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Trump e as ameaças, 0601

 Estadão: 'Com a volta de Trump, Brasil enfrenta riscos concretos'


São Paulo, 05/01/2025 - Janeiro marcará um dos principais eventos que vão ditar o rumo dos mercados globais neste ano e nos próximos: dia 20, Donald Trump toma posse pela segunda vez como presidente dos EUA. A volta do republicano ao poder já vem influenciando o humor de investidores globais, em meio à euforia e ao receio com as propostas feitas ao longo da campanha.


Entre essas promessas, estão taxar produtos importados, acirrar guerras comerciais e reprimir a imigração e deportar imigrantes. Apesar de a ideia de “tarifaço” ser discutida inicialmente para produtos chineses, canadenses e mexicanos, o futuro presidente dos EUA já deu indícios de que estenderá a medida a todos os parceiros comerciais em maior ou menor grau. Incluindo ameaças ao Brics, bloco econômico do qual o Brasil faz parte.


Em meio a esse cenário, a avaliação de Thiago de Aragão, CEO da consultoria Arko Advice International, é de que o Brasil enfrenta riscos concretos, especialmente de sanções ou isolamento comercial. “Setores que dependem de exportações, como o agronegócio e mineração, podem ser os mais impactados. Empresas como Vale, JBS e BRF poderiam sofrer com barreiras tarifárias ou maior concorrência de produtos americanos subsidiados”, diz. “Além disso, a adoção de políticas hostis aos Brics pode dificultar acordos bilaterais e reduzir o fluxo de investimentos externos.”


Como o retorno da política “América em primeiro lugar”, de Trump, pode influenciar os mercados?

Provavelmente, trará instabilidade. Historicamente, essa abordagem protecionista busca priorizar os interesses econômicos internos, aumentando tarifas, revisando acordos comerciais e reduzindo a dependência de importações estratégicas. Isso pode gerar volatilidade, especialmente em economias dependentes de exportações para os EUA, como China, México e Brasil. Ao mesmo tempo, a busca de Trump por desregulamentação e estímulo à produção doméstica deve beneficiar setores como energia, defesa e tecnologia nos Estados Unidos, influenciando investidores globais a priorizarem ativos americanos. Isso atrairá investimentos de empresas americanas que estavam destinados ao exterior. Se por um lado beneficiará a indústria americana, abrirá espaço para produtos chineses no mundo e representará uma ótima notícia para a indústria chinesa.


O mercado brasileiro corre algum risco, tendo em vista as ameaças feitas por Trump aos Brics?

O Brasil enfrenta riscos concretos, considerando as ameaças de Trump de enfraquecer os Brics, particularmente por meio de sanções ou isolamento comercial. Setores que dependem de exportações, como o agronegócio e mineração, podem ser os mais impactados. Empresas como Vale, JBS e BRF poderiam sofrer com barreiras tarifárias ou maior concorrência de produtos americanos subsidiados. Além disso, a adoção de políticas hostis aos Brics pode dificultar acordos bilaterais e reduzir o fluxo de investimentos externos. Para o acionista, isso pode significar volatilidade nos papéis dessas empresas e incertezas em relação à rentabilidade de longo prazo.


O dólar disparou no Brasil especialmente pelo risco fiscal, mas, globalmente, a moeda americana também se fortaleceu ante outras divisas. Como a conjuntura geopolítica que se desenha para 2025 vai impactar o câmbio?

O fortalecimento do dólar em 2025 reflete tanto a volta de Trump quanto uma conjuntura geopolítica desafiadora. A desaceleração na China e na Europa, aliada à falta de resoluções para conflitos no Oriente Médio, reforça a percepção do dólar como um porto seguro. Para o Brasil, além do impacto fiscal interno, a volatilidade cambial pode ser intensificada pela relação do País com os Brics e o aumento da aversão global a riscos. Isso pode pressionar ainda mais o câmbio e tornar mais cara a captação de recursos externos.


Como está o sentimento dos fundos que você assessora em relação ao Brasil? Há receio em Wall Street sobre investir no País no momento?

O sentimento em relação ao Brasil é misto. Por um lado, o potencial do mercado brasileiro, especialmente em setores como energia renovável e agronegócio, continua atraente. Por outro, há receio em Wall Street quanto ao cenário fiscal e político, além da capacidade de o Brasil se proteger contra choques externos. A postura de Trump em relação ao Brics também adiciona um componente de incerteza, especialmente para fundos mais avessos ao risco. Ainda assim, investidores que buscam retornos elevados podem considerar o Brasil, desde que haja medidas claras para mitigar instabilidades internas. (Luiz Lanza, E-Investidor)


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