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Alvaro Gribel

 *Dívida do Master já pode ter subido quase R$ 1 bilhão desde anúncio da operação com o BRB*


Banco tem R$ 49 bilhões em dívidas de CDBs, de acordo com seu balanço, que são corrigidas a taxas de juros de quase 20% ao ano


Alvaro Gribel


Uma conta relativamente simples dá a ideia da urgência envolvendo a operação de venda do banco Master. Desde o anúncio da operação com o BRB, no dia 28 de março, a dívida do banco já pode ter subido quase R$ 1 bilhão, em função dos passivos contraídos pela instituição financeira a taxas muito mais altas do que as praticadas pela média do mercado.


De acordo com o balanço divulgado pelo banco de 2024, o Master tem R$ 49,24 bilhões em passivos nas rubricas de “depósitos interfinanceiros” e “depósitos a prazo”, nas quais ficam registrados os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). O Master chegou a emitir essa dívida prometendo pagamentos de até 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que é atrelado à taxa Selic.


Se a conta for feita de forma mais conservadora, levando-se em conta, por exemplo, uma taxa média de 130% do CDI, a dívida do Master poderá ter subido R$ 837 milhões, nos 25 dias úteis que transcorreram desde o anúncio da operação com o banco de Brasília. O cálculo foi feito com a ajuda de um especialista em balanço de bancos, mas que preferiu não se identificar.


O número exato, contudo, pode nem ser conhecido, já que o banco está em análise para venda para o BRB e terá o seu balanço desmembrado. A conta também precisaria levar em consideração o valor exato de cada papel emitido, mas esse valor dá uma ordem de grandeza e também de urgência dessa operação. Quanto mais o tempo passa, maior pode ser o “buraco” deixado para trás pelo Master.


O crescimento acelerado da sua dívida - em função das altas taxas de juros que o próprio Master ofereceu aos seus clientes para captar recursos - é um dos grandes problemas sobre o futuro do banco. A grosso modo, como a taxa Selic está em 14,25% ao ano, o Master se comprometeu a pagar essa dívida com juros de 18,52% ao ano (caso tenha como referência o CDB de 130% do CDI).


Por outro lado, há também questionamento sobre os ativos da própria instituição financeira. Para fazer frente a um fluxo elevado de dívidas a pagar, o Master precisou investir em ativos arriscados, que poderiam gerar altas taxas de retorno (para pagar a dívida cara), caso as operações dessem certo.


Entre eles estão ações de empresas em dificuldade (com a aposta de valorização rápida), e os precatórios e direitos creditórios, que são dívidas que o setor privado tem a receber da União, mas de pagamento incerto.


Por isso, o Master corre contra o relógio, assim como os grandes bancos, que são os principais credores do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Quanto maior ficar a dívida do Master, maior também pode ser a conta que sobrará para ser paga pelo FGC.


BRB ‘fecha operação’ e descarta R$ 33 bi de ativos


Enquanto o Master ainda tem negociações com o setor privado, em busca de compradores para os ativos que não serão incorporados pelo BRB, o banco de Brasília terminou de entregar a documentação complementar ao Banco Central.


Nos bastidores, o que se comenta é que o BRB já concluiu o tamanho da sua operação com o Master.


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No final de março, em entrevista ao Estadão, o presidente do banco, Paulo Roberto Costa, afirmou que R$ 23 bilhões de ativos do banco não entrariam na operação. Agora, o número subiu para R$ 33 bilhões, descartando também carteiras de crédito “concentradas”, com baixas garantias ou com fluxo de recebimento considerado longo demais pelo banco.


Essa seria a continuação da diligência que está sendo feita pelo BRB no Master, com a ajuda de firmas de auditoria. O quanto sobrará dos ativos ainda é um número incerto. No balanço do Master de dezembro, o banco tinha R$ 63 bilhões de ativos, mas dados do banco central, incluindo conglomerando, mostram R$ 83 bilhões de ativos. Parte disso seria anulado do ponto de vista contábil.


Entre o pedaço do Master que fica para trás, dentro da chamada “liquidação privada”, ou seja, a venda desses ativos, a expectativa é de que pelo menos uma parte tenha suporte do FGC, a que estaria em negociação com o grupo J&F. Isso garantiria o pagamento dos passivos do banco, honrando os compromissos assumidos pelo Master. O Master ainda procura, contudo, compradores para outros ativos do banco.


Uma grande dúvida que ainda paira no mercado financeiro é quais serão os passivos que serão herdados pelo BRB. Pelo acordo firmado entre os bancos, ficou claro que o BRB poderá escolher os ativos que quer comprar, mas permanece um mistério quais serão os passivos correspondentes a esses papéis. A interlocutores, Costa tem dito que esse cronograma não irá pressionar o banco público.


https://www.estadao.com.br/amp/economia/alvaro-gribel/desde-o-anuncio-da-operacao-com-o-brb-divida-do-master-ja-pode-ter-subido-quase-r-1-bilhao/

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