Pular para o conteúdo principal

FSB - Sistema financeiro global

 FSB:Sistema financeiro global tem vulnerabilidade em altos preços de ativos e de dívida privada


Por Ricardo Leopoldo


São Paulo, 18/11/2024 - O sistema financeiro global apresenta vulnerabilidades, com elevados preços de ativos em várias categorias, suscetíveis a choques internacionais, e nível do endividamento do setor privado que pode ter repercussões negativas a instituições do setor, como bancos e corretoras, destaca o relatório anual 2024 do Financial Stability Board (FSB).


De acordo com o FSB, recentes episódios de volatilidade nos principais mercados financeiros mundiais ressaltam a reação deles a notícias econômicas, com uma tendência de apresentar elevada correção mesmo que suas sedes estejam estabelecidas em diferentes países. Tais acontecimentos mostram que há grande nível de interconexão na negociação de ativos, especialmente em relação a liquidez e alavancagem.


Problemas com o pagamento de dívidas do setor privado podem levar a perdas e aumentar o volume de financiamentos inadimplentes. Tais dificuldades podem provocar repercussões em fundos de investimentos, gerando perdas com a marcação a mercado, que, por sua vez,  pode provocar um movimento significativo de saques de clientes. Além disso, o peso do passivo mobiliário de governos pode elevar preocupações com a sustentabilidade de dívidas públicas em alguns países.


Para o FSB, embora o fluxo de capitais para mercados emergentes e economias em desenvolvimento tenha se recuperou desde 2022, mudanças em expectativas sobre taxas de juros e tensões geopolíticas podem levar a adicionais turbulências no fluxo de capitais e taxas de câmbio. “Isto poderá induzir a chamadas de margem e aumentar a demanda por liquidez que pode levar a restrições de mercados.”


De acordo com o relatório, instituições financeiras não bancárias continuam a crescer. O crédito privado está em expansão acelerada e há diversas evidências de suas conexões com o sistema bancário e investidores institucionais. Fundos de crédito privado estão expostos a riscos, com vulnerabilidades de liquidez e alavancagem, especialmente porque são opacos e é difícil acessá-los.


Ataques cibernéticos continuam a causar problemas em softwares com impactos globais, demonstrando que rupturas operacionais de fornecedores de serviços terceirizados pode prejudicar a capacidade de instituições financeiras para realizar seus negócios diariamente.


O FSB também aponta que a continuidade de elevadas emissões de gases que causam o efeito estufa eleva incertezas sobre potenciais consequências à estabilidade financeira.  O aumento dos riscos para a transição a uma economia verde pode provocar abruptas mudanças de preços de ativos.


Desde os episódios de estresse financeiro nos EUA e Europa em março de 2023, o FSB está analisando as vulnerabilidades ao sistema financeiro global, como as relacionadas à solvência e riscos de liquidez. Neste contexto, o Financial Stability Board investigou movimentos expressivos de saques de recursos por clientes, incluindo a análise do papel de mídias sociais e taxas de juros no comportamento dos depositantes, além de avaliar como o uso de tecnologias pode afetar os trabalhos de bancos e instituições reguladoras. “A velocidade sem precedentes na qual a turbulência ocorreu significa que é fundamental as autoridades reagirem rapidamente durante períodos de estresse.”


O relatório destaca que o FSB continua a priorizar ações para fortalecer a resiliência de instituições financeiras não bancárias, pois no ano passado publicou recomendações para políticas de governos enfrentarem problemas de descasamento de liquidez em fundos abertos e sugeriu medidas para melhorar o acesso de recursos no mercado não bancário para chamadas de margem e de garantias.


O setor financeiro internacional tem utilizado instrumentos de inteligência artificial, mas a adoção não é homogênea por instituições deste segmento da economia. O Financial Stability Board identificou que a dependência de fornecedores, em uma área altamente concentrada, mais correlações de mercado, problemas  cibernéticos, de modelos, qualidade de dados e da governança destas empresas têm o potencial de elevar o risco sistêmico.


O FSB também examinou as implicações de ativos tokenizados à estabilidade financeira, identificando muitas das mesmas vulnerabilidades ocorridas nas finanças tradicionais. “Dada a pequena escala, a tokenização não oferece atualmente risco material à estabilidade financeira, mas pode precisar ser monitorada.”


Contato: ricardo.leopoldo@estadao.com


Broadcast+

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Prensa 0201

 📰  *Manchetes de 5ªF, 02/01/2025*    ▪️ *VALOR*: Capitais mostram descompasso entre receitas e despesas, e cresce risco de desajuste fiscal       ▪️ *GLOBO*: Paes vai criar nova força municipal armada e mudar Guarda   ▪️ *FOLHA*: Homem atropela multidão e mata pelo menos 15 em Nova Orleans  ▪️ *ESTADÃO*: Moraes é relator da maioria dos inquéritos criminais do STF

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato* [18/10/24] … Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar. … “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o pa...

NEWS 0201

 NEWS - 02.01 Agora é com ele: Galípolo assume o BC com desafios amplificados / Novo presidente do Banco Central (BC) agrada em ‘test drive’, mas terá que lidar com orçamento apertado e avanço da agenda de inovação financeira, em meio a disparada no câmbio e questionamentos sobre independência do governo- O Globo 2/1 Thaís Barcellos Ajudar a reverter o pessimismo com a economia, administrar a política de juros, domar o dólar e a inflação — que segundo as estimativas atuais do mercado deverá estourar a meta também este ano —, além de se provar independente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores desafios de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC). Mas não são os únicos. Com o orçamento do BC cada vez mais apertado, o novo presidente do órgão tem a missão de dar continuidade à grande marca de seu antecessor, Roberto Campos Neto: a agenda de inovação financeira. Também estão pendentes o regramento para as criptomoedas e um aperto na fiscalização de instituições...