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Recuperação judicial avança

 





"Recuperação judicial avança com aumentos dos juros

Valor Econômico, Editorial, 18/02/25
Com o aumento das taxas de juros, a valorização do dólar e mais restrições ao crédito, a previsão é que o número de empresas em recuperações judiciais vai aumentar
Apesar de 2024 exibir economia aquecida e a maior taxa de crescimento econômico em mais de uma década, o número de empresas que entrou em recuperação judicial bateu recorde - 2.273, com um aumento de 61,8% em relação a 2023. Foi superado o recorde anterior, de 1.863 pedidos em 2016, informou a Serasa Experian. As micro e pequenas empresas foram as mais afetadas, representando quase três quartos dos pedidos de recuperação, um aumento de 78,4% em relação a 2023.
Com um passivo consolidado ao redor de R$ 50 bilhões, a Polishop, a rede de supermercados Dia, a Casa do Pão de Queijo, a Patense, a OEC, braço de construção da Odebrecht, a Coteminas e a Subway são exemplos de empresas de primeira linha em dificuldade financeiras que recorreram à recuperação judicial. A mais recente delas é a Bombril, com passivo tributário de R$ 2,3 bilhões.
As micro e pequenas empresas foram as mais afetadas em quantidade por terem menos capital de giro, menor acesso a empréstimos e falta de estrutura gerencial. Representaram 73,7% dos pedidos de recuperação. As companhias de médio porte foram o segundo grupo que mais pediu recuperação judicial em 2024 (18,3%), seguido das de grande porte (8%). Entre os setores, o de serviços liderou, com 41% do total registrado pela Serasa, pela representatividade na economia. As falências, porém, na contramão, diminuíram 3,5% na comparação anual.
Mas dois setores se destacaram em pedidos de recuperação em 2023, de acordo com dados do Monitor RGF da consultoria RGF & Associados. Um deles é o do agronegócio, afetado pela redução da produção causada por fatores climáticos negativos, pela queda dos preços das commodities e pelo aperto na concessão de crédito.
As recuperações judiciais também cresceram no setor imobiliário. Das 4.568 companhias que negociavam dívidas na Justiça no fim do ano passado, segundo o Monitor RGF, a maioria (28,8%) é do setor imobiliário. A incorporação de empreendimentos imobiliários lidera o número de reestruturações, com 314 companhias nessa situação, e a construção de edifícios segue em terceiro no ranking nacional, com 212 empresas. O segundo lugar é ocupado pelas holdings de instituições não financeiras.
O ano de 2026 não deverá ser muito diferente e pode apresentar números ainda maiores de recuperação judicial, especialmente se o governo seguir leniente com os gastos públicos. Uma melhora depende da redução da Selic, o que não está no horizonte de curto prazo, diante da fragilidade das contas públicas. As estimativas do mercado são de que a taxa básica pode subir até acima de 15%. Uma melhora mais significativa só deve ocorrer ao menos três trimestres após uma eventual redução da Selic."

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