhões em infraestrutura de IA. A oferta levanta questões sobre a avaliação da organização sem fins lucrativos, podendo dar a Musk uma posição controladora. A OpenAI classificou as reivindicações legais de Musk como infundadas e exageradas.


E NOS MERCADOS.


TREASURIES - Os rendimentos dos Treasuries operam em alta moderada, após a confirmação de tarifas de 25% pelos EUA a importações de aço e alumínio. O primeiro dia de testemunho do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, no Congresso dos EUA é aguardado bem como comentários de outros dirigentes do Fed. Também hoje, o Tesouro americano leiloa US$ 58 bilhões em T-notes de 3 anos. Às 7h18, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,281% (de 4,273% no fim da tarde de ontem), o da T-note de 10 anos avançava a 4,522% (de 4,497%) e o do T-bond de 30 anos aumentava a 4,736% (de 4,710%).


FUTUROS DE NY - Os índices futuros das bolsas de Nova York recuam, após o desempenho positivo de Wall Street ontem puxado por ganhos no setor de siderurgia diante da expectativa de imposição de tarifas de 25% ao alumínio e o aço importados pelo país, que foi confirmada à noite. A perspectiva de que o movimento faça parte de um plano que resulte em uma tarifa mais baixa do que o esperado anteriormente deu certo alívio aos mercados na véspera. No radar estão o testemunho do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso americano e balanços, incluindo da Coca-Cola. Às 7h18, no mercado futuro, o Dow Jones caía 0,17%, o S&P 500 recuava 0,27% e o Nasdaq tinha perda de 0,39%.


BOLSAS EUROPEIAS - As bolsas europeias sobem na maioria nesta manhã, um dia após o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmar tarifas a importações de aço e alumínio e enquanto investidores digerem balanços corporativos da região, como de BP e Unicredit. Também o radar, estão pronunciamentos dos presidentes do Federal Reserve (Fed) e do Banco da Inglaterra (BoE). Às 7h18, a Bolsa de Londres estava estável (0,00%), a de Paris avançava 0,06%, enquanto a de Frankfurt tinha ganho de 0,13%.


MOEDAS -  O dólar adota viés positivo ante outras moedas de países desenvolvidos, após o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmar ontem à noite tarifas a importações de aço e alumínio e à espera de pronunciamentos de dirigentes de grandes bancos centrais, em especial do presidente do Federal Reserve, que fala no Congresso americano hoje e amanhã. Às 7h20, o euro subia a US$ 1,0323 (de US$ 1,0309), a libra estava estável a US$ 1,2366 (de US$ 1,2366) e o dólar se enfraquecia marginalmente, a 152,02 ienes (de 152,03 ienes). Já o índice DXY do dólar - que acompanha as flutuações da moeda americana em relação a outras seis divisas relevantes - tinha leve baixa de 0,07%, a 108,243 pontos.


PETRÓLEO - Os contratos futuros do petróleo operam em alta, em sua terceira sessão consecutiva de ganhos, em meio a temores de que o cessar-fogo na Faixa de Gaza seja interrompido e sinais de aperto na oferta da commodity. A produção russa de petróleo ficou abaixo de sua cota na Opep+ em janeiro, segundo analistas da ANZ Research. Às 7h21, o barril do petróleo WTI para março subia 1,31% na Nymex, a US$ 73,27, enquanto o do Brent para abril avançava 1,32% na ICE, a US$ 76,87.


BOLSAS DA ÁSIA - As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam sem direção única nesta terça-feira, após o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmar a aplicação de tarifas de 25% a importações de aço e alumínio. Neste mês, EUA e China também impuseram tarifas a produtos um do outro, e ainda não deram sinais de negociações para reverter a cobrança. O índice Hang Seng caiu 1,06% em Hong Kong, após o recente rali de ações de tecnologia. O  sul-coreano Kospi avançou 0,71% em Seul. O Taiex subiu 0,57% em Taiwan. No Japão, não houve negócios em função de um feriado. Na China continental, os mercados ficaram no vermelho, pressionados por ações de consumo e do setor imobiliário. O Xangai Composto recuou 0,12%, e o menos abrangente Shenzhen Composto cedeu 0,49%. Na Oceania, o S&P/ASX 200 teve alta marginal de 0,01% em Sydney.


*Colaborou Sergio Caldas


Contatos: luciana.xavier@estadao.com e silvana.rocha@estadao.com

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