Pular para o conteúdo principal

Bankinter Portugal Matinal 3103

 Análise Bankinter Portugal


SESSÃO: O inesperado aumento do Deflator PCE Subjacente na sexta-feira (+2,8% vs. +2,7% anterior, revisto em alta desde +2,6% preliminar) acrescentou uma espécie de “choque de realidade” em relação ao que é uma consequência indireta de qualquer guerra comercial: mais inflação. Isto é algo que iremos sofrer com severidades no segundo semestre deste ano e que irá forçar os bancos centrais (na verdade, já o está a fazer) a resistir a continuar a baixar taxas de juros. E, por isso, uma semana que oferecia um saldo quase neutro até quinta-feira, terminou claramente negativa na sexta-feira. Sexta-feira foi, francamente, má no fecho americano, e também por isso a Ásia (Japão, principalmente) com queda forte esta madrugada (-4%) e os futuros sobre bolsas retrocedem apreciavelmente (-0,8%/-1%).


A chave desta semana está na quarta-feira: é o dia que Trump escolheu para especificar os detalhes dos impostos alfandegários que os EUA começarão a aplicar a partir de quinta-feira, 3. O facto de ter denominado a quarta-feira como “Liberation Day” leva a pensar que os detalhes das medidas alfandegárias não irão retirar gravidade ao assunto em relação ao esperado; isto é, que não aplicará isenções relevantes por produtos nem países, por agora. Fará isso depois de ter conseguido o impacto populista suficiente que deseja, visto que, insistimos novamente, a história económica demonstra que todos perdem numa guerra comercial: menos comércio, menos PIB, mais inflação… Isto é, que não podemos esperar algo melhor ou suavizado na quarta-feira. Portanto, se as bolsas se animarem um pouco (improvável) com uma inflação europeia bastante contida entre segunda e terça-feira (repetir em +2,3%), é melhor desconfiar, porque a concretização alfandegária provavelmente será tão má como parece (pelo menos de momento e até conseguir o impacto populista que deseja). 


E, para terminar de fechar o círculo, o Emprego americano de sexta-feira, ao ser registo de março, poderá oferecer os primeiros indícios de debilitamento derivados da incipiente guerra comercial. Porque os primeiros indicadores adiantados americanos publicados nestes dias recebem uma deterioração de confiança que deve estar a afetar já o Consumo Privado e o Investimento. E uma amostra disso é, simplesmente, o retrocesso de quase -5% de Wall St. até agora, este ano. Reduzir riscos é uma grande ideia.


CONCLUSÃO: A semana parece especialmente fraca. Convém não se fiar nas subidas, quando sobe, que não será hoje. Ásia muito fraca esta madrugada, após Nova Iorque semelhante na sexta-feira. Sendo a semana de concretização de impostos alfandegários (quarta-feira) e considerando o fracasso (era previsível, por outro lado) das “negociações” de Trump sobre a Ucrânia, não devemos esperar nada de bom nos próximos dias e implementar a descida de exposição ao risco que temos vindo a insistir desde 24 de março, na publicação da nossa Estratégia de Investimento 2T 2025 (em espanhol; a versão portuguesa será disponibilizada esta semana).


S&P500 -2% Nq-100 -2,6% SOX -3% ES-50 -0,9% IBEX -0,8% VIX 21,7 Bund 2,73% T-Note 4,20% Spread 2A-10A USA=+35pb B10A: ESP 3,36% PT 3,24% FRA 3,43% ITA 3,85% Euribor 12m 2,349% (fut.2,203%) USD 1,084 JPY 161,5 Ouro 3.114$ Brent 73,4$ WTI 69,0$ Bitcoin -3,4% (82.250$) Ether -5,3% (1.810$). 


FIM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato* [18/10/24] … Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar. … “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o pa...

NEWS 0201

 NEWS - 02.01 Agora é com ele: Galípolo assume o BC com desafios amplificados / Novo presidente do Banco Central (BC) agrada em ‘test drive’, mas terá que lidar com orçamento apertado e avanço da agenda de inovação financeira, em meio a disparada no câmbio e questionamentos sobre independência do governo- O Globo 2/1 Thaís Barcellos Ajudar a reverter o pessimismo com a economia, administrar a política de juros, domar o dólar e a inflação — que segundo as estimativas atuais do mercado deverá estourar a meta também este ano —, além de se provar independente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores desafios de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC). Mas não são os únicos. Com o orçamento do BC cada vez mais apertado, o novo presidente do órgão tem a missão de dar continuidade à grande marca de seu antecessor, Roberto Campos Neto: a agenda de inovação financeira. Também estão pendentes o regramento para as criptomoedas e um aperto na fiscalização de instituições...

Várias contribuições