Maiores pagadoras de dividendos

 Estadão: Estudo lista as companhias que mais pagam dividendos a acionistas no País


São Paulo, 05/01/2025 - A economista Louise Barsi, sócia-fundadora do AGF, encomendou um estudo à consultoria Elos Ayta para identificar as ações que mais pagaram dividendos nos últimos seis anos. O filtro considerou companhias que registraram um Dividend Yield (DY, índice que mede a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço de suas ações) de pelo menos 6%, na mediana, e que tenham mantido um volume financeiro relevante.


No topo da lista de melhores pagadores aparece a Petrobras, com DY de 11,82% no período analisado. Os papéis ON e PN da estatal, porém, não fazem parte da seleção do AGF, aplicativo que orienta como gerar renda passiva por meio de investimentos com foco em dividendos, em razão da volatilidade excessiva: nos seis anos analisados, os seus pagamentos oscilaram entre 1,4%, no pior ano, e 67,92%, no melhor.


“Não é uma empresa para a carteira de qualquer um. Tem que ser um investidor mais experiente, que tenha estômago”, diz Louise, que leva adiante o legado do pai, o megainvestidor Luiz Barsi. “A gente sempre ensina para os nossos assinantes que a busca é por empresas que não oscilem tanto assim. Preferimos empresas perenes, de setores que dificilmente atinjam 70% de yield em um ano, mas que o investidor terá pelo menos 6% de yield em um ano que seja muito ruim”, ressalta.


Esse é o caso da Taesa, segunda colocada no ranking da Elos Ayta, com um DY mediano de 9,61%. A companhia do setor elétrico tem muito menos volatilidade no fluxo de pagamentos de proventos do que a Petrobras: no pior ano, teve um yield ainda relevante, de 8,39%. No melhor ano, chegou a 17,78%. O levantamento traz ainda outras companhias, como BB Seguridade, Copasa, Cemig e Banco do Brasil, com essa mesma característica - unir pagamentos altos e constantes - e que por isso são indicações do AGF para quem busca renda passiva, perene e de forma segura.


‘RISCO DE RUÍNA’. “Tentamos mostrar para as pessoas que não necessariamente você precisa se colocar em ‘risco de ruína’ para ter uma rentabilidade diferenciada”, afirma a economista. Para este ano, quem segue essa estratégia de investir em companhias historicamente resilientes e que são boas pagadoras de dividendos não deve se preocupar com a crise fiscal, por exemplo, segundo ela.


Desde o anúncio do pacote de corte de gastos do governo federal, no fim de novembro, o mercado mergulhou em uma espiral de pessimismo. De um lado, as medidas foram consideradas insuficientes. De outro, a divulgação em conjunto com a proposta de isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil pegou os investidores de surpresa e intensificou a reação negativa. Resultado: já há quem veja a taxa Selic em 15% neste ano, o que deve impactar negativamente a performance das empresas da Bolsa, especialmente as companhias que atuam no mercado interno e têm endividamento mais elevado.


Mas este não deve ser o caso das companhias “BEEST” - nome dado pelo AGF a empresas do setor bancário, energia, seguros, saneamento e telecomunicações, que pagam dividendos e são resilientes.


“Mesmo com um cenário mais difícil no macro previsto para 2025, boa parte dos relatórios de colegas analistas que eu tenho lido tem, inclusive, apontado para um aumento da lucratividade”, diz Louise. “As seguradoras, por exemplo, se não houver alguma variável muito diferente no negócio, alguma externalidade, esse vai ser o momento em que essas empresas vão se beneficiar bastante”, diz.


DOMINÂNCIA FISCAL. Na visão da economista, o mercado tem razão de estar “nervoso”, já que há neste momento um risco potencial de “dominância fiscal” - termo utilizado para descrever situações em que a política monetária (subir ou baixar os juros de um país) do Banco Central perde o efeito de controlar a inflação, em razão do descontrole dos gastos públicos.


Entretanto, diz ela, a situação “micro” das empresas ainda está muito mais positiva do que em outros momentos em que houve tensão parecida nos mercados, como durante o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). “Hoje, eu acho que é muito mais uma antecipação dessa ansiedade do que pode vir a acontecer de dominância fiscal do que necessariamente um reflexo da qualidade dos balanços que devem vir agora para 2025.”


“Pode ser que uma ou outra companhia reduza a política de dividendos por uma postura muito mais conservadora, de precaução, do que por necessidade. Principalmente em setores que são pouco mais ‘capital intensivo’, não vejo isso ocorrendo com bancos, seguradoras. Os setores BEEST, que costumamos investir, são de empresas que se beneficiam dessas características que estamos vivendo hoje, como juro alto”, acrescenta ela.


A economista recomenda ainda que se evite extremos e comportamentos de manada, como sair investindo todo o capital disponível em ações porque os papéis caíram ou vender tudo por conta das desvalorizações. “Siga o plano e aproveite que esse é o mês em que as empresas estão anunciando juros sobre capital próprio (JCP), dividendos, algumas vão pagar inclusive nas próximas semanas. Então usa esse fluxo para continuar dando uma robustez para a sua carteira. Não vai tirar um dinheiro da reserva de emergência para colocar no ambiente que é volátil”, diz. (Jenne Andrade, E-Investidor)


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