Pular para o conteúdo principal

FSB Propostas para o sistema financeiro global

 Em carta a líderes do G20, presidente do FSB pede implementação de reformas financeiras


Por Ricardo Leopoldo


São Paulo, 18/11/2024 - Em carta aos líderes do G-20, o presidente do Financial Stability Board, Klaas Knot destacou que é necessário implementar em seus países reformas no setor financeiro, entre elas a adoção de Basileia 3. “Com elevados níveis de dívida pública e privada e modesto crescimento econômico o mundo não pode permitir a instabilidade financeira”, destacou. “Precisamos redobrar nossos esforços conjuntos para assegurar que um sistema financeiro global estável possa financiar a economia, sem o uso de apoio extraordinário.”


Na mensagem, Knot ressaltou que o estresse financeiro ocorrido em março de 2023 nos EUA e alguns países da Europa lembrou que corridas bancárias continuam um risco e autoridades ainda enfrentam desafios para lidar com instituições falidas do setor. Segundo ele, uma das lições daqueles episódios é que gestores de bancos e reguladores “precisam agir mais rapidamente e eficientemente do que no passado em relação a saídas de capitais.” Também têm fundamental importância a solidez da administração de risco bancário, práticas de governança e “supervisão vigilante.”


De acordo com Klaas Knot, uma prioridade de longa data da agenda do FSB é melhorar a resiliência do segmento financeiro não bancário, pois suas operações de intermediação continuam a crescer, o que pode implicar em novos riscos e vulnerabilidades a todo o setor financeiro. Além de realizar recomendações para  ações de governos sobre fundos abertos e de money market, o Financial Stability Board irá no próximo ano realizar sugestões a reguladores de diversos países para enfrentar riscos à estabilidade financeira que podem surgir com a alavancagem deste segmento não bancário.


“Não é suficiente desenvolver políticas, mas elas também precisam ser implementadas eficientemente. Isto significa que as autoridades precisam não somente torná-las leis e regulações, mas também construir a capacidade para operacionalizá-las”, apontou Knot. “Um exemplo notável onde progresso é necessário é na implementação total das reformas de Basileia 3, consistentemente e o mais rápido possível, particularmente nas jurisdições onde a adoção continua incerta em termos de tempo e substância.”


Na avaliação de Klaas Knot, o FSB está coordenando trabalhos para enfrentar as implicações da digitalização e mudanças climáticas à estabilidade financeira.


A digitalização traz grandes eficiências, destacou Knot, ressaltando como exemplo o uso crescente de inteligência artificial (IA) em finanças.  “Enquanto a IA pode trazer benefícios significativos para autoridades e instituições financeiras reguladas, vulnerabilidades relacionadas à IA podem elevar o risco sistêmico nos mercados financeiros, inclusive os relacionados a dependência de terceiros e concentração de provedores de serviços, correlações de mercado, segurança cibernética, risco de modelos e qualidade de dados.”  Ele ressaltou que o FSB continuará a monitorar o uso da inteligência artificial para avaliar se são suficientes os atuais arcabouços normativos em vários países.


Outro exemplo de mudanças que surgiram com a digitalização é o conjunto de novas infraestruturas de pagamentos, que podem melhorar a eficiência no acesso dos usuários. Para Knot, é necessário trabalho adicional para reduzir fricções e aprimorar o ambiente técnico para melhores resultados em pagamentos internacionais para que se tornem mais ágeis, baratos, inclusivos e transparentes. “As políticas do FSB têm como objetivo assegurar que o princípio de ’mesma atividade, risco e regulação’ seja aplicado a todas as entidades financeiras que provêm ativos cripto e arranjos de pagamentos internacionais.”


De acordo com o presidente do FSB, está ficando mais evidente a exposição global a riscos financeiros relacionados ao clima. Segundo ele, é essencial que empresas adotem metodologias para avaliar riscos ambientais que elas poderão enfrentar no futuro próximo em seus negócios. “No último ano, esforços globais tiveram como foco apoiar jurisdições para adotar, aplicar ou ser informadas pelo  International Sustainability Standards Board (ISSB), cujos padrões servem como um arcabouço global para divulgação (de dados) sobre sustentabilidade.”


Contato: ricardo.leopoldo@estadao.com


Broadcast+

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Prensa 0201

 📰  *Manchetes de 5ªF, 02/01/2025*    ▪️ *VALOR*: Capitais mostram descompasso entre receitas e despesas, e cresce risco de desajuste fiscal       ▪️ *GLOBO*: Paes vai criar nova força municipal armada e mudar Guarda   ▪️ *FOLHA*: Homem atropela multidão e mata pelo menos 15 em Nova Orleans  ▪️ *ESTADÃO*: Moraes é relator da maioria dos inquéritos criminais do STF

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato* [18/10/24] … Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar. … “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o pa...

NEWS 0201

 NEWS - 02.01 Agora é com ele: Galípolo assume o BC com desafios amplificados / Novo presidente do Banco Central (BC) agrada em ‘test drive’, mas terá que lidar com orçamento apertado e avanço da agenda de inovação financeira, em meio a disparada no câmbio e questionamentos sobre independência do governo- O Globo 2/1 Thaís Barcellos Ajudar a reverter o pessimismo com a economia, administrar a política de juros, domar o dólar e a inflação — que segundo as estimativas atuais do mercado deverá estourar a meta também este ano —, além de se provar independente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores desafios de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC). Mas não são os únicos. Com o orçamento do BC cada vez mais apertado, o novo presidente do órgão tem a missão de dar continuidade à grande marca de seu antecessor, Roberto Campos Neto: a agenda de inovação financeira. Também estão pendentes o regramento para as criptomoedas e um aperto na fiscalização de instituições...